Christopher Nolan: o que vem depois do sucesso de Oppenheimer?
Um dos melhores realizadores contemporâneos, Christopher Nolan, decide o futuro depois do sucesso de “Oppenheimer”.
Responsável por um dos maiores sucessos do ano, Christopher Nolan foi o arquitecto de “Oppenheimer”, o filme que conta a história do pai da bomba atómica, Robert Oppenheimer. Ao seu lado caminhou “Barbie”, de Greta Gerwig, o outro grande sucesso que já ultrapassou a casa dos mil milhões de dólares na bilheteira.
Com a biopic do realizador quase a sair dos cinemas e prestes a entrar no clube da “Barbie”, Christopher Nolan falou à Variety sobre o impacto do filme e o que vem a seguir.
O LANÇAMENTO
Pelos piores motivos o filme estreou numa altura em que a guerra ecoava em cada noticiário com o conflito Rússia-Ucrânia. Numa entrevista dada à Variety o realizador falou sobre o timing – “com certos filmes, o teu timing é o certo em maneiras que nunca conseguias prever. Quando começas a fazer um filme, tu estás a dois ou três anos do seu lançamento, por isso vais tentar acertar um alvo em andamento, conforme o interesse da audiência. Por vezes apanhas a onda e a história que vais contar é uma que as pessoas querem ouvir”.
Os tempos mais recentes também estão marcados pela guerra, agora com o escalar do conflito Israel-Hamas, uma “nova” guerra que está a ceifar vidas e a colocar a humanidade contra si mesmo. No entanto esta guerra não tem o que “Oppenheimer” aborda – “a horrível verdade das armas nucleares é que vai e vem com a situação geopolítica. Mas não devia ser assim. A ameaça está sempre presente, é um perigo sobre o planeta e nunca vai desaparecer”.
É de relembrar a grande tensão política entre os Estados Unidos da América e a União Soviética, entre 1947 e 1991, a possibilidade de um ataque nuclear esteve sempre à espreita.
POR DETRÁS DA CÂMARA
Voltando ao cinema propriamente dito, o realizador nem sempre está por detrás da câmara e quando isso acontece costuma tirar notas para potenciais filmes que maioria das vezes nunca acabam por se tornar realidade.
Segundo a sua mulher e produtora, Emma Thomas, “está cheio de cadernos de apontamentos. Não há um método – há rascunhos, um logo para um filme que vai fazer ou pedaços de histórias que pode querer contar. Ele escreve tudo.”
Nesse sentido a produtora acrescenta, “Nolan não escreve um guião até que saiba que vai mesmo fazer o filme que imagina na sua cabeça. Isto devesse à sua experiência ao escrever a biopic sobre Howar Hughes nos primeiros anos da carreira. Ele adorava o argumento que fez e esperava ter Jim Carrey como o peculiar bilionário, mas teve de abandonar quando um projeto sobre Hughes, “O Aviador” de Martin Scorsese, entrou em produção. Até hoje não viu o filme de Scorsese, que acabou por comentar à sua estrela Leonardo DiCaprio, quando fizeram “A Origem“. É muito emocional não conseguir fazer algo que se dedicou tanto.” Acabou por fazer a biopic mais lucrativa de sempre anos mais tarde.
O SURGIMENTO DA IDEIA
A ideia de “Oppenheimer” chegou pelas mãos do novo Batman, Robert Pattison, quando este ofereceu ao realizador um livro de discursos do icónico físico, a propósito da festa de conclusão de “Tenet“. Nolan recorda – “foi um homem que tinha uma incrível combinação de integridade, sinceridade e representatividade. Eu sou atraído por protagonistas completos e contraditórios. No entanto o desenvolvimento do filme e até da estreia tem muito que se diga.
Grande parte dos filmes de Christopher Nolan foram produzidos pela Warnes Bros – trilogia de “Batman”, “Dunkirk“, “A Origem”, entre outros. Em 2020, com a pandemia, um dos responsáveis da produtora, Jason Kilar, decidiu lançar vários filmes na HBO Max, que é detida pela empresa-mãe da própria Warner Bros. De tantos filmes disponibilizados, nenhum era de Christopher Nolan. O realizador acabou por publicar um comunicado a criticar a atitude da produtora.
Com isso “mudou-se” para a Universal Studios. Através das mãos de Donna Langley, que conheceu na época da série “The Prisoner“, acabou por ter uma arriscada oportunidade com um orçamento de 100 milhões de dólares. Na opinião de Donna Langley, “uma biopic desta dimensão sobre um tema como este não devia correr bem. Mas quando tens um cineasta como Christopher Nolan, que é um mestre e tem um grande grupo de fãs a segui-lo, desde adolescentes até aos adultos, é um fator diferenciador.”
Com isso em mente o realizador não quis gravar o filme em estúdios – “a audiência pode não perceber, mas temos de gravar no máximo de locais verdadeiros possível”. Houve um enorme trabalho por parte da equipa de produção com gravações na casa verdadeira de Robert Oppenheimer em Los Alamos, onde viveu com a sua mulher e filho durante o Manhattan Project. Christopher Nolan escolheu Julho para o lançamento do filme, mas não previu a decisão da Warner Bros em estrear “Barbie” no mesmo dia. O intuito podia ser “anular” o filme de Christopher Nolan mas acabou por criar um fenómeno nunca antes visto. No final de tudo, será que Christopher Nolan quer trabalhar novamente com a Warner Bros? “Sim, claro.”
PÓS-OPPENHEIMER
Mas e depois de “Oppenheimer”? Christopher Nolan ainda não decidiu o que fazer a seguir. Quando foi questionado sobre o assunto, disse, “as ideias vêm de todos os lados. Já fiz um remake, já fiz adaptações de banda desenhadas e romances e já escrevi argumentos originais. Estou aberto a todo. Mas enquanto argumentista e realizador, o que fizer, eu tenho de sentir que tenho controlo total. Tenho de fazer de forma original, a ideia pode vir de outro lugar mas tem de passar pelos meus dedos e olhos.”
Qual é o melhor filme do realizador?
