© FEST – New Directors | New Films Festival

Mark Coulier, artista vencedor de três Óscares, vem ao FEST em Espinho

Depois de ter ganho o seu terceiro Óscar pelas maquilhagens de “Pobres Criaturas,” Mark Coulier vem a Portugal. Será convidado de honra na vigésima edição do FEST – New Directors New Films Festival em Espinho.

O FEST – New Directors New Films Festival é um dos eventos cinematográficos mais interessantes em Portugal, sempre celebrando a ascensão de novas vozes criativas na indústria. Por esse festival de Espinho já passaram muitos nomes que, outrora obscuros, se tornaram em referência para aqueles que amam esta tão querida sétima arte. No entanto, tanto se aplaude o talento noviço como se exulta o artista consagrado que pode ter muito a ensinar àqueles no início de carreira. Assim acontece nesta histórica vigésima edição do festival. Além de uma programação recheada de títulos fascinantes, o FEST terá Mark Coulier como convidado de honra.

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Para aqueles que seguem os prémios de cinema, este artista não será entidade desconhecida. Afinal, Coulier já foi nomeado cinco vezes para os Óscares e até ganhou três troféus – em 2012 por “A Dama de Ferro”, em 2015 por “Grand Budapest Hotel,” e este ano por “Pobres Criaturas.” Contudo, como é daquelas estrelas dos bastidores, haverá muito cinéfilo que não sabe quem é esta lenda viva da maquilhagem e caracterização, com alguns triunfos no campo dos efeitos especiais também. Uma coisa é certa, se gostas de cinema já viste certamente os trabalhos deste mestre do seu ofício, desde os primeiros filmes de terror de série B até ao píncaro do prestígio.

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“A Dama de Ferro” | © Pris Audiovisuais

O FEST traz um verdadeiro génio de Hollywood a Portugal

Tudo começou em franchises como “Hellraiser” e “Candyman,” cujas maravilhas grotescas tornaram Coulier numa referência em Hollywood. Isso abriu-lhe as portas para produções mais faustosas e mainstream, o terror enquanto ponte do cinema de género para a glória do grande estúdio. Um forte ponto de passagem foi o “Frankenstein” de Kenneth Branagh, onde o artista ajudou a conceber o monstro de anatomia suturada a quem Robert De Niro deu vida. Logo no ano a seguir, Coulier veio a trabalhar em “Um Porquinho Chamado Babe,” nomeado para o Óscar de Melhor Filme, e expandiu os seus horizontes enquanto técnico de efeitos animatrónicos.

O Enigma do Horizonte” e “O 5º Elemento” trouxeram a ficção-científica ao repertório do maquilhador, o que lhe veio a assegurar trabalho nos efeitos especiais para as prequelas “Guerra das Estrelas.” Outra série de filmes importante foi a saga “Harry Potter,” onde Coulier concebeu muitas das próteses que transformaram o elenco em criaturas tão variadas como duendes banqueiros e fantasmas, bruxos disformes e a gigantesca estatura de Hagrid, o Olho Louco de Moody e a tez varicosa de Voldemort. Quando pensamos sobre isso, tantas imagens icónicas dependem de Mark Coulier – é um legado e pêras.


A perícia na prostética e maquilhagem transformativa levou à crescente procura dos seus talentos em Hollywood, culminando na primeira viagem de Coulier até ao palco dos Óscares. Aconteceu quando o artista transferiu as suas técnicas para um contexto mais sério e prestigioso, a cinebiografia de Margaret Thatcher em que Meryl Streep se converteu na “Dama de Ferro.” O trabalho de Coulier focou-se principalmente no envelhecimento da atriz e valeu-lhe o primeiro Prémio da Academia. Depois disso, em par com as monstruosidades de bestas fantásticas e zombies, o maquilhador tornou-se num especialista em maquilhagens envelhecedoras.

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“Grand Budapest Hotel” | © Big Picture Films

Repare-se que ele ganhou o segundo Óscar com “Grand Budapest Hotel,” onde tornou Tilda Swinton numa anciã. Mais tarde, o píncaro mais alto da sua carreira também teve que ver com essa atriz escocesa. Quem não ama o grotesco hediondo de “Suspiria,” onde as perícias de Mark Coulier permitiram a Swinton interpretar três papéis diferentes? Infelizmente, a Academia de Hollywood prefere dramas a terror e pouco valoriza façanhas tão focadas na carnificina. É uma pena, mas Coulier lá continuou a vingar no campo da biografia – notem-se filmes como “Mandela,” “Vive,” “Bucha & Estica” e “Bohemian Rhapsody.”

Por sorte e mestria, Coulier conseguiu ser reconhecido pela magia de “Pinóquio” e o glamour suado de “Elvis,” antes de garantir a sua terceira estatueta dos Óscares com as “Pobres Criaturas” de Yorgos Lanthimos. A sua principal contribuição para a obra terá sido a face de Willem Dafoe, esse desenho prototípico do cientista louco com uma costela trágica. O que impressiona mais nesta e noutras façanhas de Coulier é quanto ele consegue preservar a expressividade do ator. Há tanta arte quanto virtuosismo técnico no lavoro deste génio do cinema, o que faz da sua presença em Espinho uma oportunidade imperdível.

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“Pobres Criaturas” | © NOS Audiovisuais

Mark Coulier faz parte de um painel de diversos convidados

O FEST planeou um encontro com Mark Coulier, onde, segundo o festival, cinéfilos, profissionais da indústria e aspirantes a maquilhadores poderão aprender diretamente com este “mestre do disfarce.” Ele fará uma masterclass exclusiva, dando a conhecer o seu percurso profissional assim como alguns dos segredos do ofício. Atente-se que este não é o único génio com presença marcada para Espinho. O FEST também receberá os realizadores Kenneth Lonergan (“Manchester by the Sea”) e Nadine Labaki (“Cafarnaum”), assim como a diretora de casting Jo Monteiro (“Glória” e “Santiago”) e o coordenador de intimidade David Thackeray (“Sex Education,” “The Crown,” e “O Problema dos 3 Corpos”).

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Através deste painel multifacetado, as audiências do FEST são levadas a entender o cinema como a arte pluralista que é, cheio de especialidades e diferentes artistas em colaboração. Por esta e outras razões, o FEST – New Directors New Films Festival reforça a sua importância no contexto cinematográfico português. Apesar de se realizar fora das metrópoles de Lisboa e Porto, este evento afirma-se como um templo da sétima arte, capaz de reconhecer as suas muitas facetas ao invés de se focar somente nas estrelas em frente às câmaras. Assim se celebra o cinema em toda a sua glória, sua complexidade, sua magia total.

A vigésima edição do FEST – New Directors New Films Festival realiza-se de 24 de junho a 1 de julho em Espinho. Não percas!        



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