Francis Ford Coppola: uma árvore genealógica
Este ano em que estreia “Megalopolis”, aquele que provavelmente poderá ser o último filme de Francis Ford Coppola e em que “The Last Showgirl”, da sua neta Gia Coppola foi recentemente um dos filmes premiados no Festival de San Sebastián 2024, eis dois bons pretextos para estabelecer a extraordinária árvore genealógica de uma família, que há mais de cinquenta anos, tem participado e criado alguns dos melhores filmes do cinema de Hollywood.
Ao contrário da fotografia acima do núcleo, a grande família cinematográfica Coppola é numerosa e abrange quase todas as disciplinas artísticas e técnicas do cinema de Hollywood, desde há mais cinco décadas: realizadores, atores, produtores, músicos e argumentistas. Vejamos:
Carmine Coppola (1910-1991). O pai de Francis Ford Coppola, que compôs e arranjou bandas sonoras para o seu filho, a quem também encomendou talvez o seu melhor trabalho: a música para a versão restaurada de “Napoleão”, de Abel Gance, nos anos 80.
Eleanor Coppola (1936-2024). Mulher de Francis Ford Coppola e realizadora de “Coração nas Trevas” (“Hearts of Darkness: A Filmmaker’s Apocalypse”, 1991), o tremendo documentário sobre as conturbadas filmagens de “Apocalypse Now” (1979). Morreu a 12 de abril passado.
Francis Ford Coppola (1939). O patriarca, o homem que canalizou e projetou o sucesso da Nova Hollywood com “O Padrinho”, o cineasta que aprendeu com Roger Corman e depois enfrentou Hollywood com os seus Zoetrope Studios, autor de filmes marcantes na História do Cinema como “Apocalypse Now” (1979), “No Fundo do Coração” (1981), a trilogia de “O Padrinho” (1972, 1974, 1990) e agora “Megaolopolis” (2024) e tantos outros que deixo ao gosto e à opinião do leitor e dos amantes da sua obra.
Talia Shire (1946). Irmã de Francis Ford Coppola. Estreou-se como atriz sob o nome de Talia Coppola nas produções de Corman. O seu irmão deu-lhe o papel de filha de Corleone na saga “O Padrinho”, para mais tarde tornar-se a namorada de “Rocky” (1976) nos filmes de Stallone, talvez as interpretações que mais relevância tiveram na sua carreira.
Christopher Coppola (1962). Sobrinho de Francis Ford Coppola e Talia e irmão de Nicolas Cage. Cultivou géneros populares como realizador e é o mais desligado do resto do clã. Estreou-se em 1988 com “A Viúva de Drácula”, uma variante do mito, em que a viúva do vampiro lidera um bando de satanistas.
Gian-Carlo Coppola (1963-1986). Filho mais velho de Francis Ford Coppola e Eleanor, morreu num acidente de barco aos 22 anos. Foi produtor associado de “Os Marginais” (1983) e “Rumble Fish” (1983).
Nicolas Cage (1964). Nasceu Nicolas Kim Coppola, irmão de Christopher, sobrinho de Francis Ford Coppola e de Talia, primo direito de Sofia e Roman. O seu tio deu-lhe um bom papel ou melhor o principal em “Peggy Sue Casou-se” (1986) e, desde então, fez mais de uma centena de filmes que compõem uma carreira tão pessoal quanto díspar, que vão por exemplo desde o extraordinário “Coração Selvagem”, passando pelo escatológico “Pig-A Viagem de Rob” (2021), ao último “O Colecionador de Almas” (2024), entre muitos outros. Personalidade faladora, exuberante e controversa, como nunca consegui ser o Super-Homem no cinema, mas chamou Kal-El a um dos seus filhos. Uma figura!
Roman Coppola (1965). Segundo filho de Francis Ford Coppola e Eleanor, realizou videoclipes, realizou o interessante “CQ” (2001), um filme sobre a rodagem de uma obra de ficção científica, é normalmente co-argumentista de Wes Anderson e costuma ser o grande apoio da irmã Sofia, tanto como produtor, como até diretor de fotografia.
Sofia Coppola (1971). Terceira filha de Francis Ford Coppola e de Eleanor. É ela quem tem canalizado uma carreira mais pessoal como realizadora, sempre apoiada pela American Zoetrope do seu pai. Entre os seus vários filmes destaque para: “As Virgens Suicidas” (1999), “Lost In Translation-O Amor é um Lugar Estranho” (2003) e “Priscilla” (2023).
Jason Schwartzman (1980). Filho de Talia Shire, portanto sobrinho de Francis Ford Coppola. Como ator, também se deu bem com Wes Anderson e é quase indissociável dos filmes e universo deste realizador. Trabalhou com o seu primo Roman (em “CQ”, 2001), com a prima Sofia (“Maria Antoinette”, 2006), o tio Francis (“Megalópolis” 2024), a prima em segundo grau Gia (“Mainstream”, 2020 e “The Last Show Girl”, 2024) e com o seu irmão Robert Schwartzman (“Dreamland”, 2016).
Robert Schwartzman (1982). Irmão de Jason, portanto sobrinho de Francis Ford Coppola. Depois de algumas prestações como actor em curtas e longas-metragens de Sofia e Gia Coppola, estreou-se na realização em 2016 com “Dreamland” (2016). Especializou-se em estranhas comédias românticas, como “The Unicorn” (2018) ou em dramas como “The Good Half” (2023).
Gia Coppola (1987). A filha de Gian-Carlo e neta de Francis Ford Coppola, filmou curtas-metragens e videoclipes. Estreou-se na longa-metragem em 2013 com “Palo Alto” (2013) — baseado em histórias do ator James Franco — um filme muito geracional. Agora surpreendentemente dirigiu as veteranas Pamela Anderson e Jamie Lee Curtis, na sua terceira longa-metragem, “The Last Showgirl” (2024).
Romy Mars (2006). Neta de Francis Ford Coppola e a última a chegar, mas já não se lhe pode negar o talento. É filha de Sofia Coppola e do músico Thomas Mars (vocalista dos Phoenix). Deu voz a uma personagem de “On the Rocks” (2006), um filme da sua mãe, e interpretou uma jovem repórter em “Megalopolis”.
JVM