Óscares 2020 | As novas estrelas de Hollywood
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A edição de 2020 dos Óscares está quase a chegar. Para assinalar a contagem decrescente para a cerimónia, porque não recordar todos os jovens intérpretes que se destacaram entre os filmes nomeados?
Os Óscares são entregues já na madrugada de 9 para 10 de fevereiro. Entre as obras da noite, encontramos nos seus elencos um diversificado conjunto de jovens talentos. São a nova Hollywood – as promessas para uma nova geração de atores. Alguns deles estão já presentes na indústria há algum tempo, outros “acabaram de chegar” e começam já a provar o seu valor.
Propomo-nos a percorrer a lista dos 9 filmes nomeados a Melhor Filme e nela encontrar as novas estrelas em ascensão. Desta lista são excluídas interpretações em obras ignoradas pelos Óscares, como por exemplo a performance revelação de Awkwafina em “A Despedida” (entre outras).
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MULHERZINHAS DE GRETA GERWIG
Comecemos com o filme, entre os indicados à estatueta mais cobiçada da noite, que reúne um dos elencos mais repletos de jovens. É, como esperado, “Mulherzinhas”, o Coming of Age – história sobre crescimento e transição para a idade adulta – que Greta Gerwig adaptou a partir do romance seminal escrito por Louisa May Alcott em 1868.
O filme, sobre quatro irmãs, as quais acompanhamos da infância ao início da vida adulta, tem como protagonista a imensamente talentosa Saoirse Ronan. Pela sua interpretação como a inspiradora Jo March, Saoirse recebe a sua quarta indicação a uma estatueta dourada – isto aos 25 anos de idade. Torna-se assim apenas a segunda atriz a conseguir o feito de chegar a esta idade com tantas nomeações. É apenas destronada por Jennifer Lawrence, que era poucos meses mais nova quando garantiu a sua quarta nomeação. Continuará a sua ascensão a ser tão estável como tem sido desde a sua nomeação ao Óscar, em 2008, pela sua interpretação magnífica como Briony Tallis em “Expiação”?
Como uma outra irmã temos Emma Watson, que aos 29 anos começa a conseguir libertar-se da “pele” de Hermione Granger. Crescer no grande ecrã, num franchise tão imenso quanto “Harry Potter”, dificulta a criação de uma identidade enquanto intérprete. Embora Emma se tenha centrado nos estudos académicos e no ativismo, não abandonou o cinema. Interpretar Meg March, e apesar de apresentar a mais fraca prestação entre as irmãs, é um ponto a favor na sua evolução no campo da representação.
Eliza Scanlen, de 21 anos, é o membro mais jovem do elenco central. Dá vida à discreta Beth March, numa prestação contida mas eficaz. A atriz australiana tem vindo a dar que falar, com diversos papéis de destaque como na série da HBO “Sharp Objects” (2018) ou no filme de 2019 “Babyteeth”. Está de facto em início de carreira, e não parece nada senão promissora. Em 2020 co-protagoniza “The Devil All the Time”, uma obra com um forte elenco central , sobre os traumas do pós-Segunda Guerra Mundial.
Chegamos à última irmã, Amy March, interpretada por uma soberba Florence Pugh. Pugh parece encaminhar-se para o estatuto de nova “queridinha” de Hollywood, multiplicando-se os perfis sobre a sua ascensão rumo à fama. Está, em 2020, pela primeira vez nomeada ao Óscar (Melhor Atriz Secundária) aos 24 anos. A atriz inglesa é verdadeiramente versátil – basta atentar como representou na perfeição (e de forma convincente) uma criança em “Little Women” e ao mesmo tempo entregou uma prestação excelente e, acima de tudo, pesada e adulta no perturbador “Midsommar – O Ritual”. Em 2020, é uma das estrelas de “Black Widow” – o primeiro filme a solo da Viúva Negra da MCU.
A compor este leque de jovem talento temos Timothée Chalamet, que embora ainda não tenha conseguido ainda suplantar a sua prestação de uma vida em “Chama-me pelo Teu Nome” (2017), que lhe valeu a nomeação ao Óscar de Melhor Ator, tem construído um sólido currículo desde então. “Mulherzinhas” é mais um exemplo da competência do jovem ator de 24 anos.
1917 DE SAM MENDES
“1917” é um filme que se prende com o geral e não com o particular, com a identidade coletiva dos soldados e com o sofrimento humano. As almas penadas que nunca regressam a casa numa guerra. Não é um filme sobre grandes vedetas, é antes um no qual grandes astros do cinema britânico apenas surgem durante poucos minutos e entregam algumas falas. Voltamos, sem demoras, ao quase anonimato – um elemento essencial para representar o quão pequeno é o soldado que trava a batalha ditada por terceiros que nunca conheceu.
Uma obra sobre os horrores da guerra, e também sobre o espectáculo da guerra, não é escrita com o intuito de permitir grandes desempenhos por parte dos seus intérpretes. Certo, muitos já o fizeram no passado: “Apocalypse Now” (1979), “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) ou até “A Linha Vermelha” (1998), entre outros. Ainda assim, é nesta diluição do individual no coletivo e na rejeição do estrelato que o registo de cenário de guerra encontra as suas virtudes mais evidentes.
Não obstante esta questão, dois jovens atores carregam o filme às costas. Um deles é Dean-Charles Chapman, que dá vida ao soldado inglês Blake. Aos 22 anos, Chapman tem já um currículo significativo, especialmente na televisão. Foi Tommen Baratheon de 2013 a 2016 em “Game of Thrones”, depois do primeiro ator (muito mais jovem) ter sido substituído quando o papel se tornou mais substancial. Foi também Castor na popular série “Into the Badlands”, e entrou em 2019 nos filmes “The King” e “Blinded by the Light – O Poder da Música”. Em 2020 protagoniza o drama adolescente britânico “Here Are the Young Men”.
Quem, acima de tudo, lidera o filme é George MacKay, ator britânico de 27 anos, que aqui dá vida ao protagonista – o soldado Schofield. MacKay não tem assim tantas falas, nem tão pouco monólogos “à Óscares”. Ainda assim, consegue transmitir a sua intensidade através da linguagem corporal empregue. Não sendo uma cara muito reconhecida pelo público mais generalizado, participou ainda assim em dezenas de projectos e alguns deles bem apreciados pela crítica especializada – tais como “Orgulho” (2014) ou “Capitão Fantástico” (2016) . “1917” dá-nos a forte indicação de que o veremos no futuro em mais produções “hollywodescas“.
JOKER DE TODD PHILLIPS
“Joker”, filme nomeado a 11 Óscares em 2020, não é particularmente composto por um elenco jovem. Não existe sequer uma criança com uma interpretação da qual nos recordemos (o jovem Bruce é pouco enquadrado). Ainda assim, podemos destacar uma atriz em ascensão que aqui dá ares da sua graça.
Falo de Zazie Beetz, atriz de 29 anos que iniciou a sua carreira na representação em 2013 e que em “Joker” dá vida a Sophie Dumond. Sophie é uma jovem mãe por quem Arthur Fleck, o nosso protagonista, desenvolve um interesse romântico. Zazie não rouba o ecrã, mas é bastante coesa dentro do pequeno papel que lhe é entregue.
Na sua carreira destacam-se papéis como Van, de 2016 a 2018, na aclamada série “Atlanta” ou a hilariante Domino na sequela de “Deadpool” (2018), entre outros, especialmente nos últimos anos. A atriz conta com quatro projetos divulgados entre fase de pós-produção e anunciados, o que prova a sua lógica de ascensão.
Entre estes papéis futuros contam-se o drama “Still Here”, uma dobragem na animação “Extinct “, mais um filme no Universo da Marvel intitulado “X-Force” – onde voltamos ao mundo dos mutantes. Conta-se ainda uma outra presença num elenco de voz, na série “Invincible” – criada por Robert Kirkman (argumentista de “The Walking Dead”) e por Cory Walker, co-criador da banda desenhada que serve de base. Ao seu lado, no elenco, poderemos encontrar nomes como Steven Yeun (“Em Chamas”), J.K Simmons (“Whiplash”), Sandra Oh (“Killing Eve”) ou Seth Rogen (“Freaks and Geeks”).
ERA UMA VEZ EM…HOLLYWOOD DE QUENTIN TARANTINO
“Era Uma Vez Em…Hollywood”, indicado a 10 Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, assenta principalmente nos ombros de Leonardo DiCaprio e Brad Pitt mas não dispensa algum jovem talento.
Comecemos com o talento mais instaurado, a atriz australiana Margot Robbie. Robbie é uma das maiores e mais populares estrelas de Hollywood e está presente tanto em filmes de pequeno como de grande orçamento. Tanto é Harley Quinn como produz os seus próprios filmes. Nos Óscares de 2020, está presente em dois dos elencos que mais destaque tiveram ao longo da temporada de prémios. Foi uma luminosa (embora algo ornamental) Sharon Tate neste “Era Uma Vez Em…Hollywood” e encontra-se ainda nomeada ao Óscar de Melhor Atriz Secundária pela sua robusta prestação em “Bombshell: O Escândalo”. Nascida em 1990, é atualmente uma das mais badaladas estrelas da sua geração. O filme conta ainda com a presença de uma “velha” jovem estrela, Dakota Fanning, de 25 anos, que atingiu a sua maior fase de sucesso antes sequer da adolescência e que agora começa lentamente a voltar aos projectos de grande visibilidade.
Quanto a jovem talento um pouco mais desconhecido do grande público, salta à vista a bailarina e atriz norte-americana Margaret Qualley. Apesar de ter a mesma idade que Fanning, Qualley é um rosto relativamente novo no panorama do cinema americano. Na obra de Tarantino foi “Pussycat”, uma das Hippies pertencentes ao culto de Mason. Destacou-se entre o elenco, não só devido à interacção da sua Pussycat com a personagem de Brad Pitt mas também devido à forte presença em cena. No seu currículo conta-se como primeiro crédito um pequeno papel em “Palo Alto” (2013), o apreciado drama adolescente realizado por Gia Coppola. Entretanto já participou em séries como “The Leftovers “, como parte do elenco recorrente. 2019 foi mesmo o “seu ano”: para além de “Once Upon a Time in…Hollywoood” participou ainda na aclamada série “Fosse/Verdon” (onde o seu passado na dança se pode reflectir) e ainda no drama de festival “Seberg”. Certamente vamos ouvir falar dela num futuro próximo…
Falta apenas mencionar Julia Butters, jovem atriz de 10 anos, que faz um impecável trabalho como o prodígio Trudi Fraser – a companheira de cena no Western que Rick Dalton (Leonard DiCaprio) se encontrava a filmar. Butters nasceu em Los Angeles, e é evidente que se move já nesta indústria com uma naturalidade inata, representando desde os dois anos de idade. Tarantino criou a personagem com esta atriz em mente, e DiCaprio compara-a a uma jovem Meryl Streep devido à sua aptidão natural. A primeira prestação de Butters na televisão foi em “Criminal Minds”, e desde então teve um arco de oito episódios em “Transparent” (2015 – 2016). Em 2016 juntou-se ao elenco fixo da nova comédia “American Housewife”, da ABC, e por lá participou já em mais de 80 episódios. Se continuar a representar, na idade adulta, terá de certo uma longa carreira.