Ranking ALIEN | 2. Sigourney Weaver em estado de graça e à caça do Óscar
Com “Aliens,” Sigourney Weaver tornou-se na primeira nomeada para o Óscar de Melhor Atriz por um filme de ficção científica. E é fácil entender a honra. A sequela com assinatura de James Cameron é verdadeira obra-prima, um clássico de ação.
Neste Artigo:
9. AVP2: Aliens vs. Predador (2007)
8. Alien: Romulus (2024)
7. Alien vs. Predador (2004)
6. Alien: Covenant (2017)
5. Alien O Regresso (1997)
4. Alien 3 – A Desforra (1992)
3. Prometheus (2012)
Há pouca gente em Hollywood como James Cameron, esse génio Canadiano com recordes de bilheteira e dos Óscares no cartório. Tudo começou nos bastidores, na parte técnica dos efeitos especiais e direção artística. O primeiro filme na cadeira de realizador, parte do franchise “Piranha,” foi aquela estreia modesta que se faz para ganhar experiência e um dinheirinho em início de carreira, mas já foi esquecido pela maioria. O próprio Cameron não gosta de o mencionar. Percebemos porquê, visto que logo a seguir veio o “Exterminador Implacável” e tudo mudou para ele. Afinal, quem é o novato que assina obra tão magistral e icónica, capaz de tipificar uma era de cinema de ação e propulsionar um franchise aclamado?
Depois desse triunfo, ele podia ter feito o que quisesse, tendo carta branca aos olhos de muitos. Dito isso, o caminho para “Aliens” começou antes do “Terminator” chegar aos cinemas. Em 1982, já o argumento dessa fita corria Hollywood e a reputação de Cameron era elevada pelo seu trabalho no texto de “Rambo II.” Assim sendo, o seu envolvimento começou enquanto escritor. A Twentieth Century Fox gostou tanto do que viu que decidiu dar-lhe as rédeas do projeto e concordou em pôr tudo em standby para Cameron completar o “Exterminador Implacável.” Além disso, quando a rodagem da sequela “Alien” finalmente teve início em 1985, deram-lhe liberdade criativa total.
Trocam-se os géneros do franchise.
Entenda-se que a Fox tomou um risco enorme, confiando num nome desconhecido para desenvolver uma das suas propriedades mais valiosas. Mas ainda bem que o fizeram, pois foi um tiro na muche. Cameron reinventou os preceitos do universo “Alien,” trocando os géneros cinematográficos em que trabalhava. Apesar dos monstros e grotescos em cena, “Aliens” segue uma estrutura completamente diferente do primeiro filme e o seu tom é ainda mais distinto. A tensão de cortar à faca, o ritmo vagaroso e o suspense asfixiante dão lugar à espetacularidade sem limites do cinema de ação no seu melhor.
Nesse aspeto, o realizador deve muito à equipa que reuniu para a produção. Todas as experiências tonais, os laivos de comédia chocados com sustos e emoções fortes nunca funcionariam sem a montagem de Ray Lovejoy. O mesmo se pode dizer em relação à banda sonora marcial de James Horner, uma ponte entre os temas de 1979 e uma permutação mais militarista da mesma. O som é impecável, os cenários também, e os efeitos especiais conseguem superar o original, tanto em termos de escala como de qualidade pura e dura. Basta ver as batalhas climáticas entre Ripley e a rainha xenomorph para confirmar.
Uma história de mães e filhas.
Por falar nessas duas rainhas em combate, há que mencionar quanto o imaginário de James Cameron ancora o seu cinema de ação em torno de figuras femininas. No caso específico de “Aliens,” o principal tema, subjacente e transversal a todos os departamentos e fios narrativos, é o da maternidade. Mesmo que essa vertente só se sinta na plenitude em versões estendidas da fita, não deixa de marcar presença na montagem final que agraciou os cinemas. Ripley é uma mãe que perdeu a vida da filha no seu sono criogénico e encontra, em Newt, uma nova chance de proteger e cuidar de uma criança desamparada.
Essa menina, a única sobrevivente da colónia em LV-426, acaba por materializar os principais pontos emocionais da narrativa, mesmo em relativa mudez. É a sua vida, a sua fragilidade, que motivam o terceiro ato inteiro, levando Ripley ao rubro da fúria e heroísmo, disposta a tudo para salvar a pequena. Em contraste, Cameron propõe o reflexo distorcido da rainha, essa xenomoprh gigantesca cujos filhos espalham o terror, qual exército do Apocalipse. Se uma mãe quer proteger, a outra só procura destruição. Depois da sexualidade sublimada do primeiro filme, suas noções de violação e gravidez parasítica num corpo masculino, estas ideias tanto reajustam as prioridades do franchise como servem de expansão concetual.
A consagração máxima em Hollywood.
Além de dar fôlego à narrativa, a maternidade enquanto tema também revitaliza a caracterização de Ellen Ripley. Nos anos entre “Alien” e “Aliens,” Sigourney Weaver havia-se tornado numa das grandes estrelas dos anos 80 e estava em busca de um desafio, entregando-se ao papel com renovada força e convicção. A ligação com a órfã é especialmente sentida, destacando-se entre a sua química extraordinária com o elenco todo – Michael Biehn, Bill Paxton, Jenette Goldstein, e Lance Henriksen estão de parabéns. No cânone do cinema de ação, há poucas performances mais definitivas, mais icónicas, mais superlativas que a de Weaver em “Aliens.”
Entre a qualidade do filme, seu sucesso nas bilheteiras e aclamação crítica, o impacto cultural foi inegável. Tanto assim foi que, apesar da sua alergia contra terror, ficção científica e ação, a Academia de Hollywood rendeu-se de amores. Sigourney Weaver fez história como nomeada para Melhor Atriz e muitos declaram-na como a justa vencedora que devia ter ganho o galardão ao invés de Marlee Matlin. O blockbuster foi ainda indicado pelos seus Efeitos Visuais e Sonoros, Sonoplastia, Direção Artística, Música e Montagem. No fim, ganhou as duas categorias de Efeitos, mas devia ter levado ainda mais ouro.
Só nos falta um filme para completar este ranking e trata-se do original, aquela génese diabólica de onde tudo o resto germinou. Vamos relembrar o terror imaculado que Ridley Scott levou aos cinemas em 1979.