Game of Thrones | Os espetaculares figurinos da sétima temporada

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Os figurinos de Game of Thrones na sétima temporada são alguns dos melhores da televisão atual e provavelmente vão valer mais um Emmy à figurinista Michele Clapton no ano que vem.

 

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game of thrones michele clapton

Como já anteriormente explorámos na nossa lista dos melhores figurinos das primeiras cinco temporadas de Game of Thrones, o guarda-roupa que veste as figuras deste épico fantasioso é um dos seus mais importantes elementos. O sucesso da série mais popular da HBO depende em grande medida da criação de um mundo cheio de tradições, história, culturas distintas, casas nobiliárquicas em conflito, estratificações sociais injustas e jogos de poder que se travam tanto no campo de batalha, onde armaduras colidem em ensurdecedoras sinfonias de caos, como em escuros recantos de palácios, onde segredos são murmurados, alianças feitas e traições planeadas. Para que tal aconteça, os figurinos são imprescindíveis e, mesmo a um nível mais ligado a evolução narrativa do que a “world building”, o seu contributo para a maravilha geral de Game of Thrones é inestimável.

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A principal responsável por tais feitos de design é a figurinista Michele Clapton, que edificou todos os figurinos da série desde o episódio piloto e que já ganhou três Emmys pelos seus esforços. O ano passado, durante quase todos os episódios da sexta temporada, Clapton foi substituída por April Ferry como figurinista principal da série da HBO e os resultados foram notórios. De repente, clichés do género de fantasia como mangas de balão começaram a aparecer, os detalhes simbólicos que Clapton adora deram lugar a elementos decorativos mais óbvios e vistosos e, quando apareciam novas personagens como a família Tarly, as suas roupas já não pareciam vir da mesma conflagração de culturas complexas que tinham dado à luz os outros estilos vistos na série.

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Clapton, no entanto, voltou para desenhar os figurinos do explosivo episódio final, delineando novos looks para inúmeras personagens e traçando o caminho evolutivo que a série viria a tomar na sétima temporada, onde todos os figurinos voltaram a ser assinados por Clapton. Esse caminho, tanto em termos de narrativa como de visuais, é um de afastamento do jogo de xadrez político que até aqui tinha caracterizado tanto do tom e atmosfera da série.

Até as personagens parecem admitir que a sua história já não é simplesmente um conflito pelo trono, mas sim uma luta épica entre a raça humana e a sua iminente destruição às mãos de males sobrenaturais. De intriga pseudo shakespeariana com dragões na periferia, passámos a uma guerra fantasiosa mais próxima do Senhor dos Anéis do que da Guerra das Rosas, o que não é intrinsecamente mau e que, verdade seja dita, é algo que a série anda a sugerir desde a primeira aparição dos White Walkers, logo na primeira sequência do primeiro episódio de todos.

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Um dos elementos mais fáceis de ver no discurso visual que Clapton construiu para esta temporada é a unificação cromática dos vários poderios em jogo. Outrora, os Lannister e Daenerys, por exemplo, apreciam vestidos em tonalidades contrastantes. Agora, o preto enlutado domina o mundo de Westeros e, mesmo na riqueza de materiais, há uma severidade sóbria a instalar-se em todas as figuras humanas. Até detalhes tão simples como o comprimento de saias são reflexos disso mesmo, sendo que a figurinista decidiu acabar com os vestidos com bainhas a arrastar-se pelo chão. Nem mesmo Cersei, rainha de Westeros, veste algo tão opulente e pouco prático como uma saia comprida de cauda aparatosa. As figuras presas a esses estilos mais faustosos do passado como Olenna Tyrell, Ellaria Sand e o Mendinho, ao invés de evoluírem, vão desaparecendo da história.

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Nem sempre esse desejo por lógica e praticabilidade triunfa sobre outros interesses dramáticos, é claro. Por exemplo, se fãs veem problemas lógicos no modo como ninguém cobre as suas cabeças a Norte da Muralha saibam que a culpa não é da figurinista. Há anos que Clapton tenta convencer os produtores da série a deixarem-na cobrir a cabeça dos atores, sendo que acha essa licença dramática um absurdo de antilógica. Afinal, eles precisam de se cobrir com aquele pelo todo para não congelarem vivos, mas andam com as cabeças destapadas? Enfim, Game of Thrones é uma fantasia e uma narrativa dramática, onde, contra qualquer lógica interna, irritantes pretendentes à mão em casamento da rainha se pavoneiam pelo palácio como estrelas de rock embriagadas com a sua própria arrogância e com o odor a cabedal das suas vestes meio absurdas.

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Seguindo essa linha de pensamento, há que admitir como, nesta temporada é precisamente o dramatismo e reflexos narrativos dos figurinos que realmente chamaram atenção nas criações de Clapton. Quando a temporada começa, o jogo dos tronos é um jogo onde praticamente todos os mestres em competição são rainhas. O percurso de cada uma dessas mulheres de poder está visualmente presente na sua imagem, quer sejam as suas influências familiares ou o modo como a indumentária reflete a sua atitude face aos traumas que sofreram.

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Até uma certa medida, cada figurino é assim história da personagem em forma de tecido, pelo e metal. Cada mudança radical de figurino constitui uma indicação visual de mudanças na história desta saga. Cada cena entre duas personagens é um diálogo entre estilos e, numa temporada de encontros há muito esperados e reuniões inéditas na história da série, esses diálogos silenciosos são de inquestionável importância. Para explorares em maior detalhe tais facetas de Game of Thrones, clica no link abaixo para acederes às próximas páginas deste artigo, onde examinaremos os figurinos das personagens mais importantes nesta temporada da série de TV mais popular da atualidade.

 

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DAENERYS TARGARYEN

game of thrones daenerys

Durante as seis primeiras temporadas de Game of Thrones, os figurinos de Daenerys têm sido um reflexo dos lugares e culturas por onde ela viajou, assim como do seu estatuto. Inicialmente vendida como uma consorte pelo irmão, tornada Khaleesi, mãe de dragões aprisionada numa cidade exótica, libertadora de escravos e rainha de Meereen, as suas roupas nunca realmente mostraram a sua herança Targaryen ou estatuto enquanto sua suposta herdeira. No máximo, as texturas do seu vestuário e peças de joalharia vistosa ligaram-na aos seus dragões.

O seu irmão Viserys, pelo contrário, passou a primeira temporada da série a envergar estilos muito distintos das outras personagens, definindo-se a si mesmo como a personificação viva da dinastia Targaryen e sua reclamação do trono de Westeros. Agora que cruzou o oceano para voltar ao continente outrora dominado pela sua família, Daenerys finalmente enverga a roupa de uma monarca Targaryen.

game of thrones daenerys

Durante anos, Michele Clapton ouviu queixas dos fãs dos livros de George R.R. Martin que pareciam incrédulos em relação às suas escolhas estilísticas. Afinal, por que razão é que Daenerys nunca usava as cores tradicionais da sua família, o preto e o vermelho? A razão foi, como é óbvio, a espera pelo momento em que tal escolha fizesse sentido para a evolução da personagem que agora sim, se veste em roupas com traços distintos da sua casa, com ombros acentuados, cores escuras pontuadas por detalhes rubros, e, é claro, mais símbolos da sua ligação aos filhos alados.

game of thrones daenerys

Há que se esclarecer que, ao contrário de Sansa, Jon ou mesmo Cersei, Daenerys é alguém obcecado com a sua imagem de monarca e com os símbolos de poder. Por isso mesmo, a escolha de não usar uma coroa é algo interessante no seu desenvolvimento estilístico. Afinal, para alguém que se assume como uma líder cuja legitimidade não depende só do sangue nobre que lhe corre nas veias, mas também do apoio dos povos a quem ela deu liberdade, a recusa em usar uma coroa é uma ótima maneira de salientar essa mesma imagem multifacetada.

Isso não quer dizer que ela não use símbolos de poder bastante vistosos. Veja-se, por exemplo, as correntes que ela enverga e suas conotações militares, as cabeças de dragão prateadas que lhe adornam a maioria das indumentárias e são repetidas nos trajes dos seus mais fiéis súbditos como Missandei. Mesmo as capas cujas texturas trabalhadas lembram as escamas dos seus dragões, a maior prova da sua superioridade em relação a outros pretendentes ao trono de Westeros. Todo o visual de Daenerys nesta temporada aponta para a sua tentativa em mostrar-se como rainha legítima.

game of thrones daenerys

Ajuda, é claro, que os figurinos são todos impecavelmente feitos e que o trabalho de bordadura continue a ser tão exímio como sempre foi ao longo de toda a história da série. Mesmo quando vemos Emilia Clarke rodeada por homens muito mais altos que ela, há algo na sua pose e na silhueta severa dos novos figurinos de Daenerys que a destacam e a assinalam como uma figura de poder e domínio sobre todos os outros.

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Não há peça mais vistosa ou bem executada em todo o seu guarda-roupa, no entanto, do que aquele extraordinário casaco de pelo branco e cinza que Daenerys envergou na sua primeira viagem para além da Muralha.  Aliás, o uso destes materiais e cor foram tão chocantes na evolução estilística da personagem, que os produtores e criadores da série, David Benioff e D.B. Weiss, estavam apreensivos em relação ao seu uso, mas a figurinista insistiu no novo figurino gélido.

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Esta é uma escolha estilística deliberadamente contrastante para simbolizar uma decisão que custa à personagem um dos seus filhos. Ao mesmo tempo, a natureza chocante da peça é um modo de indicar a sua relação com Jon, o seu apego ao Rei do Norte e o modo como o que ela vê na sua viagem para lá da Muralha lhe altera a trajetória bélica. De uma rainha a reconquistar o trono perdido pela família, ela passa a ser uma líder da causa humana contra forças naturais do outro mundo. Por isso mesmo, este é provavelmente o melhor figurino individual desta temporada e um dos melhores que a série já teve o privilégio de exibir.




JON SNOW

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Jon Snow é uma das personagens cujo figurino menos se tem alterado ao longo dos anos. Quando foi enviado para a Muralha na primeira temporada, o estilo do suposto filho bastardo de Ned Stark foi definido pelos ditames e regras dogmáticas da instituição a que ele passou a dever fidelidade. Nos anos seguintes, o seu estilo manteve-se intacto, havendo somente algumas mudanças subtis à medida que ele veio a adquirir cada vez mais posições de liderança. Agora, como Rei do Norte, há uma clara riqueza, qualidade e autoridade latentes à sua indumentária.

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A sua capa espessa e forrada com pelo e que Sansa lhe ofereceu é o maior símbolo da sua ligação aos deveres de Rei do Norte, assim como um claro apontamento visual que remete para a imagem da sua figura paterna. Mesmo o modo como Jon usa agora o seu cabelo é quase que uma homenagem indireta à figura do homem que o criou como seu filho. Este tipo de relações familiares e influência estilística dos mortos sobre os vivos é um dos grandes motivos dos figurinos desta temporada.

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Voltando à capa de estilo nortenho, essa foi a peça principal do figurino de Jon Snow para Michele Clapton. Aliás, a frequência com que Kit Harington aparece com o seu peso sobre os ombros foi algo cuidadosamente estudado pela figurinista que queria usar a silhueta exagerada que a peça possibilita como um indicador da vulnerabilidade de Jon para com os seus parceiros de cena. Nomeadamente, a figurinista foi deixando com que Jon aparecesse quase sempre sem a capa quando na presença de Daenerys, sua nova rainha.

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Para além do mais, Clapton também variou um pouco as cores nas vestimentas e armadura de Jon. Depois de anos a vestir negro e cinzento, qualquer variação é notória e demonstra tanto o seu estatuto de rei do Norte, como o seu temporário afastamento dessa região. Afinal, o Norte sempre foi definido por tecidos pesados, estilo sóbrios e cores escuras, e o coração de Jon parece estar cada vez mais preso ao Sul de Westeros à medida que a temporada avança.

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Mesmo assim, com a expedição ao Norte para além da Muralha no penúltimo episódio da temporada, Michele Clapton teve oportunidade de conceber ainda mais um figurino novo para Jon Snow, construindo uma volumosa amálgama de peles brancas e cinzentas, que o fazem confundir-se com a paisagem de rocha e gelo em seu redor. Como sempre, as texturas grosseiras e riqueza de detalhes manufaturados de uma peça assim, são ótimos indicadores da visceralidade imersiva que a série tanto tenta alcançar nas suas passagens mais emocionantes e cheias de ação.

No final da temporada, quando confronta Cersei, repare-se que, estrategicamente, Jon se veste quase exatamente como Ned Stark. Nesse momento fulcral, ele não é o futuro amante de Daenerys, não é um explorador, mas sim um símbolo do poder do Norte. Por isso mesmo, a sua recusa de vassalagem à rainha Lannister é uma decisão política tão impactante. Nesse momento, apesar de Jon talvez não perceber isso, ele não estava ali enquanto indivíduo privado, mas enquanto o rei do Norte, enquanto símbolo das casas nobiliárquicas e do povo da sua região. Mais uma vez, a personagem mostra-se como um valeroso homem e herói, mas o seu figurino de governante também parece cada vez menos ilustrativo daquilo que lhe vai na alma.

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SANSA, ARYA E BRAN STARK

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Enquanto Jon passa a maior parte da temporada afastado de Winterfell, os seus irmãos ainda vivos passam lá quase toda a história destes sete episódios. Tal como acontece com Jon, e todas as outras personagens principais, Sansa, Arya e Bran envergam a sua história pessoal em forma de indumentária. No entanto, apesar da sua linhagem partilhada, essas histórias são muito diferentes umas das outras.

game of thrones

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Para começar, temos o mais visualmente simples dos irmãos, Bran. Ou melhor, o Corvo de Três Olhos, visto que, nas suas próprias palavras, o Bran que foi filho de Ned e Catelyn Stark já não existe. Consequentemente, o seu figurino é também o menos rico em detalhes pessoais, definindo a figura de Bran como a de uma pessoa sem grande identidade humana dentro da narrativa de Game of Thrones. O único detalhe de relevo é a riqueza e qualidade das suas novas roupas em Winterfell depois de tantos anos a vaguear pela floresta em trapos e peles grosseiras.

game of thrones sansa

Em contraste, temos Sansa que, na ausência de Jon, se torna na maior força de autoridade em Winterfell e cuja indumentária é uma ilustração extremamente específica da sua história até ao momento. Ela é uma jovem mulher que não procura poder como forma de gratificação pessoal, mas sim como um meio de proteger o seu legado familiar e as suas vestes mostram uma vontade de se sentir protegida pelas suas camadas, por cordões, cintos, luvas e correntes que a envolvem constantemente.

game of thrones sansa

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O figurino negro de Sansa, apesar de não o parecer a uma primeira análise, é uma armadura contra o mundo, uma cápsula que a protege de todos os males que no passado a usaram, abusaram, violaram e ameaçaram. Este é o figurino de uma soberana enrijecida pela vida, mas é também a roupa de uma vítima traumatizada em desesperada autodefesa. O colar que ela usa à volta do pescoço, por exemplo, é um reflexo das pessoas que moldaram a sua atitude e cuja influência a ajudaram a sobreviver. Aí vemos a agulha do seu passado infantil e do amor maternal que também simboliza a espada de Arya e sua lealdade fraternal, mas as correntes recordam o Mendinho e seus ensinamentos impiedosos.

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As penas que adornam a frente do seu vestido recordam a tia. O pelo e as tiras de cabedal cruzado, pelo contrário, são um claro elemento visual que evoca a influência paterna de Ned Stark. O seu cabelo e a riqueza sofisticada do seu estilo, no entanto, recordam uma influência mais sinistra, a de Cersei Lannister. Aliás, comparando Sansa às duas mais importantes mulheres na sua história de vida, ela parece-se muito mais com a Cersei da primeira temporada do que com Catelyn Stark, algo que não parece ter escapado ao olhar crítico de Arya.

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É evidente, no entanto, que Arya é uma imensa hipócrita nas suas críticas à irmã. Afinal, em tempos, para sobreviver, a filha mais nova de Ned Stark serviu Tywin Lannister e a influência desse patriarca manipulador está bem presente na nova indumentária de Arya. Aliás, os figurinos de Arya são aqueles que mais mudaram nesta temporada para além dos de Daenerys.

Depois de anos disfarçada ou  forçada a vestir roupas impostas por outros, Arya finalmente aparece com um estilo pessoal, um estilo que, verdade seja dita, é um assustador relicário vivo das suas influências paternais. O cabedal preto e texturado de Tywin, a silhueta de Ned Stark, a fluidez e as saias do mestre espadachim Syrio Forel, a rudeza assimétrica de Sandor Clegane e até o gosto pelas texturas e padrões exóticos do outro lado do oceano, onde Ninguém a ensinou a ser a assassina fria que ela é hoje.

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CERSEI LANNISTER

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Considerando a influência de Tywin e um gosto partilhado por vestes simples, práticas e em cores escuras, uma das personagens mais estilisticamente próximas de Arya é Cersei Lannister, a rainha de Westeros. Isso pode parecer algo estranho, mas faz sentido, especialmente se considerarmos que, tal como Arya, ela finalmente rejeitou a opressão de forças exteriores sobre o seu estilo e adotou uma imagem unicamente sua, mesmo que reflexiva das influências e manipulações de outros indivíduos na sua história de vida.

Em tempos, Cersei disse ao seu marido que ela é que devia usar a armadura e ele se devia contentar com os vestidos femininos. Agora, enquanto soberana coroada e sentada no Trono de Ferro, a filha pródiga de Tywin Lannister quase parece vestir essa mesma armadura. Os delicados bordados de cabeça de leão que outrora eram comuns adornos nas mangas e decotes dos seus vestidos de seda vaporosa, evoluíram para grandes massas de linha prateada, pesadas missangas e elementos metálicos que evocam a forma de uma couraça. A sua coroa não é nada opulente, mas sim pequena e prática e os seus vestidos, muitas vezes feitos de cabedal trabalhado, parecem a base usada por debaixo de um traje de guerra de Westeros.

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O uso de preto também é notório e não só pela sua ligação a Tywin. Afinal, Cersei está de luto pelos seus filhos, mas não é piedade ou tristeza que o seu traje transmite, mas sim agressividade. Daenerys pode ter os seus dragões e vestir roupas que sugerem as suas escamas afiadas, mas quando está toda coberta de preto até ao pescoço, Cersei é quem parece uma predadora reptileana, pronta para dilacerar a sua próxima vítima. Mesmo quando está sozinha com o irmão, seu amante, a severidade angular e negrura do seu vestido coloca-a numa posição de domínio forçoso.

Isto é uma escolha deliberada e também uma marca de que, tal como Sansa, Cersei é uma mulher a cobrir todo o seu corpo e a apresentá-lo do modo mais intocável possível em reação a anos de uso e abuso pela parte de homens. Ela pode parecer uma vilã saída de um filme da Disney, mas Cersei é também uma das personagens mais complexas de Game of Thrones e, apesar de simples e impactantes, os seus figurinos refletem isso mesmo.

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Gostaríamos de destacar ainda três variações do seu novo estilo básico. Primeiro, temos a construção de cetim e excessiva bordadura, que ela envergou quando visitou Ellaria Sand nas masmorras do palácio real. Este é o figurino mais vistoso que ela veste nesta temporada e parece um tanto ou quanto estranho que o faça na escuridão secreta de uma masmorra, mas a intenção da rainha é clara. Ela parece vitoriosa, triunfante e ameaçadora na sua segurança e fausto. Este figurino é quase que um figurino dentro da própria narrativa, um fato que Cersei decido usar para o espetáculo da sua vingança sobre a mulher que lhe assassinou a filha.

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No último episódio da temporada, Cersei volta a usar dois figurinos fantásticos e memoráveis. Primeiro, temos o vestido cinzento e preto que ela usa para se reunir com os outros lideres em conflito de Westeros, uma peça de linhas limpas e geométricas, um exemplo de severidade e riqueza muito ao estilo desta nova Cersei que não tem tempo ou paciência para as ostentações de poder que Daenerys tanto adora. Por último, temos o seu último traje, que, com adornos em pelo, parece sugerir a juba de um leão. Neste caso, uma leoa, que é abandonada pelo último membro da sua família no mesmo momento em que os primeiros flocos de neve invernal caem sobre o seu reino.

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JAIME E TYRION LANNISTER

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Tal como já é usual, Jaime Lannister passou a maior parte desta temporada na armadura adornada com os leões doirados da sua família e com os motivos reais do Trono de Westeros. Essa mesma armadura foi bastante maltratada durante o ataque surpresa de Daenerys e, por momentos, parecia que essa mesma armadura seria a desgraça do guerreiro, afundando-o nas profundezas mortíferas do esquecimento aquoso.

Tirando essa armadura, os principais figurinos de Jaime exibiram uma elegância simples, onde o cabedal domina, mas sem as texturas e detalhes minuciosos de Cersei. Apesar de tudo, Jaime tem pouco que ver com seu pai, e, não obstante o esquema cromático de vermelho e oiro tão comum aos seus trajes, o seu orgulho Lannister parece estar a vacilar. Pelo menos a sua lealdade a Cersei parece ter chegado ao fim, o que é exemplificado pelo último figurino de Jaime na temporada, agora despojado de adornos vistoso e rumo ao Norte como um herói solitário.

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Se os figurinos de Jaime traçam o seu crescente distanciamento em relação a Cersei e à lealdade para com a sua família, os do irmão fazem o contrário. Tal como acontece com o amante de Cersei, Tyrion Lannister veste roupas principalmente feitas de cabedal simples e muito bem ajustado ao seu corpo, exibindo o gosto e riqueza de um nobre sofisticado que, enquanto principal conselheiro de Daenerys, veste-se de acordo com a sua posição hierárquica elevada.

No entanto, a sua ligação visual a Daenerys é cada vez mais dúbia, sendo que, na mesma temporada em que ela abandonou os tons de azul em prol do vermelho e negro em texturas complicadas, Tyrion virou-se para as cores frias em motivos geométricos simples. A distância entre os dois parece estar a crescer e, em dois momentos chave, as roupas de Tyrion mostram uma afinidade mais clara para com o estilo tradicional dos Lannister do que com as vestes da sua rainha.

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A lealdade de Tyrion não está em causa ao contrário da sua competência estratégica, mas, quando ele observa a chacina das tropas dos Lannister às mãos de Daenerys e mais tarde a representa frente a Cersei, as suas roupas de cabedal com um leve padrão em relevo são um peculiar piscar de olho da figurinista, que recorda assim os estilos prediletos de Tywin. Estas roupas não indicam tanto que o passado de Tyrion o pode estar a influenciar prejudicialmente, mas podem, pelo contrário apontar para o modo como ele ainda está preso ao seu legado familiar, mesmo que isso seja algo que ele queira negar do fundo do seu coração.

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Pensas que devíamos ter falado de mais alguma personagem importante? Tens algum detalhe dos livros que contradiga alguma destas análises estilísticas? Então partilha a tua opinião e o teu conhecimento nos comentários!

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