"Star Wars: Visions" ©Disney

Star Wars: Visions, primeira temporada em análise

“Star Wars: Visions” é uma fusão de mundos que cria uma galáxia mais rica e uma antologia imperdível. A liberdade criativa permitiu o florescer de novas hipóteses e da conjugação com o anime resulta um presente que não sabíamos que queríamos tanto.  

“I have a [good] feeling about this”

De “Twilight Zone” a “Black Mirror” as séries de antologia ganham cada vez mais fãs e a aposta expande-se para os mais diversos formatos. A nível de animação “Love, Death & Robots” veio provar que o sucesso é mais que possível, estando a série já confirmada para uma 3ª temporada. Dessa forma, a Disney decidiu juntar-se ao grupo e aproveitando o que já existia nos comics da Marvel lançou a série “What If…?”, levando o público a um território desconhecido do MCU.

Se a controvérsia é mais que muito no que toca a trilogias de Star Wars – todos gostam da original e tudo começa em debates acesos quando se passa para a prequela ou sequela – já no pequeno ecrã, as coisas têm corrido mais consensualmente. “Clone Wars”, “Rebels”, “The Mandalorian” e mais recentemente “Bad Batch” são tudo exemplos de expansões cativantes e de sucesso. No seguimento do realizado para a MCU, a Disney+ e a Lucasfilm de George Lucas decidiram juntar duas das grandes tendências: antologias e anime, para criar a série “Star Wars: Visions”.

A ideia da série seria a de que uns dos melhores criadores de anime do mundo trouxessem o seu talento e a sua visão para este universo. Desta forma, não foi requerido que as histórias neste novo projeto aderissem a nenhuma timeline estabelecida de Star Wars. Como referiu James Waugh, um dos produtores executivos da série, o objetivo seria trazer algo diferente de tudo o que se viu anteriormente na galáxia Star Wars, dando aos realizadores e aos estúdios um espaço criativo para explorar todo o potencial imaginativo deste universo, através das lentes únicas do anime. A autenticidade do estilo de cada estúdio também seria um importante fator para fomentar um processo único de criação em cada episódio que enriqueceria a antologia.

Vision” consiste assim em nove episódios/curtas-metragens produzidos por sete estúdios de animação japoneses: Kamikaze Douga (episódio 1), Studio Colorido (episódio 2), Studio Trigger (episódio 3 e 7), Kinema Citrus (episódio 4), Production IG (episódio 5), Science SARU (episódio 6 e 9) e Geno Studio (episódio 8), cada um contando as suas próprias histórias originais baseadas no universo Star Wars. A antologia foi lançada em 22 de Setembro de 2021 na Disney+ e recebeu críticas geralmente positivas.

Star Wars Disney+
Star Wars: Vision | © Lucasfilm Ltd & TM. All Rights Reserved

Kamikaze Douga é o estúdio conhecido por adaptações de “JoJo’s Bizarre Adventure” e do filme “Batman Ninja” de 2018. Studio Colorido e Geno Studio são subsidiárias da produtora de animação Twin Engine, responsável por recentes filmes aplaudidos como “Penguin Highway” (2018), “A Whisker Away” (2020) e “Burn the Witch” (2020). Já o Studio Trigger conta com créditos em “Kill la Kill” (2013), “Little Witch Academia” (2013), “When Supernatural Battles Became Commonplace” (2014) e “Promare” (2019). Entre os destaques de Kinema Citrus temos “Made in Abyss” (2017) e “The Rising of the Shield Hero” (2019). Production I.G é um estúdio com mais de 30 anos e que já esteve envolvido na criação de inúmeras séries de anime para televisão, OVAs, filmes teatrais, e ainda está envolvido no design e desenvolvimento de videojogos, entre as suas principais obras estão “Guilty Crown”, “Psycho-Pass”, “Eden of the East”, “Haikyu!!” e a série “Ghost in the Shell”. Quanto a Science Saru é um estúdio relativamente recente que utiliza um método de produção de animação híbrida, combinando animação desenhada à mão e digital, as suas joias da coroa são as premiadas produções associadas à Netflix “Devilman Crybaby” e “Japan Sinks: 2020”.

A diversidade e multitude artística é de fato um dos pontos altos, senão o maior, da série e isto permite-nos apreciar sete estilos diferentes de animação, todos eles com qualidades supremas, notando-se que cada estúdio se esforçou ao limite.

Star Wars: Visions
© Disney +

Nas escolhas para a realização encontramos os nomes, ordenados por episódios, de Takanobu Mizuno, Taku Kimura, Hiroyuki Imaishi, Hitoshi Haga, Kenji Kamiyama, Abel Góngora, Masahiko Otsuka, Yuki Igarashi e Eunyoung Choi.

A nova série de Jedi e Sith é um verdadeiro festival de anime com nomes conhecidos do género que vão desde os estúdios, a realização, à animação e a vozes que são reconhecidas por muitos. Esta produção destaca-se ainda por, tal como “The Mandalorian”, se afastar dos grandes nomes e personagens do universo, como Skywalker, Death Star, Palpatine e muitos outros, possuindo ainda mais liberdade de inspiração e criação do que as outras séries da saga, o que torna a série um verdadeiro atrativo artístico e de originalidade.

Entre as estrelas mais conhecidas que emprestam a voz à série descobrimos: Joseph Gordon-Levitt, Lucy Liu, Temuera Morrison, Neil Patrick Harris, Masi Oka, Kyle Chandler, David Harbour, Henry Golding, Jamie Chung e George Takei na versão americana. E Yūko Sanpei (a voz de Boruto Uzumaki em “Boruto: Naruto Next Generations”), Shin-ichiro Miki (Roy Mustang em “Fullmetal Alchemist: Brotherhood”, Zamasu em “Dragon Ball Super”), Mariya Ise (Killua Zoldyck em “Hunter × Hunter”, Levy McGarden em “Fairy Tail”), Junya Enoki (Reiner Brau em “Attack on Titan: The Final Season”), Asami Seto (Raphtalia em “The Rising of the Shield Hero”), Kazuya Nakai (Roronoa Zoro em “One Piece”), Yuma Uchida (Kawaki em “Boruto”), Taisuke Nakano (Shigeo Kageyama em “Mob Psycho 100”), Wataru Takagi (Obito Uchiha em “Naruto Shippuden”), Akio Ōtsuka (Blackbeard em “One Piece”, All For One  em “My Hero Academia”) e Masako Nozawa (Son Goku/Son Gohan/Son Goten em “Dragon Ball Z”, e a voz de “Doraemon” na série com o mesmo nome) no elenco japonês.

A complementação da atenção à impactante banda sonora elevam cada episódio ao estatuto de um curto filme. Kevin Penkin, Michiru Ōshima, Yoshiaka Dewa, Keiji Inai, A-bee, Keiichiro Shibuya, U-zhaan, Nobuko Toda e Kazuma Jinnouchi são os compositores responsáveis pela música da série.

Cada episódio traz uma peça que completa o puzzle com elementos que agradarão a fãs de ação, comédia, aventura e drama. Apesar de libertos das amarras dos elementos canónicos, alguns episódios conseguem enquadrar-se no panorama geral da linha principal da história de Star Wars. Por exemplo, foi dada a informação de que “Lop &Ochō” se passa durante o reinado do Império Galáctico entre “Revenge of the Sith” e “A New Hope”; já “The Elder” é ambientado algum tempo antes de “The Phantom Menace”; enquanto “The Twins” envolve remanescentes do Exército Imperial, após os eventos de “The Rise of Skywalker”; quanto a “The Ninth Jedi” explora o que aconteceu com os Cavaleiros Jedi após “The Rise of Skywalker”. É verdade que a maioria dos episódios se foca em demasia na dicotomia entre bem e mal, Jedi e Sith, mas esse é realmente um dos poucos defeitos que se podem apontar à série, e mesmo assim conseguem inovar dentro desse espaço.

Star Wars: Visions
“Star Wars: Visions” ©Disney

Os episódios da série podem ser divididos em três trios em termos de impacto e qualidade: “The Duel”, “The Ninth Jedi” e “The Elder”; “The Village Bride”, “Lop & Ochô” e “Akakiri”; e “Tatooine Rhapsody”, “The Twins” e “T0-B1”. Os primeiros três são os episódios mais marcantes e onde podemos encontrar inspirações na tradição japonesa (“The Duel”), na épica batalha entre Qui-Gon Jinn e Obi-Wan vs Darth Maul em “The Phantom Menace” (“The Elder”) e temos momentos icónicos que lembram o “Return of the Jedi” e deixam um ardente desejo de uma continuação (“The Ninth Jedi”).

The Village Bride” e “Lop & Ochô” são histórias que misturam diversos elementos e que aproveitam a riqueza do universo Star Wars, sem estarmos sempre dentro da mesma monotonia. Quanto a “Akakiri” é quase um recontar da tragédia de Anakin Skywalker e de como o lado negro da Força nos envolve mesmo quando achamos que estamos no caminho do bem.

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O último grupo é constituído por narrativas mais leves, cómicas ou quase exclusivamente focadas na ação e na animação. “Tatooine Rhapsody” é provavelmente o episódio mais suave e o seu estilo assemelha-se a um kodomo (anime mais voltado para crianças menores). “The Twins” é uma explosão visual de ação e movimento que faz em muito lembrar o já referido filme “Promare”. Quanto a “T0-B1”, a voz de Masako Nozawa aquece-nos imediatamente o coração evocando grande nostalgia, assim como todo o episódio em si nos remete para o icónico “Astro Boy” de Osamu Tezuka.

star wars visions
© Lucasfilm Ltd. All Rights Reserved

A hipótese de uma 2ª temporada está em aberto e dependerá do sucesso da série. Waugh revela que a renovação está nas mãos dos fãs, mas que algumas das histórias que podemos ver serão estendidas noutros meios. Nomeadamente, já em Outubro de 2021 está previsto o lançamento, pela Del Rey Books, de “Ronin: A Visions Novel”, um romance original escrito por Emma Mieko Candon e inspirado na história de “The Duel” que acompanhamos no primeiro episódio de “Star Wars: Visions”.

TRAILER | STARS WARS COMO NUNCA O VIMOS, ATRAVÉS DAS LENTES DO ANIME!

Concordas que a Força é forte neste anime?

Star Wars: Visions, primeira temporada em análise

Name: Star Wars: Visions

Description: Sete estúdios de animação japoneses trazem o seu talento e a sua visão para o universo de Star Wars com nove histórias originais.

  • Emanuel Candeias - 90
90

CONCLUSÃO

“Star Wars: Visions” foi uma excelente aposta da Disney+ e da Lucasfilm, que ao juntarem antologias e anime criaram uma galáxia muito mais rica. A liberdade criativa, a animação deslumbrante e as lentes do anime permitiram o florescer de algo autêntico e original.

Pros

  • Liberdade artística e animação de excelência
  • Diversidade de estúdios de anime
  • Conhecidos atores nas vozes

Cons

  • Persistência na representação de Jedi e Sith
  • 2ª temporada ainda não confirmada!
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