"Tótem" | © Paloma Productions

FEST ’23 | Palmarés e Balanço Final

Tótem” e “Paradise” sagraram-se campeões do FEST 2023. Contudo, não foram esses os únicos títulos premiados neste New Directors | New Films Festival. De 19 a 26 de junho, o melhor cinema esteve em Espinho e nós tivemos muito prazer em fazer cobertura. Que venha o próximo festival!

Ao longo dos últimos anos, o FEST de Espinho tem vindo a evidenciar-se como um dos grandes festivais de cinema em Portugal, ponto de referência para qualquer cinéfilo lusitano. A edição deste ano não fugiu à regra, dedicando-se a incidir um holofote em trabalhos de realizadores em ascensão, inícios de carreira promissores e outros demais triunfos. Assim sendo, começaram as festividades com a estreia de duas jovens na realização. São elas a atriz Riley Keough e Gina Gammell que, com “War Pony,” põem o seu cunho pessoal num realismo Americano de olhos postos nas injustiças sofridas por povos indígenas.

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Foi um começo de qualidade para um festival que, em dias seguintes, se dedicou à competição de curtas e longas-metragens em várias secções. Os vencedores foram conhecidos no fim das festividades, passado dia 26 de junho, com “Tótem” a triunfar na luta pelo Lince de Ouro narrativo. Essa obra de Lila Avilés já havia encantado as audiências da Berlinale, antes de apaixonar o júri composto por Mónica Santos, Georg Georgi e Tiago Guedes. Nota-se aqui um gosto por histórias entre o trauma infantil e o peso do passado na vida adulta, com “When it Melts” de Veerle Baetens a demonstrar semelhante temática. Esse segundo título valeu Menção Honrosa.

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“Heat Spell” | © Nemesis Film Productions

O mesmo júri atribuiu o Lince de Prata para ficção em curta-metragem a “Heat Spell” de Marie-Pier Dupuis e uma menção honrosa para “Live” de Mara Tamkovich. No patamar da animação, sagrou-se uma proposta brasileira, com “Cadê Heleny” de Esther Vital a receber o maior prémio pela sua sintetização da História política em jeito de tapeçaria rota. As menções honrosas das curtas animadas foram para “Swallow Flying to the South” de Mochi Lin, também este com temáticas políticas, e a ligeireza meta-textual prevista em “This Will Not Be a Festival Film” de Julia Orlik. Prezam-se os jurados por terem escolhido propostas tão diferentes em termos estéticos.

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Em panoramas experimentais, “True Bug” de Tuisku Lehto conquistou o Lince de Prata, enquanto outros dois títulos receberam a mercê da menção honrosa. Foram eles “Follicular Images” de Ludivine Large-Bessette e “Rotterdam, Don’t Leave Us” de Guido FG Jeurissen. O Grande Prémio Nacional foi para “Monte Clérigo” de Luis Campos, com menções especiais para a “Cura#1” de Joana Peralta e o pesadelo que foi “Aplauso” de Guilherme Daniel. No que se refere a documentários, “Hardly Working” de Total Refusal valeu o Lince de Prata pelo meio do videojogo, enquanto menções honrosas recaíram sobre “Squid Fleet” de Ed Ou e Will Miller, assim como “Dilemma of Modern Sex Simulation” de Charlotte Bevilacqua.

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“Paradise” | © Petit A Petit Productions

O júri dos documentários, formado por Luisa Marinho, Rita Capucho e Vittorio Ieverse foram também responsáveis por dar o Lince de Ouro para obra factual. “Paradise” de Alexander Abaturov foi escolhido como campeão, sua crítica anti-Putin e desespero face às alterações climáticas pintando uma pátina de urgência sobre o filme. “Man Caves” de Céline Pernet recebeu menção honrosa, enquanto “Crows Are White” de Ahsen Nadeem recebeu o Prémio do Público, mostrando um certo gosto por documentários solipsistas sobre os seus próprios criadores. As audiências também votaram por “Will You Look at Me?” de Shuli Huang no campo das curtas.

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Esses foram os principais premiados, mas há ainda mais títulos a considerar. O FEST tem várias secções dedicadas à curta-metragem, lógica consequência da sua celebração de cineastas jovens e autores no começo da carreira. O programa NEXXT dedica-se a cinema estudantil, por exemplo, enquanto a FESTinha considera obras realizadas para um público infantil. Para a lista completa de todos os palmarés, visita o site do festival. Por aqui, fica o apontamento do “The Kidnapping of the Bride” de Sophia Mocorrea como principal vencedor na competição académica. Oxalá este seja só o começo de uma filmografia gloriosa.

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“Past Lives” | © A24

Como é evidente, contudo, um festival não se faz só de prémios reluzentes e vencedores aplaudidos por júris e massas em igual medida. “Past Lives,” por exemplo, não ganhou nada. No entanto, o filme de Celine Song tem maravilhado a crítica internacional, valendo-lhe grande fama e nomeações como Melhor Filme do ano. Há ainda que considerar secções não-competitivas, como a belíssima retrospetiva que o FEST dedicou à peruana Claudia Llosa, cujo trabalho se tem traçado entre idiomas e indústrias, com resultados estonteantes. De facto, “A Teta Assustada” de 2009 valeu-lhe o Urso de Ouro em Berlim e esteve em destaque neste FEST. O último filme do festival também foi de Llosa, um “Aloft” mais perto de Hollywood com Jennifer Connelly no papel principal. Foi ótima forma de dizer adeus a mais uma esplêndida edição, apurando apetite para mais uma festa em Espinho no ano que vem.

Fica atento às nossas coberturas de festivais. A seguir virá o Curtas Vila do Conde e, na esfera internacional, espera-nos a Bienal de Veneza em fins de verão.

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