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Indiana Jones e o Marcador do Destino, em análise

O arqueólogo mais popular do grande ecrã está de regresso para uma nova aventura em “Indiana Jones e o Marcador do Destino”, uma obra de James Mangold!

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Tudo começou em 1973 quando George Lucas escreveu o argumento de “ADVENTURES OF INDIANA SMITH” que devia servir de base a um projecto de reanimação e reactualização dos movie serials, filmes em episódios muito populares nos anos 30 e 40, que de algum modo podem ser considerados os precursores da filosofia de produção das futuras séries orientadas para o pequeno ecrã, quase sempre devedoras dos modelos erguidos com orçamentos mais ou menos modestos, os habitualmente reservados para a série B. Estes filmes destinavam-se no essencial a preencher as cotas de mercado dos circuitos de exploração comercial das salas onde o prato forte dos grandes estúdios, sobretudo os que podiam defender os cânones mais exigentes de Hollywood, continuava a ser um conjunto de produções generosamente financiadas e integradas naquilo que se designava por série A. Nesse mesmo ano entra em cena o cineasta Philip Kaufman, que avança com George Lucas para uma ideia que intitularam “THE ARK OF THE COVENANT”, ou seja, uma história relacionada com a Arca da Aliança referida no Antigo Testamento. Este objecto da mitologia hebraica serviria de McGuffin, um expediente ficcional para fazer progredir a narrativa sem que uma finalidade precisa lhe fosse atribuída. Bastava poder existir e haver o perigo de cair em mãos pouco recomendáveis para que a partir desse pressuposto a acção decorresse “normalmente”. Todavia, alguns impasses fizeram com que as coisas ficassem numa espécie de banho-maria. Impasse Nº1: Philip Kaufman foi contratado por Clint Eastwood como argumentista da sua incursão pelo período de rescaldo da Guerra Civil Americana, THE OUTLAW JOSEY WALES (O BEBELDE DO KANSAS), 1976. Impasse Nº2: George Lucas estava a digerir o mega sucesso obtido com os primórdios da sua saga milionária, iniciada com STAR WARS (A GUERRA DAS ESTRELAS), 1977.

Durante as suas férias em Maui (ilha do arquipélago havaiano), George Lucas acabará por se cruzar com o seu colega e amigo Steven Spielberg que, por sua vez, estava ocupado com o CLOSE ENCOUNTERS OF THE THIRD KIND (ENCONTROS IMEDIATOS DO TERCEIRO GRAU), 1977. Este andava por seu lado a cismar um projecto relacionado com a franchise James Bond, mas George Lucas em boa hora demoveu-o dessa parvoíce e apontou as luzes da ribalta sobre um projecto que na sua opinião era muito melhor do que as façanhas do agente secreto 007, ao serviço de sua Majestade e das forças do capitalismo e imperialismo ocidental em anos quentes de Guerra Fria. Foi então que nasceu a hipótese de avançar para uma aventura protagonizada por um arqueólogo, neste caso apenas ao serviço do seu individualismo, uma personagem de carne e osso como qualquer um de nós mas em permanente luta contra as forças do mal, filosofia dicotómica muito ao gosto dos good old USA. Esta personagem deveria chamar-se Indiana Jones. Pouco depois, George Lucas e Steven Spielberg apresentaram a proposta aos estúdios da Paramount Pictures e, bingo, assinaram um contrato para cinco filmes, sendo o primeiro o muito celebrado RAIDERS OF THE LOST ARK (OS SALTEADORES DA ARCA PERDIDA), 1981. Demonstrando que na Natureza, como na indústria cinematográfica americana, nada se perde, apenas se mistura como um baralho de cartas manipulado por profissionais num jogo de milhões, essa matriz da série incluía fragmentos do que muitos pensaram antes ser o caminho mais seguro a seguir. Deste modo, os seus mentores situaram a acção em 1936, e o actor contemplado com o nome protagonista no genérico, Harrison Ford, ali estava para enfrentar os Nazis que procuravam abocanhar a Arca da Aliança na esperança de a usarem a favor do Terceiro Reich, ou seja, de modo a aproveitarem os poderes extraordinários que alegadamente possuía.

Para escrever este primeiro “episódio” foi contratado o cineasta Lawrence Kasdan que, mesmo num princípio de carreira, já demonstrara as suas qualidades no argumento de THE EMPIRE STRIKES BACK (O IMPÉRIO CONTRA-ATACA), 1980, realizado por Irvin Kershner. Foi então assim que nasceu mais um mito inspirado pela lógica dos serials, dos comics, e de um ou outro filme que serviu certamente de referência, entre eles um raramente citado SECRET OF THE INCAS (O SEGREDO DOS INCAS), 1954, de Jerry Hopper (produção da Paramount, pois então), protagonizado por Charlton Heston, actor que podia ser sem favor o modelo para a personagem composta anos depois por Harrison Ford. Já lá estava o chapelinho, conhecido pelo estilo brown fedora que não engana ninguém, o blusão de cabedal e o look genérico da figura do homem que viria a ser inventada para o Indiana Jones. Foi assim que igualmente se descobriu mais uma mina de ouro, fruto da capitalização obtida com as receitas de bilheteira proporcionadas pela adesão dos cinéfilos e dos mais diversos segmentos do grande público. E digo êxito cinéfilo e não apenas mercantilista, porque os diferentes Indiana Jones conseguiram um consenso assinalável (excepto o penúltimo, que foi um espalhanço ao comprido e uma concessão pueril ao estilo jogo de computador de carregar pela boca), quer entre os devoradores de pipocas e bebidas gasosas quer entre os que se agoniam só com o cheiro do cereal, digamos, na versão pop.




INDIANA JONES FOREVER…!

Indiana Jones e o Marcador do Destino
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Recordemos a série que antecedeu o regresso de Indiana Jones ao grande ecrã no agora em estreia INDIANA JONES AND THE DIAL OF DESTINY (INDIANA JONES E O MARCADOR DO DESTINO), 2023 (80/100), realizado por James Mangold, filme para ser visto no IMAX sempre que for possível. Aqui fica a memória dos quatro anteriores: RAIDERS OF THE LOST ARK (SALTEADORES DA ARCA PERDIDA), 1981 (80/100), INDIANA JONES AND THE TEMPLE OF DOOM (INDIANA JONES E O TEMPLO PERDIDO), 1984 (70/100), INDIANA JONES AND THE LAST CRUSADE (INDIANA JONES E A GRANDE CRUZADA) (70/100), 1989, e finalmente o medíocre INDIANA JONES AND THE KINGDOM OF THE KRISTALL SKUL (INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL), 2008 (30/100). Todos realizados por Steven Spielberg. Não podemos igualmente concluir esta introdução sem referir a importância, para a consolidação da marca junto dos espectadores no pequeno e no grande ecrã da série THE YOUNG INDIANA JONES CHRONICLES (INDIANA JONES – CRÓNICAS DA JUVENTUDE), 1992-1993. Bem podia a RTP Memória ou algum canal de cabo ou streaming lembrar-se de repor esta excelente série, dirigida por diversos realizadores, em vez de nos presentearem com outras que, não fazendo mal a ninguém, estão muito longe do interesse e até dos valores de produção desta.

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Indiana Jones 5
Indiana Jones (Harrison Ford) in Lucasfilm’s IJ5. ©2022 Lucasfilm Ltd. & TM. All Rights Reserved.

Passemos agora ao pretérito (1944) e ao presente (1969) da narrativa que nos vem servida no formato gigante que, como disse, deve ser apreciado no maior ecrã, com a melhor imagem e o melhor som disponível em sala. INDIANA JONES E O MARCADOR DO DESTINO atira-nos logo a abrir para uma montanha russa de emoções, ou antes, uma roller coaster (não vão pensar os alucinados do politicamente correcto que estou a fazer alguma referência subliminar) que nos convida a olhar de frente um rejuvenescido Harrison Ford no papel do velho herói, personagem que ele já não consegue afastar da sua imagem de marca enquanto actor, mesmo face a outras que protagonizou, como a de Han Solo na saga STAR WARS. Devo dizer que, melhor do que mil operações cirúrgicas e o malfadado botox que faz o rosto de muitos parecer um autêntico peixe-balão de meter medo ao susto, para além de provocar umas boas gargalhadas de pura perplexidade, este ainda jovem Indiana Jones feito com o state of the art da parafernália digital cinematográfica, surge credível, e muitos poderiam acreditar que as imagens e sons provinham de material filmado há mais de quarenta anos. Harrison Ford com uns belos 80 anos que, aliás, não lhe ficam nada mal, parece ali estar na casa dos quarenta e cheio de vigor para derrotar mais uma vez os nazis que agora querem apoderar-se de uma engenhoca inventada por Arquimedes de que só se sabe o paradeiro de uma das partes, mantendo-se o mistério ao longo do filme sobre onde encontrar a outra metade. Sem a união de ambas, o Marcador do Destino não passa de um pedaço de coisa nenhuma. Eventualmente, serviria para decorar uma estante ou vitrina de um qualquer coleccionador de objectos bizarros ou raros.

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Indiana Jones 5
©2023 Lucasfilm Ltd. & TM. All Rights Reserved.

Mais uma vez, o argumento serve-se do expediente ficcional similar ao que outrora fora o McGuffin dos quatro anteriores (a Arca da Aliança, as Jóias de Sankara, o Cálice Sagrado, a Caveira de Cristal) para fazer avançar a acção, quase sempre a mil rotações por minuto. Pela frente vai encontrar uma figura mais cínica do que sinistra, Jurgen Voller (Mads Mikkelsen) um nazi que deseja para si o poder contido na manipulação do Marcador do Destino, que sabe perfeitamente que o Terceiro Reich está perdido mas não desiste de o reerguer mesmo depois de beneficiar de um contrato para arquitectar o plano que levou os astronautas americanos a alunar e pisar a Lua, numa operação que na verdade foi mais uma manifestação sintética de propaganda e ciência inventada durante a presidência de John Fitzgerald Kennedy para minimizar os estragos do atraso e das derrotas infligidas pela União Soviética no domínio da exploração espacial. Parece claro que os argumentistas pensaram para esta personagem, sem citar nomes reais, na controversa figura de Herbert Von Braun, que concebeu para os nazis os mísseis balísticos e bombas voadoras V-2, vindo a ser no pós Segunda-Guerra Mundial o grande impulsionador e responsável do projecto que produziu os foguetões Saturn V que serviram para lançar no espaço as missões Apollo, glória da NASA e dos EUA. Recordo que a URSS foi a primeira potência a levar pela primeira vez um homem ao espaço, o cosmonauta Youri Gagarine, a primeira mulher, a cosmonauta Valentina Tereshkova, e até o primeiro animal, a cadelinha Laika. Era pois necessário que a NASA desse sinal de vida, com a ajuda do marketing político e mediático capaz de vender a poeira levantada por Neil Armstrong e Edwin Aldrin como se fosse ouro. Será, aliás, poucos dias a seguir a este marco histórico ocorrido a 20 de Julho de 1969 (eu vi-o, a altas horas da madrugada de 21 de Julho na Europa, o momento em que Neil Armstrong deu o pulinho e disse a famosa frase: “That’s one small step for man, a giant leap for mankind”, prova de que o marketing funciona) que vamos encontrar um, agora sim, velho e flácido Indiana Jones sentado num igualmente velho sofá, numa posição vegetativa, a de quem já arrumou as botas e recolheu ao seu acanhado e algo modesto apartamento de Nova Iorque. Tempo para pensarmos o pior. Mas o show must go on, e neste caso ainda bem, porque o que INDIANA JONES E O MARCADOR DO DESTINO nos propõe não é um mero regresso a uma fórmula de sucesso. O que nos oferece é uma porta escancarada para o desenvolvimento de mil e uma novas peripécias, algumas completamente inverosímeis, mas que nós gostamos de aceitar como a verdade da mentira de que afinal são feitos os sonhos que marcaram o destino do melhor entretenimento desde os dias heróicos, pelas boas e más razões, do studio system hollywoodiano.




Tudo o que vemos e ouvimos baseia a sua eficácia na exímia manipulação das diferentes vertentes inscritas na narrativa e, claro está, no factor surpresa que nos faz descobrir a importância da entrada de outras personagens para suporte da acção principal. Deste modo, ao lado do herói que sente a falta do chapéu e do chicote vamos conhecer a afilhada de Indiana Jones, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), sedutora aventureira que faz do roubo uma arte. Chega mesmo a comparar a sua actividade aos mecanismos do que diz ser a lógica capitalista, e naturalmente quer lucrar com a venda de parte do artefacto construído pelo matemático grego que estava na posse do seu pai. Não importa a quem nem para que fins. Felizmente, a brigada do sectarismo identitário que vem introduzindo a martelo no cinema e no audiovisual personagens de características étnicas, o mais das vezes anacrónicas face ao contexto cultural e geográfico das correspondentes ficções, não se lembrou de impor uma personagem delineada para agradar a sensibilidades que andam sempre preocupadas com o assunto, mesmo que a sua agenda falsifique a verdade histórica. De facto, Helena Shaw é branca, provavelmente uma wasp (white anglo-saxon protestant), e as únicas personagens mais ou menos exóticas são as do rapaz que a acompanha, Teddy Kumar (Ethann Isidore), um adolescente marroquino que podia perfeitamente preencher os requisitos necessários e suficientes para ser um dos bons maus rapazes do famoso Padre Américo, e do egípcio Sallah (um regressado John Rhys-Davies), o velho amigo de Indiana Jones que outrora o ajudara a recuperar a Arca da Aliança que os nazis cobiçavam. De resto, há uma agente da CIA negra (Shaunette Renée Wilson), mas a sua passagem cumpre apenas os mínimos necessários.

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Do ponto de vista da acção, são várias as perseguições através dos becos e vielas de Tânger, com especial incidência na vertiginosa prestação de um Tuk-Tuk contra um Jaguar de alta cilindrada, e escusado será dizer que o nosso herói e seus cúmplices conseguem manobrar o frágil veículo com a destreza que nem um piloto de Fórmula Um conseguiria demonstrar na melhor pista do olimpo das corridas de automóveis. E, caramba, nós gostamos de ver e há quem se incline na cadeira de cada vez que dão uma curva mais apertada. Mas a meta a alcançar leva-os mais longe, a Siracusa na Sicília. Numa gruta onde supostamente se encontra a metade do objecto que a maioria persegue e quer agarrar, as personagens irão experimentar o horror de uma quantidade de insectos que se agarram aos seus corpos, arrepios semelhantes aos que em episódios anteriores foram provocados por bichos similares e pelas cobras do primeiro filme. Recordam-se da fobia maior de Indiana Jones? Para além disso, mesmo nas circunstâncias mais adversas não restam dúvidas de que o destino marca a hora, e o sucesso da missão de resgate ou de posse abusiva do Marcador do Destino, o Antikythera, acaba por cair nas mãos erradas. Entretanto, passadas umas duas horas de frenesim aventureiro e num momento crucial da narrativa, viajamos no TEMPO e de algum modo no ESPAÇO para ir ao encontro de uma guerra desencadeada entre Cartagineses e Romanos onde, meio perdido no conflito, encontramos o mestre Arquimedes. Nesta altura ficamos a saber que Indiana Jones não desdenharia ficar pelos meandros da Antiguidade Clássica. Mas o século XX e a selva urbana irão vencer contra a sua vontade e, no final, a ambiguidade que fica no ar será a chave que os espectadores precisam para melhor compreender o que será o futuro da série (se dependesse de mim, ela continuava) sobretudo após o reencontro de Indiana Jones com uma antiga figura oriunda das suas antigas jornadas de glória, que aqui deixo propositadamente na penumbra. Será que o gesto de recolher o famoso chapéu no derradeiro plano constitui uma definitiva assunção da reforma do herói que nos diz, sem nada dizer, qualquer coisa como “adeus, meus lindos, que outros Indiana Jones virão depois de mim”, ou será um sinal de que chapéus há muitos e este ainda está em muito bom estado para regressar em força ao primado da aventura pela aventura, com A grande? Seja como for, confesso, contra as minhas expectactivas iniciais, que INDIANA JONES E O MARCADOR DO DESTINO, sublinha na prática o modo de encarar a arte cinematográfica que para ser espectacular não precisa de fazer concessões ao básico de projectos onde personagens de papelão querem salvar o mundo, sabe-se lá porquê, histórias cujos propósitos rimam com o bocejo das rotinas e das fórmulas que reduzem o cinema a uma simples mercadoria. Nada disso, aqui a nossa voz grita alto e bom som: “Indiana Jones forever…!”




Indiana Jones e o Marcador do Destino, em análise
Indiana Jones e o Marcador do Destino

Movie title: Indiana Jones and the Dial of Destiny

Director(s): James Mangold

Actor(s): Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Mads Mikkelsen, Boyd Holbrook, John Rhys-Davies, Karen Allen

Genre: Drama, 2023, 154min

  • João Garção Borges - 80
  • José Vieira Mendes - 75
78

Conclusão:

PRÓS: Se os blockbusters fossem assim, concebidos com qualidade e inteligência narrativas, muito interessante seria a possibilidade de separar as águas que inundam a maioria dos ecrãs do mundo inteiro com formas redutoras de ficção, mascaradas de filmes de acção.

Neste caso, acção rima com emoção e até aquilo que nos parece inverosímil constitui o sal e pimenta da verdade da mentira que nos encanta e nos ajuda a passar 154 minutos sem um único bocejo ou comentário do género “ainda falta muito para acabar…?” Estamos aqui no state of the art da produção cinematográfica, onde o digital se usa com razão de ser e não para ilustrar pseudo-ficções em que os actores já contam pouco, porque são cromos e não personagens. Bem pelo contrário, Harrison Ford, e não só, sabe representar, não desmerece face aos seus pares mais jovens e, enquanto octogenário, demonstra uma frescura física e um sentido de humor dignos dos maiores elogios.

Junto com um conjunto de outros filmes que estão num patamar muito diverso de produção (falo do ciclo UM VERÃO COM MAURICE PIALAT), posso dizer sem hesitação que INDIANA JONES E O MARCADOR DO DESTINO constitui o outro grande acontecimento cinéfilo de entre o ciclo de estreias e reposições previstas para o período estival.

CONTRA: Nada, excepto uma coisa: não esperem ver este filme num ecrã de reduzidas dimensões, nem esperem pelo streaming, porque há projectos que foram concebidos para serem maiores do que a vida e apreciados nesse contexto.

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