"Ela É Fácil" | © Screen Gems

20 filmes essenciais sobre Sexo na Adolescência

Desde clássicos intemporais a provocações modernas, o sexo na adolescência sempre foi um tema que fascinou artistas, incluindo cineastas.

Para muitos é tabu. Para outros, uma titilação amoral que, mesmo assim, não se consegue resistir. O sexo na adolescência fascina, ora pela memória que nos traz sobre a génese do desejo ou o modo como nos leva a reagir contra outras gerações. Trata-se de um assunto delicado, um barril de pólvora que pode explodir com a mais mínima das faíscas. Sendo assim, artistas predispostos a discutir isso na sua obra são como desactivadores de bombas. Ou talvez sejam equilibristas em plena performance. Caminhando uma corda bamba, eles tanto podem ser levados à exploração salaz ou à vitimização numa guerra cultural mediática. Cuidado para não cair!

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“How to Have Sex – A Primeira Vez” | © Alambique

Aqui, pela Magazine.HD, tentamos abordar estas ideias com um equilíbrio entre informação e provocação, reconhecendo uma variedade de abordagens que vão desde comédias para um público juvenil até meditações existenciais. No passado, enumerámos vinte títulos essenciais acerca da sexualidade adolescente, dividindo as recomendações em vários artigos. Aqui, propomos uma reunião de todos esses títulos, assim como um refinamento do texto original. A lista é a mesma, mas a perspetiva sobre alguns filmes alterou-se com o tempo. Os filmes não mudam, é certo. Só que os olhos que os veem…esses sim, ganham maturidade, novas ideias.

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Para organizar as várias obras, optamos pela cronologia. Vamos partir dos anos 50 e chegar a 2017, deixando os horizontes abertos a ainda mais adições no futuro. Quiçá, esta lista pode crescer e ultrapassar esta conta dos vinte. Aqui vamos, então, explorando o sexo na adolescência através do cinema. A primeira paragem nesta viagem picaresca será um drama Escandinavo por esse mestre eterno – Ingmar Bergman




MÓNICA E O DESEJO (1953)
Ingmar Bergman

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© Leopardo Filmes

Para audiências contemporâneas, as breves cenas de nudez e sexo presentes neste clássico de Ingmar Bergman poderão parecer inofensivas. Contudo, aquando da sua estreia Americana em 1955, o filme foi considerado uma explosão de descarada sexualidade, com muitas acusações de abjeta indecência contra si. “Mónica e o Desejo” não é uma obra de valor singularmente lascivo, representando a história de dois jovens suecos que, depois de um verão passado em idílio erótico, são confrontados com as consequências dos seus desejos.

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Apesar das tristes conclusões da narrativa, o génio está no modo como Bergman se recusa a julgar as personagens, oferecendo uma franca e representação de amor e luxúria nos píncaros da juventude. O último plano é um marco da História do Cinema. Há que ver para crer.




VIVER DEPRESSA (1982)
Amy Heckerling

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© Universal Pictures

Antes das comédias adolescentes de John Hughes e das farsas sexuais ao estilo de “American Pie”, existiu “Viver Depressa” de Amy Heckerling. Este filme foi um pioneiro na representação de vidas adolescentes, tratando-as com iguais partes de intimidade e humor. Apesar da personagem constantemente intoxicada de Sean Penn ser a mais lembrada do filme, é certamente a história de Stacy, interpretada por uma jovem Jennifer Jason Leigh, que assegura a sua posição nesta lista.

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O modo como o filme representa a perda de virgindade dela, assim como seu desapontamento, desejo e conflito interior elevam toda o aparato cinematográfico. Sentimos uma injeção de franqueza e maturidade que poucos filmes para adolescentes se atrevem a tentar alcançar, até nos dias de hoje.




OS JUNCOS SELVAGENS (1994)
André Techiné

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© Canal+

“Os Juncos Selvagens” é a magnum opus de André Téchiné que, nos anos 90, não tinha escassez de obras-primas. A narrativa resume-se ao retrato de quatro adolescentes no Sudoeste francês de 1962, durante o auge da Guerra da Argélia e do seu despertar sexual, que traz tanto desejo como confusão. Durante o envolvimento dos jovens numa teia de relações hétero e homossexuais, ora carnais ou platónicas, o conflito é exacerbado pela situação política.

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Assim se afirma a fita como a cristalização de uma sociedade no crispar de um novo mundo pós-colonial. Como em muitos dos filmes desta lista, o que torna “Os Juncos Selvagens” num filme tão especial é a sinceridade da abordagem do realizador e o respeito que ele claramente tem pelos seus sujeitos, mesmo em momentos em que elas se perdem em ímpetos imaturos. Também há que louvar as interpretações do elenco principal, onde a jovem Élodie Bouchez é de particular destaque, interpretando a única rapariga neste quarteto de adolescentes de hormonas aos pulos e valores ideológicos voláteis.




MIÚDOS (1995)
Larry Clark

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© Kids NY Limited

Harmony Korine e Larry Clark são dois cineastas obcecados com o choque pruriente, especialmente quando esse se realiza através do hedonismo juvenil. Os seus filmes são provocações descaradas e tudo começou com “Miúdos,” o exercício mais cru e influente que ambos os artistas algumas vez assinaram. Tal é o seu poder desestabilizador que as opiniões ainda se dividem em relação ao propósito do trabalho.

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Há quem veja nele uma celebração das personagens e seu libertinismo, uma empatia radical que vai além dos bons costumes. Outros, entendem o filme como um jogo salaz que reduz os adolescentes a objetos orquestrados para escandalizar a audiência burguesa e pouco mais. Há que respeitar um filme que gere tanto debate. De facto, por vezes, o debate é mais interessante que a obra em si.




E A TUA MÃE TAMBÉM (2001)
Alfonso Cuarón

Y tu mamá también (2001)
© Metro-Goldwyn-Mayer Studios Inc. All Rights Reserved.

A primeira grande obra-prima de Alfonso Cuarón, “E a Tua Mãe Também” é um filme sobre a adolescência de dois rapazes que se envolvem com uma mulher mais velha numa road trip até uma praia idílica. Ao mesmo tempo, é um complexo retrato de uma nação a passar pela sua puberdade política. O grande génio de Cuarón e seu elenco está no modo como o desejo dos dois protagonistas nunca é deixado em abstrato.

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Não, este não é um filme de eufemismos ou observação pudica. Ao invés, é obra visceral e cheia de vitalidade. “E a Tua Mãe Também” afirma-se como um dos melhores filmes sobre psique adolescente, assim como uma exploração de corpos humanos a rebentar de desejo. Praticamente sentimos o calor irradiado pelas figuras, o suor que lhes pinta o corpo em momentos de sensual êxtase.




PARA A MINHA IRMÃ! (2001)
Catherine Breillat

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© Arte France Cinéma

Mesmo os cinéfilos mais misantrópicos terão problemas em aceitar o niilismo com que Catherine Breillat conclui esta obra. Dito isso, não se pode negar quão rara é esta visão, tão agressivamente complexa no modo como considera a mente em crescimento e seu encarar do sexo.

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A crueldade de expetativas numa sociedade misógina é especialmente intensa. Mesmo antes do seu explosivo final, “Para a Minha Irmã!” é um dos mais fascinantes e ácidos retratos de sexo na adolescência, sendo difícil encontrar qualquer pessoa que se sinta indiferente perante a narrativa de antagonismo fraternal e despertar sexual.




MYSTERIOUS SKIN (2004)
Gregg Araki

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© Fortissimo Films

Gregg Araki é um dos realizadores mais arrojados do New Queer Cinema que emergiu no panorama independente da década de 90. Os seus filmes são tão atrevidos como caóticos, tão reveladores quanto ridículos, à beira do cartoon de carne e osso. “Mysterious Skin” não é exceção à regra, mas sim uma obra em que a imaturidade estilística e autoral de Araki encontra perfeito veículo. Trata-se da história de dois adolescentes que lidam de modo radicalmente diferente com abusos sexuais sofridos enquanto crianças.

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Se a sexualidade na adolescência é um tabu do cinema, então a sexualidade de vítimas de pedofilia será ainda mais, mas “Mysterious Skin” recusa qualquer tipo de contenção ou vácua respeitabilidade. O melhor de tudo será mesmo a prestação dos dois atores principais. Joseph Gordon-Levitt, em particular, merece um salva de palmas pela habilidade com que interpreta um espírito rebelde, incapaz de aceitar ser “vítima” ou até “sobrevivente.” Ele é um anjo caído em espiral autodestrutiva, um fenómeno primordial que dói ver.




HAVOC – JOVENS SEM RUMO (2005)
Barbara Kopple

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© Media 8 Entertainment

Como muitas celebridades que alcançaram fama na meninice, Anne Hathaway tinha algo que provar quando ultrapassou a idade do estrelato Disney. A futura vencedora de um Óscar era conhecida pela façanha em contos-de-fadas modernos como “Diário da Princesa” ou a fantasia literal de “Ella Encantada,” deixando o público sem referência para confrontar “Havoc”.

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Realizado por Barbara Kopple cujo currículo incide principalmente no documentário, este drama está feito para gerar escândalo e dar que falar. Hoje em dia, é um artefacto onde se podem examinar arquétipos da década de 2000, facetas culturais meio-esquecidas e o desenvolvimento de toda uma geração de jovens atores.




AQUÁRIO (2009)
Andrea Arnold

Fish Tank
© BBC Films

Andrea Arnold é uma das melhores cineastas atuais no que diz respeito à representação psicológica de jovens. Nesse contexto, “Aquário” é possivelmente a sua obra-prima derradeira. O filme retrata a vida de Mia, uma adolescente de quinze anos, que vive nos arredores de Londres com a sua família de classe baixa.

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Muito do estilo cinematográfico segue os cânones do “kitchen sink drama” britânico, mas Arnold mantem-se sempre próxima da subjetividade da protagonista, até quando esta rompe os paradigmas do realismo. As prestações dos atores são estonteantes e eroticamente fogosas no seu doloroso naturalismo. Como um objeto de desejo proibido, Michael Fassbender nunca esteve tão ameaçadoramente sedutor ou repugnante.




CANINO (2009)
Yorgos Lanthimos

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© Kino International

Os restantes filmes nesta lista tendem a almejar um registo naturalista nas suas representações de sexualidade adolescente. “Canino,” de Yorgos Lanthimos, é completamente alienado de qualquer noção de realidade, sendo uma história de um irmão e duas irmãs que viveram toda a vida enclausurados pelos seus pais, presos numa pervertida versão da realidade com que os adultos controlam a sua progénie.

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Tanto como a violência, a liberdade negada e o conhecimento falsificado, a sexualidade dos protagonistas é crucial para esta sátira social que mostra como repressão ensandecida leva a comportamentos extremos. “Canino” pode não ter nada de erótico, mas é extremamente sexual e desconcertante na sua crítica.




ELA É FÁCIL (2010)
Will Gluck

Dos Óscares ao Dia Mundial da Mulher no AXN
© 2010 Columbia TriStar Marketing Group, Inc. All Rights Reserved

Em toda esta lista, “Ela é Fácil” é uma anomalia, sendo o único filme em que não existe uma única cena de sexo. Ainda mais curioso que mais nenhum filme nesta lista tem uma narrativa ou uma coleção de personagens tão focadas no tema de sexo entre adolescentes. Esta comédia leviana conta a história de Olive, uma rapariga californiana que vê a vida posta do avesso quando rumores de uma escapadela sexual começam a circular pela sua escola. Tornando uma reputação arruinada em arma social, Olive adota a imagem extravagante de uma femme fatale sem pudor.

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Além disso, ela ajuda uma série de rapazes a convencer todo o corpo estudantil que também passaram uns bons momentos na companhia da rapariga mais promíscua da escola. O filme é um modesto triunfo cómico que conta com incomum candura sexual e uma série de grandes prestações como seus maiores trunfos. Emma Stone, muitos anos antes dos dois Óscares, encontrou aqui o papel que a pôs no mapa e lhe valeu a primeira nomeação para os Globos de Ouro. Ela é divinal, tão sexy como hilariante, tão inteligente como desavergonhadamente brincalhona. Assim nasce uma estrela!




PELO CAMINHO DAS DUNAS (2011)
Bavo Defurne

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© Mollywood

No atual panorama do cinema LGBTQ+, as narrativas adolescentes são uma invariável constante, com inúmeros filmes a retratarem o processo de “sair do armário” numa imensa variedade de perspetivas. Apesar disso, é raro ver uma obra que retrate tão bem o delicado processo pelo qual um jovem se descobre a si mesmo.

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O desabrochar do desejo é uma transformação, uma autorreflexão, uma aventura. Em “Pelo Caminho das Dunas,” podemos observar essa mesma autodescoberta de um modo tão delicado como eletrizante, tornando a experiência da paixão adolescente em algo simultaneamente espetacular e íntimo.




TURN ME ON, DAMMIT! (2011)
Jannicke Systad Jacobsen

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© Motlys

A libido masculina domina a exploração sexual em filme, até no que se refere ao sexo na adolescência. Por isso mesmo, temos que celebrar os cineastas dedicados a explorar a perspetiva do sexo oposto. Não necessariamente em jeito de tragédia ou retrato de abuso, há que se dizer.

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As mulheres também têm direito a reclamar a sua necessidade do orgasmo, a ter domínio sobre os corpos inflamados de desejo. É isso que filmes como “Turn Me On, Dammit!” de Jannicke Systad Jacobsen possibilitam e o que os torna em raridades tão preciosas. Cheio de humor atrevido, esta é uma comédia Escandinava que vale a pena ver e rever.




S#X ACTS (2012)
Jonathan Gurfinkel

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© Tazfilm Productions

É claro que também há um lado mais negro no que se refere ao sexo na adolescência das mulheres. Violência sexual é um enorme problema no contexto de uma cultura calibrada para a desculpabilização de violações e assédios.

Em jeito semelhante a “How to Have Sex” deste ano, “S#x Acts” explora as desventuras carnais de uma jovem pressionada por rapazes e sistemas sociais, objetificada e desumanizada num processo de descobrimento físico. O consentimento torna-se ideia central na obra sem que recaia julgamento moral sobre a protagonista, interpretada por Sivan Levy.




A VIDA DE ADÈLE (2013)
Abdellatif Kechiche

A Vida de Adele
© Sundance Selects

Aquando da sua estreia, muito se falou das longas cenas de sexo explícito que vão ocorrendo ao longo da narrativa de “A Vida de Adèle” e é certo que o seu valor continua a ser alvo de grande debate. Será que, na sua luxuriante filmagem, o realizador Abdellatif Kechiche se deixou levar por prurientes impulsos voyeurísticos? Ou é a natureza gráfica e insistente desses momentos, uma necessidade para retratar os píncaros de êxtase sexual e voraz apetite da sua personagem titular?

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O simples facto de o filme gerar tais debates é algo importante, sendo esta obra sobre o desenvolvimento de uma relação amorosa entre duas jovens, um dos mais essenciais filmes da década passada. Tanto foi o seu impacto que, num gesto sem precedentes, o Júri de Cannes atribui a Palme d’Or tanto ao realizador como às suas atrizes principais, Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux.




WETLANDS (2013)
David Wnendt

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© Rommel Film

Quando nos referimos ao choque, normalmente fazemo-lo com algum teor censório. Vale a pena celebrar arte cujo propósito principal é chocar sem sustentação além dessa reação inicial? Pensamos que não. Contudo, toda a regra tem a sua exceção e “Wetlands” é uma dessas. Esta comédia alemã de David Wnendt faz tudo para levar o espetador a questionar os seus limites e preconceitos, suas ideias de moralidade, do que está certo e errado.

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Faz isso através das aventuras sexuais de uma adolescente destemida, sem vergonha e sem estribeiras. Acima de tudo, faz-se um desafio à audiência, consagrando o corpo como objeto cinematográfico e ideia a discutir, a compreender fora dos padrões do bom comportamento.




BANG GANG: UMA HISTÓRIA DE AMOR MODERNA (2015)
Eva Husson

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© Canal+

Ao ver-se “Bang Gang (Uma História de Amor Moderna)” é difícil acreditar que esta obra representa a estreia de Eva Husson na cadeira de realização. O filme é um festim de formalismo sensualista, capaz de seduzir o espectador com tableaux cheios de nudez como com elegantes coreografias de câmara, uma sonoplastia profundamente imersiva e estupendas escolhas musicais. Este é também o filme mais explícito e gráfico desta lista, incluindo várias cenas de orgias entre menores.

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Essas são somente algumas das muitas mostras do mais puro hedonismo, que floresce no seio de uma comunidade de classe média alta onde os jovens parecem tão anestesiados por aborrecimento e inação que só mesmo os mais extravagantes comportamentos de risco parecem capazes de os despertar. “Bang Gang (Uma História de Amor Moderna)” merece ser admirado pelo equilíbrio que consegue encontrar no seu retrato de uma juventude intoxicada pelos prazeres da carne, evitando idealizar o comportamento, ao mesmo tempo que não os olha com condescendência. Para quem se interessa por representações de sexualidade adolescente em cinema, este filme é visionamento obrigatório.




VAI SEGUIR-TE (2014)
David Robert Mitchell

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© Alambique

O terror é um género cinematográfico que nunca teve medo de perscrutar as profundezas do desejo sexual em personagens juvenis. No contexto, destaca-se particularmente o “slasher”. Esse subgénero define o tipo de filme popularizado na década de 80 com a série “Sexta-Feira 13”, onde grupos de adolescentes são sistematicamente chacinados por uma entidade ameaçadora. Pela norma, só uma rapariga virginal evita a morte enquanto as figuras mais promíscuas são as primeiras a ser ceifadas pelo carrasco. “Vai Seguir-te” é uma desconstrução, talvez até uma inversão, do “slasher”, subvertendo muitos dos seus códigos e moralidades proto conservadoras.

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Neste pesadelo, o monstro é uma criatura de passo vagaroso cujo tormento pode ser transmitido de vítima em vítima através do ato sexual. Ou seja, todo o filme é uma metáfora para a propagação de doenças venéreas, mas, curiosamente, não são as figuras virginais quem triunfam. O virtuosismo de Mitchell e seu amor pelos sons e ritmos do cinema de Carpenter são uma grande mais-valia, mas o grande trunfo do filme é o pragmatismo das personagens juvenis. Isso é uma raridade em filmes de terror, nomeadamente em obras tão singularmente focadas nos hábitos sexuais de adolescentes.




O DIÁRIO DE UMA RAPARIGA ADOLESCENTE (2015)
Marielle Heller

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© Caviar Films

Um bom título alternativo para este filme de Marielle Heller seria “O Despertar Sexual de Uma Rapariga Adolescente,” sendo que poucas obras cinematográficas se focaram, de modo tão magistral e franco, nas complexidades de uma jovem personagem feminina a descobrir-se a si mesma. Misturando animação com imagem real, estilização descarada com momentos de cortante naturalismo, este é um filme tão confiante como ousado.

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Para além de tudo isso, aborda um tema difícil com impetuosidade invulgar, nunca caindo em erróneas trivializações ou perniciosos convencionalismos. De destacar está Bel Powley, que consegue tornar a protagonista de “O Diário de Uma Rapariga Adolescente” numa das mais multifacetadas e honestas visões de uma personagem adolescente que o cinema já teve o privilégio de retratar.




CHAMA-ME PELO TEU NOME (2017)
Luca Guadagnino

Timothée Chalamet
© Memento Films

O filme mais recente desta lista, “Chama-me Pelo Teu Nome” de Luca Guadagnino de Luca Guadagnino é uma adaptação do romance do mesmo nome de André Aciman e conta a história do primeiro amor de Elio Perlman, o filho prodigioso de um professor universitário americano. A ação passa-se no verão dos seus 17 anos no Norte de Itália, quando um aluno do pai vem passar algumas semanas com a família na casa de férias, despertando uma série de desejos e emoções que o jovem nunca tinha sentido. O filme foi justamente aclamado pela crítica, especialmente pelo trabalho dos atores.

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De facto, o trabalho de Timothée Chalamet e Armie Hammer como os amantes no centro da narrativa é estupendo, oferecendo à câmara sensualista de Guadagnino o seu corpo e alma, telegrafando tanto a fisicalidade como a dimensão emocional do romance. É raro o filme que nos demonstra tão bem como, no rubro da paixão, o desejo sexual é uma parte integrante da dinâmica amorosa, tão sentimental quanto luxuriante.

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