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Os 25 Melhores Álbuns de 2018

Estes são os melhores álbuns de 2018 para a MHD, num ano em que as opiniões se dividem e consensual só a gratidão por um período musical extraordinário.

Obras de arte revolucionárias há poucas. Veja-se que “revolucionárias” desempenha aqui a função de modificador restritivo e não apositivo do nome. Os conceitos de “arte” e “revolucionário” não têm as mesma extensão, havendo objectos de arte que não são revolucionários e objectos revolucionários que não são artísticos. Isto, no fundo, é só uma maneira um pouco complicada de dizer uma coisa muito simples, que mudar as regras do jogo ou inventar novos jogos não é um traço essencial à arte. Assim foi este ano que termina agora. Cheio de grandes álbuns, todos eles obras de arte, nenhum deles revolucionário. A imensa variedade das listas que saíram até agora, discordantes não apenas nos lugares atribuídos aos discos mas também no próprio corpus seleccionado, mostram que não faltou música que perdurasse na memória de muita gente e apelasse a gente muito diferente. A nossa lista dos melhores álbuns de 2018 não foi consensual entre nós (vejam só, no final, as preferências de cada um) e, claro, estará tão de acordo com outras listas quanto essas listas estão de acordo umas com as outras.

Critérios de apreciação? Mais uma vez, muito diversos e muito discutíveis. Uma só coisa sabíamos de antemão, a mesma que nos tem guiado nestes últimos tempos. Modas passam depressa e arte não é propaganda. Se há boa música pop e R&B, experimental e aventurosa, capaz de comunicar de forma única e original aquelas poucas coisas que desde sempre interessaram à espécie humana, acolhemo-la com entusiasmo. Se estes últimos tempos assistiram à emergência de inúmeras vozes femininas de peso, não apenas no pop/R&B, mas também no hip-hop e no rock alternativo, alegrámo-nos sempre que o aparecimento destas cantautoras ou produtoras resultou num contributo artístico e humano insubstituível. Mas daí a abraçar o pop/R&B como a nova música de vanguarda, capaz de contestar hábitos e costumes adquiridos (como se “contestar” fosse um valor em si) ou a condenar à irrelevância bandas rock que, para além de serem rock ainda por cima não são 50% qualquer coisa, vai um grande passo, que não estamos dispostos a dar sob o risco de enclausurar a arte em agendas políticas e condená-la ao efémero.

A lista que se segue não inclui, por isso, entre os melhores álbuns de 2018, algumas coisas que julgamos sobrevalorizadas por razões que se prendem com a moda; com a visão metafísica da sociedade como fundada sobre o conflito e a luta pelo poder; com a ideia de que o vulgar e ordinário possa ser um gesto de contestação e uma declaração de autonomia e preponderância social; com o avanço de uma agenda política, por mais meritória que seja. A lista que se segue é o resultado das nossas preferências pessoais, das obras de arte que nos impressionaram, às vezes até por razões políticas. Queremos falar de todas elas como aquelas que falaram de nós, para nós e para todos. Como aquelas que falarão de nós aos que vierem depois de nós, porque, caso contrário, para quê arrancá-las da abundância de música produzida todos os anos, salvá-las do inevitável esquecimento e introduzi-las na memória colectiva por meio de uma lista? E falar de nós de uma maneira que possa falar também a eles, independentemente da classe a que pertençam ou da moda que vigore nesse utópico ou distópico futuro. Que os ilumine e sirva de consolo, que os faça cantar e dançar e lhes revele que não estão sós.

Melhores Álbuns de 2018 - Jon Hopkins - Singularity
Melhores Álbuns de 2018 | Singularity
25. Jon Hopkins, Singularity (Domino, 4 maio)

O quinto álbum do produtor/artista electrónico britânico é uma viagem alucinante, com pouco mais de uma hora e bipartida, assente em piano acústico, coros, tecno, ambiente psicadélico e formação clássica. Em Singularity, Hopkins improvisa, mistura todos esses ingredientes e constrói aquela que é uma das experiências auditivas mais estimulantes do ano. Na faixa homónima introdutória somos lançados para uma densa pista de dança, nas texturas de “Emerald Rush” ficamos sem fôlego, mas é na sua peça central, “Everything Connected”, que nos rendemos definitivamente ao génio de Jon Hopkins. (DR)

Melhores Álbuns de 2018 |
Melhores Álbuns de 2018 | Pissing Stars
24. Efrim Manuel Menuck, Pissing Stars (Constellation, 2 fevereiro)

Efrim Manuel Menuck lançou Pissing Stars explicando que todo ele gira em torno de uma falhada história de amor, o romance de tablóide entre a americana Mary Hart, apresentadora do programa de televisão Entertainment Tonight, e o saudita Mohammed Khashoggi, filho de um barão do petróleo e traficante de armas, que encheu, na década de 80, os jornais e a cabeça do jovem Efrim. Mas esta funciona apenas como um ícone de todas as histórias de amor, como uma máscara que, porque oculta o compositor, lhe permite cantar o amor que o feriu, a ele que fala com a experiência de quem arriscou, não se defendeu e, por isso, viveu: “I’m not speaking from a safe place/ Out here the stars fall like knives/ But I have loved and been loved”. Com a legitimidade de um homem transfigurado pela dor, “I learned when I was very small/ How to breathe through pain/ And I never did/ Breathe normal again”. (MPA)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Let’s Eat Grandma
23. Let’s Eat Grandma, I’m All Ears (Transgressive, 29 junho)

Let’s Eat Grandma (LEG), além da fácil sigla e de nos proporcionar uma das mais belas capas de 2018, trouxeram também um dos melhores álbuns pop do ano. Grã Bretanha, junto ao mar, terra de praias abundantes mas parcas em sol, a origem do duo composto pelas jovens Rosa Walton e Jenny Hollingworth, parece ter sido a inspiração para este Pop delicioso e consistente, apoiado em sintetizadores vigorosos e bem dominados, harmonias vocais só aparentemente inocentes, ritmos simples mas bem estruturados, capaz de produzir paisagens sonoras ricas, com vários níveis de leitura e com destino não raramente apontado às estrelas, como no caso do sublime I’ll Be Waiting. A mão do experiente Faris Badwan (Sophie e the Horrors), parece ter feito um milagre de maturidade e fantasia com material tão jovem. Congrats!  (RR)

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Melhores Álbuns de 2018 | We’re Not Talking
22. The Goon Sax, We’re Not Talking (Wichita, 14 setembro)

O sucessor de Up To Anything, disco de estreia de 2016 dos Goon Sax, é um álbum que expõe, sem qualquer receio, a sua faceta mais charmosa e genuína no meio de inúmeras imperfeições. Acessível, emocional e ingénuo na sua componente lírica, We’re Not Talking revela um subtil processo de amadurecimento, a nível instrumental, da banda australiana composta pelos agora adultos Louis Forster (filho de Robert Forster, cantautor e guitarrista dos Go-Betweens, mítico grupo de Brisbane que, inevitavelmente, vê o seu legado directamente associado à música produzida pelos Goon Sax… pelo menos na sua fase primordial de Send Me A Lullaby e Before Hollywood), James Harrison e Riley Jones. A guitarra robusta, percussão e harmonias vocais, assim como o recurso esporádico a castanholas, secções de sopro, cordas e piano (que belíssima balada é “Now You Pretend”) enriquecem, sem sombra de dúvida, a qualidade técnica do álbum. No entanto, o autêntico encanto de We’re Not Talking continua a prevalecer, assim como em Up To Anything, nas deleitantes histórias que caracterizam uma adolescência de incertezas e desorientação (se bem que, agora, descritas através de um formato mais ambíguo). Já que a primeira impressão é sempre a mais perdurante, “Make Time 4 Love”, faixa de abertura do álbum, desvenda, de forma excepcional e imediata, a vontade que este grupo de três jovens tem de discutir e abraçar as suas dores de crescimento, determinando, assim, o estado de espírito do resto de We’re Not Talking. “But I can’t understand why you’re still trying / What you want, what I want / We forget over time / And I’m trying to make time for love”. Todos estamos, não é verdade? (DAP)

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Melhores Álbuns de 2018 | Bottle It In
21. Kurt Vile, Bottle It In (Matador, 12 outubro)

Depois da aventura com Courtney Barnett em Lotta Sea Lice (ainda não os desculpámos por não nos terem vindo visitar a este canto junto ao Oceano Atlântico), Kurt Vile regressou com Bottle It In, uns furos abaixo (dizemos nós) de B’lieve I’m Goin’ Down. Sim, Bottle It In acaba por não conter melodias tão atractivas e letras tão viciantes como “Pretty Pimpin”, “Life Like This” ou “I’m an Outlaw”. Mas ouvir Vile de novo, através de canções intermináveis, instrumentalmente nebulosas, emocionalmente profundas e mais pessoais do que nunca, é um dos melhores exercícios de introspecção que o rock nos ofereceu em 2018. “Loading Zones” (“How beautiful to take a bite out of the world / I want to rip the world a new one / It just crawls out of my mouth anymore”) e sobretudo “Bassackwards” (“I was on the ground but looking straight into the sun / But the sun went down and I couldn’t find another one”) são viagens pela ziguezagueante vida de Vile, e um convite aliciante a nos perdermos nas suas belas guitarras. (DR)




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Melhores Álbuns de 2018 | Hunter
20. Anna Calvi, Hunter (Domino, 31 agosto)

Hunter é o digno sucessor do seu primeiro, revelador e afirmativo álbum homónimo Anna Calvi e do segundo, tão delicado quanto sublime, One Touch, tendo-lhe ambos valido lugares destacados nas listas de melhores álbuns do ano. Um álbum em que os dotes vocais de Anna Calvi vem ainda mais ao de cima, tornando evidente a frequente comparação com Patti Smith e PJ Harvey ou, acrescento eu, os saudosos românticos Billy MacKenzie e Alan Rankine (The Associates), como o seu cunho muito próprio e virtuoso à guitarra, a relembrar o lendário Dick Dale. Com produção de Nick Launay (Nick Cave), deixando para trás os compromissos e cautelas típicos de primeiro álbum, Anna Calvi parece agora mais liberta, dando largas à sua pose e mensagem de raízes explicitamente queer e assumidamente biográficas, alinhadas no movimento #MeToo e noutras ideias feministas, um lado mais selvagem e sensual, como o tom das suas letras. Por mais abertos que tentemos estar a novas formas musicais, sabe bem, muito bem mesmo, um álbum rock com ímpeto, ritmo e musicalidade, interpretado com virtuosismo, guitarras verdadeiras e enxutas, a acompanhar uma voz a sério, com uma sensualidade subliminar, genuína e elegante. (RR)

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Melhores Álbuns de 2018 | Now Only
19. Mount Eerie, Now Only (P. W. Elverum & Sun Ltd., 16 março)

O primeiro capítulo da dolorosa saga de Phil Elverum foi para nós o quarto melhor álbum do ano passado, ainda que neste caso destoe falar de prémios ou aclamações críticas. É conversa que não nos lembramos de ter, são benesses que redundam em insulto, quando se trata da ferida em carne viva, do imenso buraco negro trazidos pela morte de alguém amado. Ainda assim, é verdade que, numa estranha modalidade de reality show, Phil Elverum nos tornou participantes do seu drama por meio da sua arte. O novo episódio é menos monocórdico. O recitativo de A Crow Looked At Me varia aqui entre o quase canto e a declamação poética ou mesmo a pura fala. Alguns ritmos são agora mais acelerados, com um baixo pós-punk e guitarras distorcidas a irromper, por exemplo, em “Earth”, mas o fluxo de consciência torna-se, ao mesmo tempo, insuportável de tão extenso e espraiado, sem direcção. O estupor e embotamento diante da doença e morte acabadas de acontecer, impossíveis de processar ou absorver, são em Now Only substituídos por incursões ao passado, em tentativas sucessivas de perceber a vida no seu todo, intercaladas de descrições pormenorizadas de situações particulares, particularmente iluminantes. Nesta procura de tomar consciência da nova identidade, trazida pela mutação brutal da viuvez e da orfandade, há espaço para o absurdo e o sentido de humor. O tema titular do álbum é disso exemplo e seria hilariante se não fosse patético. Felizmente, como todos sabemos, a saga teve um final inesperado, de cinema. A vida transcorre, reemerge das cinzas e a reconciliação com o passado pode-se ouvir em como Elverum canta “Real Death” no seu álbum ao vivo After (Live). (MPA)

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Melhores Álbuns de 2018 | Suspiria
18. Thom Yorke, Suspiria (XL Recordings, 26 outubro)

Seguindo os passos do companheiro dos Radiohead, Johnny Greenwood (com magníficas composições instrumentais para Phantom Thread e You Were Never Really Here), Thom Yorke aventurou-se na (re)invenção de uma banda sonora para Suspiria, de Luca Guadagnino. Mas Yorke foi um pouco mais longe que o seu conterrâneo: compôs também belíssimas canções originais, como são o caso de “Suspirium”, “Open Again” ou a catártica “Unmade”. Thom Yorke, inspirado pelo imaginário de Dario Argento e pelas melodias originais e frenéticas (por vezes, quase sofríveis) da banda italiana Goblin, criou o suprassumo dos álbuns cinematográficos de 2018. Se é certo que Luca Guadagnino conseguiu fazer uma iteração superior do filme de culto dos anos 70, também é certo que em muito deverá a Thom Yorke e à sua sonoplastia. Os sons criados por Yorke oferecem ao filme de Guadagnino um ambiente sombrio, meditativo e tresloucado, mas também profundamente clássico e por vezes minimalista (veja-se a melodia de “Unmade”), e interligam-se com o filme de forma irrepreensível. Nunca esqueceremos o apaziguamento emocional que “Come under my wings/  Under my wings/ We’re unmade” oferece, depois de um dos clímax mais alienados do Cinema recente. (DR)

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Melhores Álbuns de 2018 | Microshift
17. Hookworms, Microshift (Domino, 2 fevereiro)

Em Microshift, as canções são mais intrincadas do que nos dois álbuns anteriores dos Hookworms, revelando uma composição cerebral no estúdio. As nuvens de drone e distorção quase desapareceram, evidenciando-se os ritmos metronómicos e as melodias dos sintetizadores, gerando um instrumental esquelético, cheio de “espaço negativo” e nitidez. A voz, mais melódica, vulnerável e a sobressair na mistura, levou Matthew Johnson a elaborar com mais vagar as letras das canções, dando tempo à introspecção e lugar à sinceridade. Como não podia deixar de ser, dado o contexto de Microshift, as letras vão reflectindo sobre como “there’s nothing wrong with being fragile in life”. “Static Resistance” é uma angustiada meditação sobre o desejo e a depressão. Em “Ullswater”, MJ desabafa a dor de ver o pai a desaparecer na amnésia e na morte: “one day you’ll forget/ that I’ll always love you”. Tudo se resume, como canta em “Opener”, à contradição de “always looking for a way to reach out/ while dreaming of a way out”. Palavras que não fogem à dramaticidade da vida e contrabalançam o instrumental dançável, quase eufórico, num disco que é grande porque vive de tudo aquilo pelo qual podia não ter existido. Isto dissemo-lo nós há quase um ano, ignorando claro que, por esta altura, seria a banda que teria deixado de existir. Ironia trágica… (MPA)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | The Whole Thing Is Just There
16. Young Jesus, The Whole Thing Is Just There (Saddle Creek, 12 outubro)

O rosto dos Young Jesus, John Rossiter, é um filósofo contemporâneo. Como tal, e já que a música é uma constante reflexão do estado da mente transcrita para uma combinação (ou não) de lírica e instrumental, os pensamentos recônditos do norte-americano de 29 anos, aliados a uma audaciosa improvisação sonora, desenham os nebulosos contornos de The Whole Thing Is Just There, um álbum de seis desmedidas faixas que valorizam ideias espontâneas em prol de uma narrativa legitimada. O nostálgico pós-rock de SpiderlandLaughing Stock e a banda-sonora midwest emo de uma solitária vida rural intrínseca a This Is A Long Drive For Someone With Nothing To Think About deixam a sua estimada marca por entre rasgos de tópicos tão universais quanto o eterno confronto entre ciência e religião, ideologias políticas distanciadas ou o exclusivo acto de filosofar. “For Nana”, uma música que John Rossiter escreveu, unicamente, como homenagem à sua falecida avó, comprova a essência de um álbum que abre portas a todos os seres individuais para idealizarem e delinearem as suas próprias paisagens e rumos. “Move like it’s a meadow / Calm against a breeze / Or do you suffer through your heavy breath? / Is it pain without relief?” pode ser interpretado como uma reflexiva elucidação do desfecho de “Noites Brancas”, de Dostoevsky. Estabelecendo um ponto de encontro entre a obra do escritor russo e The Whole Thing Is Just There, o autor do texto reconhece a convicção (discutível) de que a vida é uma viagem irrelevante, um ciclo trancado. Assim como um cigarro inacabado ou um copo de vinho deixado ao relento, contam os momentos passageiros que tentamos, em vão, prolongar por unidades de tempo inverosímeis. No fim, somos pó e a pó tornaremos. Nada mais, nada menos. (DAP)




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Melhores Álbuns de 2018 | At Weddings
15. Tomberlin, At Weddings (Saddle Creek, 10 agosto)

At Weddings não é apenas um dos melhores álbuns de 2018 mas um dos melhores álbuns de estreia do ano. Outros houve, igualmente aclamados, que obtiveram também a nossa atenção e estima, como Songs of Praise, dos Shame, Future Me Hates Me, dos Beths, Premonitions, da Miya Folick, Hope Downs, dos Rolling Blackouts Coastal Fever, e Oil of Every Pearl’s Un-Insides, da Sophie. Mas só este chegou aqui. Tecnicamente, o álbum foi lançado o ano passado, mas foi-o numa edição limitada em vinil, na Joyful Noise, que não incluía algumas das faixas desta versão, publicada agora pela Saddle Creek. O álbum recebeu aqui, com o contributo da produção de Owen Pallett, a forma final. Nele, a jovem cantautora Sarah Beth Tomberlin narra o drama interior e silencioso que se desenrola e desdobra nos interstícios de um quotidiano pacato de adolescente, passado entre a Florida e o Kentucky. Ao som do piano, do violino e da guitarra acústica, com alguma distorção pontual, a voz melódica, plangente e introvertida de Tomberlin canta, em jeito de conversa murmurada, com traços de cansaço e interrogação, a fé perdida, a luta pela sobrevivência, um amor falhado. Como quem, ao ouvir a sua voz “out loud”, se apercebe pela primeira vez da própria existência e toma consciência de si, assim é At Weddings, numa tentativa, quem sabe, de recuperar o tempo perdido: “Spent so much time looking, that I forgot to search”. (MPA)

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Melhores Álbuns de 2018 | Joy as an Act of Resistance
14. IDLES, Joy as an Act of Resistance (Partisan, 31 agosto)

hype justifica-se. Joy As An Act Of Resistance, segundo disco dos IDLES, é um álbum crucial no panorama do mundo actual. Os punks de Bristol combatem masculinidade tóxica, os perigos da isolação pós-Brexit definida, principalmente, por gerações que não estarão presentes para testemunhar os seus prejuízos a longo prazo, xenofobia, imprensa conservadora e a constante lavagem cerebral proporcionada pelos meios de comunicação públicos. Recorrendo a motivos de guitarra rápidos, intensos e imprecisos, os IDLES trazem de volta a sonoridade insurgente que alimenta o moche. A voz e melodias de Joe Talbot, urgentes e enraivecidas, aspiram por fraternidade no meio de tanta dor. Uma mensagem positiva e esperançosa, encoberta pela brutalidade da sua música. Um colossal “fuck you” dirigido a uma sociedade nefasta, singularizado, acima de tudo, por ironia, honestidade e um alegórico abraço caloroso colectivo. “Danny Nedelko”, faixa pró-imigração e um dos pontos mais fortes do álbum, evoca, claramente, o espírito do lendário Joe Strummer na sua estrutura lírica e musicalidade… e que honrado ficaria o revolucionário líder dos The Clash por saber que os frutos da sua herança mantêm o punk vivo e de boa saúde pelas terras de Sua Majestade. Já “June”, canção que referencia a morte da filha de Joe Talbot, é a comprovação máxima de que Joy As An Act Of Resistance tão facilmente incita ao riso, quanto ao choro (“Baby shoes for sale / Never worn” – a história de seis palavras de Ernest Hemingway reflecte, de forma assombrosa, o evento que encaminhou o vocalista dos IDLES para a produção criativa do álbum). Joy As An Act Of Resistance é o manifesto emocional de um grupo de fragilizados indivíduos pilotados por corações cheios, em busca do melhor lado da humanidade. A banda de que todos nós, como corpo social, necessitávamos nas nossas vidas. (DAP)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Wide Awake!
13. Parquet Courts, Wide Awake! (Rough Trade, 18 maio)

Um autêntico “camaleão sonoro”, por assim dizer. Em Wide Awake!, sexto álbum de estúdio dos Parquet Courts, produzido por Danger Mouse (Gorillaz, The Black Keys, Portugal. The Man), o baixo de Sean Yeaton é eleito como peça basilar das suas composições musicais (Double Nickels On The Dime, o clássico de 1984 dos Minutemen que, ao ceder uma posição de destaque a este mesmo instrumento, quebrou com os padrões do hardcore punk, pode ser facilmente identificado como uma das maiores influências da banda de Nova Iorque), dirigindo a dançável sonoridade por entre um aventureiro leque de variados estilos, como o punk socialista da faixa de abertura, “Total Football” (“Collectivism and autonomy are not mutually exclusive”), o bubblegum pop de “Mardi Gras Breads” (podia muito bem passar por uma canção dos Pavement) ou o psicadélico de “Back to Earth”. Os Parquet Courts conseguem, então, conceber um álbum estranhamente refrescante no panorama musical de 2018, sem destoar, simultaneamente, da sua extensa lista de referências. (DAP)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | boygenius
12. boygenius, boygenius (Matador, 9 novembro)

“I wish I was on a spaceship/  Just me and my dog and an impossible view”, canta Phoebe Bridgers em “Me & My Dog” e, excetuando a referência canina, é assim que nos imaginámos, em retrospetiva, quando soubemos que Phoebe se juntava a Julien Baker e Lucy Dacus no supergrupo boygenius. Parece impossível que duas intérpretes de dois dos melhores álbuns de 2017 para a MHD (a saber, Bridgers e Baker) se iam unir com a intérprete de um dos melhores álbuns de 2018 para a MHD (Dacus). Surreal. Mais surreal ainda é a forma como as vozes, os poemas e as melodias se justapõem com rara harmonia. A união de Baker, Bridgers e Dacus é como aquele delicioso presente de Natal que nem tínhamos colocado na lista de desejos, mas que no fundo precisávamos mais do que nunca. O EP homónimo é apenas uma coletânea daquilo que as três têm de melhor, de forma individual, mas que ganha uma dimensão metafísica quando unidas: o folk assombrado de Bridgers, as guitarras poderosas de Dacus e o rock emocionante de Baker nunca soaram tão bem. No entanto, é no minimalismo de “Ketchum, ID” que vertemos mais lágrimas. Sublime. (DR)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Lush
11. Snail Mail, Lush (Matador, 8 junho)
Depois de “Let’s Find an Out” tornou-se imediatamente evidente que o álbum de debute da banda de Lindsey Jordan iria seguramente fazer parte da nossa lista de Melhores Álbuns de 2018. Lush é grandioso e vencedor, na sua confluência de imaturidade, anti-sofisticação, superficialidade até. Mas consensualmente irresistível. Lush, de Snail Mail, é indie na sua verdadeira essência, um diamante por polir, uma voz onde a insegurança é a graça, os arranjos básicos a beleza e a melodia arrastada cresce sem nos darmos conta. Um amigo dizia-me que a Lidsey Jordan devia fazer uma cover de “1979” dos Smashing Pumpkins. Parece heresia, mas até se percebe depois de ouvirmos e nos deixarmos entranhar por pérolas como “Pristine” ou “Heat Wave”. Simples e refrescante como poucos este ano. (RR)



Melhores Álbuns de 2018 | Beyondless
Melhores Álbuns de 2018 | Beyondless
10. Iceage, Beyondless (Matador, 4 maio)

Em Beyondless, o ímpeto criativo e a energia intrépida dos Iceage beneficiam de um propósito mais claro e do poder da contenção. Menos sinuoso, divagante, espraiado de que os anteriores registos, Beyondless constrói uma imagem coerente e poderosa do mundo tal como Elias Rønnenfelt o vê. Saliente na mistura, a voz contrasta com algumas das linhas melódicas mais eufóricas da textura, só para rimar com a sonoridade global, no seu andamento vagaroso, imponente e pesado. Comentário sarcástico sobre o lado mais obscuro da humanidade própria e alheia, Beyondless não deixa, contudo, de entreabrir a porta mais estreita, na expectativa de que uma mão dela saia e se nos estenda. (MPA)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Lavender
9. Half Waif, Lavender (Cascine, 27 abril)

No instrumental electrónico construído por Nandi Rose Plunkett, as notas prolongam-se em expansiva reverberação, evocando a imensidão dos espaços vazios. A função percussiva do piano é salientada, as batidas desenvolvem-se, indiferentes, contra o fluir do discurso. Sons metálicos e ácidos zumbidos invadem uma atmosfera feita de melodias nostálgicas pontuadas de dissonância, entrando em mutação mal começam a crescer e dilatar-se. Nesta casa ampla, vazia e inóspita habita a voz humana, plangente da autora. O canto vai-se modulando em meditação, lamento, grito contido, murmúrio, apelo exasperado, interrogação perplexa, lembrança saudosa. Desenrola-se nas viagens entre a cidade da avó, às portas da morte, e Nova Iorque. No caminho para casa, em Brooklyn. Na solidão do lar, afundado num “unending silence” e deixado vazio por um amor fracturado, que ninguém foi capaz de sustentar. E, em cada instante desta narrativa sobre o drama da mortalidade, a necessidade de amadurecer, a dificuldade de amar, em cada fibra da voz que a canta, vibram ecos da pergunta com que abre o álbum: “Is this all there is?” (MPA)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Historian
8. Lucy Dacus, Historian (Matador, 2 março)

Este foi um grande ano para a cantautora de Richmond, Virgínia. Historian, não sendo o álbum de estreia, foi pelo menos o álbum que lançou Lucy Dacus e não por acaso, ou não estaria aqui. A criação do super-grupo boygenius, com Julien Baker e Phoebe Bridgers, outras duas cantautoras de talento, e o lançamento de um EP homónimo ajudaram a promovê-la e ao seu trabalho musical. Despida de glamour, prosaica, nada na sua personalidade ou voz sugere a estrela rock, nem sequer indie. Mas esta normalidade e pacatez escondem uma inteligência viva, um humor sardónico e uma emotividade sem clichés que se traduzem numa musicalidade e lirismo surpreendentes no seu retrato muito pessoal do quotidiano comezinho. Com versos únicos e lapidares, Lucy Dacus assume o papel de “historian” da sua vida e da vida de todos, feita de um desconforto que parece permanente. Diz ela em “Next of Kin”, lamentando-se de que nunca se sentirá completa, nunca saberá tudo: “I used to be too deep inside my head/ Now I’m too far out of my skin […]/ Satisfied body and a hungry soul”. (MPA)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Last Building Burning
7. Cloud Nothings, Last Building Burning (Carpak, 19 outubro)

Dylan Baldi revelou à Uproxx que está sempre a tentar refinar a energia da música dos Cloud Nothings e a procurar criar, em cada álbum, um fluxo sonoro contínuo que, à maneira da música ambiente, se metamorfoseie e evolua até transportar o ouvinte a um ponto de chegada diverso do inicial. Last Building Burning é uma viagem assim. Apanhados no furacão e atirados para as entranhas da experiência de Dylan Baldi, com ele sentimos a repugnância por um mundo cheio de falsidade, onde abundam corruptos cujo nome ninguém recordará e a venda, por todo o lado, de uma oca perfeição: “So right so clean/ but does it mean anything?” A sua resposta irónica podia ser a nossa: “I wish I could believe in your dream”. Mas também a solidão e o sentimento de insegurança generalizada que corroem todas as tentativas de construção: “I feel the last old building burning/ I’ve got nowhere left to put my feet.” A travessia pela desolação urbana e doméstica, por entre a vida “in alleys and corners” e a morte “on a crowded street”, leva-nos contudo a um ponto de chegada que não é senão o começo de uma viagem maior: “I’m moving, I’m moving in another way of life.” Para onde, o futuro o dirá. (MPA)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Marauder
6. Interpol, Marauder (Matador, 24 agosto)

O tempo passa, os críticos vêm e vão, as cenas acontecem e desaparecem, as narrativas constroem-se e esboroam-se. E, nisto tudo, os Interpol permanecem. Sem abdicar de uma identidade que nunca foi cópia, moda ou projecto, mas a orgânica expressão de si, os Interpol andam há muito tempo a cantar e tocar a mesma nota. Mas, de cada vez que regressam ao palco, reverbera com novas inflexões, transfigurada e amadurecida. Sempre angustiada, sempre introvertida, sempre distante, sempre viril, sempre ardente, esta nota é feita da vida a que dá som e dá o tom. Em Marauder, a súplica reaparece, menos literária, mais veraz, as chagas escondidas sob a fleuma britânica. Nele, Paul Banks dá voz à história de uma vida a dar-se, vivida e vislumbrada instante a instante, mas enigmática no seu todo: “We are living something frame by frame/ We are leaving something frame by frame”. A conquista da maturidade é a necessidade de um sentido que dê valor a cada hora, que justifique e redima até o que findou: “I need answers […]/ How many hours I gave for this/ How many hours of pain and bliss”. São as últimas palavras do álbum, a voz que as mendiga entretecida com a voz que se agarra à possibilidade de um significado: “It probably matters”. (MPA)




Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Yolk in the Fur
5. Wild Pink, Yolk in the Fur (Tiny Engines, 20 julho)

Chamem-nos nostálgicos por não querermos abandonar a pequena escala humana, engrandecida pelo ideal de uma liberdade desenvolvida no seio da comunidade, que animava a música independente na década de 80. Chamem-nos antiquados por nos entusiasmarmos com a sonoridade jangle pop, atravessada de melodias em staccato, guitarras reverberantes e alguma distorção à mistura, de Yolk in the Fur, cujas canções não teriam destoado em Garden State, trazendo mesmo à memória muito do cinema slacker e indie americano. Chamem-nos ingénuos por abraçarmos a positividade serena, feita de dança e melancolia em partes iguais, de John Ross, que nos abre todo um mundo de possibilidades enquanto canta “I don’t know what happens next”, com o desejo de que encontremos paz. Chamem-nos idealistas por concordarmos com ele que “love is better than anything else”, num mundo ferido de ressentimentos, dividido pela violência ideológica, sublevado em actos justiceiros que apenas disfarçam e aumentam o ódio. Chamem-nos o que quiserem, mas há certos lugares que são como chegar a casa. E esta casa é tudo menos nostálgica, antiquada, ingénua ou idealista: “Letting go of youth/ After the time is due/ It feels like relief/ Like when something stuck is free/ You lose something sweet/ But you become more real”. (MPA)

Melhores Álbuns de 2018
Melhores Álbuns de 2018 | Be the Cowboy
4. Mitski, Be the Cowboy (Dead Oceans, 17 agosto)

Em Citizen Kane, a conquista de poder termina na solidão, na perda daquela identidade que vem de uma história de relações e pertenças e no esfíngico enigma do eu, que permanece no final um desconhecido para si mesmo. Assim, certas imagens de autonomia ou grandeza escondem no seio uma envenenada contrapartida que pode ser lida como sinal da espuriedade de tais imagens ou aceite como o preço a pagar pela sua realização. Be the Cowboy tem sido entendido e aclamado como um dos grandes enunciados de emancipação feminina do ano, mas o quadro é mais complexo e Mitski mais inteligente do que isso. A sombra da solidão que envolve as figuras de mulher em que Mitski se inspirou – Madame Bovary ou Catherine Earnshaw – atravessa, qual brisa gélida, todo o álbum, impedindo a sua eufórica redução a uma monocromática vindicação feminista: “I need somebody to remember my name”. No final, fica a dor plangente do que a vida poderia ter sido, a nostalgia de um “something bigger than the sky”, perdido talvez enquanto se batalhava por uma pírrica vitória. Rosebud. (MPA)

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Melhores Álbuns de 2018 | Double Negative
3. Low, Double Negative (Sub Pop, 14 setembro)

Este álbum não é para sentimentais. O cor-de-rosa da capa não chega a enganar porque é enregelado pelo design minimalista, assombrado pelo destroço fantasmagórico instalado no centro. Double Negative seria uma ótima banda sonora para o próximo Mad Max se o filme não estivesse a mais. De facto, este álbum dispensa quaisquer imagens, com a sua sonoridade apocalíptica, os processos de destruição da musicalidade, o lirismo consternado a oferecer uma visão catastrófica da nossa humanidade. Mas esta obra de arte contemporânea – porque disso se trata – está longe de constituir um enunciado niilista, por causa da presença fugaz, mas recorrente, de fragmentos de beleza que se desprendem e emergem à superfície do caos e ruído e do lugar de peso atribuído à liberdade, à decisão que cada um deve tomar quanto ao caminho a seguir, diante do cenário distópico que lhe é dado contemplar: “Before it falls into total disarray/ You’ll have to learn to live a different way”. Numa reviravolta inesperada, a tragédia clássica converte-se em bela e majestosa vanitas musical, sublime cristalização artística de Quarta-Feira de Cinzas. (MPA)

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Melhores Álbuns de 2018 | 7
2. Beach House, 7 (Sub Pop, 11 Maio)

Depois duma sequência admirável, cada qual melhor que o outro, de singles que fomos dando a conhecer, “Lemon Glow” em Fevereiro, “Dive” em Março, “Dark Spring” em Abril, mais a performance de “Drunk in L.A.” no Jimmy Kimmel, que tanto deu que falar de tão boa que foi, eis-nos finalmente perante 7, dos Beach House, o nosso álbum de Maio. Há quem aspire às estrelas e um dia descobre que vive numa, alguém disse sobre os Beach House, com toda a propriedade. E 7 é a prova disso. Tal como os anteriores, em que todas e cada uma das canções são obra-primas, 7 é contudo o álbum perfeito, estruturalmente completo, variado, ora escuro como o silêncio do cosmos, ora brilhante como o arco-íris, mas sempre sublime e encantador. Victoria Legrand e Alex Scally conseguem reformular o caminho e a produção sem mudar uma linha do conceito do qual continuam indestronavelmente senhores. 7 é a wikipedia da Dream Pop. Admirável. (RR)

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Melhores Álbuns de 2018 | Twin Fantasy (Face to Face)
1. Car Seat Headrest, Twin Fantasy (Matador, 16 fevereiro)

Relativamente a este álbum e ao seu lugar nesta lista de melhores álbuns de 2018 uma coisa importa esclarecer. Twin Fantasy (Face to Face) saiu este ano, não em 2011. Duvido que Twin Fantasy (Mirror to Mirror) tivesse chegado a ocupar o pódio da nossa lista de então. E não é porque não há nenhuma lista nossa de então, nem porque existissem álbuns bem melhores a escolher caso houvesse (na realidade, 2011 nem foi sequer um ano extraordinário em música). Neste seu apenas aparente gémeo, a produção e o virtuosismo técnico são muito superiores, a dinâmica de banda introduz uma energia que contrasta com os momentos de fluxo de consciência e as alterações feitas ao conteúdo lírico revelam o génio literário de Will Toledo, capaz de, com diferenças mínimas, recriar toda a narrativa anterior sob o olhar de agora. Mas se este álbum nos conquistou foi, acima de tudo, pelo feito pós-moderno que constitui, no que esta corrente cultural tem de melhor. Twin Fantasy é um sofisticado exercício de paródia, que não tem nada do vazio conceptualismo e artificiosa superficialidade de muitos dos seus correlatos literários. É um retorno ao passado que exibe todo o crescimento vivido desde os eventos revisitados, uma exímia expressão artística da vida enquanto história, onde o presente é tanto o fruto quanto a redenção do passado, num confronto crítico – face a face – que abre as portas para o futuro. (MPA)




MELHORES ÁLBUNS DE 2018 | MENÇÕES HONROSAS

Muitos dos nossos melhores álbuns de 2018 não conseguiram obter um lugar no topo, não porque fossem menos meritórios ou menos estimados mas porque só havia lugar para 25. Como todos os outros, também eles estiveram em rotação contínua ao longo do ano e constaram das listas pessoais de cada um de nós. Não queríamos deixar de reconhecer a nossa estima por eles e dá-los a conhecer na lista de menções honrosas que se segue.

26. Lala Lala, The Lamb (Hardly Art, 28 setembro)
27. Spiritualized, And Nothing Hurt (Fat Possum, 7 setembro)
28. Amen Dunes, Freedom (Sacred Bones, 30 março)
29. Rolling Blackouts Coastal Fever, Hope Downs (Sub Pop, 15 junho)
30. U. S. Girls, In A Poem Unlimited (4AD, 16 fevereiro)
31. Frankie Cosmos, Vessel (Sub Pop, 30 março)
32. Kacey Musgraves, Golden Hour (MCA, 30 março)
33. Adrianne Lenker, Abysskiss (Saddle Creek, 5 outubro)
34. SOPHIE, OIL OF EVERY PEARL’S UN-INSIDES (Future Classic, 15 junho)
35. Father John Misty, God’s Favourite Costumer (Sub Pop, 1 junho)
36. Hop Along, Bark Your Head Off, Dog (Saddle Creek, 6 abril)
37. Black Foxxes, Reidi (Spinefarm Records, 16 março)
38. Grouper, Grid of Points (Kranky, 27 abril)
39. Westerman, Ark EP (Blue Flowers, 9 novembro)
40. Julia Holter, Aviary (Domino, 26 outubro)
41. Foxing, Nearer My God (Triple Crown, 10 agosto)
42. Arctic Monkeys, Tranquility Base Hotel + Casino (Domino, 11 maio)
43. Yowler, Black Dog In My Path (Double Double Whammy, 12 outubro)
44. Marlon Williams, Make Way for Love (Dead Oceans, 3 janeiro)
45. The Vaccines, Combat Sports (Columbia, 30 março)
46. Yo La Tengo, There’s a Riot Going On (Matador, 16 março)
47. Jeff Rosenstock, POST- (Polyvinyl, 23 março)
48. Eleanor Fridberger, Rebound (French Kiss Records, 4 maio)
49. Rival Consoles, Persona (Erased Tapes Records, 13 abril)
50. Advance Base, Animal Companionship (Run for Cover, 21 setembro)



MELHORES ÁLBUNS DE 2018 | Preferências (e irritações)

Nenhuma listagem pode alguma vez ser consensual mas, começámos por dizer, em 2018 o consenso foi menor ainda do que o costume. Não só entre publicações mas dentro de cada publicação. A MHD não foi excepção e achamos por bem que cada um possa dar a conhecer as suas preferências pessoais por detrás do anonimato de uma lista colectiva.

Não faltaram também, em 2018, entusiasmos que nos pareceram desproporcionados ou até mesmo suspeitos (por razões expressas na nossa breve introdução), nem desconsiderações que temos por injustas e infelizes. Não quisemos perder esta oportunidade de expelir a nossa irritação, apontando álbuns desmerecedores de todo o burburinho que suscitaram e resgatando outros tantos dignos de uma atenção maior do que aquela que lhes foi concedida.

Por fim, para cada álbum da nossa lista de 25 melhores álbuns de 2018 e suas menções honrosas, àquele de nós que o tinha em mais elevada conta foi dada a prerrogativa de escolher a canção que o representaria na Playlist que animará a vossa noite de reveillon.

Daniel Rodrigues

3 Melhores Álbuns de 2018

1. Car Seat Headrest, Twin Fantasy (Matador, 16 fevereiro)

2. Beach House, 7 (Sub Pop, 11 maio)

3. boygenius, boygenius (Matador, 9 novembro)

Álbuns mais sobrevalorizados de 2018

1. Cardi B, Invasion of Privacy (Atlantic, 5 abril)

2. Janelle Monáe, Dirty Computer (Wondaland/ Bad Boy/ Atlantic, 27 abril)

3. Ariana Grande, Sweetener (Republic, 17 agosto)

Álbuns mais subvalorizados de 2018

1. Marlon Williams, Make Way for Love (Dead Oceans, 3 janeiro)

2. The Saxophones, Songs of the Saxophones (Full Time Hobby, 1 junho)

3. Still Corners, Slow Air (Wrecking Light, 17 agosto)

 

Diogo Álvares Pereira

3 Melhores Álbuns de 2018

1. IDLES, Joy as an Act of Resistance (Partisan, 31 agosto)

2. Cloud Nothings, Last Building Burning (Carpak, 19 outubro)

3. Low, Double Negative (Sub Pop, 14 setembro)

Álbuns mais sobrevalorizados de 2018

1. Cardi B, Invasion of Privacy (Atlantic, 5 abril)

2. Arctic Monkeys, Tranquility Base Hotel & Casino (Domino, 11 maio)

3. Kacey Musgraves, Golden Hour (MCA, 30 março)

Álbuns mais subvalorizados de 2018

1. Young Jesus, The Whole Thing Is Just There (Saddle Creek, 12 outubro)

2. Yowler, Black Dog In My Path (Double Double Whammy, 12 outubro)

3. Flasher, Constant Image (Domino, 8 junho)

Maria Pacheco de Amorim

3 Melhores Álbuns de 2018

1. Low, Double Negative (Sub Pop, 14 setembro)

2. Car Seat Headrest, Twin Fantasy (Matador, 16 fevereiro)

3. Interpol, Marauder (Matador, 24 agosto)

Álbuns mais sobrevalorizados de 2018

1. Cardi B, Invasion of Privacy (Atlantic, 5 abril)

2. Janelle Monáe, Dirty Computer (Wondaland/ Bad Boy/ Atlantic, 27 abril)

3. The 1975, A Brief Inquiry Into Online Relationships (Dirty Hit/Interscope, 30 de Novembro)

Álbuns mais subvalorizados de 2018

1. Half Waif, Lavender (Cascine, 27 abril)

2. Black Foxxes, Reidi (Spinefarm Records, 16 março)

3. Hookworms, Microshift (Domino, 2 fevereiro)

 

Rui Ribeiro

3 Melhores Álbuns de 2018

1. Beach House, 7 (Sub Pop, 11 maio)

2. Anna Calvi, Hunter (Domino, 31 agosto)

3. Wild Pink, Yolk in the Fur (Tiny Engines, 20 julho)

Álbuns mais sobrevalorizados de 2018

1. Cardi B, Invasion of Privacy (Atlantic, 5 abril)

2. Kamasi Washington (Young Turks, 22 junho)

3. The 1975, A Brief Inquiry Into Online Relationships (Dirty Hit/Interscope, 30 de Novembro)

Álbuns mais subvalorizados de 2018

1. Wye Oak, The Louder I Call, The Faster It Runs (Merge, 6 abril)

2. Advance Base, Animal Companionship (Run for Cover, 21 setembro)

3. Cowboy Junkies, All That Reckoning (Latent/ Proper, 13 julho)

 

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