MOTELX ’21 | Grandes vencedores e balanço final
A 15ª edição do MOTELX viu uma procissão de mulheres assassinas e uma série de propostas invulgares no género do terror. No passado domingo, dia 12 de setembro, celebrou-se o encerramento do festival com a cerimónia da entrega dos prémios.
A competição principal do MOTELX, para longas-metragens europeias, garante entrada no concurso dos Méliès d’Argent, grande prémio europeu para o cinema de terror e fantástico. Este ano, o júri composto por Ana Moreira, Adriana Molder e Diego López-Fernández, decidiu atribuir a honra máxima a “The Feast”. O filme do cineasta galês Lee Haven Jones teve estreia mundial no SXSW 2021 e conta uma história de intriga familiar. O cenário é feito de arquitetura modernista em contraste com montanhas naturais, revelando uma tensão subterrânea, quase subcutânea, entre impulsos visuais, linhas limpas e a rudeza de terras primordiais.
Nas palavras do júri, trata-se de “filme que nos prende desde o início através de uma imagem impactante, destacando-se o domínio do tempo pelo realizador, que constrói através da música uma composição envolvente e precisa”. Além de celebrarem esse trabalho, os jurados deram ainda uma menção honrosa a outro filme em concurso. Foi para um filme português, “Um Fio de Baba Escarlate” de Carlos Conceição. Sobre sua decisão, os membros disseram dar este prémio à única produção nacional a concurso “pela sua aposta autoral na execução: filmada sem diálogos, em formato 4:3 e reconstruído o género slasher com base nas redes sociais”. O filme “Bloody Oranges” ganhou o prémio do público.
Além das longas-metragens, o MOTELX tem também concursos que incidem só na curta enquanto modelo de expressão cinematográfica. Pela primeira vez, o mesmo filme ganhou o Prémio para Melhor Curta Portuguesa e o galardão Méliès d’Argent de Melhor Curta Europeia 2021. Assim se cruza a missão de promover a produção portuguesa com o desejo de mostrar o melhor do cinema europeu de forma geral. A obra responsável por tal façanha foi “O Nosso Reino” de Luís Costa. O realizador assim ganha 5000€ e o apoio da Santa Casa da Misericórdia. Os jurados responsáveis por esta decisão inédita foram Sónia Balacó, Josh Waller e Emily Gotto.
A argumentação do júri passou por salientar qualidades da fita como “a sua cinematografia etérea e a escrita e realização que revelam confiança e graciosidade, no que é uma viagem às sombras da infância e aos primeiros encontros com a morte.” Apesar do prémio duplo, houve uma Menção Honrosa, só referida na secção internacional do festival. “The Thing That Ate The Birds” de Sophie Mair e Dan Gitsham esteve perto de ganhar o prémio, mas, no fim, “O Nosso Reino” foi inegável e incontornável. Esperamos que estas curtas tenham alguma distribuição nacional, dando oportunidade às audiências por todo país e não só aos cinéfilos na capital.
De facto, essa massa de adeptos do terror apareceu em força neste MOTELX, mesmo considerando os limites causados pela pandemia. 25 sessões esgotaram, incluindo as de abertura e encerramento. Como sempre, foram grandes produções, em inglês e muito faladas que tiveram essa honra, “A Lenda do Cavaleiro Verde” e “The Night House”. Também houve o regresso de clássicos, incluindo uma rica programação de filmes sobre mulheres serial killers. Contudo, como sempre, o grande prazer deste festival incide na descoberta de diamantes em bruto e gemas escondidas. Não há nada melhor que amar um filme sobre o qual nada se tinha ouvido. Em certa medida, essa é a maior magia do MOTELX, tão relevante como a reunião, a união, de uma comunidade que ama o terror.
Por fim, fica aqui uma lista das críticas publicadas durante estes dias do festival. Qual foi o teu filme preferido do festival? Para nós, “Violation” talvez leve o troféu da preferência. Ou esse, ou “Alien on Stage”. Enfim, para o ano há mais.
COBERTURA MHD DO MOTELX 2021
- After Blue, em análise
- A Glitch In the Matrix, em análise
- A Lenda do Cavaleiro Verde, em análise
- Alien On Stage, em análise
- Cross the Line, em análise
- Cryptozoo, em análise
- Fortuna, em análise
- Fukushima 50, em análise
- Gaia, em análise
- In the Earth, em análise
- The Amusement Park, em análise
- The Deep House, em análise
- The Night House, em análise
- The Night, em análise
- Violation, em análise
- Willy’s Wonderland, em análise
Fica sempre atento às nossas coberturas. A seguir a estas desventuras pelo panorama do terror, vem o QueerLisboa e suas visões de um cinema LGBT+, arte imaginada fora dos confins da heteronormatividade. As festividades começam já no dia 17 deste mês, e duram até 25. Não percas!