"On Falling", ganhou Prémio de Realização para Laura Carreira. ©Festival de San Sebastián

San Sebastián 2024 | Serra e Carreira elegem o cinema português

“Tardes de Soledad” de Albert Serra (Concha de Ouro 2024) e “On Falling” de Laura Carreira (Prémio de Melhor Realizador), duas co-produções nacionais, são os grandes vencedores do Festival de San Sebastian 2024. O cinema português está de novo a brilhar. 

Depois de Miguel Gomes no Festival de Cannes, na 72.ª edição do Festival de Cinema de San Sebastián 2024, “On Falling”, a primeira longa-metragem da cineasta portuguesa Laura Carreira, radicada em Edimburgo, co-produzida pela Bro Cinema de Mário Patrocinio, sobre a vida difícil de uma jovem migrante portuguesa no Reino Unido, venceu mais um Prémio de Melhor Realização. O poderoso olhar sobre a tauromaquia, intitulado “Tardes de Soledad” do catalão Albert Serra, um cineasta, que tem uma certa ‘irmandade’ com o cinema português e uma co-produção com a Rosa Filmes, de Joaquim Sapinho e com financiamento da RTP é o grande vencedor da Concha de Ouro de Festival de San Sebastián 2024. Porém, a jovem cineasta portuguesa Laura Carreira acabou por dividir esse Prémio de Melhor Realizador, com o espanhol Pedro Martín-Calero (do filme de terror “El Llanto”), algo que não deixa de ser absolutamente surpreendente, primeiro este ex aequo e depois quando o júri presidido pela realizadora Jaione Camborda (Corno de Centeio) acabou por premiar duas das primeiras obras que estiveram presentes nesta selecção oficial do Festival de San Sebastián 2024. Pouco habitual esta decisão, de facto!

VÊ TRAILER DE “ON FALLING”

Demasiado polémico e provocador, mas uma verdadeira obra-prima “Tardes de Soledad”, do catalão Albert Serra, é sem dúvida um vencedor merecido da Concha de Ouro de Festival de San Sebastián 2024, porque é um filme brutal: não é um documentário, também não é uma ficção, mas antes uma espécie de art house film, que desafia todas as convenções do cinema contemporâneo e aborda ao mesmo sem pudor à prática da tauromaquia e tudo o que se passa na cabeça de um toureiro antes e depois da sua faena.

VÊ TRAILER DE “TARDES DE SOLEDAD”

No tocante aos outros prémios do Festival de San Sebastián 2024, a cineasta norte-americana Gia Coppola ganhou o Prémio Especial do Júri com “The Last Showgirl”, um filme que coloca Pamela Anderson novamente na ribalta e como a última bailarina-stripper de espectáculo de cabaré num show room de Las Vegas, prestes a fechar. Quanto aos outros prémios, a Concha de Prata de Melhor Interpretação Principal foi para Patricia López Arnáiz que protagoniza “Los Destellos”, o mais recente filme da espanhola Pilar Palomero, uma tocante e profunda história sobre uma família desunida e sobre essência da vida, a felicidade e como recomeçar, ao passo que com o francês Pierre Lottin, ganhou a Concha de Prata de San Sebastián 2024 para Melhor Interpretação Secundária no filme de François Ozon, “Quand vient l’automne”, mais uma fábula  existencialista sobre o envelhecimento, filme que também arrecadou o Prémio de Melhor Argumento. O Prémio de Melhor Direcção de Fotografia foi para o filme “Bound in Heaven” da chinesa Xin Huo, uma profunda história de amor e morte, que oscila entre o policial e o melodrama. Na verdade, a morte foi a grande triunfadora do Festival de San Sebastián 2024: a eutanásia, os cuidados paliativos e o declínio da vida, surgiram como temas principais de muitos dos filmes desta edição da Zinemaldia 72, o nome do festival em língua basca.

Palmarés de San Sebastián 2024

Concha de Ouro, Melhor Filme – Tardes de Soledad, de Albert Serra
Prémio Especial do Júri – The Last Show Girl, de Gia Coppola
Concha de Prata, Melhor Realizador (ex aequo)– Laura Carreira, por On Falling e Pedro Martin-Calero, por Le Llanto
Concha de Prata, Melhor Interpretação Principal – Patricia López Arnáiz, por Los Destellos, de Pilar Palomero
Concha de Prata, Melhor Interpretação Secundária – Pierre Lottin, por Quand Vient l’Automne, de François Ozon
Prémio do Júri, Melhor Direcção de Fotografia – Piao Songri, por Bound in Heaven, de Huo Xin
Prémio do Júri, Melhor Argumento – François Ozon e Philippe Piazzo, por Quand Vient l’Automne, de François Ozon

JVM



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