Interpol (foto de Jamie-James Medina)

Nos Primavera Sound 2019 | 15 razões porque vamos

[tps_header]

Há festivais de todas as formas e feitios, mas a única razão para lá pôr os pés são os ouvidos. Aqui estão os 15 concertos que nos levam ao Nos Primavera Sound de 2019.

[/tps_header]

Nos Primavera Sound 2019
Recinto do Nos Primavera Sound, no Parque da Cidade do Porto

Bem sabemos que um festival não é só a música que nele se ouve. É também tudo o que ouvimos na música e tudo o que ajuda a ouvir a música. Entre a beleza natural do Parque da Cidade e do mar que o ladeia, a saborosa comida típica das tendas, as múltiplas instalações de apoio e a organização segura e eficiente, o Nos Primavera Sound oferece condições de descanso que poupam ao corpo as agruras de três dias intensos e permitem à mente concentrar-se no essencial. Nisto, o grande festival da Invicta permanece imbatível, até mesmo pelo mais icónico e castiço Vodafone Paredes de Coura (outra predilecção da nossa equipa).

Lê Também:   Os 25 Melhores Álbuns de 2018

Quanto ao que se ouvirá na música, isso é da jurisdição de cada espectador e haveremos de fazer uso dos nossos direitos, com toda a desfaçatez, sem remorsos, uma vez lá. O conceito que levou este ano à selecção de artistas talvez deixe um pouco a desejar. Afinal, o estabelecimento a priori de cotas faz entrar outros critérios que não o de mérito artístico, que não olha a estatuto, etnia ou género. Mas, para felicidade nossa, estes são tempos onde o talento abunda e um pouco por todo o lado, transcendendo grelhas que reduzem pessoas a um qualquer predicado seu. Nós não fizemos contas a não ser de 1 a 15, para listar os concertos que nos dão 15 razões artísticas para, uma vez mais, nos irmos sentar na relva ou (porque não?) colar às grades do Nos Primavera Sound.




Men I Trust | 6 Junho, Super Bock, 18.50

Men I Trust no Nos Primavera Sound
Emma Proulx dos Men I Trust (Capa de “Numb”)

Ainda pouco se sabe do terceiro álbum dos Men I Trust, Oncle Jazz, que deveria ter saído já em Fevereiro, seguindo-se ao homónimo de 2014 e a Headroom de 2015. Mas qualquer disco que inclua “Say, Can You Hear” é para ouvir assim que chegar às lojas e aos serviços de streaming. E qualquer banda que a componha é para ir ver, sem falta, neste caso ao Nos Primavera Sound. O trio de Montreal, formado por Jessy Caron, Dragos Chiriac e Emma Proulx, tem vindo a conquistar uma audiência cada vez maior, tão serenamente quanto a música que compõem (mas não se enganem, está cheia de linhas de baixo borbulhantes e propulsivas). Não há melhor maneira de começar a tarde de quinta-feira do que a ouvir a sua sonoridade relaxante, algures entre o indie e o funk, mas com a ligeira fantasmagoria de quem tem alguma coisa para dizer. E, pelo que já nos foi dado ver, a performance ao vivo de “Say Can You Hear” promete ser um grande arranque de festival.

Nos Primavera Sound | Men I Trust, “Say, Can You Hear”

Lê Também:   Men I Trust partilham novo single "Say, Can You Hear"



Miya Folick | 6 Junho, Pull & Bear, 20.45

Miya Folick no Nos Primavera Sound
Miya Folick

A voz de Miya Folick é tão maleável e multifacetada quanto a sua mesclada ascendência. Esta americana, metade russa, metade japonesa, educada como budista, aprendeu a tocar bateria ainda no templo e guitarra já na universidade. Os seus primeiros dois EPs, mais melancólicos, à base de guitarra, não faziam prever um álbum de estreia como Premonitions, lançado o ano passado. Este revela um domínio extraordinário da fórmula pop, desde as batidas infecciosas aos crescendos explosivos dos refrães, sem perder nada da emotividade e atmosfera que enche um EP como Strange Darling. “I wanna be out of control” murmura a nossa Malibu Barbie na maravilhosa faixa de abertura, “Thingamajig”, que tanto recorda o anterior estilo como faz prever o que se seguirá no resto do álbum. Ou seja, uma das mais controladas exibições de descontrole da música pop deste lado da década.

Nos Primavera Sound | Miya Folick, “Stock Image”

Lê Também:   O Mês em Música | Playlist de Outubro



Stereolab | 6 Junho, Seat, 23.20

Stereolab no Nos Primavera Sound
Stereolab

Uma década depois de anunciarem o seu hiato, os Stereolab regressam para uma série de performances ao vivo. O Primavera continua a ser uma das grandes oportunidades para uma lição de história em rock alternativo, com tantas bandas icónicas, infelizmente findadas cedo demais, a poderem reunir-se e voltar a tocar ao vivo graças ao incentivo do festival. Este ano é a vez dos Stereolab, banda franco-inglesa de pós-rock que sintetizou, na década de 90, a atmosfera etérea do shoegaze (para a qual muito contribui a voz sonhadora de Lætitia Sadier) com sons eletrónicos, ritmos krautrock e muitas outras influências menos óbvias, criando uma sonoridade psicadélica que paradoxalmente convida mais à inteligência do que à hipnose. O regresso aos palcos acompanha a reedição de sete dos álbuns da banda, entre Maio e Novembro deste ano, com Transient Random-Noise Bursts with Announcements, de 1993, e Mars Audiac Quintet, de 1994, já disponíveis desde dia 3 do mês passado. Significativamente, os alinhamentos dos primeiros concertos da banda, desta digressão iniciada no fim de Maio, confirmam uma selecção variada que passa por todos os registos da sua longa carreira.

Nos Primavera Sound | Stereolab, “Jenny Ondioline”

Lê Também:   A Vitória do Shoegaze



Let’s Eat Grandma | 6 Junho, Pull & Bear, 23.45

Let's Eat Grandma no Nos Primavera Sound 2019
Let’s Eat Grandma (© Charlotte Patmore)

Estas duas jovens britânicas, amigas de infância, não brincam em serviço, com o nome da banda a ser a menor das suas declarações de intenção. “Hot Pink”, faixa produzida por SOPHIE (as suas impressões digitais estão por todo o lado, principalmente na agressividade e arritmia da percussão), abre o segundo e aclamado registo das Let’s Eat Grandma, I’m All Ears, com uma promessa de maturidade que é cumprida do princípio ao fim, desde este que foi o seu single principal até ao tour de force que é Donnie Darko. Contemporâneo e dançável, com as suas canções só aparentemente pop (apenas “It’s Not Just Me” anda lá perto), este é um dos mais interessantes álbuns de avant-pop eletrónico da memória recente.

Nos Primavera Sound | Let’s Eat Grandma, “Hot Pink”

Lê Também:   O Mês em Música | Playlist de Junho

 




Solange | 6 Junho, Nos, 00.30

Solange no Nos Primavera Sound
Solange Knowles (© Max Hirschberger)

Pode ser que muitos conheçam Solange apenas como a irmã de Beyoncé, mas isso não passa de um rodeio injusto. Temos a certeza de que o seu concerto no Nos Primavera Sound deixará bem claro o mérito próprio (alguns defendem que superior mesmo) da mais nova das duas irmãs Knowles, até porque ninguém dança ou se veste tão bem como ela (claro, há sempre a FKA Twigs…). A Seat at the Table deu-lhe um palco bem maior do que a sala-de-estar e a sua versão elegante, jazzística e discretamente emotiva de R&B conquistou os corações críticos de muitos, com a Pitchfork a dar-lhe o primeiro lugar da sua lista de melhores álbuns de 2016. O seu mais recente registo When I Get Home, lançado em março de surpresa (embora há muito esperado e prometido), apenas confirmou a ousadia e talento experimentais desta artista, tudo menos caseira.

Nos Primavera Sound | Solange, “Almeda”

Lê Também:   Solange lança When I Get Home, acompanhando-o de curta-metragem



Nilüfer Yanya | 7 Junho, Super Bock, 18.50

Nilufer Yanya no Nos Primavera Sound
Nilüfer Yanya (© Molly Daniel)

Juntando um contralto rouco de soul a uma guitarra indie de agressivo staccato, a britânica Nilüfer Yanya é uma das figuras cheias de garra e carisma a garantir a qualidade e o interesse do cartaz deste ano do Nos Primavera Sound. É verdade que a precisão e finura do diálogo entre voz e instrumentos não será fácil de reproduzir ao vivo, mais ainda num ambiente de festival, mas quaisquer imperfeições que advenham combinarão bem com a aspereza dos contornos do pop/R&B de Nilüfer Yanya. Este grão, que viverá bem no palco, esboroa e contrabalança a doçura, que a bem-dizer nunca é em demasia, das canções de Miss Universe, um dos grandes destaques, para nós, deste ano. Fazemos questão de ir ouvi-lo ao vivo, antes do gosto que nos dará vê-lo a marcar as listas de melhores álbuns de 2019.

Nos Primavera Sound | Nilüfer Yanya, “IN YOUR HEAD”

Lê Também:   Mês em Música | Playlist de Março 2019



Courtney Barnett | 7 Junho, Nos, 19.50

Courtney Barnett no Nos Primavera Sound
Courtney Barnett (© Mia Mala McDonald)

Já quanto a Courtney Barnett não há dúvidas de que podemos esperar uma grande experiência de música ao vivo, com qualquer uma das suas canções a beneficiar quer do virtuosismo, quer da energia do seu desempenho em palco. Desde que conquistou discretamente, com o seu álbum de estreia, um lugar nas listas de algumas das revistas mais conceituadas, Courtney Barnett atingiu o estrelato indie ao colaborar com Kurt Vile em Lotta Sea Lice (2017) e ao lançar o ano passado o seu muito bem recebido segundo esforço, Tell Me How You Really Feel, álbum que a australiana vem agora apresentar ao Nos Primavera Sound. Dada a espirituosa verbosidade indie que lhe conhecemos, cantar com ela não será a coisa mais fácil deste mundo, mas fazemos gala em tentar e falhar em estilo.

Nos Primavera Sound | Courtney Barnett, “Need a Little Time”

Lê Também:   Courtney Barnett, Tell Me How You Really Feel | em análise



Fucked Up | 7 Junho, Seat, 22.15

Fucked Up no Nos Primavera sound 2019
Fucked Up (© Dustin Rabin)

Dada a forte presença de pop/R&B e versões amenas de indie, o punk hardcore dos Fucked Up destoa do panorama geral do cartaz do Nos Primavera Sound deste ano, apesar do mais progressivo e bem eclético duplo álbum que é Dose Your Dreams, lançado o ano passado. Felizmente, para quem um festival sem moche não é um festival digno desse nome (há sempre os Shellac, claro), aqui está uma banda que assegurará a presença de tudo o que estimamos na grande experiência da música underground americana da década de 80 (não se enganem, os Fucked Up são de Toronto e chegaram quinze anos tarde demais para ajavardar nesse lendário circuito). Podemos contar com um urro gutural de quem faz das tripas coração, acompanhado de harmonias e guitarras, tão agressivas quanto progressivas, que não podem senão ficar aquém da versão de estúdio. Mas, como o próprio nome da banda indica, estamos todos aqui para isso mesmo.

Nos Primavera Sound | Fucked Up, “Normal People”

Lê Também:   O Mês em Música | Playlist de Outubro



Interpol | 7 Junho, Seat, 23.45

Interpol no Nos Primavera Sound 2019
Interpol (© Jamie-James Medina)

Não vale a pena queixarem-se de que os concertos dos Interpol soam aos discos. Antes de mais, porque a banda sempre fez questão de afirmar a inexorável identidade composicional das suas canções, à qual obedecem e a qual não gostam de manipular, apenas dominar de forma exímia em palco. Mas também porque, desta vez, é provável que as canções de Marauder, álbum lançado o ano passado, e A Fine Mess, EP divulgado o mês passado, soem muito melhor. Aqui, não somos grandes fãs da colaboração da banda com o produtor Dave Fridmann, cujo estilo pouco se adequa ao minimalismo polifónico dos Interpol. Aguardamos, por isso, ansiosamente por este concerto, só para ouvir nitidamente as subtilezas do diálogo entre as três guitarras e sermos transportados na atmosfera emotiva de canções como “The Rover” e “If You Really Love Nothing”. Só para ouvir tão nitidamente a filigrana da música que seja impossível não reparar nos eventuais buracos do tecido.

Nos Primavera Sound | Interpol, “If You Really Love Nothing”

Lê Também:   Interpol, Marauder | em análise



Hop Along | 8 Junho, Nos, 17.45

Hop Along no Nos Primavera Sound 2019
Hop Along (© Tonje Thilesen)

Não podia haver melhor arranque para o último dia do festival. O palco principal abrirá com emotividade punk, minúcia de textura em staccato de guitarras, uma performance vocal carismática e teatral, tudo para que nada nos escape do poder dos versos de Frances Quinlan: “How simple my heart can be/ Frightens me”. Os Hop Along, cuja sonoridade encontrou o lar perfeito na Saddle Creek, começou como um projecto de freak folk de Frances Quinlan, que, no entanto, preferia ter uma banda a tocar a solo. O desejo realizou-se quando o irmão e, mais tarde, o baixista Tyler Long se juntaram ao projecto, trazendo aquela energia que Frances sabia tão necessária para exprimir totalmente o que se percebia já no seu canto e poesia. Bark Your Head Off, Dog é o terceiro e aclamado registo lançado pela banda com o actual alinhamento, que deverá marcar, felizmente para nós, o alinhamento do concerto.

Nos Primavera Sound | Hop Along, “How Simple”

Lê Também:   25 Melhores Álbuns de 2018 (até agora)



Lucy Dacus | 8 Junho, Super Bock, 18.50

Lucy Dacus no Nos Primavera Sound
Lucy Dacus (© Dustin Condren)

Poder ir cantar cada palavra das canções de Lucy Dacus, particularmente das que constam do seu aclamado segundo álbum, Historian, duas vezes em menos de um ano é uma dádiva. A única razão para a desperdiçar é não a poder aproveitar, por causa da atroz sobreposição de três das nossas escolhas do cartaz deste ano do Nos Primavera Sound. De facto, Lucy Dacus e os dois actos que aqui se seguem são tão dentro da mesma linha que é impossível os seus respectivos públicos não coincidirem, levando-nos a questionar um pouco a programação e a compadecermo-nos de outros que, como nós, se vêem obrigados a escolher. Seja como for, quem se resolver a ficar pelo palco Super Bock por volta das sete da tarde ficará muito bem servido com a autora e co-autora (em Boygenius) de dois dos melhores discos do ano passado. A julgar pelo alinhamento do concerto em Barcelona, há mesmo a possibilidade de ouvir algumas novas canções, tanto por editar quanto lançadas no entretanto, como é o caso da ótima “My Mother & I”.

Nos Primavera Sound | Lucy Dacus, “Addictions”

Lê Também:   Lucy Dacus à MHD | "Parte da História não é senão contar histórias"



Tomberlin | 8 Junho, Pull & Bear, 19.00

Tomberlin no Nos Primavera Sound
Tomberlin (© Philip Cosores)

Uma das mais recentes e tímidas estrelas da Saddle Creek, a jovem Sarah Beth Tomberlin tem uma alma e uma voz largas demais para um corpo tão frágil e esta sua estreia no nosso país será a oportunidade de lhes sentir o poder bem de perto. Acima de tudo porque suspeitamos que não haverá assim tanta gente a aproveitar o privilégio, o que promete uma experiência bem especial – pelo menos para os fãs no seu egoísmo. At Weddings foi uma das nossas predilecções o ano passado, mas também um dos álbuns de estreia internacionalmente mais aclamados, e vai valer a pena ver o que fará às suas canções o vigor do início de carreira, quando o coração ainda não se habituou nem ao sofrimento nem às lides da carreira. Este será seguramente um daqueles momentos onde descobriremos o que trazemos em nós ao ouvir alguém cantar.

Nos Primavera Sound | Tomberlin, “I’m Not Scared”

Lê Também:   Tomberlin, At Weddings | em análise



Big Thief | 8 Junho, Seat, 19.15

Big Thief no Nos Primavera Sound 2019
Big Thief (© Michael Buishas)

Os Big Thief estão de volta, mais uma vez num ambiente campestre de festival, em menos de um ano e com mais um álbum no bolso. De facto, a produtividade e rapidez de maturação da banda são assombrosas, mais ainda se pensarmos que, entre os dois álbuns da banda, a sua líder Adrianne Lenker encontrou tempo para pôr cá fora um trabalho a solo, abysskiss, em outubro. U.F.O.F foi lançado o mês passado e junta-se a Capacity, de 2017, para garantir um alinhamento de luxo neste regresso dos americanos de Brooklyn ao nosso país, desta vez, se tudo correr bem, com a banda completa. De facto, no Vodafone Paredes de Coura fomos surpreendidos por uma baixa e de peso. O guitarrista Buck Meek não pôde comparecer, deixando a Lenker a tarefa de tocar pelos dois. O que ela fez, sem perder uma grama que fosse de força ou graciosidade.

Nos Primavera Sound | Big Thief, “UFOF”

Lê Também:   Vodafone Paredes de Coura 2018 | Os Arcade Fire são uma grande banda pop



Snail Mail | 8 Junho, Pull & Bear, 20.30

Snail Mail no Nos Primavera Sound
Snail Mail (© Michael Lavine)

Tirando ser preciso mudar rapidamente a mente por detrás da campanha de promoção dos Snail Mail (o que são todos estes azuis e vermelhos?!), nada falta à mais recente (e jovem) aposta da Matador, bem pelo contrário. Lindsey Jordan e a sua banda estrearam-se com um dos álbuns mais aclamados do ano passado, Lush, trazendo à luz uma voz indie emblemática, com o seu queixume prolongado, um baixo que lembra os melhores momentos do rock alternativo, quando a rádio universitária se dividia entre os R.E.M. e os Stone Roses, e um talento composicional de espantar em alguém tão novo (é sabido que Lindsey Jordan tem apenas 19 anos). Estes miúdos são profissionais, não brincam em serviço e vão-nos dar um dos concertos do ano, podem apostar.

Nos Primavera Sound | Snail Mail, “Heat Wave”

Lê Também:   Snail Mail, Lush | em análise



Low | 8 Junho, Super Bock, 23.20

Low no Nos Primavera Sound
Low (© Shelly Mosman)

E com os lendários Low acabamos não em grande, mas sim grandiosamente. A afirmação não é mera retórica, mas justifica-se tanto pela sonoridade sublime que sempre caracterizou as diferentes encarnações da banda do casal Alan Sparhawk e Mimi Parker, como pela dimensão da carreira dos Low. Não falta nesta última por onde escolher, dadas as lonjuras do arranque da banda no início da década de 90; a profusão do catálogo com os seus doze álbuns de estúdio; o ecletismo que vai desde a sua síntese única de slowcore e dream pop em Things We Lost In The Fire (2001) até ao noise-pop e drone dos seus últimos dois registos, produzidos por B. J. Burton. No que nos diz respeito, à pergunta dos Low “what part of me don’t you know?/ what part of me don’t you want”, não temos outra resposta que não seja “nenhuma”. Conhecemos e queremos tudo, a começar pelas canções do mais recente, mas já clássico, Double Negative, que a banda apresentou no Lisboa ao Vivo em Setembro até ao seu passado longínquo, nos tempos em que a música alternativa não era só mais música mas uma forma de vida e a nossa identidade. Yeap, “can’t you see that I’m bleedin’ out here?/ Waking up from a dreamin’ out here”.

Nos Primavera Sound | Low, “What Part Of Me”

Lê Também:   Low, Double Negative | em análise



Nos Primavera Sound | Pela Noite Dentro

Yaeji no Nos Primavera sound
Yaeji (© Micaiah Carter)

Para quem não está a pensar voltar para casa tão cedo, aqui ficam três recomendações da música ao som da qual dançar pela noite dentro, se é que “dançar” é o termo certo… Na verdade, isto são sonoridades para o cérebro, que projectam o futuro e alteram o espaço mental no qual nos movemos e existimos.

Yaeji | 6 Junho, Primavera Bits, 3.00

Sophie | 7 Junho, Pull & Bear, 2.30

Helena Hauff | 7 Junho, Primavera Bits, 4.30

Lê Também:   O Mês em Música | Playlist de Agosto

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *