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O Problema dos 3 Corpos da Netflix já causa polémica junto do público chinês

“O Problema dos 3 Corpos” é o mais recente sucesso da Netflix e, devido ao seu conteúdo sensível, já está a causar controvérsia junto do público chinês.

(ALERTA DE SPOILER)

Estreada a 21 de Março, “O Problema dos 3 Corpos”, a nova série da Netflix, começa nos anos 60, durante a Revolução Cultural Chinesa e conta a história de uma jovem envolvida num projeto secreto de comunicação com extraterrestres. É então que toma uma decisão que vai mudar a história! Esta opção afeta inclusive os cientistas dos dias atuais, obrigando-os assim a lutar contra a maior ameaça à humanidade. No seu elenco, encontramos nomes como Eiza González, Saamer Usmani,  Sea Shimooka,  Zine Tseng,  Jess Hong, John Bradley, Jovan Adepo, Jonathan Pryce, Benedict Wong, Tsai Chin e Liam Cunningham.

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O Problema dos 3 Corpos Netflix
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Embora a série tenha alcançado sucesso global, com 11 milhões de visualizações nos primeiros quatro dias, ela também tem causado algum burburinho internacionalmente, especialmente junto do público chinês. Na cena de abertura de “O Problema dos 3 Corpos” da Netflix, que é uma adaptação do best-seller de ficção científica honómimo da autoria de Liu Cixin, vemos um académico a ser espancado pelos Guardas Vermelhos por defender a sua crença na teoria da relatividade.

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Ao que tudo indica, o relato que diz respeito ao retrato desta época é em grande parte fiel não só ao romance que adapta como ao muitos registos históricos da época. Porém, o país geralmente evita discutir a Revolução Cultural, tornando a representação dessa época sensível para muitos espetadores chineses. O que também não ajuda é o antagonista principal ser chinês, ao passo que a maioria dos outros personagens são representados por atores ocidentais.




O PROBLEMA DOS 3 CORPOS: A OCIDENTALIZAÇÃO DA NARRATIVA?

O Problema dos 3 Corpos Netflix
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Vale a pena destacar que “O Problema dos 3 Corpos” na Netflix opta por deslocar a história da China para Londres, povoando a história com um vasto elenco diversificado e internacional, segundo o que David Benioff, um dos criadores, adiantou ao The Guardian a ideia era mostrar “que esta não é apenas a luta de um país – é uma luta global para sobreviver”. O mesmo sentimento é apoiado pelo elenco da produção, que descarta a possibilidade da questão da Revolução Cultural ter sido mal tratada devido a esta mudança.

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“Tudo nos livros que fazia referência à Revolução Cultural permaneceu essencialmente igual (…) Mas o resto é uma forma de globalizar uma história que estava fortemente focada no Oriente numa perspectiva ocidental, numa perspectiva global. Como somos todos de países diferentes, para os atores, consegue-se reunir todas estas histórias diferentes num núcleo emocional, o que eu acho bastante brilhante” defendeu Jess Hong (Jin Cheng) à NBCNews.

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Ainda assim, a série não se livrou de críticas vindas de vários lados. O jornal do Partido Comunista Chinês Global Times afirmou “Se certas séries de TV tiverem que persistir em apresentar histórias de uma forma ‘centrada no Ocidente’, isso não escapará aos olhos do [nosso] público”. Haochen, gestor de relações públicas em Shenzhen, que não quis que o seu nome fosse publicado, acredita que “A adaptação da Netflix retirou a história do contexto cultural chinês e transferiu-a para Londres”.

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Embora a Netflix e outros serviços de streaming dos EUA não estejam acessíveis na China, muitos no país fizeram questão de ver a série através de redes privadas virtuais, software que mascara a localização do utilizador e obtém acesso a um serviço ou contorna os censores. Publicações com “#Netflix3BodyProblem” foram lidas 170 milhões de vezes na plataforma de microblog chinesa Weibo até sexta-feira. Na plataforma, um dos utilizadores destacou que “A Netflix parece querer deliberadamente transmitir uma mensagem assustadora ao seu público global: foram os chineses que trouxeram alienígenas para [a Terra]”.




NETFLIX VS. TENCENT: QUEM TEM A MELHOR VERSÃO DA HISTÓRIA?

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Segundo o professor Ying Zhu, da Hong Kong Baptist University, “O nacionalismo é absolutamente a causa raiz das críticas dos espectadores chineses à série”. Por sua vez, Kenny Ng, também professor da mesma universidade, acredita que o romance original “esforça-se para romper com narrativas binárias, ao passo que a adaptação da Netflix inclina-se para uma abordagem mais simplificada e recreativa, dividindo os personagens em categorias claras de bem e mal”.

Muitos espectadores chineses acabaram também por proclamar uma preferência pela adaptação da série lançada em 2023 pela Tencent que foi ambientada em grande parte na China, com atores predominantemente chineses. Para Kenny Ng, esta versão “mantém um alto nível de respeito pelos detalhes originais do romance, embora omita certas cenas sensíveis”, devido às severas regras de censura por parte do governo na forma como a história é retratada nos ecrãs.

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Derek Tsang, realizador de Hong Kong responsável pelos dois primeiros episódios de “O Problema dos 3 Corpos”, não deixa margens para dúvidas, “Não há elementos na [série] que pretendam difamar ou caluniar a China”. Tsang esclareceu ainda as principais diferenças entre a versão em que trabalhou e a versão chinesa, argumentando que são duas abordagens diferentes e que a da Netflix tinha a necessidade de “ser mais internacional”.

TRAILER | O PROBLEMA DOS 3 CORPOS ESTÁ A DAR QUE FALAR

Sentiste algum viés negativo contra a China em “O Problema dos 3 Corpos”? De que lado estás nesta polémica?

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