IndieLisboa ’21 | Thirst, em análise
O IndieLisboa ’21 oferece ao público a oportunidade de assistir, através da sua disruptiva secção “Boca do Inferno”, a filmes dominados por temáticas atípicas e situadas junto dos reinos do fantástico e terror. É nesta programação que se insere o slasher irreal “Thirst”, chegado ao IndieLisboa ’21 diretamente da Islândia.
Esta obra, que se viu exibida na 18ª edição do IndieLisboa no dia 29 de agosto e na Culturgest, acompanha a história do desolado e insolente Hjörtur (Hjörtur Sævar Steinason), um vampiro gay milenar que tem como principal paixão na vida arrancar pénis a rapazes atraentes (à dentada) e devorá-los apaixonadamente.
Num momento em que procurava sentir algo e deixava-se espancar por um grupo de jovens, o seu destino cruza-se com o de Hulda (Hulda Lind Kristinsdóttir). Esta jovem millennial toxicodependente salva-o inesperadamente e este ato de solidariedade inadvertido acaba por os juntar como parelha improvável.
Enquanto Hulda procura descobrir quem matou o seu irmão, crime pelo qual foi inicialmente acusada, terá de, em conjunto com Hjörtur, enfrentar um temível culto religioso que promete tomar conta de Reykjavik e contaminar toda a cidade com a sua mania e obsessão religiosa.
Com o fim dos tempos anunciado e um detetive a fazer trabalho pela sua própria mão, “Thirst” tem todos os elementos para se caracterizar como uma viagem alucinada e alucinante neste neo-noir nórdico onde a escuridão casa na perfeição com o humor absurdo e excessivo que transborda.
Sem dúvida a narrativa de “Thirst” não deve ser levada a sério, nem tão pouco se leva demasiado a sério, o que funciona como um ponto a seu favor. O gore é perfeitamente absurdo, excessivo (“over the top”) e a contenção não impõe quaisquer limites aos criadores desta longa-metragem.
Por diversas ocasiões, os seus excessos proporcionam de facto momentos inebriantes de comédia negra. Quem não aprecia uma personagem deitada no chão, intestinos de fora, a ser comida com faca e garfo e ainda a perguntar o que se está a passar?
Todavia, por toda a diversão e entretenimento que o filme de Steinþór Hróar Steinþórsson e Gaukur Úlfarsson proporciona, “Thirst” não deixa de pecar pela constante sensação de amadorismo que transmite. O frame rate é errático, na melhor das hipóteses, os erros de continuidade são múltiplos e frequentes, as personagens não têm quaisquer história de fundo que as sustente e até as filmagens oscilam no que diz respeito à qualidade da imagem e à própria apropriação dos planos.
É cru, duro e nu, este “Thirst” . Tal é tanto a sua benção, o seu maior trunfo, mas também a sua derradeira maldição…
TRAILER | THIRST (2020) NA SECÇÃO BOCA DO INFERNO DO INDIELISBOA ’21
O Indielisboa ’21 acontece na capital até dia 6 de setembro, com sessões de vencedores nos dias 7 e 8. Continua a acompanhar a nossa cobertura para mais impressões acerca das obras exibidas!
Thirst, em análise
Movie title: Thirst
Movie description: A toxicodependente Hulda é presa acusada de ter assassinado o seu irmão. Depois de ser libertada devido à insuficiência de provas conhece Hjörtur, um vampiro gay milenar. Juntos, têm de combater um culto enquanto são investigados por um agente corrupto.
Date published: 1 de September de 2021
Country: Islândia
Duration: 90'
Director(s): Steinþór Hróar Steinþórsson, Gaukur Úlfarsson
Actor(s): Hjörtur Sævar Steinason, Hulda Lind Kristinsdóttir, Ester Sveinbjarnardóttir,
Genre: Ficção, 2019, 90 minutos
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Maggie Silva - 58
CONCLUSÃO:
“Thirst” é absurdo, decadente, chocante, excessivo e divertido.
O MELHOR: A impiedade com que se tratam as personagens e as mortes.
Pénis num pão de cachorro-quente.
O PIOR: A nítida confusão do enredo.
A falta de profundidade das personagens.
Erros nítidos de continuidade em múltiplas cenas.
Final apressado.