Joaquin Phoenix em "Joker"|Niko Tavernise - © 2019 Warner Bros. Entertainment Inc.

Óscares 2020 | O que Veneza pode significar para a corrida

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Está dada por terminada a 76ª edição do Festival de Cinema de Veneza, que aconteceu entre  28 de agosto e 7 de setembro. “Joker”, de Todd Phillips, foi o grande vencedor do Leão de Ouro. O segundo maior prémio, o Prémio do Júri foi para “J’Accuse”, obra de Roman Polanski. O que significam as conversas em Veneza para os potenciais esperançosos a nomeados aos Óscares em 2020? 

O Festival de Veneza tornou-se, em anos recentes, um forte barómetro para algumas das nomeações, e até vencedores, dos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. É esta a celebração cinematográfica em forma de festival mais antiga do mundo, e onde estreiam alguns dos grandes destaques da dita “award season”. Em 2018, o grande vencedor foi “Roma”, que veio a ganhar o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, tendo competindo também na categoria principal. Entre outros nomeados, constava por exemplo o favorito “A Favorita”. Em 2017, o vencedor do Óscar coincidiu com o vencedor de Veneza – “A Forma da Água”. Em 2016, Emma Stone venceu o Prémio de Melhor Atriz em Veneza antes de se lhe seguir a vitória na categoria de Melhor Atriz nos Óscares. Assim, quanto é que esta vitória de “Joker” poderá influenciar os resultados, ou pelo menos, as nomeações nesta nova temporada de prémios?

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Quais os filmes de Veneza com hipóteses de chegar à cerimónia mais aguardada do ano? E de que forma pode o Festival ter mudado o jogo? 

JOKER (2019)

Joker
“Joker” | © Warner Bros.

“Joker” promete ser uma aposta controversa por parte de Veneza. Uma escolha que ainda dará muito falar, é a primeira vez na história do festival de cinema mais antigo do mundo que o troféu principal acaba na mão de um filme baseado numa personagem de Banda Desenhada. O Júri, presidiado pela realizadora argentina Lucrecia Martel, decidiu assim arriscar e escapar às expectativas, premiando esta visão negra e mais independente daquela que é a história da origem do vilão mais célebre do universo DC.

O filme, protagonizado por Joaquin Phoenix, narra a história de um anónimo, Arthur Fleck, um marginalizado que se viria a tornar o principal vilão de Batman e o mais famoso antagonista de Gotham City, a Nova Iorque no mundo paralelo da DC Comics. Aqui, conhecemos a história de Fleck, um comediante falhado, arrasado pela crueldade da cidade, e que acaba por enlouquecer nesta Gotham do início dos anos 80. No elenco contamos ainda com Robert De Niro, Zazie Beetz, Bill Camp, Frances Conroy e Brett Cullen.

Todd Phillips, conhecido pela trilogia “A Ressaca” sai assim da sua zona de conforto, numa inversão pela qual é bastante recompensado. O filme surge como uma homenagem à Nova Iorque que é retratada nos filmes dos anos 70, e recupera o universo de filmes como “Taxi Driver” ou “O Rei da Comédia”.

Aqui, a aposta mais forte é mesmo Phoenix, e a sua interpretação como Joker como um potencial nomeado aos Óscares. Contudo, esta vitória surpreendente em Veneza pode ditar que o próprio filme acabe por voar mais alto que o esperado.

“Joker”  estreia em Portugal já no próximo dia 3 de outubro de 2019, distribuído pela Warner Bros.




MARRIAGE STORY (2019)

Marriage Story
“Marriage Story” (2019) | © Netflix

“Marriage Story” não saiu de Veneza com premiações, mas foi um dos filmes mais bem posicionados do Festival. Noah Baumbach, realizador do filme, sempre esteve bem posicionado no circuito do cinema independente, tendo criado obras como “Frances Ha”, co-escrito e protagonizado por Greta Gerwig, bem como “Enquanto Somos Jovens“, também protagonizado por Adam Driver, que se tornou já um colaborador frequente.

Esta obra, que terá estreia na Netflix, foi já apelidada por muitos a sua mais “honesta”. Retrato de um divórcio, e do sofrimento que o mesmo implica, é parcialmente baseado na experiência pessoal do realizador, que embora esteja há anos com Greta Gerwig, divorciou-se em 2013 de Jennifer Jason Leigh, com quem tem um filho. Assim, partilha com o espectador a experiência de uma separação que envolve um terceiro elemento, criando assim uma história agridoce e bastante amada por quem já a viu. Igualmente elogiadas foram as prestações de Driver e de Scarlett Johansson, tidas como algumas das melhores da sua carreira, e assim o atestam as críticas e a percentagem de 100% no Rotten Tomatoes.

Assim, este afirma-se como pelo menos um forte candidato à nomeação ao Óscar de Melhor Argumento Original, senão até Melhor Filme, visto que as prestações de Scarlet e Adam dificilmente serão certamente ignoradas ao longo da temporada.

A individualidade do filme festeja-se através destes dois trailers, lançados em simultâneos e moldados para uma visualização também ela em simultâneo:

“Marriage Story” é também a obra que mais carrega as esperanças da Netflix nesta temporada de prémios. O filme terá um lançamento limitado nos Estados Unidos a 6 de novembro de 2019,  requisito necessário para a competição na temporada de prémios, seguindo-se o lançamento na Netflix a 6 de dezembro de 2019.




AD ASTRA  (2019)

Ad Astra
“Ad Astra” | © 20th Century Fox

Entre “Once Upon a Time in Hollywood” e “Ad Astra”, 2019 tem sido um ano bastante bem-sucedido para Brad Pitt. O  épico espacial realizado pelo indie darling James Gray (” A Imigrante”)  é caracterizado como uma viagem espacial intimista, orientada por valores familiares. O filme, abraçado pela crítica, narra a história do astronauta Roy McBride (Pitt), forçado a percorrer o sistema solar à procura do seu pai, e de um segredo que este escondeu durante 30 anos. O próprio futuro da humanidade encontra-se nas suas mãos. “Ad Astra” tem vindo a ser descrito como existencial mas intimo, visualmente cativante, sensível, mas também como uma legitima aventura espacial. Nos papéis centrais, conta ainda com grandes nomes como Ruth Negga, Liv Tyler, Tommy Lee Jones ou Donald Sutherland.

Pode ser visto nas salas nacionais a partir de 19 de setembro.




THE LANDROMAUT  (2019)

+The Laundromat (2019)
Meryl Streep em “The Laundromat” (2019) |© Netflix

“The Landromat” não foi um dos filmes mais falados da Competição do Festival de Veneza, mas tem vários trunfos a seu favor no que diz respeito à possibilidade de atingir a cerimónia de prémios mais badalada da 7ª arte. Em primeiro lugar, é uma obra realizada por Steven Sodenbergh, realizador celebrado que venceu o Óscar em 2001 por “Traffic” (2000), depois de já ter sido anteriormente nomeado na categoria de Argumento. Nesta edição dos Óscares, Sodenbergh atingiu um feito notável. Na Categoria de Realização, por ele vencida, enfrentava-se novamente a si próprio, aqui duplamente nomeado com “Erin Brockovich” (2000). 

Se este historial magnifico não fosse suficiente, o filme conta ainda com um elenco estrondoso, liderado por Meryl Streep, a atriz mais bem-amada da indústria de Hollywood. Streep é ainda acompanhada por nomes como Gary Oldman ou Sharon Stone. Adicionalmente, a obra é baseada num romance, um drama no qual uma viúva investiga uma fraude de seguro, o que a leva até a uma dupla de advogados em Panama City, onde explora o sistema financeiro. O género, intérpretes e realizador poderão ainda fazer este filme voar mais longe, tudo depende da força dos restantes candidatos.

Aqui está mais uma forte aposta da Netflix, que terá estreia comercial nos Estados Unidos já no próximo dia 27 de setembro, novamente uma estreia limitada, que cumpra os critérios definidos pela Academia, rumo aos Óscares 2020. A 18 de outubro, chega à plataforma de streaming.




THE KING (2019) 

The King
The King | © Netflix

O filme de David Michôd foi apresentado em Veneza na secção Fora de Competição. Uma produção da Plan B (produtora de Brad Pitt) e da Blue-Tongue Films (Joel Edgerton), entre outras. O filme, falado em inglês e francês, afirmou-se perante os críticos como um drama histórico bastante comum, que se destaca acima de tudo devido ao seu elenco e respetivas prestações. Encabeçado pelo jovem fenómeno Timothée Chalamet, o filme conta aqui com a prestação do produtor e argumentista Joel Edgerton, bem como com a presença de Lily-Rose Depp e Robert Pattinson.

Assim, é improvável que o vejamos em muitas das categorias e prémios principais ao longo da temporada. Contudo, Chalamet recebeu críticas particularmente positivas, e apresenta-se assim como um esperançoso potencial candidato, ainda que seja um “long shot”, ou seja, um candidato possível mas não muito provável.

É-nos apresentada a história do Principe Hal, o herdeiro ao trono britânico. Pouco interessado em governar, não lhe resta qualquer hipótese depois da morte do seu tirânico pai. Assim, torna-se o Rei Henrique V. Agora, o jovem rei tem de aprender a navegar as políticas régias, lidar com a guerra que o pai deixou como “herança”, bem como os constrangimentos emocionais do seu passado.

Tido como pouco inventivo em Veneza, foi ainda assim um dos filmes mais falados à medida que o evento se aproximava. Como outro esperançoso da Netflix, será lançado em sala a 11 de outubro de 2019, antes de estrear a 1 de novembro de 2019. 

São estes apenas alguns dos esperançosos para a próxima cerimónia de prémios, os Óscares 2020. A principal conclusão a retirar é: a Netflix não está para brincadeiras, e parece bem motivada no sentido de compensar o tempo perdido com diversas campanhas simultâneas ao Óscar. Agora, segue-se o Festival de Cinema de Toronto, outro indicador importantíssimo. O TIFF começa hoje, e para além de nos trazer alguns repetentes de Veneza, traz outros esperançosos da temporada, como por exemplo “Judy”, o filme biográfico que trará certamente uma nova nomeação ao Óscar para Renée Zellweger, entre outros.

Ainda é cedo, mas é certo dizer que filmes como “Joker” ou “Marriage Story” ficarão nas bocas do mundo durante os próximos meses. Se vão acabar a temporada com estatuetas, só o tempo o poderá dizer. Venha Toronto! 

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