"Alien: Romulus" | © NOS Audiovisuais

Ranking ALIEN | 8. O Romulus de Fede Alvarez desiludiu

“Alien: Romulus” desapontou apesar de muitos elementos positivos. Cailee Spaeny e David Jonsson estão inocentes, mas Fede Alvarez nem por isso.

“AVP2: Aliens vs Predador 2” ficou em nono lugar no ranking.

Ao longo dos anos, a saga “Alien” tem sido um franchise plurivalente onde cada filme se afirma como um objeto único. No início, as obras emergiram enquanto trabalho de jovens realizadores, prontos a marcar a diferença e pôr o seu cunho pessoal num blockbuster de Hollywood. Assim foi com Ridley Scott, James Cameron, David Fincher, e Jean-Pierre Jeunet. Em certa medida, até os crossovers com a saga “Predador” denotam essa qualidade, moldando-se à imaginação de cada artista ao invés de seguirem uma qualquer ordem estilística ou padrão estandardizado. Mesmo quando passamos para as prequelas que Scott assinou, persiste a ideia.

Prometheus” e “Covenant” são narrativas inextricáveis, mas as diferenças tonais entre os dois são tão grandes que quase sugerem a mente de um autor distinto. E quando se coloca o par em comparação direta com o primeiro “Alien,” ninguém diria que se trata do mesmo cineasta. As prioridades estão todas trocadas, as estruturas não coerem e as ambições não podiam ser mais antitéticas. O ‘copy-paste’ típico de tantos franchises jamais se havia manifestado neste bizarro universo dos xenomoprhs. Infelizmente, “Alien: Romulus” vem quebrar a regra, um mau sinal para esta nova vida da saga sob a alçada da Disney.

O novo filme sofre de febre nostálgica.

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Falta originalidade a esta história e até o design padece do mesmo mal. Ao invés de repensar os monstros e suas possibilidades cinematográficas, o realizador Fede Alvarez simplesmente replicou as ideias patentes nos dois primeiros filmes da série, suas mais populares vertentes. Sente-se a doença da nostalgia nos cenários e na tecnologia retro, na réplica de relações, simbolismo e falas. Certamente percebemos o impulso de se ser fiel à continuidade da saga, mas há que fazer isso com conta, peso e medida. Até se reciclam falas neste “Alien” nostálgico, mesmo quando o seu uso não faz sentido nem para a cronologia da saga ou para as personagens em questão.

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No entanto, o maior crime em nome da híper-referencialidade e nostalgia consuntiva é o regresso de Ian Holm. Bem, não é Ian Holm porque o ator Britânico morreu muito antes do filme ser rodado. Ao invés, trata-se de um duplo com as feições do defunto sobrepostas digitalmente, uma máscara que ninguém convence e que parece flutuar sem presença física. É grotesco e desnecessário. Afinal, não há razão para que o androide presente na estação Renaissance, formada por Romulus e Remus, fosse igual ao Ash do filme de 1979. Ainda por cima, temos dois atores que interpretaram androides da companhia Weyland ainda vivos e disponíveis – Michael Fassbender e Lance Henriksen.


Uma história que se contradiz a si mesma.

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O pior de tudo é quanto essa aparição do além contradiz tantos dos temas da saga e do próprio filme em questão. A tirania das companhias que esmagam a humanidade, subvertendo-a a ditames comerciais e avanços tecnológicos é uma pedra basilar das narrativas “Alien.” E “Romulus” envereda por esses mesmos caminhos, retratando a Weyland-Yutani como uma força empresarial na vertigem do neo-esclavagismo. O que faz uma pessoa é ainda mais importante quando uma das personagens principais passa todo o conto num questionamento sobre a sua própria validade enquanto pessoa. Mas isso traz-nos aos aspetos bons da fita.

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É que, apesar das falhas calamitosas, “Alien: Romulus” tem muitas mais-valias. David Jonsson é uma delas, dando vida a Andy, irmão robótico de Rain, a ‘final girl’ a quem Cailee Spaeny dá vida. Esta parelha forma o coração pulsante deste pesadelo, com ele a ter de delinear algumas das transformações mais dramáticas do enredo. Em certa medida, Jonsson interpreta duas personagens no mesmo corpo e tem que articular essas distinções sem puxar o holofote em demasia. Afinal, ele é uma presença mais secundária. E ele faz isso brilhantemente, elevando um papel pouco desenvolvido, a tombar para o cliché.


O cinema em forma de videojogo.

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Não que essas fragilidades textuais sejam exclusivas de Andy. Em entrevistas, Alvarez tem falado muito de videojogos, apontando a sua importância na conceção de “Alien: Romulus,” e até referindo que certas figuras são homenagens diretas. Essa inspiração é notória, mas nem sempre pelas melhores razões. A escrita das personagens é medíocre de modos gerais, e há muitas sequências de ação e suspense que funcionam mais como níveis do que como cenas cinematográficas. Pensem nas sequências com gravidade zero, na passagem silenciosa por um quarto quente, e tantos outros exemplos. É um milagre o que ator de Andy consegue fazer nesta situação.

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Há que felicitar Jonsson e também toda a equipa que construiu o mundo de “Romulus.” O design deixa muito a desejar, mas a execução está impecável. Poder-se-ia dizer o mesmo da fotografia, não fosse esta um pouco escura demais em algumas cenas fulcrais. Assemelha-se aos efeitos digitais nesse aspeto, pois também esses são prejudicados por uma única má escolha – o Holm renascido. Sem esse deepfake com ares de Inteligência Artificial, o CGI do novo filme até mereceria alguma celebração, com as paisagens espaciais a demandar particular aplauso. Infelizmente, como tudo em “Alien: Romulus,” os pontos fracos são demasiados e demasiado fundamentais. Inevitavelmente, deitam o filme abaixo.

No próximo capítulo, regressamos ao crossover com os Predadores. Mas, desta vez, o cenário é uma desolação gelada. Não percas!



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5 thoughts on “Ranking ALIEN | 8. O Romulus de Fede Alvarez desiludiu

  • Espera, está aqui a ser sugerido que o Romulus so e melhor que o avp requiem? Isto é gozar com as pessoas só pode.

  • Este foi o melhor alien desde aliens, só quem n aprecia os toques de suspense e terror que o filme traz é que diz que desapontou…

  • Dizer as palavras mais ricas não torna este artigo verdade, baseado em opiniões MAL fundadas que não reflete o valor do filme

  • É esperado que um crítico de cinema faça alguma ideia de cinema ou até do filme e saga de qual fala, este denota nenhum. Pode dar uma critica positiva ou negativa mas que seja assente em algum argumento que nao “ai nao gosto de nostalgia e aí não gosto de saber que uma personagem é igual a um actor que ja morreu”, denota se facilmente que uma série de preconceitos impediram esta pessoa de ver o filme e o apreciar seja positiva ou negativamente. Tambem se denota não haver conhecimento nenhum de cinema. É o que dá quando qualquer um pode escrever uma crítica. A verdade é que aponta criticas que estão presentes de maneira maior nos filmes anteriores da serie e ainda dá merito a filmes da saga péssimos com produções horriveis onde os próprios argumentistas e realizadores se arrependem de ter feito os filmes. Enfim, é um olhar mt estranho e como ja referi preconceituoso (incluindo as referências a jogos também)

  • Quem escreveu esta escrita mostra fortes sinais de demência, uma ida ao médico é aconselhada

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