Uncut Gems |©A24

Óscares 2020 | O que o Festival de Toronto pode significar na corrida

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Continuamos no rescaldo do arranque dos festivais de cinema no final do verão. Depois do Festival de Veneza, Também o Toronto International Film Festival é um importante barómetro para medir quais os filmes da temporada de festivais com potenciais para chegar aos Óscares 2020. 

O Toronto International Film Festival, ou TIFF, como é por norma apelidado, é o festival de cinema mais importante do Canadá e um dos mais proeminentes não só no circuito americano, como no panorama mundial. No que diz respeito ao mercado dos Estados Unidos da América, o evento no país vizinho é um dos mais pertinentes para definir apostas para a próxima temporada de prémios. Isto juntamente com uma mão cheia de outros festivais, onde se inclui, nomeadamente, o Festival de Veneza, que aconteceu também em setembro, e trouxe alguns títulos que se vieram a repetir no TIFF, reforçando o seu valor competitivo nesta corrida de 2019/2020.

O evento aconteceu entre 5 e 15 de setembro. Agora, trazemo-vos (ou reforçamos, no caso de alguns filmes) os destaques dos maiores esperançosos da programação para os Óscares 2020. A cerimónia está marcada para 9 de fevereiro de 2020.

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1 – JOJO RABBIT (2019)

Jojo Rabbit
“Jojo Rabbit” (2019) | © Twentieth Century Fox Film Corporation

Começamos desde logo em altas, com o filme que venceu em Toronto o prémio do Público, “Jojo Rabbit”, da autoria do ator, argumentista e realizador Taika Waititi, responsável por “What We Do in The Shadows” (2014)  e  “Thor: Ragnarok” (2017). O polémico e controverso autor oriundo da Nova Zelândia estreou no festival um filme igualmente ousado e capaz de dividir a crítica, a opinião pública, mas aparentemente não o público, que o consagrou vencedor. Esta categoria, a do Prémio do Público no TIFF, é tida como um forte indicador de popularidade rumo aos Óscares. Contudo, o tradicionalismo do evento pode acabar por condenar as hipóteses do filme.

É que “Jojo Rabbit” não é um filme qualquer. É uma narrativa que parodia uma realidade dominada por nazis. A sátira, situada na Segunda Guerra Mundial, segue um rapaz alemão solitário chamado Jojo, o qual faz parte da Juventude Hitlariana. Um dia, as suas visões do mundo são viradas do avesso quando descobre que a sua mãe está a esconder uma jovem judia no seu sótão. Com a ajuda do seu amigo imaginário, um Adolf Hitler interpretado por Taika Waititi, Jojo deve aprender a confrontar o seu nacionalismo e crenças sobre a superioridade da raça ariana. Uma comédia que promete, mas que promete igualmente ofender aqueles que apreciam um humor mais “regular”.

Um esperançoso nos Óscares 2020, nomeadamente no que diz respeito à categoria de argumento, mas que pode acabar atraiçoado pelo tradicionalismo e “bom gosto”.




2 – JUDY (2019) 

Judy Óscares 2020
Renée Zellweger em “Judy” (2019) |© Pathe UK

Renée Zellweger está de regresso às luzes dos holofotes, com uma história daquelas bem apreciadas, a história do “comeback”, o regresso de uma estrela que tem andando um pouco mais discreta ultimamente. “Judy” estreou no TIFF a 10 de setembro de 2019, e chega às salas portuguesas exactamente um mês depois. A quarta nomeação de Zellweger ao Óscar tornou-se aqui quase incontornável, depois de choveram aplausos à sua interpretação na obra biográfica, que retrata uma tour da atriz e cantora no inverno de 1968. Judy Garland foi e é um enorme símbolo. O próprio filme safou-se com uma crítica não brilhante mas satisfatória. Já Renée, dizem as más (e as boas) línguas que o Óscar, por agora, e baseado em Toronto, parece estar entre esta e Scarlett Johansson. É cedo de mais para cantar vitória, mas é pouco precipitado cantar nomeação.

Boa sorte para a veterana, que venceu o seu primeiro e único Óscar em 2004, por Melhor Atriz num Papel Secundário pelo drama “Cold Mountain” (2003). Anteriormente, tinha já conquistado nomeações no ano anterior, por “Chicago” (2002), onde foi nomeada pelo papel de protagonista. A sua primeira nomeação aconteceu em 2002 por “O Diário de Bridget Jones” (2001), o filme e o papel pelo qual continua a ser mais célebre e o qual vestiu já três vezes. Caso vença nos Óscares 2020, será a sua primeira vitória na categoria de Atriz num Papel Principal.




3 – MARRIAGE STORY (2019) 

marriage story posters
Em todas as histórias, existem dois pontos de vista… | ©Netflix

“Marriage Story” é um importante exemplo de um dos repetentes de que falámos. O filme fez furor no Festival de Veneza, onde estreou a 29 de agosto de 2019. Desde então, tem estado a fazer uma bem-sucedida rota de festivais, a qual está longe de terminada. Foi extremamente bem-sucedido em Veneza, Telluride, nos EUA, onde estreou a 31 de agosto de 2019, e foi também bastante bem recebido no TIFF, onde foi exibido a 8 de setembro de 2019. Na sua rota encontram-se ainda o afamado Festival de Cinema de Nova Iorque, o London BFI – London Film Festival, o Festival de Chicago, de San Diego, entre outros. Este circuito é ele mesmo uma forma de campanha, que permite que o filme não seja diretamente lançado na plataforma que o produziu, a Netflix, e tenha assim direito a viajar meio mundo, tornado-se um produto cobiçado para a próxima temporada de prémios.

Realizado e escrito por  Noah Baumbach (“Frances Ha”, “Greenberg”), este é talvez o filme do realizador com uma recepção crítica mais favorável, apesar do autor apreciar, por norma, ao circuito indie e à crítica. De momento, possui um invejável metascore de 95%, e 100% na plataforma de agregação de críticas “Rotten Tomatoes”, oriundo de 66 críticas positivas. Se tudo correr bem, e tendo em conta o seu trajecto até agora, será um forte candidato aos Óscares, especialmente na categoria de Melhor Ator (Adam Driver), Melhor Atriz (Scarlett Johansson) e melhor argumento para Baumbach. Quem sabe, até mais.

Para Driver, “Marriage Story” torna-o já um “habitual” nos filmes do realizador, mas esta foi a primeira colaboração da atriz com o realizador. Driver foi nomeado para o Óscar de Melhor Ator num Papel Secundário em 2019, com BlacKkKlansmanJá Scarlett parece estar a caminhar para a sua primeira nomeação, independentemente da categoria.

O filme terá uma breve estreia nos cinemas, nos EUA, para se poder candidatar a prémios, certamente, e estreará na Netflix a 6 de dezembro, perto o suficiente da altura das premiações para não ser esquecido até lá!




4 – OUSADAS E GOLPISTAS 

Ousadas e Golpistas
© Cinemundo

“Ousadas e Golpistas” ou “Hustlers” no original, é talvez uma das maiores surpresas do TIFF. A comédia é liderada por Jennifer Lopez, que supostamente entrega aqui a melhor performance da sua vida. Com um “Tomatometer” de 88%, proveniente de 241 críticas, “Hustlers” tem uma crítica surpreendentemente positiva.

A comédia dramática com laivos de policial e thriller foi escrita e realizada por Lorene Scafaria, atriz, argumentista e realizadora que se estreou atrás das câmaras em 2012, com o a obra “Até que o Fim do Mundo Nos Separe“, protagonizada por Keira Knightley e Steve Carell. Scafaria assinou ainda o argumento de outras comédias bem-recebidas pela crítica como por exemplo “The Meddler” (2015), que também realizou. O seu primeiro crédito de escrita foi pela longa-metragem “Nick and Norah Playlist Infinita” (2008).

O filme é uma adaptação livre do artigo “The Hustlers at Scores”, da jornalista Jessica Pressler, publicado pela revista New York Magazine em 2016. É possível até que a obra chegue à categoria de argumento nos Óscares, depois da recepção em Toronto. Algo é quase certo, mesmo que não triunfe como candidato aos Óscares, é filme que podemos esperar ver nas nomeações da categoria de comédia dos Globos de Ouro. Quem sabe, talvez até possamos encontrar Jennifer Lopez por lá.




5 – DOR E GLÓRIA (2019) 

Dor e Glória
Dor e Glória | © PRIS

“Dor e Glória” não foi apresentado ao mundo no TIFF, mas teve direito a integrar a sessão de apresentações especiais, tendo sido exibido a 6 e 7 de setembro.

O filme mais recente de Almodóvar encontra-se, de momento, em exibição nas salas portuguesas. Foi este o papel que valeu a Antonio Banderas a vitória como Melhor Ator no festival de Cannes deste ano. O filme foi ainda aí premiado com o prémio de Melhor Banda-Sonora. A sua passagem por Toronto serve para fortalecer as suas hipóteses na corrida que aí se avizinha. É uma aposta quase certa para a categoria de Melhor Filme Internacional nos Óscares 2020, sendo o candidato oficial de Espanha. Contudo, o zumbido em torno da obra faz crer que possamos ir além dessa categoria, e incluir quiçá a nomeação na categoria de Melhor Ator, Melhor Realizador, Melhor Banda-Sonora e Melhor Filme. é cedo para dizer, mas é provável que este seja o filme internacional do ano.

Quanto ao enredo, conta a história de Salvador Mallo (Antonio Banderas), um conceituado realizador. De momento, Salvador enfrenta uma crise de inspiração, e faz uma viagem instrospectiva e física até ao seu passado. Reavalia a sua relação com pais, amigos e amantes, bem como as emoções que compõem a sua vida. Uma obra com um certo carácter autobiográfico, esta é a 21ª longa-metragem de Pedro Almodóvar, e um dos maiores esperançosos do ano.




6 – PARASITAS (2019) 

parasitas
© Alambique

De Cannes para Toronto, o vencedor da Palma de Ouro em 2019 e candidato oficial da Coreia do Sul aos Óscares é cada vez mais uma aposta certa rumo aos Óscares 2020. O cinema sul-coreano é uma pérola com frequentes momentos sublimes, e Bong Joon-ho é um dos autores mais notórios dentro deste universo. O seu “Snowpiercer”, filme distópico sobre um comboio no fim do mundo, obteve distribuição comercial internacional e um artigo composto por nomes coreanos e americanos, numa relação simbiótica de co-produção. Já o seu “Okja”, distribuído pela Netflix, foi particularmente importante para definir uma nova linha de seriedade agora associada a muitos dos filmes distribuídos pela plataforma.

“Parasitas” é uma obra sobre luta de classes, que segundo o realizador é “uma comédia sem palhaços e uma tragédia sem vilões”. Um filme que coloca diversos géneros em choque directo, e que  nos mostra a vida de duas famílias de extratos sociais bem distintos. O filme foi exibido em Toronto no âmbito das suas apresentações especiais, e deixou a promessa de que este filme continuará a acompanhar-nos ao longo dos próximos meses.




– A BEAUTIFUL DAY IN THE NEIGHBORGOOD (2019) 

Tom Hanks
“A Beautiful Day in The Neighborhood” (2019) | © Sony Pictures Entertainment

“A Beautiful Day in The Neighborhood” é um dos filmes mais “frescos” entre esta selecção, tendo tido ainda uma única exibição. Estreado no TIFF a 7 de setembro de 2019, o filme estreará na Europa no Festival Londrino London Film Festival, organizado pelo British Film Institute. Representa uma esperança consiste e séria na carreira do seu protagonista, Tom Hanks, que depois de 20 anos sem nomeações aos Óscares, parece muito bem encaminhado no que diz respeito à sua presença nos Óscares 2020.

Reza a lenda que a audiência em Toronto ficou apaixonada pela prestação do ator. Relembramos que a sua última nomeação foi em 2001 por “Cast Away” (2000), tendo a sua última vitória acontecido em 1995, por “Forrest Gump” (1994). Foram estes alguns dos seus papéis mais marcantes, mas a verdade é que o ator não parou e várias foram as vezes que quase lá chegou novamente. Nos Óscares de 2018, o filme “The Post” esteve presente com uma forte campanha, que ainda assim apenas lhe valeu duas nomeações, para Filme do Ano e Para Melhor Actriz para Meryl Streep. Hanks ficou de fora, pode dizer-se que por pouco.

Neste filme biográfico, o ator dá vida a Mister Rogers, numa história encantadora sobre o triunfo da gentileza sobre o cinismo. Aqui, narra-se a história da amizade inesperada entre Fred Rogers e o jornalista Tom Junod. O filme estreia nos Estados Unidos na altura do Dia de Acção de Graças, o “Thanksgiving”. Em Portugal, só teremos direito a vê-lo em fevereiro de 2020.




8 – JOKER (2019) 

Óscares 2020 Festival de Veneza 2019
‘Joker’, de Todd Philips| © Warner Bros.

Aqui, temos mais um caso de um “take 2”. “Joker”, de  Todd Phillips, chegou ao Toronto International Film Festival como uma enorme certeza e acabadinho de sair vencedor do grande prémio no Festival de Cinema de Veneza. A sua presença no TIFF foi um autêntico sucesso, como apenas poderia ser presumido desde logo. Esta história pretende surgir como um standalone, ou seja, uma história de origem do mais icónico vilão do cinema, a qual não tem qualquer ligação ao universo cinematográfico que a DC Comics criou no cinema até então.

“Joker” narra a história de Arthur Fleck, um homem, apenas um homem. Um homem desprezado pela sociedade. “Joker” não se define pela sua afiliação ao género do super-herói, longe disso. Aqui, cria-se um novo mundo e uma nova visão de um universo pré-existente só até certa parte. Phillips escreveu e realizou este filme, que escapa totalmente às obras às quais foi associado até agora (Phillips é responsável pela trilogia da ressaca).

O filme teve direito a uma gala, e a mais duas exibições além da gala de apresentação. Em “Joker” acompanhamos Arthur Fleck, que vive a sua vida como um palhaço que atua para turistas e crianças. Arthur sonha com a fama como comediante de stand-up, e modela os seus sonhos à imagem da vida e carreira do seu ídolo, Murray Franklin, aqui interpretado por Robert De Niro. Contudo, nada lhe corre como pretende. Aqui, Phoenix dá-nos o retrato de um homem em crise, e a sua interpretação já parece ter lugar garantido entre os nomeados a Melhor Ator, muitos até falam sobre vitória. E quem sabe, talvez o reconhecimento do filme não fique por aí…

Em Portugal, o filme estreia já a 3 de outubro de 2019. Depois, quem sabe, é esperar pelo anúncio dos nomeados aos Óscares 2020.




9 – DOLOMITE IS MY NAME (2019) 

Óscares 2020 Eddie Murphy
Eddie Murphy em “Dolomite is My Name” |©Netflix

Toronto trouxe esperança ao coração de um outro ator que já não se aproxima das premiações há uns bons anos – Eddie Murphy. Murphy protagoniza “Dolomite is My Name”, filme estreado mundialmente no TIFF com críticas ótimas, especialmente no que ao interprete diz respeito. Mais uma produção da Netflix que foi bem-recebida, e que entretanto já estreou no catálogo norte-americano. Na Netflix Portuguesa, ainda não estreou, mas já podemos encontrar a sinopse e trailers na plataforma, por isso está para breve!

O filme segue um dos géneros favoritos da Academia, é um filme biográfico que engloba a indústria de Hollywood. Um verdadeiro 2 em 1, portanto. Nesta comédia dramática biográfica, o comediante dá vida a Rudy Ray Moore, um pioneiro do rap e da comédia, que se tornou um fenómeno nos anos 70.

A primeira e única nomeação de Eddie Murphy aos Óscares aconteceu em 2007, por “Dreamgirls” (2006). Será que os Óscares 2020 vão marcar um regresso?




10 – UNCUT GEMS (2019) 

uncut gems
©A24

É este o filme que colocou Adam Sandler nas bocas do mundo. Parecia improvável, mas é verdade. Estamos mesmo a ouvir o seu nome associado fortemente à hipótese de nomeação ao Óscar em 2020. O ator associou-se aos imensamente talentoso Benny e Josh Safdie, autores de filmes como “Heaven Knows What” (2014)  e “Good Time“(2017), ambos apresentados no Lisbon & Sintra Film Festival.  “Uncut Gems”, distribuído pela afamada A24, situa-se na cidade dos irmãos Safdie, o seu palco favorito para obras cinematográficas – Nova Iorque. Encontramos Howard Ratner, interpretado por Sandler. Ele é dono de uma loja de jóias, e negocia com ricos e famosos. Agora, precisa de encontrar forma de pagar as dividas quando  a mercadoria é roubada a um dos seus melhores compradores.

Adam Sandler, um dos mais populares atores de comédia, é frequentemente associado a conteúdo de baixa qualidade, e visto como pouco talentoso. Na realidade, o ator foi já nomeado a quatro Emmys ao longo dos anos, por escrita e participação em sketches do “Saturday Night Live”. Em 2003, foi nomeado ao Globo de Ouro pelo seu papel no filme “Embriagado de Amor” (2002) de Paul Thomas Anderson. Assim, este não é o seu primeiro papel sério. Contudo, parece competir seriamente pelo título do seu primeiro papel a valer a nomeação ao Óscar. Parece que os Óscares 2020 poderão estar cheios de surpresas!




11 – FORD V FERRARI / LE MANS ’66 (2019) 

Ford V Ferrari Matt Damon Christian Bale Le Man'66
Ford V Ferrari | © 20th Century Fox

“Ford Versus Ferrari” parece também ele mais um filme baseado numa fórmula, quase como uma equação matemática para agradar à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Não parece particularmente entusiasmante, mas parece suficiente para se enquadrar num determinado género. É uma obra biográfica,  baseada num evento real, que segue a história do designer de automóveis norte-americano Caroll Shelby (Matt Damon) e do piloto de corridas Ken Miles (Christian Bale) e da sua demanda rumo à construção de um carro de corridas revolucionário para a Ford, o qual fosse capaz de competir com a Ferrari numa competição de 24 horas em Le Mans, em 1966.

Não só é esta uma história verídica, como conta com dois atores imensamente amados no elenco principal. Como elenco secundário, temos alguns nomes fortes como Jon Bernthal (“The Walking Dead”) e Caitriona Balfe (“Outlander”). O filme estreou primeiramente nos Estados Unidos, a 30 de agosto, no Telluride Film Festival, antes de chegar a Toronto a 9 de setembro de 2019. Até à sua estreia comercial, fará ainda uma rota de festivais.

O filme chega a Portugal a 14 de novembro de 2019 pela Big Picture Films , um dia antes da sua estreia comercial nos Estados Unidos.




12 – THE LIGHTHOUSE (2019) 

The Lighthouse
The Lighthouse | © 2019 A24 Films

 Robert Eggers é, a par com Ari Aster, uma das maiores promessas no cinema de terror. Esta é apenas a sua segunda longa-metragem, mas a expectativa não podia ser mais elevada. O realizador de “The Witch” (2015) apresenta aqui uma obra com uma fotografia capaz de tirar o fôlego, num ambiente regado de uma estranheza profunda, a preto e branco. Este é um conto hipnótico, que narra a história de dois guardas de um farol numa ilha da Nova Inglaterra da década de 1890. Assim, Eggers volta a munir-se aqui de imaginários baseados na tradição e no folclore, os quais transfigura com perícia.

Talvez possa não ser o género de filme que sai triunfante em cerimónias como os Óscares, mas é certo que ouviremos falar deste filme protagonizado por Willem Dafoe e Robert Pattinson nos próximos meses. Estreia nos Estados Unidos  já em outubro, e continua sem data para Portugal.




13 – HOW TO BUILD A GIRL (2019) 

Óscares 2020 How to build a girl
How to Build a Girl |©TIFF

Beanie Feldstein (“Lady Bird”, “Booksmart“) é uma jovem que continua a fazer a encantar Hollywood. A irmã de Jonah Hill tem 26 anos, mas continua a assentar que nem uma luva no papel de adolescente. Foi uma autêntica revelação em “Lady Bird”, de Greta Gerwig, e reforçou o valor do seu talento ao protagonizar o inteligente “Booksmart” (2019). Em 2019, protagoniza ainda uma outra obra adolescente.

Em “How to Build a Girl” acompanhamos a viagem da jovem Johanna Morrigan, que se reinventa como Dolly Wilde: conversadora, aventureira, a jovem muda-se para Londres e arranja emprego como crítica de música, tudo isto na esperança de salvar a família da pobreza. O filme conta com um encantador elenco secundário britânico, com nomes como Emma Thompson (“Sensibilidade e Bom Senso”), Jameela Jamil (“The Good Place”) ou Alfie Allen (“Game of Thrones”).

Esta comédia dramática britânica promete estar nas bocas do mundo nos próximos meses, independentemente de quão longe consiga chegar na temporada de prémios.




14 – JUST MERCY (2019) 

Óscares 2020 Just Mercy
Jamie Foxx e Michael B. Jordan em “Just Mercy” (2019) |© Courtesy of TIFF

“Just Mercy” é mais um esperançoso na corrida de 2019/2020, o qual teve a sua estreia absoluta em Toronto. O filme é protagonizado por três pesos pesados  – a vencedora do Óscar Brie Larson, o vencedor do Óscar Jamie Foxx e Michael B.Jordan, uma das promessas mais certas de Hollywood.

A obra de Destin Daniel Cretton (“Temporário 12”, “O Castelo de Vidro”), colaborador de longa data que ajudou a colocar Brie Larson no mapa, é um “Óscar hopeful” contido em inúmeras listas de possíveis nomeados, o que não é de todo uma surpresa. Seja pelo elenco principal já nomeado, ou pelo facto desta narrativa se basear numa história verídica. O filme segue o jovem advogado Bryan Stevenson (Jordan) e a sua busca pela justiça. Depois de se formar em Harvard, o advogado poderia ter consigo inúmeros empregos lucrativos. Contudo, decide defender aqueles que foram erroneamente condenados, com o apoio da advogada local Eva Ansley (Larson).

Um dos seus primeiros casos, e o mais incendiário de todos, é da defesa de Walter McMillian (Foxx), condenado em 1987 pelo homicídio de uma adolescente de 18 anos, apesar de inúmeras provas capazes de certificar a sua inocência. Bryan viu-se envolvido, durante anos, num labirinto legal e numa luta contra o racismo que aqui é colocada em destaque. 

Uma narrativa “by the book”, uma inspiradora história verídica que parece ter tudo para dar certo. Estreia em Portugal a 16 de janeiro de 2020.




15 – PORTRAIT OF A LADY ON FIRE (2019)

Óscares 2020 toronto
Portrait of a Girl on Fire| ©Neon

“Portrait of A Lady on Fire” é um filme que já sabemos, em princípio, estar destinado a não chegar aos Óscares. Isto porque o filme estava na corrida para representar França nos Óscares 2020, mas há poucos dias foi anunciado que o país escolheu como submissão “Les Miserables”, uma adaptação moderna do clássico. Tendo em conta a importância de, neste momento, apostar no cinema no feminino, e considerando que uma adaptação desta obra de Victor Hugo esteve há pouco entre os nomeados principais, esta talvez não tenha sido a escolha mais acertada. A mais segura foi, mas não a mais propícia a surtir recompensa…

Assim, embora o filme não vá chegar aos Óscares, pode ter ainda uma vida feliz nesta temporada de prémios. Esta é uma obra da autoria de Céline Sciamma, autora de “Tomboy”, de 2011. A realizadora tem um importante historial no cinema LGBTI, e continua o seu legado aqui. Este filme estreou inicialmente em Cannes antes de passar pelo TIFF. Por lá, venceu a Palma Queer, que distingue o melhor filme de temática LGBTI. Sciamma tornou-se, assim, a primeira mulher a vencer esta Palma.

Narra a história de amor entre a pintora Marianne (Noémie Merlant) e a sua musa (Adèle Haenel). Boa sorte a um filme que até agora não recebeu nada senão críticas positivas. Por terras lusas, ainda esperamos a data de lançamento, deste que foi um dos filmes mais populares de Cannes, e que recentemente passou pelo Canadá…

São estes 15 de alguns dos filmes que mais deram que falar em Toronto. Qual o filme do TIFF que mais queres ver? 

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