SBSR 2019 (foto de Margarida Ribeiro)

SBSR 2019 | Os altos e baixos da 25ª edição

Tendo chegado ao fim mais uma edição do SBSR, recordamos os melhores aspetos do festival, dando conta das suas falhas também.

A 25ª edição do festival Super Bock Super Rock regressou ao Meco, depois de uns anos no Parque das Nações. Decorreu de 18 a 20 de julho, na Herdade do Cabeço da Flauta. Já se sabe as datas da próxima edição e a sua respetiva localização. Durante os dias 16, 17 e 18 de julho de 2020, o SBSR reinstala-se no Meco.

Depois destes três dias, vamos do bom ao melhor que passou pelo Meco, mencionando outros aspetos deste ano, do mau ao pior.

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SBSR | O BOM, O MELHOR E O EXCELENTE

SBSR 2019: Charlotte Gainsbourg ©Margarida Ribeiro

3. CHARLOTTE GAINSBOURG NO PALCO EDP DO SBSR

No segundo dia de festival, Charlotte Gainsbourg atuou no Palco EDP, pelas 22h. Do ponto de vista visual, o palco era irrepreensível, sobressaindo as várias molduras luminosas no meio de um palco praticamente às escuras. Os temas de Gainsbourg eram fáceis de escutar e cativantes, tendo conseguido juntar um grande número de pessoas à sua volta. O ambiente geral era de desconhecimento da artista, o que não impediu ninguém de vibrar e pôr os braços no ar ao som da música naquela noite dominada pelos artistas franceses. Certamente foi uma grande oportunidade para Charlotte Gainsbourg aumentar  o número de ouvintes interessados no seu trabalho.




Cat Power ©Eliot Lee Hazel. A artista não permitiu qualquer tipo de registo da sua performance no SBSR

2. CAT POWER FOI UM BONITO PÔR-DO-SOL

Ao cair da tarde, Cat Power atuava no palco principal do festival. No entanto, os artistas que a seguiriam no mesmo palco (Jungle, The 1975 e Lana del Rey) acabaram por também chamar gente para junto do palco, marcando lugar antecipadamente. Isto resultou num clima de ruidoso e desagradável cochichar, sem qualquer respeito pela artista que atuava com um ar desanimado. Ainda assim, todos os elementos exteriores à desinteressada plateia fizeram da atuação de Cat Power a mais bonita desta edição. Os raios de sol já se aproximavam do verde e iluminavam de forma esplendorosa a artista e a sua banda. Estes traziam ao Meco Wanderer, um dos melhores álbuns do ano passado, tendo sido o magnífico repertório posto ainda mais alto pela agradável voz de Chan Marshall.

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SBSR 2019: Lana del Rey ©Inês Meira

1. PAROU TUDO COM O REGRESSO DE LANA DEL REY

Ainda sem álbum (segundo consta, para sair em agosto), Lana del Rey regressou ao SBSR naquela que foi provavelmente a atuação mais esperada do festival. O que é certo é que o dia que esta encabeçou foi o único esgotado e, com certeza, grande parte deveu-se a rainha da pop. Com a sua poderosa voz de contralto, Elizabeth Grant teve-nos a todos nas suas mãos por mais de uma hora. Não houve canção em que os fãs não participassem, ficando, por vezes, a voz da artista abafada. Lana também desceu do palco duas vezes, interagindo fortemente com a primeira fila de aficionados em lágrimas. Para além disto, o palco em si foi largamente explorado, usando baloiços, espreguiçadeiras alusivas a décadas anteriores, palmeiras, entre outros. A sua performance conseguiu parar o Meco e levá-lo para todo um outro local, que sem ser experimentado, é difícil de entender. O impacto da artista no Cabeço de Flauta foi de tal ordem que até autocarros paralisou, aquando da aterragem pós-Lana-del-Rey.




SBSR | O MAU, O PIOR E O PÉSSIMO

SBSR 2019 ©Margarida Ribeiro

3. AS SOBREPOSIÇÕES DIFICULTARAM O APROVEITAMENTO DO CARTAZ

Nesta edição do SBSR, havia bastantes artistas que não planeávamos ver. Mas dos que tínhamos na lista, alguns deles ficaram cortados devido a sobreposições. Entendendo que estas são muitas vezes inevitáveis, não deixa de ser frustrante ter de deixar Calexico and Iron&Wine a meio para ir a tempo de Shame quando, no mesmo dia, deu para ter uma hora de jantar alargada, assistindo à performance de Christine and the Queens quase na íntegra. Outro exemplo foi o ligeiro desfasamento entre Marlon Williams, no Palco EDP, e Cat Power, no palco principal, que até juntam fãs semelhantes.




SBSR 2019 ©Margarida Ribeiro

2. O SBSR TEM VINDO A FUGIR AO SEU NOME, DEIXANDO VÁRIOS COM POUCO PARA VER

No nome, o festival do Meco tem lá explícito “Super Rock”. No entanto, nos últimos anos, no cartaz o espaço para o hip-hop e pop tem vindo a aumentar, sendo, nesta edição, bastante alargado. Para o ano, gostaríamos de ver uma maior aposta no género do rock, e por “rock” entenda-se nomes como, nesta edição, Shame, Cat Power ou Marlon Williams, sendo a não inclusão de The 1975 e seus semelhantes propositada. Exceções ao género, como aconteceu com Lana del Rey este ano, serão bem-vindas, pois o que se joga aqui é a qualidade e isso também se encontra noutros géneros.




SBSR 2019 ©Margarida Ribeiro

1. A ORGANIZAÇÃO DO SBSR FALHOU NESTE REGRESSO

“No regresso ao Meco, a mobilidade é um dos principais focos da organização”. Este é o slogan que se pode ler no site oficial do festival. Ainda assim não foi suficiente. Mesmo com o primeiro dia esgotado, à hora de início dos transportes, os autocarros não estavam no local previsto, só chegando perto do recinto com, pelo menos, dez minutos de atraso. Ainda assim, não vieram em número suficiente e não escoavam com rapidez, resultando numa fila interminável. Da minha parte, estar perto do início da fila resultou numa viagem de mais de quatro horas até Lisboa. Agora imagine-se as horas a que os últimos da fila terão chegado. Os autocarros só começarem a sair às 02h00 também terá contribuído para a demora. O reforço dos transportes com as plataformas Uber e Bolt também não foi suficiente, pois a procura era elevada. No segundo dia, a organização melhorou os acessos. Ainda assim, no terceiro dia, com uma maior movimentação, por ser fim-de-semana, sentiram-se, outra vez, dificuldades com os autocarros. Outro ponto fraco da organização foi só disponibilizarem duas caixas de multibanco no recinto inteiro, gerando outra fila enorme para aqueles que precisavam de levantar dinheiro para pagar a comida que, como esperado, chegava, por vezes, a preços absurdos, aproveitando-se do facto de ser proibido levar comida para dentro do recinto.

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SBSR 2019: Shame ©Margarida Ribeiro

OUTROS ASPETOS POSITIVOS

É de reconhecer o esforço posto na elaboração do plano de suporte ambiental desta edição, que foi de sanitários, aos copos reutilizáveis e aos pratos de madeira, em vez de plástico. No que toca à música, Marlon Williams, Shame e Superorganism também tiveram prestações dignas de menção.

SBSR 2019 ©Margarida Ribeiro

OUTROS ASPETOS NEGATIVOS

A grande concentração de nomes no primeiro dia terá proporcionado uma maior vendagem, que se traduziu no dia esgotado. No entanto, isto fez com que os restantes dias do festival fossem significativamente menos interessantes. No último dia, Prof Jam pareceu deslocado num palco que, na mesma edição, tinha pertencido a conceituados Phoenix ou Lana del Rey.

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