Martin Scorsese comenta desejo de Quentin Tarantino se reformar com apenas 10 filmes

Martin Scorsese comentou a decisão de Quentin Tarantino em querer se reformar depois do décimo filme.

Separados por duas décadas, Martin Scorsese e Quentin Tarantino são dois dos cineastas americanos mais influentes e respeitados da atualidade.

Do seu lado, Scorsese tem filmes como “Taxi Driver”, “Tudo Bons Rapazes” (“Goodfellas”) ou “O Lobo de Wall Street”. Já Tarantino é responsável por alguns dos filmes mais comentados das últimas décadas, “Pulp Fiction”, “Kill Bill” ou “Sacanas sem Lei” (“Inglourious Basterds”).

No entanto, enquanto Scorsese continua sem intenções de parar com 26 filmes na carreira e quase a chegar aos 81 anos, Tarantino tem um plano bem diferente.

Após o seu décimo filme, “The Movie Critic”, Quentin Tarantino pretende deixar o cinema. Entre muitos dos motivos, o cineasta aponta que quer deixar o seu legado imaculado e que acredita que ao contrário do que se possa pensar, os realizadores não melhoram ao longo da idade.

Pelo contrário, o vencedor do Óscar por “Pulp Fiction” e “Django Unchained” defende que na filmografia de um realizador, os últimos quatro filmes tendem a ser os piores e que para ele, a existência de um mau filme na sua filmografia iria prejudicar outras três boas obras.

Em entrevista à Associated Press antes do lançamento de “Assassinos da Lua das Flores” (“Killers of the Flower Moon”), Martin Scorsese foi convidado a comentar sobre esta intenção de Tarantino em se reformar.

O cineasta defendeu que são situações totalmente diferentes, já que Tarantino escreve todos os seus filmes e Scorsese, que surge creditado em apenas alguns deles, prioriza a realização. Sendo assim, enquanto o cineasta octogenário tiver curiosidade em contar certas histórias, ele continuará a fazer filmes sobre elas.

Ele é um escritor. É uma coisa diferente. Eu não invento histórias. Sou atraído por histórias por meio de outras pessoas. De muitos meios diferentes, de formas diferentes. Então, acho que é um processo diferente. Eu respeito os escritores e quem me dera conseguir. Conseguir estar numa sala e criar esses romances, não filmes, romances. Ainda tenho curiosidade sobre tudo. Isso é uma das coisas. Se estou curioso sobre algo, acho que encontrarei uma maneira. Se eu aguentar e persistir, encontrarei uma maneira de tentar transformá-lo em filme, mas tenho de estar curioso sobre o assunto. A minha curiosidade ainda está lá. Não posso falar pelo Quentin Tarantino ou outros que conseguem criar esse trabalho no seu mundo.

Também Scorsese tem refletido sobre o rumo da sua carreira. Recentemente, o mestre citou Kurosawa, afirmando que, aos 80 anos, ele está “apenas a começar a vislumbrar a possibilidade do que o cinema pode ser”, mas que “é tarde demais” para contar as histórias que quer contar.

Após “Killers of the Flower Moon”, o objetivo de Scorsese é levar mais um livro de David Grann às salas, “The Wager: A Tale of Shipwreck, Mutiny, and Murder”, onde irá voltar a colaborar com Leonardo DiCaprio pela sétima vez na sua carreira.

Quanto a Tarantino, “The Movie Critic” será ambientado na Califórnia, em 1977, e irá seguir um crítico de cinema masculino desconhecido. O projeto viu as suas filmagens, aparentemente, adiadas devido à greve do SAG-AFTRA, mas pode já ter encontrado o seu protagonista.

E tu, o que pensas desta decisão de Quentin Tarantino?