Black Mirror | © Netflix

Black Mirror, os 10 Melhores episódios

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A equipa da Magazine.HD reuniu-se para eleger os 10 Melhores episódios de Black Mirror. A votação incluiu os 22 episódios das cinco temporadas da antologia sci-fi de Charlie Brooker, cujos últimos três episódios foram lançados no início deste mês.

No entanto, as últimas narrativas de Brooker ficaram um pouco aquém do calibre a que nos habituou… Ainda assim, Black Mirror continua a ser uma das melhores séries televisivas da última década!

Será que o teu top 10 coincide com o nosso?

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Contém Spoilers!

 

10. USS CALLISTER

USS Callister
USS Callister © Netflix

No universo de “Black Mirror“, será sempre o episódio “Star Trek” mas desse universo, apenas a semelhança do guarda-roupa e cenários é o que está associado. Neste cenário, onde a tecnologia vai mais além e permite incorporar a mente humana em simulações de jogos de computador, Charlie Brooker vai mais longe e leva o universo de Star Trek para uma alusão ao lado negro da ficção científica e o que de pior se pode retirar de eventuais avanços tecnológicos, não perdendo nunca de vista a malícia humana quando as coisas não correm do modo como queremos.

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Jesse Plemons é o protagonista do episódio e está simplesmente divinal neste que consideramos ainda ser digno do nosso top 10 “Black Mirror”. Plemons interpreta um adulto, encarado como um falhado e sem perspectivas para o futuro, que vê no avanço da tecnologia uma forma de vencer e ser alguém. O cenário central do episódio é “Space Fleet”, uma simulação de realidade virtual onde é possível criar personagens do zero e que têm consciência se assim for entendido.

Neste caso em particular, é levado ao limite um dos temas recorrentes de “Black Mirror”, em que a possibilidade de clonar a mente humana é real e assustadora. Numa tentativa de usar a simulação do seu jogo como um escape à realidade, Robert Daly (Plemmons) vê a oportunidade de rebaixar todos aqueles que o ignoram e criticam no dia-a-dia ao clonar as suas mentes (e respectivos corpos) numa cópia digital fidedigna para o jogo. As cópias digitais estão cientes do local onde estão e sentem tudo o que acontece na simulação… E se a ideia de uma inteligência artificial suplantar a mente humana já é preocupante o suficiente, quão perigoso será a clonagem directa da mente de uma pessoa real?

Por agora esperamos apenas pela veracidade de um rumor desde a sua emissão… teremos um spin-off ou uma continuação desta história?

– Marta Kong Nunes




9. NOSEDIVE

Nosedive black mirror
Nosedive © Netflix

Sem dúvida um dos episódios que teve mais alcance na sociedade actual, “Nosedive” é uma sátira do mundo actual: “gostos”, “favoritos” e “estrelas” são o grande destaque numa versão do mundo onde essas são as moedas de troca, mais importantes até que o próprio dinheiro enquanto sinal de riqueza ou poder. Um futuro distópico onde a vida parece super perfeita, a história é nos apresentada numa palete de cores suaves e harmoniosas, quase como que a reforçar que aquela pode realmente ser a solução para uma comunidade calma e pacífica.

No entanto, em contraste com essa mesma imagem clara e pacífica, é na história de Lacie (Bryce Dallas Howard) que vemos a diferença da personalidade real versus a personalidade que deixamos transparecer para os outros. Com um argumento de Mike Schur e Rashida Jones, “Nosedive” explora o modo como a tecnologia influencia o comportamento humano, pelo lado positivo, mas também pelo lado negativo. Uma análise ao que os internaturas consideram prioritário na sua vida, a história é precisamente uma análise à influência que deixamos que as redes sociais tenham sobre os nossos objectivos e sobre o quotidiano.

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O episódio destaca-se não só por estar tão perto da realidade (meses depois da estreia surgiram notícias que a China queria implementar um sistema de avaliação das pessoas semelhante ao do episódio), mas também por trazer uma nova vida aos episódios. Talvez um dos que se pode destacar como não sendo tão sombrio ou pesado, e pela “falta” de violência, “Nosedive” leva-nos na jornada de Lacie até ao momento em que ela se apercebe que as redes sociais não definem, e não o devem realmente fazer, o que uma pessoa é. E que a imposição, e consequente subjugação, da tecnologia apenas tem impacto negativo nas pessoas – nada é real, é tudo composto ao mílimetro e feito, apenas em prol dos tão desejados “gostos” e “5 estrelas”. Para nós, um dos mais interessantes, por criar um paralelismo tão real e forte.

A série teve um impacto tão grande que a própria Bryce Dallas Howard viu-se a fazer uma auto-análise aos seus rankings, admitindo que liga mais ao que pensam dela do que esperava.

– Marta Kong Nunes




8. ARKANGEL

Arkangel
© Netflix

“Arkangel” foi o primeiro episódio da antologia de Charlie Brooker a ser realizado por uma mulher, Jodie Foster. De acordo com Brooker, a inspiração para o mesmo surgiu após o nascimento do seu próprio filho, já que o episódio explora o conceito de super-proteção paternal, que o mesmo apelida de ‘helicopter parent.’ Já Foster apontou a lente a Marie (Rosemarie DeWitt), uma mãe solteira e com pouca auto-estima, cuja pressão em ser uma boa mãe a levou a implantar um chip, conhecido por Arkangel, na sua filha de três anos, Sara (Aniya Hodge), após esta ter desaparecido no parque infantil.

O Arkangel permitia a Marie não só guardar as memórias da filha (dentro da linha de “The Entire History of You”), como também controlar tudo o que Sara via e sentia (incluindo os seus sinais vitais) através de um tablet, bloqueando-a de qualquer tipo de conteúdo violento ou triste. Ou seja, entre os três e os nove anos, tudo o que pudesse ser considerado perigoso, Sara via pixelizado, tornando-a incapaz de tomar decisões por si própria e privando-a de sentimentos como a empatia. Por exemplo, Marie impediu Sara de a ver a chorar quando o avô morreu, ou de ver o seu sangue quando se aleijava, o que a levou mais tarde a corta-se para tentar descobrir a respetiva cor.

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O chip foi considerado de tal modo perigoso, que foi banido da Europa e Estados Unidos, o problema é que não existia forma de o retirar das crianças… Ora, no caso de Marie e Sara, Marie guardou o tablet e tentou, durante uns tempos, ‘desligar-se.’ Contudo, quando Sara (Brenna Harding) entra na adolescência e começou a atravessar o período em que queremos liberdade dos pais, Marie volta à sua obsessão e resgata o Arkangel dos confins do armário. Desesperada e a ver acontecimentos fora do contexto, idealizando que a sua filha nunca seria capaz de, por exemplo, comprar drogas. Cega e em angústia, Marie intervém na vida de Sara, como se esta ainda fosse uma criança, o que dá origem a uma cena de violência, com a adolescente a espancar a mãe com o tablet. Ironicamente, o episódio termina com Sara a entrar dentro de um camião à boleia de um estranho, enquanto a mãe deambula perdida e sem visão pela sua rua…

O que é assustador neste episódio, à semelhança de tantos outros, é o grau de probabilidade de se tornar realidade. Hoje em dia, é raro vermos uma criança sem um tablet ou telemóvel na mão, uma desculpa para os manter quietos e por perto. O parque infantil ou a praceta são considerados locais perigosos. Por isso, dada a oportunidade, quantos pais seriam capazes de recusar a tecnologia Arkangel?

– Inês Serra




7. WHITE CHRISTMAS

white christmas
© Netflix

Em certa medida, o episódio especial de Natal emitido em 2014 é um meio-termo entre as duas primeiras temporadas e as três com o carimbo Netflix. O capítulo da série com melhor classificação no IMDb (9.2), revelou uma ambição superior na sua produção, demonstrada desde logo através do recrutamento de um actor consolidado como Jon Hamm, quando até aí a tendência era a de lançar talentos à época menos conhecidos como Daniel Kaluuya, Toby Kebbell ou Rory Kinnear.

“White Christmas” é composto por três histórias e começa no dia de Natal com Matt (Jon Hamm) e Joe (Rafe Spall) fechados numa cabana. Joe não se recorda porque ali está, Matt diz-lhe que já ali estão há cinco anos, e que pouco falaram nessa meia década. A Parte I explora o hobby de Matt, ajudar solteiros em encontros graças ao Z-Eye, um dispositivo de realidade aumentada implantado nos olhos que permite que outros vejam o que o portador vê, comunicando com este. O encontro do cliente de Matt termina de forma trágica, e a mulher de Matt acaba a ‘bloqueá-lo’.

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A Parte II mostra o verdadeiro trabalho de Matt, com cópias digitais de pessoas ou cookies submetidas a tortura para servirem os seus homólogos reais. A Parte III, narrada por Joe ao contrário das duas anteriores, apresenta o porquê de ter sido bloqueado pela mulher através do seu Z-Eye e impedido de acompanhar o crescimento da alegada filha.

No final, “White Christmas” revela-se um interrogatório mascarado em busca de uma confissão. E condena os protagonistas: um a uma solidão num loop contínuo em que 1 minuto é sentido como se fossem mil anos e o outro à impossibilidade de interagir com qualquer pessoa, observando todos em seu redor apenas como silhuetas e sendo percepcionado como uma silhueta vermelha, bloqueado por todos aqueles que cruza.

– Miguel Pontares




6. THE NATIONAL ANTHEM

National Anthem
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Black Mirror” tem duas linhas narrativas gerais, e muitas vezes os espectadores tendem a preferir a primeira: uma que se baseia mais nos avanços tecnológicos do futuro e na maneira como essa evolução redefine por completo as relações humanas, e outra já não futurista, mas sim muito atual, sendo uma crítica aos efeitos desses mesmos avanços. É o caso do primeiro episódio de todos da série, que mostra como a internet e a rapidez da informação pode ser verdadeiramente manipuladora.

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“The National Anthem” é um episódio poderoso, que abre a série em grande, demonstrando-nos como a redes sociais afetam a nossa privacidade e nos controlam. Não esquecer que a série estreou em 2011, altura em que estes efeitos secundários ainda não eram tão compreensíveis e certamente não eram tão falados.

O pior é mesmo saber que isto bem poderia acontecer atualmente, enquanto que noutros episódios vemos interessantes suposições – e bem sabemos que muita gente, mesmo em níveis menores e mesmo entre ‘amigos’, sofre destas manipulações digitais, através de chantagens e do uso desmedido das fotografias.

– Maria João Sá




5. HANG THE DJ

Hang The DJ black mirror
© Netflix

“Hang the DJ” tem a particularidade de ser um dos poucos episódios de “Black Mirror” a ter um final feliz, demonstrando que a série não enfatiza apenas os efeitos negativos avanços tecnológicos, mas sim a maneira como nos submetemos a ela.

Numa clara comparação ao Tinder, neste episódio vemos uma série de pessoas que utilizam uma aplicação para encontrar o par perfeito, que analisa os perfis e dá uma percentagem final da probabilidade de ‘match’ entre ambos. Este episódio demonstra o desejo incansável (que, no fudo, todos temos) de encontrar a pessoa certa, fazendo com que mergulhemos frequentemente num ‘amor líquido’ (como define Bauman), em que ‘saltamos’ de relação em relação, potenciado pela facilidade de conhecer novas pessoas através da tecnologia.

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No entanto, existe um casal que se apaixona verdadeiramente e consegue quebrar as barreiras daquela aplicação, demonstrando como o amor puro é sempre algo pessoal. Uma espécie de Romeu e Julieta dos tempos modernos. Acima de tudo, mais do que uma posição crítica ao uso excessivo de aplicações de encontros e uso das redes sociais, este episódio demonstra como somos muito mais do que algoritmos, fotos bonitas e um perfil nas redes sociais e que as relações se fazem à moda antiga – convivendo.

Numa nota final, o nome do episódio deriva de uma música dos The Smiths, “Panic“, que se ouve no final do episódio, quando o casal se reencontra. Diz-se que a música foi escrita na altura do acidente nuclear em Chernobyl, notícia que passou numa estação de rádio, a que se seguiu uma música pop superficial, ajudando a ‘esconder’ aquele acontecimento.

– Maria João Sá



4. BE RIGHT BACK

Black Mirror
© Netflix

Este é o Frankenstein de “Black Mirror.” Quantos de nós não daria tudo para ter aqueles de quem gostamos para sempre ao nosso lado? Será que nos lembraríamos da velha máxima ‘tudo tem um preço’?

Segundo Charlie Brooker, a ideia para o primeiro episódio da segunda temporada surgiu quando este estava a apagar contactos do seu telemóvel e deparou-se com uma pessoa que já tinha falecido, ponderando se seria correto eliminá-la. Como resultado desta reflexão, Brooker partilhou nas suas redes sociais a hipótese de existir um software capaz de imitar quem já tinha partido. É desta premissa que nasce “Be Right Back.” Quando Martha (Hayley Atwell) perde o seu namorado Ash (Domhnall Gleeson) num acidente de viação, naturalmente anseia por poder voltar a falar e a estar com ele. Ora nesta realidade, tal é possível graças a um software que reúne a pegada digital de alguém, nomeadamente nas redes sociais, e formula uma cópia sua.

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Numa fase inicial, Martha apenas troca mensagens com a versão on-line de Ash, até que comenta desejar poder ouvir a sua voz novamente. À semelhança da nossa realidade, também a de “Be Right Back” utiliza as cookies para monitorizar as nossas escolhas e preferências, apresentando a Martha um serviço em que pode falar com Ash. A partir desse ponto, Martha perde o controlo e aceita qualquer tipo de sugestão online que a permita ficar mais perto do falecido namorado. O cúmulo do luto (e do consumismo) é atingido pela versão humanóide de Ash, que chega devidamente empacotada e com manual de instruções, como se de uma encomenda normal se tratasse.

À la Frankenstein, Martha coloca o embrião numa banheira cheia, para onde despeja nutrientes que acompanhavam a compra e onde o mesmo tem de ficar umas horas até ‘nascer’. O problema é que o novo Ash apenas veio formatado com a versão online do original, ou seja, com aquilo que este queria projetar para os outros, relevando-se incapaz de determinadas emoções, algo que Martha eventualmente acaba por interiorizar.

Não podemos dizer que o final de “Be Right Back” não seja feliz, afinal de contas Martha manteve a cópia de Ash viva no sótão e permitiu à filha de ambos que o visitasse aos fim-de-semana. Contudo, neste momento torna-se igualmente claro, que a mesma nunca conseguiu aceitar e superar a morte do namorado, justificando o tema musical do episódio “If I Can’t Have You,” dos Bee Gees.

– Inês Serra




3. THE ENTIRE HISTORY OF YOU

black mirror
© Netflix

Em 22 episódios de “Black Mirror,” 17 foram escritos em exclusivo por Brooker. “Fifteen Million Merits,” “Shut Up and Dance” e “USS Callister” foram escritos a duas mãos e o guião de “Nosedive” foi um trabalho de Rashida Jones e Mike Schur a partir de uma história de Brooker. O que faz de “The Entire History of You,” de Jesse Armstrong e realizado por Brian Welsh, o único episódio que não teve o input do mentor da série no texto.

A insegurança, o ciúme, a privacidade e a obsessão são os pratos fortes no 3º episódio da primeira temporada, uma história cujos direitos foram adquiridos em 2013 por Robert Downey Jr. para mais tarde virar filme, o que até hoje não aconteceu.

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Ainda que não o considere o melhor episódio da série, quando penso em “Black Mirror” a primeira imagem que me ocorre é deste episódio – Toby Kebbell, de olhar disperso e concentrado ao mesmo tempo, com o ‘grão’ activo a reproduzir memórias compulsivamente.

O melhor de “The Entire History of You” é a sua simplicidade, a forma como não pretende demonstrar o impacto da tecnologia em toda a sociedade mas apenas na realidade de um lar, entre quatro paredes. O poderoso conceito de um implante colocado atrás da orelha que permite gravar e reproduzir tudo o que o portador viu e ouviu é potencializado através do triângulo Liam (Toby Kebbell), Ffion (Jodie Whittaker) e Jonas (Tom Cullen).

Fazer muito com pouco, houve um tempo em que “Black Mirror” era assim…

– Miguel Pontares




2. FIFTEEN MILLION MERITS

fifteen million merits
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“Fifteen Million Merits” é quase uma alusão ao que sempre se ouviu: todos querem (e eventualmente poderão conseguir) os seus quinze minutos de fama. Esta retrospectiva de Charlie Brooker sobre o tema não é propriamente assustadora mas é de facto intrigante, desafiante e, acima de tudo, algo que já vemos mais representado na sociedade actual do que eventualmente seria aceitável.

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No episódio de “Black Mirror” vemos uma sociedade cujos membros florescem e progridem quase como se toda a vida se tratasse de um concurso de reality show. Numa cultura altamente diabólica e crítica, só é capaz de subir no estrato social quem aceita subjugar-se ao escrutínio de um júri e dos espectadores de um programa. No episódio, é uma jovem rapariga (Jessica Brown Findlay) que procura mudar de vida ao trabalhar arduamente para uma mínima hipótese de participar no concurso, género “The Voice” ou “Factor X”. E tudo parece promissor, não fosse a esperança dada uma falsa esperança pois não se reflecte necessariamente em melhores condições. E é isso mesmo que a personagem de Daniel Kaluuya pretende mostrar… aquele momento, aquela ânsia pela fama é insignificante quando quem os aplaude não quer saber do que lhes acontece depois.

Para nós, “Fifteen Million Merits” destaca-se não por ser algo totalmente distópico da realidade mas precisamente por nos colocar em auto-análise. Em última instância, o episódio reafirma que não é necessário seguir ídolos, não é necessário seguir o padrão ou querer ser idolatrado porque poderá tudo virar-se contra nós. As decisões que tomamos são sempre o que nos levam à posição em que nos encontramos, especialmente quando fazemos algo apenas para deleite dos outros e para a sua apreciação.

– Marta Kong Nunes




1. SAN JUNIPERO

San Junipero
San Junipero © Netflix

Na letra de Belinda Carlisle, o paraíso é um lugar na Terra. Nostálgico e profundo, “San Junipero” é um poema visual, uma homenagem musical aos anos 80 e a derradeira obra-prima escrita por Charlie Brooker num lampejo de optimismo, elevada pela realização sensível de Owen Harris, pela banda sonora apropriada de Clint Mansell e pela fotografia de Gustav Danielsson suavizada em tons de rosa, roxo e azul. No centro de tudo, a química a tocar nas nuvens entre Yorkie (Mackenzie Davis) e Kelly (Gugu Mbatha-Raw).

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É curioso o paradoxo de “San Junipero,” um episódio que contrasta em vários aspectos com o que se tornou tradicional na série – faz da Califórnia um abraço à americanização do período Netflix e opta por um final positivo e esperançoso. No entanto, bebe ou amplifica conceitos introduzidos em episódios anteriores e mantém o frequente twist com recurso à tecnologia num futuro em que as duas protagonistas navegam ao longo do passado num paraíso digital e virtual para serem livres, para serem felizes, para serem elas.

Noções como um eventual upload da nossa consciência e a vida depois da morte tornam-se temas-chave num episódio que à 2ª visualização permite uma rica reinterpretação dos primeiros 40 minutos.

Parece bom estar vivo em San Junipero, mas melhor ainda é estar vivo numa época em que “Black Mirror” existe na televisão.

– Miguel Pontares

 

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