"Prometheus" | © Twentieth Century Fox

Ranking ALIEN | 3. Prometheus e Michael Fassbender à procura de Deus

Mais de três décadas depois do primeiro filme, Ridley Scott voltou à saga “Alien” com “Prometheus,” um pesadelo ambicioso e cheio de questões teológicas.

9. AVP2: Aliens vs. Predador (2007)
8. Alien: Romulus (2024)
7. Alien vs. Predador (2004)
6. Alien: Covenant (2017)
5. Alien O Regresso (1997)
4. Alien 3 – A Desforra (1992)

Mesmo que críticos e fãs se tenham revoltado contra as sequelas de “Alien” que agraciaram os cinemas nos anos 90, a Twentieth Century Fox nunca perdeu esperança no franchise. Mesmo antes de “Alien vs. Predador,” já o estúdio andava às voltas de Ridley Scott e James Cameron, tentando aliciá-los a voltar ao universo narrativo que lhes havia trazido tanto sucesso. Ambos mostraram interesse, mas, para Cameron, a produção dos dois filmes “AVP” afetou negativamente a saga como um todo e invalidou algumas das ideias que ele quereria explorar. Além do mais, o cineasta Oscarizado não queria ter que lidar com as pressões do estúdio.

Contudo, Scott lá ficou como uma opção para a Fox. No Verão de 2009, lá se confirmou o projeto, mas ainda iriam haver muitos cismas e transformações antes da estreia. Durante algum tempo, era intenção dos cineastas fazerem uma prequela tradicional, mas essa possibilidade deu lugar a algo mais distante e quiçá radical. O principal passo nesta nova direção veio com a reescrita do argumento originalmente assinado por Jon Spaihts, uma metamorfose com o cunho pessoal de Damon Lindelof. Tanto assim foi que, em 2010, até se especulava que o projeto já havia sido excisado do mundo “Alien” e seria uma história independente.

Em busca de respostas para as derradeiras perguntas.

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© Twentieth Century Fox

O novo título só atiçou as labaredas desses rumores, tendo sido “Paradise,” em honra de Milton, antes do “Prometheus” que bem sabemos. Dito isso, também sabemos que, no fim, esta é uma prequela a “Alien,” mesmo que seja subvertida pelos temas que Scott queria explorar e que, até ao momento, estavam além do franchise. Nomeadamente, há a questão de o que faz de nós humanos, de onde viemos, quem nos criou e a existência de Deus como cereja no topo do bolo. Inspirados pelos escritos de Erich von Däniken, o realizador e seu argumentista foram até as antípodas dessa teoria dos antigos astronautas, imaginando a Humanidade como algo criado por aliens.

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Não os xenomorph, pois claro. Essas criaturas são meras armas biológicas, apesar de serem constantemente descritas como o organismo perfeito. Tal como o prólogo de “Prometheus” nos mostra, a Humanidade do universo “Alien” foi concebida como experiência genética de uma raça superdesenvolvida a quem se chama Engenheiros. Nessa primeira cena, vemos o sacrifício de um deles, deixando-se desfazer em matéria genética, eventualmente transmutada em forma de nova vida. Aqui, Deus é uma ilusão e a Humanidade é mais um exercício de laboratório entre muitos. Há algo de grandioso na ideia, mas também muito desespero.


Os limites da Humanidade são postos à prova.

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© Twentieth Century Fox

Depois desta introdução de ambição bíblica, Scott propõe uma história à moda antiga dos livros de aventuras. Trata-se de uma expedição a terra desconhecida, liderada por dois cientistas idealistas – incluindo a Elizabeth Shaw de Noomi Rapace – e financiada pela companhia Weyland. Nem todos partilham a curiosidade cósmica ou a fé dos seus líderes e até há quem se mostre animoso desde o início. Também há a ambivalência total de David, um androide tão perfeito que parece apontar para um futuro pós-Humano. Através dele, Scott explora alguns dos conceitos mais arriscados da fita e volta a levantar as mesmas questões que já havia feito em “Blade Runner.”

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Até que ponto se pode distinguir a pessoa da máquina? E não será a criação de uma máquina que em tudo reproduz a vida um milagre, um ato divino? Poucos atores conseguiriam sustentar o peso de tais indagações, mas Michael Fassbender está preparado para tudo. De olhar vítreo e ar voraz, ele consome “Prometheus” como uma grande besta dos mitos, roubando o holofote a todos os seus colegas e emergindo como a personificação máxima do cinema de Ridley Scott na sua faceta mais filosófica. Também, de certo modo, personifica a violência a que o cineasta está disposto, tanto a nível físico como mental.


Ser parte de um franchise pode ser maldição.

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© Twentieth Century Fox

A violência de “Prometheus” é estonteante na sua intensidade e variedade, propondo uma panóplia de mortificações ferozes que vão desde a mutação até à gravidez alienígena, corpos derretidos e esmagados. Nesse sentido, temos que bater palmas à equipa de efeitos que só são superados pela música no que se refere à excelência técnica do filme. Se as composições de Marc Streitenfeld dá um sabor clássico, quase esperançoso à tragédia sci-fi, o trabalho digital e prático testa os limites da carne. Noomi Rapace protagoniza o momento mais sôfrego, dando vida a um pesadelo de gravidez alienígena interrompida com uma cesariana de improviso.

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Tantas são as qualidades de “Prometheus” – nem falámos do restante elenco que inclui Elba, Theron, Pearce e tantos outros – que se espanta a má reputação da fita. O grande problema devém das expetativas criadas em volta da sua posição no franchise e do modo como a sua narrativa afeta as outras. Parte do que torna “Alien” tão bom é o seu mistério, pelo que “Prometheus” sua cosmologia, suas respostas e mitologia expandida, desfazem o apelo do original. Enfim, seria mais fácil amar esta prequela se não fosse prequela de todo, se pudesse viver como obra separada. Apostamos que teria mais fãs se assim fosse.

Já só faltam dois filmes da saga “Alien” e são duas obras-primas, uma no género de ação e outro no campo do terror. Qual preferes?



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