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Liga da justiça de Zack Snyder, em análise

Depois de vários anos de antecipação por parte dos fãs, a visão de Zack Snyder de “Liga da Justiça”, chegou finalmente ao pequeno ecrã.

Em 2013, Zack Snyder realizou “Homem de Aço”, um reboot do Super-Homem, cujo sucesso de bilheteiras levou a uma canonização do filme por parte da Warner Bros., que deu início àquilo que hoje conhecemos como DCEU, que no fundo é apenas outro nome para um universo cinematográfico da DC, similar ao que a Marvel tem vindo a fazer há 13 anos. “Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça”, serviu não só como sequela para “Homem de Aço”, mas também como set up para algo maior que Snyder andava já a ponderar, um filme da Liga da Justiça. Infelizmente, devido à morte repentina da sua filha, Snyder foi obrigado a afastar-se do projecto, a meio da pré-produção e para o substituir, chamaram Joss Whedon. “Liga da Justiça”, saiu em 2017 e foi arrasado tanto pela crítica, como pelos fãs, que num antro de indignação, se uniram num movimento que tinha como objectivo o lançamento da visão original que Snyder tinha planeado para o filme, e durante 3 anos a hashtag #realeasethesnydercut, percorreu a internet.

Foi assim que chegámos a esta “Liga da Justiça de Zack Snyder”, depois de a Warner Bros. ter despejado mais 70 milhões de dólares na conclusão do projecto, conclusão essa que passou por filmagens de novas cenas, ajustes nos efeitos especiais e banda sonora e reestruturação da montagem. Às duas horas do filme original, foram adicionadas mais duas e depois de vistas as quatro horas, o filme que iria salvar o DCEU, acaba por não salvar grande coisa.

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Há vários problemas com esta “Liga da Justiça de Zack Snyder”, mas o principal e aquele que é mais notório, é o forçar, num só filme, de uma história com ramificações suficientes para pelo menos 3, o que leva a que uma grande parte do filme seja composto por cenas de exposição, que não só quebram o ritmo do filme, como também demonstram uma escrita muito preguiçosa. A narrativa vai progredindo até à introdução de um novo elemento ou personagem, altura na qual os personagens fazem uma pausa e se reúnem para que um deles possa explicar a origem desse elemento. Um desses elementos, são as 3 Caixas Mãe, que funcionam aqui como um macguffin um bocadinho mais importante. À excepção de uma cena cortada de “Batman v Super-Homem”, esta é a primeira vez que estes objectos são mencionados no DCEU e tendo em conta a importância que carregam e a ligação que têm com os personagens, havia uma necessidade de serem introduzidas mais cedo.

Estruturalmente, esta obrigação de introduzir elementos, leva, como já mencionei a uma quebra no ritmo do filme e dá-nos um guião com uma história parca na fluência, como se houvesse uma lista de tarefas a ser cumpridas, fazendo-me pensar se tudo isto não funcionaria melhor em formato série, no qual a dinâmica episódica, poderia, não só resolver o problema da exposição, mas também o problema da estrutura. No fim o filme assemelha-se demasiado a um jogo de vídeo, com os personagens a progredirem de nível em nível, até à eventual batalha com o boss final.

liga da justiça de zack snyder
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A razão pela qual os super-heróis funcionam tão bem na banda desenhada, é o facto de a bd ser um meio que permite o exagero, e no que toca ao cinema, existem dois caminhos a seguir, ou se assume uma postura subtil, como Shyamlan fez em “O Protegido”, ou se assume o ridículo, como Sam Raimi fez com os dois primeiros “Homem-Aranha”. “Liga da Justiça”, não seguiu nem um, nem o outro, optando, ao invés disso por se levar demasiado a sério. A DC tem preferido sempre um tom mais negro no que toca aos seus filmes e apesar de isto ser algo que pode resultar muito bem, como já foi demonstrado até mais do que uma vez, acho que é importante não esquecer que um filme de super heróis, vai ser sempre sobre pessoas mascaradas a lutar contra o crime, não se devendo nunca de privar de um pouco de foleirice.

Toda esta tentativa forçada de fazer um filme sério, com personagens que não o deveriam ser totalmente, leva a um fenómeno que já tinha reparado em “Mulher Maravilha”, mas que se voltou a repetir aqui. Ao longo do filme, mas maioritariamente em cenas de luta, os personagens têm certas reacções, que demonstram uma tremenda falha, ou na direcção de actores, ou no próprio talento dos actores. Estas reacções passam por falas ditas sem qualquer tipo de credibilidade, (aqui também culpa da escrita) e por expressões faciais e olhares que quebram completamente a imersão do filme, do quão exagerados são. Isto pode parecer um detalhe mínimo, mas se numa cena que é suposto ser tensa ou trágica, eu olho para a reacção do personagem e só me apetece rir, o propósito desse momento desaparece. Ainda dentro deste tema, uma menção desonrosa, para a maneira cliché como as cenas de luta com as Amazonas se desenvolvem, com gritos e acções dignas de envergonhar o mais ousado dos desavergonhados.

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Ao contrário de outros filmes da DC, “Liga da Justiça” tem um sentido de humor muito mais notório, mas infelizmente, à excepção de alguns momentos que resultam muito bem, muitos deles provenientes de cenas com o Flash, a grande maioria das piadas não funciona. O problema não está na qualidade, mas sim na entrega, à qual, devido ao que eu já mencionei no paragrafo acima, falta um pouco de ridículo.

Por fim e para encerrar o capítulo dos defeitos, resta falar dos efeitos especiais, que, apesar de não serem propriamente maus, são efectivamente demasiado utilizados , havendo muitas cenas cujo cenário e ambiente são muito pouco credíveis. Esta quantidade exorbitante de cgi, chega mesmo, em muitos momentos, a distrair-nos do que se está a passar a nível de história e acção.

liga da justiça de zack snyder
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Apesar de tudo isto, há coisas boas a retirar deste filme. A realização de Snyder no que toca a cenas de maior acção, é muito interessante dentro do género. Em cenas de luta particularmente, a câmara move-se de personagem para personagem, a um ritmo rápido, mas fluído, onde os movimentos dos personagens demonstram uma boa coreografia, onde a força e o momentum, de cada murro ou pontapé, nos parecem credíveis e em conluio com os seus respectivos superpoderes.

Apesar de, mais uma vez pouco utilizado, o Batman de Ben Affleck continua a ser bom, tal como em BvS, temos um Batman mais violento e com menos paciência, reminiscente do Batman de “O Regresso do Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller. O destaque deste filme, vai, no entanto, para duas novas adições, o Flash, muito bem interpretado por Ezra Miller e o Cyborg, interpretado por Ray Ficher. Este último é um dos personagens mais importantes do filme e foi interessante ver as possibilidades que o personagem traz para este universo. No geral todos os personagens têm os seu momentos, não se sentindo que algum esteja no filme só por estar. A excepção a esta regra, é o personagem do Super-Homem, que está ausente a maior parte do filme, apenas para aparecer no fim para “salvar o dia”. Toda a sequência na qual a Liga tem de lutar contra uma versão maléfica do personagem, tem bastante potencial, mas infelizmente, é um conflito que começa e acaba em poucos minutos e não leva, pelo menos neste filme, a nada em específico. É também importante destacar, o vilão Steppenwolf, cujas motivações estão bastante nítidas e a interpretação dá ao personagem um lado humano que é essencial em qualquer vilão.

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No fim, esta “Liga da Justiça de Zack Snyder”, continua com a sina lançada aos seus predecessores , nunca chega a parar no mau, mas fica-se pelo caminho num mais ou menos, sem nunca chegar a ser muito bom.

Para concluir, deixo uma nota importante. Ao longo das 4 horas de filme e à parte de certos momentos, o filme é bastante divertido e a diversão é uma parte do cinema que hoje em dia parece esquecida, como se não contasse para nada. Tentar definir o cinema como uma coisa só, é indigno e como tal, ninguém deve ver este filme, à espera de um “Au hasard Balthazar”, porque isto é outra coisa.

O que pensas da “Liga da Justiça de Zack Snyder”?

  • Duarte Gameiro - 60
  • João Fernandes - 70
65

CONCLUSÃO

Determinado a assegurar que o derradeiro sacrifício do Super-Homem não foi em vão, Bruce Wayne une forças com Diana Prince para recrutar uma equipa e proteger o mundo de uma ameaça de proporções catastróficas.

Pros

  • A realização das cenas de acção
  • O Batman de Ben Affleck
  • O Flash e o Cyborg
  • O entretenimento
  • As motivações do vilão

Cons

  • A estrutura
  • A escrita
  • A demasia de exposição
  • Os efeitos especiais distractivos
  • A direcção de actores
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