The Last of Us, primeiras impressões

“The Last of Us” é o jogo mais premiado de sempre e das séries mais esperadas de 2023. Os primeiros episódios lançam-nos a querer já colocá-la no top de séries do ano, mas será que o resto da temporada mantém a qualidade?

“Is there something bad in there?
Only you.”

Em 2020 “The Witcher 3: Wild Hunt” foi destronado por “The Last of Us: Part II” como o videojogo mais premiado de sempre. O jogo original de 2013, desenvolvido pela Naughty Dog e lançado pela Sony Computer Entertainment, já antes tinha arrecado centenas de prémios, estando também na lista de jogos mais premiados, ocupando o 5º lugar.

“The Last of Us” não é apenas um dos jogos de maior sucesso da Playstation, é ainda mais do que um dos melhores jogos de ação e aventura de sempre, é uma referência em histórias pós-apocalípticas, é um clássico moderno no género zombie e é um dos dramas mais intensos escritos na última década.

Adaptar tal obra-prima para a televisão apresenta-se como mais do que um desafio, e apesar de esta ser uma das séries mais esperadas de 2023 é também uma das quais o público está com mais receio. Será um sucesso? Será um flop? Parece não haver intermédio.

O que parece então à partida jogar a favor da adaptação televisiva de “The Last of Us”? Para começar, Neil Druckmann, um dos criadores do videojogo, está diretamente envolvido na série como criador e argumentista. A outra metade desta criação para o pequeno ecrã também já deu provas da sua genialidade com a vencedora de dez Primetime Emmys, “Chernobyl”, falamos pois de Craig Mazin.

Pedro Pascal e Bella Ramsey. Companheiros de “Game of Thrones”, ambos os atores já demonstraram o seu carisma e aparentam ter o que é preciso para interpretar os papéis principais da série, Joel e Ellie. Conseguindo Pascal impressionar em “The Last of Us”, juntamente com a sua performance em “The Mandalorian”, será um dos atores mais aclamados do momento em séries de sucesso. Podemos ainda referir os nomes de Gabriel Luna (no papel de Tommy), Merle Dandridge (como Marlene) e Anna Torv (como Tess) que aguçam a expectativa de interpretações de destaque.

Em termos de produção, distribuição e lançamento temos nomes de grandes empresas por detrás da série, como a Sony Pictures Television, PlayStation Productions, Naughty Dog, Warner Bros. e HBO. “The Last of Us” tem um orçamento que excede as primeiras cinco temporadas de “Game of Thrones”, sendo considerada a maior produção televisiva da história do Canadá, são cerca de US$ 15 milhões por episódio.

O diretor de arte do jogo, artistas conceituais e artistas de ambiente forneceram feedback sobre os figurinos e cenários. A criação das criaturas infetadas teve a consultoria dos artistas conceituais da Naughty Dog. Gustavo Santaolalla e David Fleming compuseram a banda sonora, sendo que Santaolalla também esteve envolvido no desenvolvimento dos videojogos e Fleming tem créditos no departamento musical de “Dune” (2021) e “Top Gun: Maverick”.

Para nos confortar podemos ainda usar o exemplo do sucesso da adaptação de “The Wicther”, para afugentar o papão do falhanço de adaptações de videojogos, e acima de tudo ouvir as palavras dos criadores Druckmann e Mazin. Druckmann revelou que para ele o elemento mais importante da adaptação do jogo era “manter a alma”, principalmente as relações das personagens. O criador disse ainda que ao contrário da adaptação de “Uncharted” (2022) para filme, que decidiu contar uma nova história com momentos do jogo, “The Last of Us” é uma adaptação mais próxima. Já Mazin considera que a série tem o potencial de marcar uma mudança de paradigma das adaptações de videojogos devido à força da sua narrativa, nas palavras do realizador “The Last of Us é o Lawrence da Arábia de narrativas de videogame“.

Depois de todos estes argumentos aliciantes para se ver a série, qual o veredicto dos primeiros episódios? “The Last of Us” estreia hoje em Portugal, dia 16 de Janeiro, na HBO Max. A série será composta por 9 episódios, lançados semanalmente, com duração entre os 45min e 1h25min.

Esta série não é para os fãs de “The Walking Dead” e de “28 Days Later”, é para quem gostou de “Os Filhos do Homem” e “The Road”. A construção do mundo pós-apocalíptico, a forma como a sociedade caiu e as novas dinâmicas formadas são credíveis e, talvez por isso, tão desoladoras em “The Last of Us”. A narrativa segue uma fórmula de calma elaboração que introduz as peças principais, envolve e cativa para depois intercalar com ação, suspense e terror. A história volta de seguida a uma expansão e aprofundamento que, abordando outras perspetivas e ajudando na imersão, no centro tem sempre ligações aos protagonistas.

Em termos comparativos, faz lembrar o curso inicial de “The Walking Dead”, tanto a série televisiva como o jogo da Telltale. Onde Joe e Tommy lembram em muito Rick e Shane, enquanto que a relação de Lee e Clementine nos faz pensar em Joe e Ellie. O suspense e o horror é semelhante aquele encontrado em “28 Days”, assim como os movimentos rápidos e em espasmos das criaturas infetadas nos arrepiam igualmente aos dos zombies do filme.

A composição musical, os cenários, ambiente e mesmo os desafios apresentados transportam-nos imediatamente para o videojogo, de tal forma que nos damos a carregar no comando da televisão a pensar que se trata do comando da consola. A química entre Pascal e Ramsey é de aplaudir e as performances dos atores podem muito bem vir a ser das melhores das suas carreiras.

Com apenas dois episódios ficamos completamente rendidos a “The Last of Us”. O medo dos infetados só é superado pelo medo de que o resto da temporada não esteja tão bom. O único contra até ver da série é não podermos devorar a série de imediato em binge-watching. Se os próximos sete episódios forem do calibre destas impressões iniciais já temos um dos lugares do top de séries de 2023 preenchido.

TRAILER | AINDA EXISTE ESPERANÇA DEPOIS DO MUNDO ACABAR?

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