Titane/Festival de Cannes ©

74º Festival de Cannes | ‘Titane’ recebe a Palma de Ouro

‘Titane’ da realizadora francesa Julia Ducournau, um filme do género fantástico e um fenómeno de emoções fortes, confirmou em parte, o seu favoritismo, ganhando a Palma de Ouro 2021. O palmarés foi muito diversificado pois, Juho Kuosmanen, Renate Reinsve, Leos Carax e Nadav Lapid, também foram premiados. 

O júri, da competição do 74° Festival de Cannes, presidido por Spike Lee, entregou a Palma de Ouro 2021 — não sem algum embaraço — a Titane, de Julia Ducournau, uma obra tão potente como um murro na mesa e talvez o filme mais moderno e estranho, entre as 24 obras, este ano a concurso. E não sem algum embaraço, já que a cerimónia no Grande Auditório Lumière, foi por vezes, divertida e caricata muito por culpa do atarantado Spike Lee, que não atinava com a ordem dos prémios. Aliás, começou mesmo logo por tirar o suspense dos prémios, por praticamente denunciar a Palma de Ouro 2021, precipitando-se  logo no início, no seu anúncio. Ainda muito antes de chegar-mos ao prémio final, já as grandes agências internacionais, nomeadamente a France Press, anunciavam ‘Titane’, como a Palma de Ouro do 74º Festival de Cannes. A cineasta francesa, Julia Ducournau, aos 37 anos e com a sua segunda longa-metragem (o seu primeiro título foi ‘Grave’, apresentado na Semana da Crítica, em 2016), tornou-se na segunda realizadora-mulher a vencer o Festival de Cannes, ao longo de toda a sua história. Depois da neozelandesa, Jane Campion ter ganho a Palma de Ouro com O Piano, em 1993. ‘Titane’, torna-se também a 14ª Palma de Ouro a ficar em casa, na França.

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Contudo, em circunstâncias muito difíceis para todos, organizadores e participantes, tendo em conta o situação sanitária, — não houve surtos e a destacar só estrela francesa  Lea Seydoux, não foi à passadeira vermelha — no final podemos dizer que assistimos a uma edição de boa qualidade artística: diversidade de títulos e temas muito abundante — talvez até demasiado e muito difícil de acompanhar, na totalidade — e um nível de filmes em competição que, tirando duas ou três excepções, foi sempre muito elevado desde o início. De resto, foi uma competição que ofereceu menos surpresas, que o habitual e até mais unanimidade na critica. Embora não houvessem grandes favoritos e obras incontestáveis, foram apresentados filmes e realizadores de estilos muito diferentes, destacando-se aliás uma excelente lufada de ar fresco, nas obras de cineastas relativamente jovens que, já andava por cá, mas que nunca haviam sido premiados ou mesmo chegado à competição principal, como é o caso da própria Julia Ducournau. Entre estas revelações e confirmações de talento, estão: o finlandês Juho Kuosmanen com o Grande Prêmio (ex æquo) para o Compartimento nº 6 (também a sua segunda longa-metragem), o israelita Nadav Lapid com o Prémio do Júri (também ex æquo) para Le Genou d’Ahed, o japonês Ryusuke Hamaguchi pelo argumento de Drive My Car (ganhou também Prémio Fipresci da Crítica Internacional e o Prémio Ecuménico), sem esquecer o já não assim tão jovem francês, Leos Carax, cujo talento foi finalmente reconhecido, a receber, um merecido Prémio de Melhor Realizador, por Annette, entretanto já estreado em Portugal. A esta lista de revelações-confirmações, podemos adicionar ainda o norueguês Joachim Trier, que com o seu filme Julie (en 12 Chapitres)’ [ou ‘The Worst Person in the World’], recebeu o Prémio de Melhor Interpretação Feminina para a sua compatriota Renate Reinsve; e também o australiano Justin Kurzel através do Prémio de Melhor Interpretação Masculina, para o actor norte-americano Caleb Landry Jones, em ‘Nitram’.

Curtas Vila do Conde
Diários de Otsoga © O Som e a Fúria / Curtas

Na verdade, apenas dois dos cineastas agora premiados haviam já aparecido na lista dos vencedores das edições anteriores do festival: o iraniano Asghar Farhadi, que recebeu o Grande Prêmio (ex æquo) por Um Herói e o tailandês Apichatpong Weerasethakul, que ganhou o Prémio do Júri (ex æquo) por Memory. Destaque ainda para a croata Antoneta Alamat Kusijanovic, que conquistou a Câmera de Ouro (que premeia as melhores primeiras obras de longa-metragem de todas as seleções da competição às paralelas que foi para Murina, apresentado, na Quinzena dos Realizadores. Quanto aos filmes portugueses, tanto Diários de Otsoga’, de Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes, uma ‘obra-improvisada’ em Agosto do ano passado numa propriedade em Sintra, e apresentado na Quinzena dos Realizadores, como Noite Turva‘ de Diogo Salgado, candidato à Palma de Ouro de Curtas-Metragens, tiveram uma boa recepção e criticas, mas não aparecem na lista de prémios desta edição 2021.

PALMARÉS

Palma de Ouro

Titane, de Julia Ducournau (França/Bélgica)

Grande Prémio (ex aequo)

Um herói, de Asghar Farhadi (Irão/França)

Compartimento No.6, de Juho Kuosmanen (Finlândia/Estônia/Alemanha/Rússia)

Melhor Realização

Leos Carax, por Annette (França/Alemanha/Bélgica / Suíça/México/Japão) 

Melhor Atriz

Renate Reinsve, por The Worst Person in the World (Noruega/França/Suécia /Dinamarca) Melhor Ator

Caleb Landry Jones, por Nitram (Austrália)

Melhor Argumento

Drive My Car, para Ryusuke Hamaguchi (Japão)

Prémio do Júri (ex aequo)

Le Genou d’ Ahed, de Nadav Lapid (Israel/França/Alemanha)

Memory, de Apichatpong Weerasethakul

(Colômbia/Tailândia/Reino Unido/México/França/Alemanha/China/Taiwan/EUA/Suíça)

Câmera de Ouro

Murina, de Antoneta Alamat Kusijanovic (Croácia/ Brasil/ EUA/Eslovênia)

Palma de Ouro para melhor curta-metragem

All the Crows in the World, de Tang Yi (Hong Kong) 

Menção especial 

Agosto Sky, de Jasmin Tenucci (Brasil/Islândia)

Prémio Fipresci da Crítica Internacional

Drive My Car, para Ryusuke Hamaguchi (Japão)

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