74ª Berlinale | Anunciados os Prémios (da Crítica) em Berlim
“My Favorite Cake”, da dupla de realizadores iranianos Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha, um dos favoritos ao Urso de Ouro, ganhou para já o Prémio Fipresci (da Crítica), relativo à Competição Internacional da 74ª Berlinale. A Fipresci, distribui filmes por todas as secções e por isso houveram mais premiados.
O Prémio da Crítica (Fipresci) da Berlinale 74, foi para “My Favorite Cake” é um bom augúrio para o filme da dupla de realizadores Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha (“O Perdão”), que não tiveram presentes para o receber, porque como já foi anunciado, foram proibidos de viajar pelas autoridades iranianas. Porém, foram representados pelos dois actores principais: a actriz estreante Lily Farhadpour como Mahin e pelo renomado e veterano ator iraniano Esmail Mehrabi (“Os Irmãos de Leila”) como Faramarz.
“My Favorite Cake”, é um dos projetos mais apreciados nesta competição da Berlinale 74 e portanto também um dos favoritos ao Urso de Ouro 2024. O filme conta a história de Mahin, uma mulher de 70 anos, que vive sozinha em Teerão desde que o seu marido morreu e a sua filha partiu para a Europa. Numa tarde, uma conversa de chá com amigas, leva-a a quebrar a sua rotina solitária e a revitalizar a sua vida amorosa e conhece Faramarz, um motorista de táxi simpático e charmoso.
Todavia, à medida que Mahin se abre para um romance, que começa como um encontro inesperado e feliz, rapidamente a situação evolui para uma noite imprevisível, inesquecível e com consequências. “My Favorite Cake” é um filme feito em louvor à vida e à liberdade das mulheres iranianas.
No que diz respeito à secção Encounters, mais uma das secções competitivas, o filme vencedor foi “Dormir de Olhos Abertos”, da alemão Nelle Wohlatz, uma comédia tranquila de mal-entendidos entre Fu Ang, Kai e Xiao Xin, que raramente se cruzam, numa cidade costeira do Brasil. Porém, durante um verão quente e lento, laços delicados vão crescendo entre os dois como ilhas num mar cheio de tubarões. Este filme que é uma co-produção internacional tem participação da Caledoscópio, a produtora de Kleber Mendonça Filho.
No Panorama o vencedor foi “Faruk”, da turca Aslı Özge, uma história real sobre gentrificação e uma relação complexa entre pai e filha. A realizadora coloca assim, o seu próprio pai (Faruk), que tem mais de 90 anos, como protagonista de um documentário sobre a iminente demolição do seu bloco de apartamentos, em Istambul. O Prémio da Crítica na secção Forum foi atribuído a “The Human Hibernation”, da espanhola Anna Cornudella Castro, um filme bastante arriscado e experimental, onde um irmão e uma irmã estão a hibernar e só ela vai acordar. A hibernação humana confunde-se aqui na fronteira entre pessoas e os animais, numa experiência mental, que fica entre a ficção científica e a meditação, filmado com imagens marcantes.
Na cerimónia de anúncio que decorreu há pouco na Sala de Eventos da Cinemateca Alemã/Museu do Cinema, além dos Prémios Fipresci da Crítica Internacional foi entregue ainda o Prémio Europa Cinemas Label, a rede de salas de cinema europeias, ao filme norueguês “Sex”, de Dag Johan Haugerud, a história de dois limpa-chaminés que vivem casamentos monogâmicos e heterossexuais e que acabam ambos em situações que desafiam as suas opiniões sobre a sexualidade e os papéis de género.
JVM
