79 º Festival de Veneza | Leão de Ouro 2022 para ‘All the Beauty and the Bloodshed’
O Leão de Ouro do 79º Festival de Veneza foi entregue surpreendentemente ao documentário ‘All the Beauty and the Bloodshed’, de Laura Poitras, um filme que sobre a vida e obra da fotografa Nan Goldin e sobre o seu activismo em relação, aos escândalos na indústria farmacêutica.
O activismo guerrilheiro de Nan Goldin, a incontornável fotógrafa militante norte-americana, testemunha da cultura underground das últimas cinco décadas e a sua luta contra a poderosa indústria farmacêutica, estão no centro do documentário ‘All the Beauty and the Bloodshed’ (‘Toda a Beleza e o Derramamento de Sangue’), de Laura Poitras — vencedora do Óscar de Melhor Documentário por ‘Citizenfour’, em 2015, sobre Edward Snowden — um filme que ao ganhar o Leão de Ouro 2022, quebrou toda e qualquer expectativa em relação à maioria dos potenciais vencedores e aos favoritos aos prémios principais de Veneza 79.
Era o único documentário nesta equilibrada competição e já está comprado para exibição em Portugal, pela Leopardo Filmes). Por mais que possa parecer estranho — diria mesmo desconcertante — este Leão de Ouro 2022 (e os prémios em geral), o Festival de Veneza vai manter de certeza a tradição de lançar os êxitos da próxima temporada e colocá-los nas diversas categorias das nomeações aos Óscar. Quase de certeza também este raro, ’All the Beauty and the Bloodshed’, estará na categoria de Melhor Documentário 2023.
Só que desta vez não como um produto de mainstream, como tem sido mais ou menos habitual, nas últimas edições, mas com um objecto artístico, militante e contra a corrente da própria selecção da competição de Veneza 79. Porém no que diz respeito, aos filmes de ficção, de Veneza 79, pode-se dizer que os grandes e triplos vencedores da noite foram: ‘Saint Omer’, da francesa Alice Diop (Prémio Leão do Futuro para Primeira Obra e Leão de Prata/Grande Prémio do Júri);
E ‘The Banshees of Inisherin’, do britânico Martin McDonagh (Prémio de Melhor Argumento), um filme protagonizado por Colin Ferrell que ganhou a Taça Volpi de Melhor Interpretação Masculina.
O italiano Luca Guadagnino, ganhou o Leão de Prata/Melhor Realização por um dos filmes favoritos e ‘bem-amados’, ‘Bones and All’, ao qual se pode juntar também o Prémio Marcelo Mastroianni para um Actor ou Actriz Emergente, para a jovem Taylor Russell, a parceira de Timothée Chalamet no filme. Sem surpresas Cate Blanchett, ganhou a Taça Volpi/Melhor Interpretação Feminina, pela sua brilhante actuação da controversa mestrina de ‘Tár’, de Todd Field (EUA).
Resumindo e relativamente aos prémios mais importantes ou oficiais e foram atribuídos pelos cinco júris internacionais, presididos pela actriz Julianne Moore, — do qual faziam ainda parte o escritor Kazuo Ishiguro, os realizadores Audrey Diwan, Rodrigo Sorogoyen, Mariano Cohen, Leonardo Di Costanzo e a actriz Leila Hatami — durante a cerimónia de entrega de prémios realizada à pouco, foram entregues os seguintes prémios:
Leão de Ouro: ‘All the Beauty and the Bloodshed’, de Laura Poitras (EUA)
Leão de Prata/Grande Prémio do Júri: ‘Saint Omer’, de Alice Diop (França)
Prémio Especial do Júri: ‘No Bears’, de Jafar Panahi (Irão)
Leão de Prata/Melhor Realizador: Luca Guadagnino, por ‘Bones and All’ (EUA/Itália)
Taça Volpi/Melhor Actor: Colin Farrel, por ‘The Banshees of Inesherin’, de Martin McDonagh (Reino Unido)
Taça Volpi/Melhor Actriz: Cate Blanchett, por ‘Tár’, de Todd Field (EUA)
Osella de Ouro/Melhor Argumento: Martin McDonagh, por ‘The Banshees of Inesherin’
Prémio Marcelo Mastroianni para um Actor ou Actriz Emergente: Taylor Russell, em ‘Bones and All’, de Luca Guadagnino
No decorrer do festival, foram ainda atribuídos dois Leões de Ouro de Carreira à actriz Catherine Deneuve e ao realizador Paul Schrader; e o Prémio Glory to the Filmmaker ao realizador Walter Hill. Também um júri presidido pela cineasta espanhola Isabel Coixet escolheu, como Melhor Filme da secção paralela Orizzonti: ‘War War III’, de Houman Seyyedi (Irão). Na outra secção paralela Gionarte degli Autori/Venice Days, o júri com um colectivo de jovens cinéfilos, presidido pela cineasta francesa Céline Sciamma, atribuí o galardão de Melhor Filme, a ‘Lobo e Cão’, da realizadora portuguesa Cláudia Varejão. O realizador italiano Michelangelo Frammartino presidia um júri, onde estava a realizadora portuguesa Ana Rocha de Sousa, (‘Listen’) foi quem escolheu como Leão do Futuro, para uma Primeira-Obra, a atribuindo como já foi referido ao filme ‘Saint Omer’, da franco-senegalesa Alice Diop e uma das grandes surpresas de Veneza 79. Para o ano há mais!
JVM
