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Beetlejuice Beetlejuice, a Crítica: Os fantasmas voltam a divertir-se na sequela de Tim Burton

“Beetlejuice Beetlejuice” é um regresso à forma para o cineasta Tim Burton, que ultimamente tem estado a cozinhar num banho-maria de mediocridade Disney. Na continuação da sequela de 1988, os fantasmas não são os únicos a divertirem-se…

Ultrajante, repleto de trocadilhos visuais absurdos e bem evidentes; bem-humorado e às vezes até abjeto, “Beetlejuice Beetlejuice”  recorda-nos do grande Tim Burton que em tempos fez as delícias do público. Não o Burton tépido das Alices dos anos passados, não o Burton pouco arrojado de “Wednesday”, mas o Burton que nos deu “Eduardo Mãos de Tesoura” ou a produção de “O Estranho Mundo de Jack“, entre outros grandes sucessos irrefutáveis.

Beetlejuice Beetlejuice
Winona Ryder e Michael Keaton na sequela de “Beetlejuice” | © Plan B Entertainment

Tim Burton nunca esteve tão bem… desde Frankenweenie (2012)

É, sem controvérsia, o melhor Tim Burton desde o emotivo e bem-vindo “Frankenweenie” (que por si só já recuperava uma bela curta do início da carreira do cineasta e também tinha O’Hara e Ryder no elenco), e a glória do seu regresso é anunciada logo nos inspirados créditos iniciais deste “Beetlejuice 2”.

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Da habitual banda sonora de Danny Elfman à presença de uma estética típica de anos 90, a abertura deste filme de 2024 parece uma autêntica cápsula do tempo. É também perfeita e diz-nos exatamente ao que vamos, à semelhança dos créditos finais. Também algo anacrónicos em estilo, da mesma maneira deliciosa.

A longa-metragem mais recente de Burton é uma homenagem a outra época, ao seu próprio trabalho e à continuidade do mesmo. Um exemplo perfeito é a nova versão de “Day-O”, que homenageia as personagens de Geena Davis e Alec Baldwin, ausentes neste filme para dar espaço para desenvolver outras linhas narrativas.

E quantas linhas narrativas! Se tivéssemos algo a criticar seria isso mesmo: não há contenção nesta sequela de “Beetlejuice”. Antes pelo contrário, há enredo e mais enredo num filme com pouco mais de uma hora e meia de duração. Tal leva-nos a uma vertigem gigante rumo à resolução, onde a longa-metragem poderia ter terminado umas 2, 3, 4 vezes diferentes.


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Tendo em conta a inerente natureza caótica do filme, no seu âmago pouco preocupado com coesão, perdoamos este pecado da falta de contenção. Ao fim de contas, tudo é excessivo em “Beetlejuice Beetlejuice”, do espaço de trabalho aumentado do nosso demónio favorito,  ao novo programa de televisão de Lydia Deetz (Ryder), às telas humanas da sua excêntrica madrasta Delia (Catherine O’Hara, uma vez mais em grande forma).

Trocadilhos, tripas e mais ousadia na continuação de Beetlejuice

Beetlejuice Beetlejuice Michael Keaton
Michael Keaton em “Beetlejuice Beetlejuice” © 2024 Warner Bros. Ent. All Rights Reserved.

É um novo dia e grande parte do regresso de Tim Burton à sua glória é a capacidade de ser mais arrojado no seu trato e na fisicalidade do seu humor. Certos gags fazem-nos pensar no realizador na época dos anos 90, nos pequenos diabretes de “The Nightmare Before Christmas” e no aspecto mais visceral que ultimamente parece andar um pouco (muito) mais domado no seu trabalho.

Não é que “Beetlejuice Beetlejuice” não possa ser visto por famílias, pode. Mas há algo indomável na sua apresentação. Há também um humor dependente de trocadilhos muito delicioso. Do “Soul Train” (comboio das almas, mas que também pode, no inglês, ser interpretado, como comboio da música soul) até à forma como a terapia permite “spill the guts” (espalhar as tripas), Burton surpreende-nos com uma índole brincalhona que realmente parecia ter sido substituída por uma vontade de agradar ao estúdio.

Winona Ryder Tim Burton
©Warner Bros.

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Um esforço com notório carinho, “Beetlejuice Beetlejuice”  tenta dedicar-se mais aos efeitos práticos que visuais, introduz várias ferramentas de narração e até recorre à animação, como sabemos uma forma de storytelling bem apreciada por Burton. O seu mosaico final é insano, mas cuidadosamente disposto, como um quadro cubista com muita significação mas também muita entropia.


De Keaton a Bellucci: O elenco dá uma grande ajuda

Monica Bellucci em Beetlejuice 2
Photo by Courtesy of Warner Bros. Pictures/Courtesy of Warner Bros. Pictu – © 2024 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.

Com uma estética impecável e a banda sonora dos nossos sonhos, a nova sequela de Tim Burton já tinha meio caminho andado para o sucesso garantido. Não obstante, há de reconhecer o poderio do seu elenco.

Eis que “Beetlejuice Beetlejuice” recupera a esmagadora maioria do elenco original, extraindo prestações excelentes de Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O’Hara. Não lhe chegando este triunfo, todos os novos membros do elenco, colaboradores prévios de Burton, assentam aqui que nem uma luva: Jenna Ortega é a perfeita “Wednesday” de Tim Burton na Netflix; Monica Bellucci, está deslumbrante como a noiva bem morta de Beetlejuice (a personagem não faz muito, mas a atriz está imperdível); e Justin Theroux é a melhor das caricaturas como o noivo de Lydia.

Com um grande número musical inesquecível a fechar tudo e um tosco Willem Dafoe bem confuso, “Beetlejuice Beetlejuice” é tudo o que poderíamos esperar e ainda um pouco mais!

Trailer oficial | Beetlejuice Beetlejuice

Beetlejuice Beetlejuice”, o regresso de Tim Burton ao grande ecrã, estreou nos cinemas nacionais a 5 de setembro de 2024. Curiosamente, é na realidade o filme de Halloween perfeito! 

Beetlejuice Beetlejuice, a Crítica
BEETLEJUICE BEETLEJUICE

Movie title: Beetlejuice Beetlejuice

Movie description: O Beetlejuice está de volta! Após uma inesperada tragédia familiar, três gerações da familia Deetz regressam à sua casa em Winter River. Ainda assombrada pelo Beetlejuice, a vida de Lydia é virada do avesso quando a sua filha rebelde, Astrid, descobre o misterioso modelo da cidade no sótão e, sem querer, abre o portal para o mundo dos mortos. Com problemas a surgir em ambos os mundos, é apenas uma questão de tempo até o nome de Beetlejuice ser dito três vezes e o demónio regressar para lançar o caos.

Date published: 5 de September de 2024

Country: EUA

Duration: 104'

Director(s): Tim Burton

Actor(s): Michael Keaton , Winona Ryder, Catherine O'Hara

Genre: Comédia Negra, Sobrenatural, Fantasia

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  • Maggie Silva - 85
85

Conclusão

“Beetlejuice Beetlejuice” é o produto de uma nova Disney: A Disney pós-Fox, a Disney do Deadpool, a Disney que não se importa de mostrar sangue e tripas. Nesta nova Disney mais arrojada, Tim Burton tem a oportunidade de, agora na casa dos 70, voltar à forma que sempre soubemos não estar perdida. Numa sequela hiperbólica do clássico de 1988, é isso mesmo que Burton faz. Regressa genuinamente, tal como os seus fantasmas!

Pros

Uma sequela que, mais de 30 anos depois, consegue apresentar genuína vitalidade, continuidade, capacidade inventiva e de inovação. Há mais enredo, há mais orçamento e muito mais a acontecer.

Cons

Temos algumas saudades dos fantasmas originais – interpretados por Geena Davis e Alec Baldwin. Há duas homenagens no filme, uma musical e uma visual, mas as personagens foram removidas por opção do realizador – para que outros elementos da história pudessem brilhar. Uma decisão lógica que deixa alguma nostalgia!

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