Rita Moreno em "West Side Story" (2021) © 20th Century Studios

West Side Story | A lendária Rita Moreno em entrevista exclusiva

Rita Moreno foi Anita no West Side Story de 1961 e sessenta anos depois dá vida a Valentina na adaptação musical de Steven Spielberg.

Estamos em contagem decrescente para a estreia de “West Side Story”, de Steven Spielberg. É um reencontro de Steven Spielberg com os espectadores nas salas de cinema depois de “Ready Player One: Jogador 1” que estreou em 2018.

Mais surpreendente, é um reencontro de Rita Moreno com o público, aquele que por um lado já a conhece do clássico de 1961 realizado por Jerome Robbins e Robert Wise e, por outro, um público mais novo que espera desfrutar de um dos melhores musicais de sempre da Broadway no grande ecrã.

Rita Moreno
SD Mack / Shutterstock.com

Curiosamente, Rita Moreno venceu o Óscar de Melhor Atriz Secundária com “West Side Story” pelo seu papel como Anita e 60 anos depois volta mais vivaz que nunca. Segundo a própria, “O facto de haver uma pessoa a interpretar uma porto-riquenha num enorme musical de sucesso foi o suficiente para muitos hispânicos – e não apenas porto-riquenhos – neste país ficarem emocionados. Foi uma experiência extraordinária, extraordinária de todas as maneiras possíveis.”  Falamos de uma lenda gigante do cinema, a primeira e única atriz latina a vencer um Óscar, esse homenzinho dourado entregue pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Aliás, não só venceu o Óscar como inspirou um conjunto de atores latinos e as gerações futuras que ainda estavam por nascer.

Rita Moreno é também uma das 16 pessoas a estar no clube dos vencedores EGOT, artistas que já venceram o Emmy, o Grammy, o Óscar e o Tony. Além disso, Moreno é uma das três pessoas a ser aclamada com o Peabody Award. A carreira de Rita Moreno é especial e merece ser celebrada. Como tal, foi honrada pela Presidente George W. Bush com a Medalha Presidencial da Liberdade em 2004 e pelo Presidente Barack Obama com a Medalha Nacional de Artes em 2009. Ninguém fica indiferente ao seu talento.

O seu trabalho não ficou circunscrito a “West Side Story” e a atriz chegou a participar noutros projetos emblemáticos. Esteve, por exemplo, na corrida ao BAFTA de Melhor Atriz com o seu desempenho excêntrico e divertido em “The Ritz” (Richard Lester, 1976), enquanto os espectadores televisivos renderam-se à sua freira na série “OZ”, da HBO que esteve em antena entre 1997 e 2003. Mais recentemente, foi uma divertida avó na sitcom “Um Dia de Cada Vez”, disponível na Netflix  e também deu voz à personagem de Ah Puch em “Maya e os Três Guerreiros” uma série de animação original Netflix.

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Eu penso que West Side Story tem um lugar muito importante não só nos arquivos cinematográficos, mas da sociedade.

West Side Story 2021

Agora Rita Moreno regressa à história que lhe deu fama, mas num papel diferente – não é um cameo. Para a nova adaptação de West Side Story de Steven Spielberg, Moreno interpreta Valentina, a viúva de Doc (que era dono da loja de doces nas versões anteriores). A personagem de Moreno serve como a voz da razão para as gangsters rivais, os Jets e os Sharks, que estão em guerra entre si na cidade de Nova Iorque dos finais dos anos 1950. Na verdade, Valentina tem um laço particularmente forte com Tony (Ansel Elgort que todos conhecem de “Baby Driver”), um delinquente que sempre protegeu. Além de interpretar Valentina, Moreno serviu como produtora executiva do filme e esteve muito envolvida na consolidação do trabalho de Spielberg.

Para Rachel Zegler, que dá vida à nova Maria no filme de Steven Spielberg a presença de Moreno foi marcante, considerando a atriz “pioneira para muitos de nós”. A atriz continua. “Não era algo que eu pensava ser uma possibilidade para alguém como eu até que vi Rita Moreno a dançar num terraço com um lindo vestido roxo. Tê-la em nosso filme, foi em outro nível.”

Agora, prestes a completar 90 anos (no próximo dia 11 de dezembro), Rita Moreno esteve em entrevista exclusiva com a MHD e relembrou o momento em que quase recusou o papel de Anita no filme de 1961, e aquele em que se tornou realizadora por alguns minutos, e deu vários conselhos a Steven Spielberg e aos novos miúdos.

Rita Moreno canta e dança “America” em West Side Story

MHD: Como é que se envolveu no filme West Side Story de Steven Spielberg?

Rita Moreno: Foi um trabalho do Tony Kushner. O Tony estava a escrever o argumento para o Steven – eles já trabalharam juntos inúmeras vezes – e estava a discutir com o seu marido, o Mark Harris, o que fazer à personagem de Doc. Eu acho que foi o Mark que sugeriu ao Tony para eu interpretar a viúva do Doc. Ao que parece o Tony é um grande fã do meu trabalho, algo que eu não fazia a mais pequena ideia.

MHD: O que aconteceu a seguir?

Rita Moreno: O Steven ligou-me. Eu disse, “Oh, Deus, estou tão lisonjeada, mas sabes Steven eu não faço cameos. Acho que fazer uma participação especial neste filme seria uma grande distração e, possivelmente, um prejuízo para o filme.” E ele respondeu: “Oh, Deus, não. Este é um papel real. Ela tem um nome. Ela tem um emprego. Ela chama-se Valentina. ” E eu disse: “Valentina, que nome lindo”. Ele disse: “Eu nunca te ligaria para falar sobre uma participação especial. Posso enviar-te o argumento? Estás interessada?” E eu disse: “Sim, acho que sim”. E então eu agarrei-me ao argumento.

MHD: O que pensou sobre o argumento do Tony Kushner?

Rita Moreno:Eu adorei o que ele fez com o argumento e a sensação de que esclareceu muitas coisas que não foram realmente respondidas no original, porque se tratava de uma peça. Não quero, de forma alguma, denegrir o original, porque se não fosse o original, não estaríamos a fazer outra versão cinematográfica. Portanto, há muito a ser dito sobre o primeiro. As pessoas chamam o West Side Story de 1961 um filme icónico. Bem, esperem até verem este.

A Valentina é uma personagem maravilhosa… Estou muito orgulhosa de fazer parte desta versão de West Side Story..

Rita Moreno
Rita Moreno em “West Side Story” © 20th Century Studios

MHD: O que nos poderia revelar da Valentina?

Rita Moreno: A Valentina é uma personagem maravilhosa. Ela ainda é a dona da loja de doces [a Doc’s]. O Tony dorme no andar de baixo, no porão. O Tony Kushner disse-me que ela era o coração do filme. Há algo nela que é tão maduro, amoroso e caloroso. Ela tem um papel importante. Estou muito orgulhosa de fazer parte desta versão de West Side Story.

MHD: Como descreveria o seu relacionamento com o Tony Kushner ao longo do projeto?

Rita Moreno: Este é o Tony Kushner a fazer o que Tony Kushner faz de tão impressionante. Ele criou um relacionamento comovente, tão amável e doce entre a Valentina e o jovem Tony. Ela é como uma figura materna, ou pelo menos uma tia. Ela protege-o dos Jets, enquanto ele tenta ser uma pessoa clara e direta, em todos os sentidos.

As pessoas chamam o West Side Story de 1961 um filme icónico. Bem, esperem até verem este.

Musicais 2021 West Side Story Spielberg
“West Side Story” é o musical mais esperado de 2021 |©NOS Audiovisuais

MHD: Portanto como foi trabalhar com o Ansel Elgort?

Rita Moreno: Esse miúdo é tão talentoso. Devo dizer que, depois de tê-lo visto em “Baby Driver”, achei-se surpreendente. Mas tenho que admitir que não o via como Tony…. Estava errada. Também posso dizer que a sua voz é muito linda. Sinto-me feliz por isso. O público vai delirar. É uma voz muito forte, muito masculina que acaba por sair de dentro deste rapaz com uma aparência tão juvenil.

MHD: Como foi, por sua vez, a sua experiência com o Steven Spielberg?

Rita Moreno: Steven é um dos maiores cineastas de todos os tempos. Ele é a pessoa mais cinematográfica que eu já vi. Ele é feito para o cinema e é feito disso. Há cenas neste filme que vão certamente causar arrepios enormes aos espectadores. Eu fico arrepiada, porque há coisas que ele fez com o filme que te vão deixar emocionado.

Ele inventou coisas que eu nunca tinha visto antes que passam tão rápido que acabas por dizer: “Oh, eu tenho que ver isso de novo!” Ele é tão inventivo e criativo.

Rita Moreno
Rita Moreno em West Side Story (1961) © Seven Arts Productions

MHD: Será que nos poderia contar como é o Steven como um realizador de atores?

Rita Moreno: Ele é um realizador formidável porque fala precisamente sobre a cena. Ele sabe que és um ator suficiente capaz de entender para onde te conduz o realizador e, além disso, convida-te a colaborar. Ele surge de repente na porta das traseiras e está ali para o que precisares. É a melhor maneira que tenho para descrever o que ele faz.

Se eu tivesse uma cena muito emotiva que precisava fazer, ele dizia “Não dês logo 100. Pelo contrário, começa com 20. Não dês tudo de graça. Mantêm algo dentro de ti.” Ele fazia isso comigo o tempo todo. A minha Anita era uma personagem muito bem disposta, muito animada, porém a Valentina é uma personagem diferente. Definitivamente esta não é a Anita. Esta é uma mulher adulta e a minha Anita era uma miúda. Eu penso que seja um dos meus melhores desempenhos.

MHD: E como é a Anita nesta versão interpreta pela Ariana DeBose? Sente que seja diferente da sua Anita?

Rita Moreno: Bem, em primeiro lugar, eles fizeram algo específico quando escolheram a Ariana DeBose porque ela é afro-latina, e como ela existem muitas. Ela é uma dançarina feroz e fabulosa. Já agora, ela é uma dançarina muito melhor do que eu era.

Eu estou a avisar: ‘America’ vai-te surpreender.

West Side Story
Ariana DeBose ao centro em “West Side Story” (2021) © 20th Century Studios

MHD: A sua versão de ‘America’ era num terraço. Nesta versão é nas ruas.

Rita Moreno: É glorioso. Pense apenas nisso. Será que um técnico inteligente e um realizador inspirado querem abordar um número tão icónico como ‘América’? Como é que eles o poderiam fazer? O Steven foi tão brilhante e conseguiu. Estou estou a avisar: ‘América’ vai-te surpreender.

Nunca vi sets como este. Ao entrar num dos guetos eu senti-me a entrar num gueto tão bonito quanto os cenários do original e isso levou-me às lágrimas, porque a primeira coisa que eu tive que filmar foi no gueto. Aconteceu por acaso por filmámos sem seguir a ordem das cenas do filme… Um trabalho assim tão engenhoso. Ficaria chocada se o nosso diretor de set, o Adam Stockhausen não for nomeado aos Óscares. Vou gritar bem alto. Ele é tão brilhante.

MHD: Como é que a Rita se uniu ao projeto como produtora executiva e que tipo de sugestões fez ao longo do projeto? 

Rita Moreno: Foi o Steven que pensou nisso. Lembro-me por exemplo de uma situação particular com a música do filme. Eu estive nas gravações de ‘America’ e, desde logo, o falei com o condutor da orquestra, o Gustavo Dudamel que é hispânico. Quando apercebi-me disso, eu disse, “Steven, não te esqueceste de nada, pois não?” Então lembro-me que estavam todos na gravação do número do Mambo e disse ao Gustavo que o compasso era demasiado acelerado.

Os dançarinos conseguiam fazê-lo, mas os passos não serão tão claros e limpos se estiverem a lutar contra o tempo. Então o Gustavo disse, “eu simplesmente adoro este ritmo”. Eu disse, “Eu não te culpo. No final das contas, é uma questão de como os dançarinos serão”. Mesmo assim, o Gustavo cedeu e decidimos que diminuiríamos o ritmo.

West Side Story
Tony Mordente, Tucker Smith, e Russ Tamblyn em “West Side Story” (1961) © Warner Bros.

MHD: É verdade que deu conselhos aos atores que interpretam os Sharks? Diga-me tudo. 

Rita Moreno: Tornei-me realizadora por aproximadamente de dez minutos. Isso foi perto do final do filme, quando os Sharks estão atrás uns dos outros, porque têm medo que a polícia os mande para a prisão. O Steven estava ocupado e então eu decidi – achei que ele não se importaria – falar com eles.

Eu disse-lhes “Parece que estão a adormecer nesta sequência quando queremos exatamente o contrário”. Eu parecia uma realizadora, mas uma realizadora ilegal. Eu disse aos miúdos “Vocês estão com medo de que os polícias vos encontrem. Vocês estão apavorados. Vocês tem de estar tão desanimados e a morrer de medo quanto a Valentina”.

Acabei por improvisar uma cena com eles já na pele da minha personagem. Eu teimei muito e dizia, “vocês acham que vão para a cadeia pelo resto das vossas vidas. Vocês têm que brincar isso; não basta estar sem fôlego. Não sou uma realizadora de cinema, mas devem encontrar a vossa própria maneira de ficarem apavorados”. Eles fizeram-no, e foi deslumbrante…

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MHD: Que outras coisas trouxe para o projeto? Chegaram a falar sobre a cultura porto-riquenha em algum momento?

Rita Moreno: Falei com estes miúdos a todo o momento sobre a cultura porto-riquenha. Eu chamo-os miúdos porque é isso que chamo aos dançarinos. Mas deixe-lhe dizer quem fez isso vezes sem conta foi o Steven e o Tony. Não passaram uma semana sem conversar sobre a nossa cultura com o elenco.

O Tony Kushner insistia bastante comigo para eu falar sobre as minhas experiências porque para ele são realmente interessantes e muito autênticas. Todas as vezes que ia para os ensaios, não os encontrava a dançar, a aprender os passos ou simplesmente a cantar. Todos estavam interessados em conhecer mais sobre aquela época, e sobre a minha cultura e vivências.

Definitivamente a Valentina não é a Anita. É uma mulher adulta e a Anita era uma miúda. Eu penso que seja um dos meus melhores desempenhos.

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Ansel Elgort, “West Side Story” | © 20th Century Studios

MHD: O Steven organizou uma conferência na Universidade de Porto Rico e convidou a comunidade a partilhar as suas opiniões sobre o filme de 1961 e preocupações sobre o novo. Conte-me sobre isso.

Rita Moreno: Houve uma conferência muito interessante, na qual as pessoas conseguiram falar e expressar tudo aquilo que pensam sobre o West Side Story de 1961. Alguns achavam que o povo porto-riquenho era retratado de uma forma marginal que eles não apreciavam.

Acredito que o filme original realmente não tratava realmente da cultura e dos costumes sociais. Era apenas uma expressão teatral de Romeu e Julieta. E isso é justo. Mas a ideia de que todos os porto-riquenhos são da mesma cor, isso para começar foi um erro.

MHD: Como se sente sobre isso?

Rita Moreno: Eu odiei o facto da maquilhagem ter escurecido a minha pele. Numa determinada cena com o George Chakiris (que dava a vida a Bernardo no filme de 1961) encontrei-o tão moreno que pensei que alguém o tivesse mergulhado num balde de lama. Qualquer pessoa consegue perceber que usámos bastante maquilhagem porque os nosso dentes parecem demasiado brancos. Os nosso olhos parecem tão brancos de uma forma que não é natural.

Os porto-riquenhos são de muitas nacionalidades. A pele pode ser escura, mas também pode ser branca como a neve porque somos descendentes de franceses, holandeses e espanhóis. Descobridores que vieram de muitos lugares e invadiram a ilha e despojaram-na de tudo. É uma história muito triste.

Existem imagens nesta versão que absolutamente te farão arrepiar a espinha.

Rachel Zegler
Rachel Zegler, “West Side Story” | © 20th Century Studios

MHD: Imagino que se tenha sentido orgulhosa desta versão ter um elenco verdadeiro eclético que reflita essa mistura. 

Rita Moreno: Significa muito e tudo é feito de uma maneira respeitosa.Vejam bem… Nós finalmente temos uma Maria hispânica (Rachel Zegler). A nossa Maria pode cantar, ela tem a sua própria vida. Uma voz lindíssima. A Rachel tinha apenas 17 anos quando se juntou ao elenco, que é precisamente a idade da Maria. Além disso, ela celebrou o seu 18º aniversário durante a rodagem de West Side Story e agora ela já está no seu terceiro filme.

MHD: Quais são as memórias mais marcantes que guarda da produção de West Side Story de 1961?

Rita Moreno: Oh, eu passei momentos deliciosos. Nós tínhamos tudo a nosso favor, porque sabíamos que estávamos a fazer algo especial. Independentemente da questão da representatividade, da maquilhagem, foi um conceito brilhante para transportar para o grande ecrã. Pensar em Romeu e Julieta num gueto hispânico em Nova Iorque. Apenas arrebatador.

Estávamos todos maravilhados e entusiasmados, mas eu, inicialmente, estava convencida de que não iria render nenhum dinheiro. Eu por acaso voltava sempre para o meu camarim nos estúdios do Sam Goldwyn com George Chakiris, que, a propósito, continua a ser um amigo muito querido e próximo e insistia, “Tenho que preparar-te George para algo, porque parece ainda não entendeste. Este filme não vai ser um grande sucesso. Pensa desta maneira. Existem trajes bonitos?” Com isso queria dizer que não era um musical comum. Estava sempre muito escuro, e os trajes não eram bonitos. Além das pessoas cantarem com essas vozes operáticas. Eu não conseguia acreditar nisso.

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George Chakiris em “West Side Story” (1961) © United Artists

MHD: Mas então como conseguiu esse papel?

Rita Moreno: Eu trabalhei bastante para conseguir esse papel e fiz inúmeros testes para isso. Fiz leituras do argumento. E depois fiz testes de ecrã. Eu trabalhei tão duro para consegui-lo. Fiz o teste para a dança. Muitas miúdas da Califórnia com cabelos escuros fizeram testes para o West Side Story. Quando finalmente consegui o papel fiquei radiante. Depois pediram-me um teste como dançarina. Eu não dançava há anos. Eu não sabia se ia me safar disso.

MHD: A Rita já nos falou dos elogios. Que lembranças guarda da noite em que ganhou o Óscar?

Rita Moreno: Oh, foi incrível. É um dos discursos mais curtos da história dos Óscares. Alguém disse-me isso ontem, onde cronometraram o discurso e dura apenas de 15 segundos. É possível vê-lo no YouTube. Enquanto o meu nome é chamado, há uma mulher atrás de mim que me agarra e é minha mãe. Ela diz-me: “Não corras para o palco. Não é digno.”. Eu agora penso que ela estava certa, não precisava de andar à pressa para agarrar na estatueta. Andei muito rápido, mas não corri e os aplausos não pararam.

MHD: Devíamos dizer que a Rita é membro do clube EGOT, não é? É um clube exclusivo.

Rita Moreno: Oh, sim, Eu sou EGOT com certeza!

Steven Spielberg é um dos grandes cineastas de todos os tempos. Ele é a pessoa mais cinematográfica que alguma vez vi.

MHD: É verdade que não trabalhou durante sete anos depois da sua vitória nos Óscares?

Rita Moreno: É surpreendente. As ofertas que recebi foram para filmes de gangsters numa escala muito menor. É possível acreditar nisso? Tive dois prémios; Eu ganhei o Óscar e tinha ganho também o Globo de Ouro pelo mesmo desempenho. Não consegui um emprego. Eu estava absolutamente destroçada.

MHD: Por que Anita é tão importante para a representação latina?

Rita Moreno: Ela é uma personagem digna, mas tem um sentido de identidade que está relacionado com o amor próprio. Ela tornou-se na minha ídolo. Quem é que uma rapariga porto-riquenha iria escolher na minha época para sua ídolo? Eu lembro-me de pensar na Elizabeth Taylor, mas de algum modo não fazia sentido. A Anita era melhor, tinha algo da minha identidade. Ela era como eu, conhecia o seu lugar no mundo, e não era o lugar que as pessoas a colocavam. Eu queria aquele seu coração.

Rita Moreno em “West Side Story” (1961) © United Artists

MHD: Qual o significado que West Side Story tem para si? 

Rita Moreno: Acho que a coisa mais importante sobre o West Side Story é que traz uma certa consciência de uma comunidade que não existia nas mentes das pessoas. Este é um recordação requintada, mas em muitos aspectos é trágica. Acredito a maioria do público vai chorar. Eu chorei. Acho que o West Side Story – Amor Sem Barreiras tem um lugar muito importante não só nos arquivos cinematográficos, mas de toda a sociedade.

“West Side Story” estreia em Portugal a 8 de dezembro. Os bilhetes já estão à venda. Além de “West Side Story” este ano ficou marcado pelo lançamento do documentário “Rita Moreno: Just a Girl Who Decided to Go” realizado por Mariem Pérez Riera e com distribuição da Roadside Attractions.

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