Depois de Saltburn, Emerald Fennel avança com este lendário clássico da literatura
A atriz, produtora, argumentista e realizadora Emerald Fennell ainda tem um currículo relativamente curto atrás das câmaras, mas é já um repleto de grandes momentos. Do nomeado aos Óscares “Uma Miúda com Potencial” ao polémico “Saltburn”. Agora, encontrou aquela que será a sua terceira longa-metragem!
Sumário:
- A realizadora inglesa Emerald Fennell já encontrou o seu próximo projeto no cinema – ainda por começar a filmar;
- Trata-se de uma nova adaptação do clássico inglês gótico “Wuthering Heights” (1847), ou “Monte dos Vendavais”, da autoria de Emily Brontë;
- Fennell vai associar-se novamente ao estúdio MRC, responsável por produzir o seu sucesso do verão passado, “Saltburn“.
Emerald Fennell (conhecida como atriz em produções como “The Crown” ou “Barbie”) até pode ter um currículo curto na cadeira da realização, mas é também um pautado por grandes destaques.
O thriller criminal e filme de vingança com que se estreou, “Promising Young Woman” (2020) valeu-lhe um Óscar de Melhor Argumento, a nomeação a Filme do Ano e até a indicação na categoria de Melhor Realização por este seu primeiro projeto (entre centenas de outras nomeações e distinções ao longo da temporada).
De seguida, seguiu-se o muito divisivo “Saltburn” no ano de 2023, uma história evocativa de “Mr. Ripley” e novamente um conto sobre vingança, onde um jovem pobre se imiscui na propriedade de uma família rica para lentamente corromper a sua união ténue e destruir as suas vidas.
Um novo desafio para Emerald Fennel, desta vez uma adaptação
London, United Kingdom – February 18, 2024: Emerald Fennell attends the 2024 EE BAFTA Film Awards.
De forma algo invulgar, foi a própria realizadora Emerald Fennell que anunciou a sua adaptação futura do romance gótico “Wuthering Heights“, através das suas redes.
— Emerald Fennell (@emeraldfennell) July 12, 2024
O romance clássico situa-se no campo inglês, no norte profundo, em Yorkshire, numa região conhecida pelos seus montes e vento abundante. Esta é a história de Heathcliff, o grande arquétipo do anti-herói, um jovem cigano que é acolhido na infância por uma família rica. Nunca inteiramente parte da família, mas também mais do que um mero criado, Heathcliff cresce com um sentimento de desadequação e tudo piora quando se apaixona por Catherine Earnshaw, a filha do Senhor que o acolhe.
Catherine corresponde a paixão de Heathcliff, mas as questões sociais e de classe subjacentes levam a que opte por casar com um melhor partido. Passados muitos anos, Catherine morreu no parto e Heathcliff esteve fora durante largos anos. Regressa rico, sem escrúpulos e dedicado a infernizar o que resta dos Earnshaw e sua descendência.
À noite, fala com Catherine, ou antes, com o seu fantasma, neste conto gótico e de vingança repleto de sofrimento e arrependimentos.
O poster promocional já revelado deixa transparecer a natureza desesperante da história: “Be with me always – Take any form – Drive me mad,” (“Fica comigo sempre, toma qualquer forma, Leva-me à Loucura”), uma citação direta do tórrido romance do século XIX.
Wuthering Heights e um legado rico
“O Monte dos Vendavais” ou “Wuthering Heights” é uma obra incomparável, já adaptada inúmeras vezes ao cinema e inspiradora de todo o tipo de produção cultural. Por exemplo, uma jovem Kate Bush escreveu a arrepiante canção “Wuthering Heights” do ponto de vista de uma Catherine que se arrepende de deixar Heathcliff e que por fim volta para o seu amado.
No cinema, a adaptação recente (2011) e independente por parte da talentosa realizadora Andrea Arnold, estreada no IndieLisboa, deu-nos uma versão mais contemporânea da história, com Heathcliff a ser negro em vez de cigano, e em geral com um toque menos século XIX e um intimismo muito grande.
A versão de Emerald Fennell deverá ser, se tivermos em conta “Promising Young Woman” e “Salburn”, mais caótica, agressiva e extrema. Ao fim de contas, esta é a derradeira história de vingança e uma não tão distinta das que Fennell tem contado no cinema desde 2020. Mal podemos esperar, será certamente um dos filmes da temporada. Juntar a estética desta realizadora com um clássico tão fundamental?
Por aí, fãs do livro fundamental assinado por Emily Brontë?