Mal Viver © Midas Filmes

73ª Berlinale | Mal Viver, de João Canijo ganha Prémio do Júri

O realizador português João Canijo venceu com ‘Mal Viver’, o Urso de Prata, Prémio do Júri, da Berlinale 2023, na qual apresentou o díptico ‘Mal Viver/Viver Mal’.  O Urso de Ouro, foi surpreendentemente para ‘Sur l’Adamant’, um documentário do veterano francês Nicolas Philibert (‘Ser e Ter’).

‘Mal Viver’, de João Canijo estreado na Competição Oficial da Berlinale 2023, ganhou o Urso de Prata de Grande Prémio do Júri. O outro filme ‘Viver Mal’, estreado na secção Encounters, parecia ter mais favoritismo, mas o prémio mais importante foi para ‘Mal Viver’, logo a seguir ao Urso de Ouro. Este prémio é, de alguma forma, surpreendente para o realizador de 66 anos, já premiado em outros festivais internacionais, porém este é talvez o mais conceituado da sua carreira. O díptico ‘Mal Viver/Viver Mal’, constitui dois filmes, que competem em secções distintas, mas que não vivem bem um sem o outro. Portanto, este prémio faz com que no Festival de Berlim 2023, o cinema português, o realizador João Canijo e a sua equipa (o duplo elenco maioritariamente feminino), terminem de forma triunfante e merecida. Mérito então, em ambos os filmes, para o extraordinário trabalho dos actores, sem que haja uma interpretação que se superiorize às restantes. Há aliás excelentes revelações sobretudo no que diz respeito ao trabalho das actrizes mais novas, mas ambos os filmes demonstram um extraordinário desempenho de equipa. Grande mérito também para a directora de fotografia Leonor Teles (Balada de um Batráquio), que dá vida e ilumina esplendorosamente o velho Hotel do Rio em Ofir e a sua piscina. Na competição principal, o grande vencedor foi o documentário Sur l’Adamant’, do veterano realizador francês Nicolas Philibert (‘Ser e Ter’). O filme acompanha as rotinas dos pacientes e cuidadores de um centro psiquiátrico, colocado sobre uma estrutura flutuante, numa das margens do Rio Sena, em Paris.

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VÊ TRAILER DE ‘MAL VIVER’

A longa-metragem alemã ‘Roter Himmel’ (‘Afire’), de Christian Petzold (Undine), considerado um dos favoritos, ficou pode-se dizer em ‘segundo lugar’ ao arrecadar o Grande Prémio do Júri. É a segunda vitória de Petzold, que já havia ganho antes um Urso de Prata de Melhor Realização por Barbara, em 2012. Philippe Garrel (‘O Sal das Lágrimas’), outro cineasta veterano, foi o vencedor do Urso de Prata para a Melhor Realização pelo filme ‘Le grand chariot’, prémio que aliás dedicou a Jean-Luc Godard, citando o famoso realizador, falecido em 2022, como seu mestre e de muitos dos realizadores presentes no festival.

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Mal Viver
‘Mal Viver’, o futuro do hotel está em jogo devido à tensa relação entre mães e filhas. ©73ª Berlinale

Destaque ainda para a celebração da diversidade nos prémios de interpretação. Berlim adotou, com esta direcção, um género neutro de interpretações, porque concede apenas um prémio para um protagonista e outro para um secundário. Este ano, a actriz trans Thea Ehre, ganhou o Prémio de Interpretação Secundária no filme alemão ‘Bis ans Ende der Nacht’ (‘Till the End of the Night’). Já o Prémio de Melhor Protagonista foi para a pequena Sofía Otero, que arrasa com a sua interpretação no filme espanhol ’20.000 Especies de Abejas’, um dos grande favoritos por causa da sua temática à abordagem da identidade de género. O Júri responsável pelos prémios principais foi presidido pela atriz Kristen Stewart (EUA). Os demais membros foram a atriz Golshifteh Farahani (Irão/França), a realizadora e argumentista Valeska Grisebach (Alemanha), o realizador e argumentista Radu Jude (Roménia), a diretora de elenco e produtora Francine Maisler (EUA), a realizadora e argumentista Carla Simón (Espanha) e o realizador e produtor Johnnie To (Hong Kong, China).

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Prémios do 73º Festival de Berlim:

Competição Principal

Urso de Ouro

“Sur l’Adamant” (On the Adamant)
França / Japão
de Nicolas Philibert

Urso de Prata – Grande Prémio do Júri

“Roter Himmel” (Afire)
Alemanha
de Christian Petzold

Urso de Prata – Prémio do Júri

“Mal Viver” (Bad Living)
Portugal
de João Canijo

Urso de Prata – Melhor Realização

Philippe Garrel
por “Le grand chariot” (The Plough)
França

Urso de Prata – Melhor Argumento

Angela Schanelec
por “Music”
Alemanha / França / Sérvia

Urso de Prata de Melhor Interpretação Principal

Sofía Otero
por “20.000 especies de abejas” (20,000 Species of Bees)
Espanha
de Estibaliz Urresola Solaguren

Urso de Prata de Melhor Interpretação Secundária 

Thea Ehre
por “Bis ans Ende der Nacht” (Till the End of the Night)
Alemanha
de Christoph Hochhäusler

Urso de Prata – Melhor Contribuição Artística

Hélène Louvart pela fotografia de “Disco Boy”
França / Itália / Bélgica / Polónia
de Giacomo Abbruzzese

JVM, em Berlim




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