Joker | Os filmes que inspiraram Todd Phillips
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“Joker” inspira-se em muitos clássicos cinematográficos, além da sua clara ligação ao legado da DC Comics. Os próprios cineastas têm vindo a mencionar várias referências a outros filmes.
Quer sejam fãs de “Joker” ou parte dos muitos que detestam o filme de Todd Phillips, há que admitir que, esteticamente, a obra é preciosa. Parte desse triunfo devém de uma pesquisa dos cineastas no cinema da Nova Hollywood, assim como algumas outras inspirações provenientes da História do cinema. Desde o terror mudo até à Nova Iorque imortalizada por Martin Scorsese, muitas são as fontes deste pesadelo sobre um comediante incompetente virado terrorista icónico.
Para aqueles que adoram o filme e gostariam de conhecer as origens da sua imagética, aqui temos uma lista de recomendações. No entanto, se desgostaste de “Joker”, aqui ficam umas boas maneiras de provar que o filme é reacionário e dependente de uma série de cópias e falta de originalidade. Como se tem vindo a denotar, este é um projeto que causa reações polarizadas, pelo que este mesmo artigo está aberto a diferentes interpretações.
Independentemente de tais problemáticas, convém especificar os critérios de seleção para esta coleção de títulos. Aqui tentámos reunir obras que são referenciadas diretamente pelo filme, sua narrativa e estética ou que tenham sido apontados pelos cineastas como fontes de inspiração. Também incluímos um ou dois títulos cujas ligações a “Joker” são mais ténues, mas provam que este tipo de conto vilanesco já tem vindo a ser contado há muito tempo pela sétima arte.
Em nome da variedade e em fuga da repetição e redundância, decidimos excluir qualquer filme de super-heróis, mesmo os do Batman. Afinal, seria um pouco pateta estar a dizer que o “Joker” de Joaquin Phoenix toma inspiração dos Jokers anteriores, considerando que tal afirmação é tão óbvia que se torna absurda. Por isso, se esperam encontrar aqui uma dissertação sobre a evolução da personagem titular, é melhor irem procurar noutro sítio.
Sem mais demoras, aqui ficam 10 obras que inspiraram, foram referidas ou denotam semelhanças tonais a “Joker”. Avisamos, contudo, que haverá aqui muitos spoilers para os filmes discutidos. Começamos pelo mais antigo desta dezena…
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O HOMEM QUE RI (1928) de Paul Leni
De certa forma “O Homem Que Ri” é uma influência em todas as formas de media que incluem o mais famoso vilão do Cavaleiro das Trevas. Esse bizarro melodrama mudo foi uma das principais inspirações para a criação da figura de Joker na banda-desenhada. O semblante deformado de Conrad Veidt no papel principal ajudou a conceber o sorriso demoníaco que tornou famosa a personagem da DC Comics. Com isso dito, o filme de Todd Phillips deve muito ao filme de 1928, sendo que os dilemas particulares do seu protagonista parecem ecoar nesta nova edificação do Joker.
“O Homem Que Ri” conta a história de um aristocrata inglês que, em menino, foi mutilado por ordem do rei. A sua cara foi esculpida num sorriso perpétuo, os pais foram mortos, ele foi abandonado ao relento e só encontrou abrigo graças a um filósofo virado circense itinerante. Ao longo da vida, este homem que sempre sorri é alvo de horror e chacota por todo um mundo que vê a sua expressão sempre risonha como algo absurdo ou mesmo assustador.
Muitas cenas do filme mudo são extremamente semelhantes às passagens de “Joker” em que Arthur Fleck não consegue parar de se rir. É claro que, ao invés da figura interpretada por Joaquin Phoenix, “O Homem Que Ri” é um herói e sempre responde aos abusos da sociedade injusta com humanidade ao invés de violência. Ver Conrad Veidt contorcer a cara rasgada com um sorriso artificial é ver alguém tentar sobreviver aos epítetos do sofrimento, ver Phoenix a rir é ver alguém a render-se a esse mesmo sofrimento e a tornar-se num monstro.
TEMPOS MODERNOS (1936) de Charles Chaplin
De todos os filmes nesta lista, este é aquele que mais claramente aparece referenciado em “Joker”. Mais especificamente, “Tempos Modernos” é o filme que está a ser exibido quando Arthur confronta Thomas Wayne num cinema ostentoso. A obra-prima de Charles Chaplin é também a origem da canção “Smile”, cujas palavra serviram de acompanhamento irónico ao primeiro trailer desta sinistra história de origem vilanesca.
As conexões entre os dois filmes não são somente cosméticas ou musicais, contudo. Em ambos os casos, temos uma sátira social, mesmo que na obra mais antiga as intenções e discurso político seja mais claro que na aventura recente. Nesse caso, tratava-se de uma visão absurdista sobre a sociedade capitalista e industrializada dos anos 30, quando o operário se tornava cada vez mais numa engrenagem anónima e desumanizada aos olhos dos patrões e detentores do grande capital. Tal como aconteceu em “O Homem Que Ri”, a grande diferença entre os dois projetos refere-se à sua atitude perante estes males sociais. Enquanto Chaplin preferiu otimismo humanista, Phillips e companhia viraram-se para o niilismo juvenil e sem estribeiras.
Não querendo cometer nenhum ato de heresia cinematográfica, há também que apontar como a fisicalidade expressiva de Phoenix recorda o tipo de gesticulação de Chaplin, cuja postura era tão importante para o seu humor como a expressão facial. Quando Arthur Fleck se contorce em danças ridículas ao longo da sua metamorfose diabólico há algo de Charlot na sua figura. É como se o mestre da comédia do passado tivesse renascido como uma grotesca distorção, sem piada nenhuma, e que espalha sangue ao invés de gargalhadas.
LARANJA MECÂNICA (1971) de Stanley Kubrick
O primeiro homicídio do Joker é uma cena construída à base de múltiplas referências cinematográficas. Tanto isso é verdade, que diríamos que se trata mesmo de uma das partes mais reacionárias de todo o projeto, sendo mais uma colagem ou pantomima de cinema lendário do que um gesto original. Trata-se de algo intenso e poderoso, memorável e febril, mas essas qualidades existem como produtos da fotocópia dramatúrgica.
O primeiro ingrediente desse triplo homicídio no metro provém da “Laranja Mecânica” de Stanley Kubrick. É certo que o “Joker” tem sido um filme polémico, mas nada se compara à controvérsia gerada pela obra-prima ímpia que, em 1971, chocou o mundo com a sua fantasia psicopática. De facto, ao contrário dos cineastas que fizeram o filme de 2019, Stanley Kubrick muito refletiu sobre a possibilidade das audiências se identificarem com o protagonista e serem assim inspiradas a cometer atos de violência semelhante. Por isso mesmo, “Laranja Mecânica” esteve proibido no Reino Unido até à morte do realizador, por seu pedido especial.
Não queremos validar esses atos de censura ou temor, pelo que nos vamos focar na inspiração direta que se descreve entre as aventuras violentas de Alex e a brutalidade de Arthur. Nos dois filmes, a agressão despropositada de certas personagens é contrastada com a jovial cantoria de um número inapropriado. Em 71, foi “Singing ‘n’ the Rain”, em 2019 é “Send In the Clowns”. Tal como no passado, os perpetradores da violência são castigados, só que, outrora, quem era punido era o protagonista do filme, agora o anti-herói é quem pune.
SERPICO (1973) de Sidney Lumet
Em várias entrevistas, Todd Phillips tem vindo a referir uma litania de filmes americanos dos anos 70 que serviram de referência aquando da construção da estética do seu “Joker”. Tal como “Logan” usou o modelo do western revisionista para revitalizar uma narrativa da banda-desenhada, Phillips canibalizou o legado da Nova Hollywood para elevar este filme acima de tantos outros projetos semelhantes. Uma das obras que terá influenciado o tom, a estrutura e o visual de “Joker” é “Serpico”.
O clássico de Sidney Lumet é uma pintura de corrupção sob a forma de um estudo de personagem. Nesse caso, o foco centra-se num detetive justiceiro que se vê à revelia dos seus colegas. Serpico não é facilmente seduzido por subornos ou pelos costumes ilícitos das instituições judiciais, tornando-se numa ovelha negra. A sua história baseia-se em casos reais e suas conotações trágicas são um testamento à negrura da América no fim dos anos 60, princípio dos 70. Além do mais, o seu modelo de masculinidade em crise viria a tipificar todo um subgénero do seu cinema contemporâneo.
Al Pacino muito brilha no filme de 73, contorcendo-se em trejeitos internalizados e peculiaridades organicamente homogeneizadas na caracterização da personagem. O seu “Serpico” é um dos grandes figurões do cinema da Nova Hollywood e a Nova Iorque suja e degradada que ele habita é uma das fontes das texturas asquerosas que formam as paisagens urbanas de “Joker”. Sem filmes como este, a obra de Todd Phillips não teria o aspeto que tem.
OS CAVALEIROS DO ASFALTO (1973) de Martin Scorsese
É impossível falar dos filmes que influenciaram o “Joker” sem falar de Martin Scorsese. O mestre cineasta italo-americano foi um dos arquitetos da ideia que temos do cinema dos anos 70, focado em obscuros ambientes urbanos e povoado por anti-heróis complicados. O seu primeiro grande filme viria a tipificar o género sem, no entanto, o definir. Diríamos mesmo que, com suas cores vibrantes e narrativa impressionista, “Os Cavaleiros do Asfalto” está mais próximo do romantismo de Wong Kar Wai que dos restantes filmes de gangsters assinados por Scorsese.
Mais do que uma história de intriga e violência, este é um conto experiencial, uma viagem imersiva pelo universo de pequenos criminosos e homens esculpidos por gerações de preconceito e tradicionalismo católico. A Nova Iorque do filme é um quadro épico de degredo, cuja ruína faz florescer estranhas belezas. Um bar fumarento, quando visto pela perspetiva inebriada de um homem desesperado pode surgir-nos como um éden rubro e misterioso.
Scorsese revela aqui o sentido de experimentalismo e ostentação de um jovem cineasta a descobrir, pela primeira vez, os limites da sua arte. O estilo vigente em “Os Cavaleiros do Asfalto” não é naturalista ou próximo do realismo, sendo algo onírico e sujo, garrido e inebriante em igual proporção. Algumas das suas imagens, especialmente no que se refere a escolhas cromáticas, são ecoadas em “Joker” e sua Gotham City feita à imagem dessa Nova Iorque cinematográfica de outros tempos.
O JUSTICEIRO DA NOITE (1974) de Michael Winner
O primeiro homicídio perpetrado pelo Joker de Joaquin Phoenix é, como já dissemos, um cocktail de influências cinematográficas bem claras e distintas. Se, por um lado, temos boa dose do niilismo cantante de Stanley Kubrick e o degredo urbano de Scorsese, também muito a cena deve aos devaneios de Michael Winner. Aliás, em “O Justiceiro da Noite” desse realizador, o protagonista abusado por um mundo injusto também se torna num rebelde homicida, limpando as ruas com sangue e fazendo justiça através da impiedosa violência.
Phillips já muito referiu o clássico hediondo de Winner como uma das grandes influências de “Joker” e é fácil ver porquê. No caso específico do múltiplo homicídio no metro, a construção cénica é quase uma fotocópia da obra de 1974. Isso regista-se tanto em termos de tom, de composição e edificação técnica, como até no que se refere à posição do momento na narrativa. Tal como Arthur viria a inspirar os cidadãos revoltosos de Gotham City, também o herói de “O Justiceiro da Noite” se torna num ídolo sanguinário dos nova-iorquinos.
Tão extrema é a moralidade deturpada desse filme, que as suas sequelas são quase paródias de conservadorismo virado para a chacina. Talvez por isso, “Joker” seja tão confuso no que se refere à sua ideologia. Por um lado, o filme parece celebrar os revoltosos anticapitalistas que envergam máscaras de palhaço. Por outro, isso significaria uma glorificação do assassino titular. Todd Phillips parece não ter refletido sobre tais leituras da sua obra, revelando como “Joker” ecoa o cinema da Nova Hollywood sem, no entanto, entender as complexidades ideológicas que deram origem à sua estética e popularidade.
TAXI DRIVER (1976) de Martin Scorsese
Tanto os críticos de “Joker” como os seus criadores têm vindo a apontar para dois filmes de Scorsese como as pedras basilares para a história de origem do maior vilão de Batman. Por um lado, temos “O Rei da Comédia” e, por outro, “Taxi Driver”. Como já muito se escreveu sobre o clássico de 1976, deixamos aqui as palavras que outrora publicámos acerca do filme no contexto dos vários vencedores da Palme d’Or:
Se o cinema da Nova Hollywood era um cinema de solidão, então Travis Bickel é o seu santo padroeiro. O protagonista de “Taxi Driver” é uma alma perdida na entropia niilista de uma Nova Iorque suja e enegrecida pela sua própria torpitude amoral, um inferno terreno a querer fazer-se passar somente por Purgatório. Ele é também um exemplo de autoisolamento, um homem que se vê superior aos demais e, no desespero indignado para com a realidade infernal, vê somente a violência como solução para a construção de um mundo melhor.
Muito do cinema americano dos anos 70 foi construído em volta de estudos indiretamente glorificantes de figuras como esta, mas, não obstante o culto de devoção juvenil em volta da prestação lendária de Robert de Niro como Bickel, “Taxi Driver” funciona quase como uma desmistificação cáustica desse paradigma. Nas mãos de Martin Scorsese, não há dúvidas que Travis Bickel é um produto do mundo monstruoso em que vive, uma vida nascida da semente do ódio que não é herói nenhum, mesmo que assim ele se possa autointitular.
De tal modo “Taxi Driver” é um potente diagnóstico da sociedade e cultura americana dos anos 70 que Tennesse Williams, enquanto presidente do júri de Cannes de 1976, fez questão de sublinhar a importância do filme que os seus companheiros jurados o tinham quase forçado a condecorar com a Palme d’Or, ao mesmo tempo que criticou abertamente a sua venenosa visão. Segundo Williams, violência produz violência e filmes como este, ao invés de funcionarem como uma denúncia, podem ser somente armas de exacerbação dessa mesma violência. É certo que o cinema não deve obrigatoriamente ser uma arte marcada pelo ódio, mas há um considerável valor em filmes como “Taxi Driver”, dispostos a cristalizar as partes mais hediondas da condição humana.
ESCÂNDALO NA TV (1976) de Sidney Lumet
Para muitos fãs de cinema americano da década de 70, o ano de 1976 é marcado por duas grandes obras-primas. Temos “Taxi Driver” de Scorsese e “Escândalo na TV” de Sidney Lumet, um dos poucos filmes a fazer a rara proeza de ser nomeado nas quatro categorias de atuação dos Óscares. Acabou por ganhar três estatuetas para os seus intérpretes, incluindo para Beatrice Straight que tem o peculiar recorde de ter dado a prestação mais curta a ser premiada na História da Academia. Trívia aparte, “Escândalo na TV” é estrondoso e merece todos os aplausos e honras do mundo.
Trata-se de uma sátira venenosa sobre o mundo da televisão nos anos 70, quando o conceito de reality tv começava a nascer e a comercialização das notícias também era um fenómeno em crescente relevância. No filme, um pivô tem um ataque psicótico em direto e ameaça suicidar-se em direto. As suas palavras de fúria e indignação galvanizam a população e ele acaba por se tornar um messias do pequeno ecrã, um ídolo revolucionário para uma sociedade que partilha a sua indignação niilista.
O fim do “Escândalo na TV” chega a inspirar o modo como Todd Phillips constrói toda a secção do filme dentro de estúdios televisivos. Há um plano que é uma cópia exata e, tal como em 76, há um assassinato num plateau com uma audiência ao vivo. Num caso, é o messias que morre, noutra é o messias que mata.
O REI DA COMÉDIA (1982) de Martin Scorsese
A completar a divina trindade de Scorsese que inspirou “Joker”, temos “O Rei da Comédia”. De todos os filmes nesta lista, este é o que mais ligado está à obra de Todd Phillips, sendo que o próprio casting de Robert De Niro no papel de apresentador de talk show se deve à sua participação na obra de 1982. Só que, como temos vindo a reparar noutros exemplos, Phillips decidiu inverter papéis e personagens.
Em “O Rei da Comédia”, Robert De Niro é um comediante fracassado e incompetente, um incompreendido da sociedade que é tanto alvo de chacota como é vítima enfurecida. Nas suas ambições devaneias, ele engendra um plano para raptar o seu ídolo televisivo com a ajuda de outra marginalizada social, uma mulher cuja insanidade a torna bem semelhante a algumas versões do Joker. Há menos sangue no filme de Scorsese, menos pompa e circunstância também, mas a ligação entre as duas obras é incontornável.
De facto, se misturarmos os interesses românticos de “Taxi Driver” e deste filme, temos a figura de Zazie Beets em “Joker”. Se mudarmos um pouco os cenários de “Joker”, temos a pirosice retro de “O Rei da Comédia” e vice-versa. Apesar de ter sido odiado aquando da sua estreia e representar um fracasso de bilheteiras, “O Rei da Comédia” é uma das mais reluzentes joias cinematográficas de Scorsese e a performance de De Niro é o perfeito percursor à loucura de Joaquin Phoenix.
HENRY: A SOMBRA DE UM ASSASSINO (1986) de John McNaughton
Depois de tantos títulos que foram ativamente copiados por Todd Phillips em “Joker”, terminamos esta lista com um antepassado tonal, mais do que uma inspiração direta ou referência admitida. Tal como “Joker”, também “Henry: A Sombra de um Assassino” tenta explorar a psicologia de um monstro através de um estudo de personagem masculina. Se julgam que o filme de 2019 é brutal, negro e arriscado, então vejam “Henry”. Isso sim é cinema chocante.
Parte do que faz este retrato de um assassino algo tão peculiar não é a sombra de empatia à la “Joker”, mas sim a franqueza clínica com que tudo é visto. A história não se passa numa fantasia nostálgica de Nova-Iorque, mas sim numa realidade bruta e feia. Os epítetos de violência não são atenuados pela imersão estilística, mas acentuados pela distância e o impiedoso rigor de todos os cineastas envolvidos.
A prestação de Michael Rooker no papel principal é um buraco negro de carisma, vazio de emoção, um demónio sociopata que olha para outros humanos como quem olha para uma formiga pronta a ser esmagada debaixo de uma sola. Até o Joker teria medo deste monstro que, ao contrário de Joaquin Phoenix, não se esconde por detrás das simpatias martirizadas de um anti-herói. Henry é o vilão da sua própria história e nunca há dúvidas disso.
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