©Blumhouse/ Universal Pictures

Speak no Evil, a Crítica: James McAvoy abriu o MOTELx com uma das melhores prestações do ano

Terror, ficção científica, dramas intensos e personagens que escapem à norma, tudo isto são reinos perfeitos para vermos James McAvoy (“Fragmentado”, “Lixo”) a brilhar no seu ambiente mais natural. Na abertura do MOTELx acrescenta-se um novo título às suas performances imperdíveis: “Speak No Evil” ou “Não Fales do Mal”.

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Marcámos presença na primeira exibição em Portugal de “Speak No Evil”, ou “Não Fales do Mal”, obra protagonizada por dois versados no terror – James McAvoy (“It”, “Glass”) e MacKenzie Davis (“The Turning”, “Black Mirror”). Recupera-se aqui o enredo do filme dinamarquês do mesmo nome, estreado em Portugal também no MOTELx, no ano de 2022, onde venceu a competição Europeia de Longas-Metragens.

Uma versão americana, escrita “entre” os Estados Unidos e a Dinamarca

Scoot McNairy, Alix West Lefler, and Mackenzie Davis in Speak No Evil (2024)
©Blumhouse/ Universal Pictures

Neste remake americano, a equipa dinamarquesa, Christian Tafdrup e Mads Tafdrup, dá lugar à realização de James Watkins (“The Woman in Black”). Todavia, no argumento, o casal Tafdrup mantém-se nessa mesma função, a par de Watkins, o que resulta numa fidelidade grande no que diz respeito aos cenários e progressão .

Reforçando a naturalidade desta colaboração, os argumentistas da versão original de “Speak no Evil” já se haviam referido previamente a “Speak No Evil” (de 2024) como a anunciada “versão mais soft” da sua obra essencial. 

E é isso que entregam – nem mais nem menos. Este “Não Fales do Mal”, produzido pela casa de clássicos do terror norte-americano mainstream no século XXI, como “The Conjuring” e “Paranormal Activity”, a famosa Blumhouse, explora exatamente o mesmo enredo mas dá-nos uma resolução distinta em todos os aspetos. 

A história de dois casais com filhos, que se conhecem em férias; com um deles a convidar o outro para um fim de semana em família, numa casa remota e noutro país, é o prelúdio para uma tenebrosa representação do que pode acontecer a qualquer pessoa a qualquer altura – conhecer as pessoas erradas. 


Parte tratado sobre masculinidade tóxica, parte sátira acerca das exigências absurdas da educação e boas maneiras levadas ao limite; em particular adaptadas à realidade nórdica e dinamarquesa, o “Speak No Evil” original injeta verdadeiro terror social numa história onde os monstros são bem humanos. 

O terror dos atos vis de “Speak No Evil” não se dissipa neste remake. Ao fim de contas, o enredo é o mesmo, os cenários incrivelmente semelhantes e a grande revelação tenebrosa (da qual não falaremos, naturalmente) não sofre alterações. 

Todavia, onde Speak No Evil” original era dominado por um atroz desconforto responsável por parte da tensão galopante, a versão americanizada perde com um tom bem mais suave e irónico. Aqui, a sátira torna-se dominante, talvez demasiado dominante, com um desequilíbrio palpável entre a comédia e o terror. 

Nos últimos 30 a 40 minutos, o argumento diverge a 100% do “Speak no Evil” original, oferecendo uma lufada de ar fresco a quem já conhecia a obra, que até aqui havia sido uma cópia quase ipsis verbis. 

Não Fales do Mal: Mudar ou Não Mudar…eis a questão

Mas eis que não há bela sem senão, e o “Speak no Evil” que abriu o MOTELx em 2024 perde (e muito) por se comprometer com um final tipicamente “à americana” e que dissipa, por completo, a sensação de pavor existencial que “Speak No Evil” (2022) havia deixado, durante muito tempo, nos seus espectadores. 

De forma muito simples, a obra original europeia tem uma aura própria e uma brutalidade que fere, que nos deixa alerta e mergulha na mais profunda das tenebrosas realizações acerca dos perigos existentes nas relações humanas. “Speak no Evil” (2024) é quase fan fair, um filme facilmente digerível, que não nos machuca e não é particularmente difícil de ver. Tudo o que o torna único já não está aqui, mas quem nunca tenha assistido à versão original poderá ainda assim esperar uma experiência de sala com muito entretenimento. 

As sequências finais, rápidas e com tanto a acontecer, não dão tréguas e, perante uma Sala Manoel de Oliveira repleta, a vibração da audiência fez-se sentir e serve como recompensa. Para o entretenimento válido do novo “Não Fales do Mal” contribuiu – muito – a prestação central do grande James McAvoy, que está aqui em casa. Poucos atores têm a sua versatilidade.

Como carinha laroca fez muito romance antes de chegarem os papéis mais drásticos e ancorados na transformação e total entrega à personagem. Os vilões já não são raros no seu repertório e assentam-lhe que nem uma luva. Aqui temos um vilão que emana sensualidade e que nos convida até ao seu covil, inebriando os novos “amigos” e a audiência por extensão, como não podia deixar de ser. 

A versão americana de “Speak No Evil”, estreada no MOTELx 2024, já chegou às salas de cinema portuguesas com o título “Não Fales do Mal”, e pode ser vista de norte a sul. Merece a descoberta – preferencialmente antes do original! 

Speak no Evil, a Crítica
Não Fales do Mal Speak No Evil Poster

Movie title: Speak no Evil

Movie description: Uma família americana é convidada para passar um fim de semana no idílico cenário rural de uma família britânica, que conheceu num período de férias e cuja amizade se consolidou. Mas ninguém suspeitava que um tempo de lazer se transformaria num pesadelo psicológico.

Date published: 23 de September de 2024

Country: EUA

Duration: 110'

Director(s): James Watkins

Actor(s): James McAvoy, Mackenzie Davis, Scoot McNairy

Genre: Terror, Suspense,

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  • Maggie Silva - 55
55

Conclusão

James McAvoy é o coração pulsante da versão americana de “Speak no Evil”, uma interpretação menos brutal do filme dinamarquês que há dois anos saiu vitorioso da Competição Europeia de Longas-Metragens do MOTELx. Menos marcante se comparado com o original, “Não Fales do Mal” não deixa de se apresentar como sólido entretenimento, muito bem acolhido num Cinema São Jorge repleto.

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