Os Electric Fields © Nick Wilson

“Algo impressionante!”, os Electric Fields da Austrália estão prontos para a Eurovisão 2024 (Entrevista)

Falámos com a dupla Electric Fields que representa a Austrália no Festival da Eurovisão 2024.  

A Austrália continua a desafiar as expectativas na Eurovisão e a enviar algo novo. Desta vez a escolha recaiu sobre a dupla Electric Fields, que venceram o concurso “Eurovision – Australia Decides“.  A dupla, na verdade, já havia conquistado o segundo lugar em 2019, atrás apenas da vencedora Kate Miller-Heidke.

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Desde então, Zaachariaha Fielding e Michael Ross, os nomes por detrás do Electric Fields, tornaram-se reconhecidos no país que tanto adora ficar acordado até de madrugada para assistir à Eurovisão. No ano passado, foram responsáveis pelo tema oficial “We The People” para o Sydney World Pride e têm conseguido levar o seu som único de pop eletrónico a inúmeros festivais de música e cultura na Austrália e pelo mundo.

Electric Fields
Os Electric Fields representam a Austrália na Eurovisão 2024 © Morgan Sette

Em Malmö, Suécia, os Electric Fields terão a honra de representar a Austrália, que pela primeira vez envia uma dupla. A sua música, “One Milkali (One Blood)”, composta por Michael Ross e Zaachariaha Fielding, é uma fusão emocionante de cultura viva tradicional com música que varia do pop comovente à eletrónica épica. A canção incorpora Yankunytjatjara, uma língua aborígene dos povos Anangu, uma das culturas vivas mais antigas da Terra.

Com a voz extraordinária de Zaachariaha Fielding e a genialidade do produtor e tecladista Michael Ross, os Electric Fields prometem uma performance memorável na Eurovisão 2024. A música poderosa com uma letra que apela à união e a presença cativante no palco,  como já podemos ver no primeiro ensaio, certamente que deixará uma marca duradoura no concurso. Vejamos o que têm a dizer sobre o concurso e aquilo que farão nos próximos dias em Malmö.

One Milkali (One Blood) | A canção da Austrália na Eurovisão 2024


MHD: A minha primeira pergunta é, como se sentem após o primeiro ensaio?

Zaachariaha: Nós divertimo-nos muito. Podemos conhecer o palco da Eurovisão pela primeira vez e trazer os nossos elementos, aos nossos movimentos e a composição de como queremos dar vida ao palco. Foi algo impressionante! Desde o primeiro ensaio que estamos a juntar as nossas notas e a ensaiar noutro espaço para que consigamos fortalecer a experiência.

Estamos muito felizes com o rumo que as coisas estão a tomar. A história está a fluir muito bem e o talento está a fluir bem. O atrevimento está lá, e a emoção, está lá. A celebração, está lá. O convite para o público participar, está lá. Não sejam tímidos porque vamos divertir-nos muito com isto.

Estamos ansiosos para sentir os últimos dois ou três dias de ensaios no palco principal. Vamos refinar aquilo que já temos e chegar um pouco mais perto do nosso objetivo. Estou confiante que nos tornaremos nos verdadeiros leões e leoas e que dominaremos a arena.

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2000 and Whatever dos Electric Fields

MHD: O que vos inspirou a criar “One Milkali (One Blood)”?

Zaachariaha: Quando fizemos “2000 and Whatever”, “One Milkali (One Blood)” era o complemento espiritual para essa música. É muito interessante que esse palco que teve um gémeo divertido, pode agora dar espaço ao gémeo sério.

Acho que agora “One Milkali (One Blood)” é uma música de reflexão e que todos poderão refletir um pouco mais profundamente sobre a sua situação. Vamos poder olhar para essa entidade em movimento que se chama planeta Terra, parar e questionar tudo. Sentimos que as pessoas precisam de investigar, de olhar, e não ser preguiçosas. Só assim é possível construir uma melhor relação da Humanidade com a natureza e, como isso, parece-nos que estamos a fazê-lo.

Estamos ali no palco para nutri-la e torná-la mais saudável porque todos somos temporários. Temos de fazer o melhor que conseguirmos nesta vida e precisamos ser honestos connosco próprios. Sê gentil contigo, sê gentil com aquilo que te circunda e para de mentir. Sabes que o estás a fazer. Salta do carrossel agora sem medos. Acho que só assim é possível encontrar um novo ritmo, um novo padrão, usar o tempo da melhor maneira e aprender as coisas que podes aprender como humano.

MHD: Como vocês trabalham juntos? Como é que as vossas músicas ganham vida?

Michael: Bem, acontece de forma muito diferente a cada canção. Mas lembro-me que com “One Milkali”, na época, tínhamos mudado o nosso estúdio para uma unidade de armazenamento, então basicamente era um complexo cheio de garagens. Era uma sala nada inspiradora, mas pensamos: ‘Ok, imagina que já estás no palco da Eurovisão, o que gostarias de dizer? O que seria digno desse palco?’.

A frase de abertura “I stand in the eye of the spiral” (Estou no olho da espiral) é ao mesmo tempo ser uma criança do universo, insignificante diante da vasta existência. Mas ao mesmo tempo, é “estou no centro do palco da Eurovisão, o olho da espiral, cantando para mil milhões de mil milhões”.

É um pouco como um cubo mágico. Na realidade apenas deixámos a música se compor porque sabemos no que acreditamos e sabemos qual remédio que precisamos como indivíduos. Como estamos todos tão conectados, se criarmos um remédio para nós mesmos, é provável que ajude a curar outra pessoa.

Electric Fields
Os Electric Fields no primeiro ensaio para a Eurovisão 2024 © Sarah Louise Bennett / EBU

MHD: De que forma a Eurovisão pode ser um palco de exibição para aqueles que não se sentem tão bem representados no panorama artístico e cultural?

Michael: O palco da Eurovisão adora um pouco de singularidade e adora cultura. Se conseguires pensar numa boa peça de música para contar a tua história, o palco da Eurovisão irá receber-te de braços abertos. É uma boa oportunidade para isso. Absolutamente. É provavelmente a melhor plataforma para isso, pelo menos fisicamente. Tenho certeza que poderias ter um vídeo viral no TikTok para partilhar a tua história, o que é bom. Mas fisicamente, um espaço físico, a Eurovisão é a plataforma e palco número um para contar histórias.

Zaachariaha: A Eurovisão também ofereceu ao mundo uma banda como os ABBA. Na Eurovisão já passaram pessoas que estão ainda vivas e outras que já partiram. O poder desta plataforma é que podes simplesmente ver as coisas a acontecerem, a vida a acontecer. Depende muito da máquina desses artistas e do que eles querem colocar lá fora. É um pouco perceber qual a sua ética de trabalho.

eurovisão
Os Electric Fields no primeiro ensaio para a Eurovisão 2024 © Corinne Cumming / EBU

MHD: Quais são as vossas canções preferidas da Eurovisão?

Michael: Sim, teria que ser “Love Injected”, de Aminata Savadogo, representante da Letónia. Eu ainda oiço essa música. Eu ainda volto para a performance da final só para ver as mãos dela. Mas existem tantas músicas que admiro. Eu também quero a minha manteiga batida, como a Donatan & Cleo. Também quero ser mordido por um lobo no palco. Eu quero estar nu.

MHD: Na Eurovisão tudo é possível. Muito obrigado pela vossa disponibilidade e boa sorte! 

Entrevistas Eurovisão 2024

Já conhecias os Electric Fields? Também és fã de “One Milkali (One Blood)”? Acompanha todas as novidades sobre a Eurovisão e lê ainda a nossa entrevista a Nemo, representante da Suíça



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