A Disney faz 100 anos e esta é a história do estúdio mais mágico de Hollywood
Há cem anos, um jovem chamado Walt Disney sonhou em criar um universo único e o resultado foi uma autêntica fábrica de magia que continua a fazer sonhar miúdos e graúdos.
Falar da Disney é falar de um universo mágico que nos ensina que o sonho não tem limites. Todas as crianças, ao longo da sua vida, se deliciam com as animações criadas pelo estúdio mais famoso de Hollywood, seja com as princesas que nos dão esperanças de um dia encontrarmos o nosso príncipe encantado, seja com os super-heróis que nos encorajam a defender o bem e a lutar sempre contra o mal. Mas, a verdade é que, uma vez adultos, a nossa perceção dos filmes de animação é outra e faz-nos perceber as diferentes mensagens presentes em cada longa-metragem assinada pela Disney.
Uma das coisas mais importantes nos filmes da Disney é que, por mais fantasiosos que estes possam ser, as suas personagens têm sempre características que permitem as crianças de todo o mundo se identificarem. Através da animação, as longas-metragens abordam temáticas como a orfandade, como acontece em “O Rei Leão” ou o emocionante “Bambi”, que nos marcou com o momento em que a mãe do pequeno veado foi morta a tiro; mas também temas como o bullying vivido em “O Corcunda de Notre Dame” e o sentimento de não pertença demonstrado em “A Bela e o Monstro”.
Mas desengane-se quem não acredita que o tema principal dos filmes da Disney é o amor e a amizade, os dois pilares mais importantes nas nossas vidas. Talvez por isso mesmo, a Disney seja uma verdadeira fábrica de magia que está presente nas nossas vidas dentro e fora do grande ecrã através do imenso merchandising e da sua presença constante no nosso quotidiano. Além disso, os filmes criados neste estúdio têm o dom de nos fazerem viajar através dos seus mais variados cenários que nos mostram um pouco de todo o mundo, seja a Irlanda (“Brave – Indomável”), a China (“Mulan”) ou o Médio Oriente (“Aladdin”).
Seja como for, passaram-se cem anos desde que Walt Disney fundou o seu místico império que ensinou milhões de crianças a sonharem e a guardarem dentro de si personagens que se mantém no seu coração mesmo depois de adultos. Para celebrar o centenário do estúdio mais querido de Hollywood, a Magazine.HD preparou um artigo que faz uma viagem pela longa vida desta empresa.
A CRIAÇÃO DE UM UNIVERSO MÁGICO
Walt Disney é aquilo a que podemos chamar um verdadeiro visionário! Com pouco mais de vinte anos de vida, o jovem Disney fundou um pequeno estúdio de cinema para poder dar vida a uma curta-metragem que este tinha imaginado. Pioneiro na produção de filmes de animação, Walt criou a “Alice’s Wonderland” que acompanhava a história de uma menina real que contracenava com personagens animadas. Infelizmente, o seu estúdio não teve grande sucesso, acabando por falir, mas o mesmo não se pode dizer da narrativa de Alice que despertou o interesse de uma distribuidora.
Determinado em ter o seu próprio estúdio focado em filmes de animação, Walt decidiu fundar, em conjunto com o seu irmão Roy, a Disney Brothers Studio, uma empresa que abriu portas a 16 de outubro de 1923. Nos primeiros anos, a única produção feita pela futura Walt Disney Studio era a “Alice’s Wonderland’. Mas, em 1927, o fundador da empresa optou pela criação de longas-metragens totalmente animadas, nascendo assim ‘Oswald, O Coelho Sortudo‘. Foi esta a personagem que viria a dar a Walt o maior golpe da sua vida, pois os direitos da personagem pertenciam à distribuidora e não à produtora.
Com a perda dos direitos da sua personagem querida, Walt Disney não desanimou e não tardou em dar vida a Mickey Mouse, o rato que está na base da criação do universo mágico que é hoje a Disney. Ao mesmo tempo, Walt começava a aperceber-se do poder do merchandising, uma vez que a imagem de Mickey passou a constar em muitos dos objetos do quotidiano. Seguiram-se outras produções que serviram como uma preparação para a era de ouro dos filmes de animação. A curta-metragem “Flowers and Trees” foi o primeiro filme de animação produzido a cores, o que lhe valeu um Óscar de Melhor Curta de Animação. Nesse ano foi a primeira vez que esta categoria foi galardoada e, na década que se seguiu, todos os anos um filme de Walt Disney foi vencedor.
A ERA DE OURO DOS FILMES DE ANIMAÇÃO
Cansado de produzir apenas curtas-metragens, Walt Disney decidiu que havia chegado a hora de arriscar com filmes mais longos. Assim, em 1934, o empresário apresentou à sua equipa a ideia para levar “Branca de Neve e os Sete Anões” ao grande ecrã. O conceito foi rapidamente condenado por todos à sua volta, mas Walt levou a sua avante e, três anos depois, chegava até nós a primeira história animada sobre uma princesa da Disney. O sucesso foi imediato e, durante muitas décadas, este foi o filme com melhor bilheteira de sempre.
E eis que, num momento em que a Walt Disney Company parecia estar no auge, o mundo entra em guerra e filmes como “Pinóquio” e “Bambi” deixam de ser produzidos no estrangeiro, quebrando por completo as receitas de Disney. Com muitos dos seus colaboradores enviados para a linha da frente, Walt aceitou produzir filmes de propaganda militar, demorando quase uma década para regressar às longas-metragens animadas, o que aconteceu com “Cinderela“.
Por volta do início da década de cinquenta, o sempre pioneiro Walt Disney quis voltar a arriscar e decidiu produzir o primeiro live-action da sua empresa, “A Ilha do Tesouro“. Já a meio da década, o lançamento de “A Dama e o Vagabundo” rendeu à empresa uma bilheteira ainda maior do que a de “Branca de Neve e os Sete Anões”, mostrando que a imaginação não tinha limites. Mas o live-action não foi a única inovação que esta década trouxe para Disney. Ao passear com as suas filhas por jardins zoológicos e outros parques temáticos, Walt apercebeu-se de que faltava um parque de diversões que permitisse que os adultos tivessem um papel mais ativo e não só o de meros acompanhantes e espectadores. E assim surgiu a ideia de construir o primeiro parque temático da Disney, a Disneyland.
17 de julho de 1955 marcou a abertura da primeira Disneyland, localizada na Califórnia. Este era um parque temático diferente de todos os outros existentes até então. Aqui, miúdos e graúdos podiam sentir a magia das histórias de animação e deitar fora toda a tristeza! Afinal, quem conseguiria ficar triste numa área em que o encanto mora em cada esquina?
A MORTE DO MESTRE E O DECLÍNIO DA MAGIA
Em 1964, “Mary Poppins” chegava ao grande ecrã apresentando-se como um dos maiores sucessos de sempre da Walt Disney Company, mas também um dos últimos produzidos pelo pioneiro empresário. Com treze nomeações aos Óscares, das quais venceu cinco, a longa-metragem sobre a governanta mais querida de Hollywood foi o último grande triunfo que Walt Disney viu chegar aos cinemas antes da sua morte, em 1967. Com um cancro no pulmão, o pai da fantasia acabou por sucumbir e a máquina de fazer magia sofreu os anos mais negros da sua existência.
“Aristogatos” ficou marcado como o primeiro filme de animação produzido após a morte de Walt Disney e o resultado revelou-se aquém das expectativas, tornando-se notória a importância da presença de Walt. Por essa altura, os filmes que foram sendo produzidos revelaram ser verdadeiras decepções de bilheteira, com exceção de “Robin Hood“, um verdadeiro sucesso internacional.
Antes de falecer, Walt Disney projetou um novo parque de diversões, desta vez na Flórida. Infelizmente, o seu sonho não se cumpriu em vida, mas o seu irmão Roy fez de tudo para conseguir erguer o parque temático. A 1 de outubro de 1971 abria portas o Walt Disney World, em Orlando, um verdadeiro resort de entretenimento onde a magia parece não ter fim. Cumprido o sonho de Walt, Roy viria a falecer poucos meses depois, levando a empresa a ser, pela primeira vez, gerida por pessoas externas à família.
Nos anos que se seguiram, os filmes produzidos pela Walt Disney Studio levou ao declínio da receita gerada, pelo que os principais fundos passaram a ter origem nos parques temáticos. Como tal, a empresa deixou de investir tanto nas longas-metragens e empenhou-se em abrir mais locais de entretenimento. Assim surgiram o EPCOT, um parque mais futurista, e a Tokyo Disneyland, o primeiro parque de diversões da Disney internacional.
Afastando-se cada vez mais da produção de filmes de animação, o propósito pelo qual tinha sido fundado o estúdio da Disney, a empresa começou a apostar no lançamento de filmes destinados a adultos e expandiu os seus horizontes para o pequeno ecrã com a criação do Disney Channel.
O RENASCER DA FÁBRICA DE MAGIA
Com a Disney a entrar em declínio no que diz respeito à área do cinema, Michael Eisner assumiu o comando da empresa e fez alterações significativas com o intuito de devolver à fábrica de magia a glória pela qual era conhecida. Assim, o novo CEO da Disney decretou que um filme de animação deveria ser produzido a cada dezoito meses e não a cada quatro anos conforme estipulado após a morte de Walt. Ao mesmo tempo, os estúdios apostaram numa maior produção ‘hollywoodesca’ de filmes para adultos e o resultado foi bem maior do que o esperado. Longas-metragens como “Bom dia Vietname” e “Quem Tramou Roger Rabbit?” devolveram à Disney o prestígio de outrora.
Mas Michael sabia que os lucros também provinham de outras fontes e, por isso mesmo, decidiu abrir várias lojas da marca para poder colocar à venda merchandising que ajudava na popularidade dos filmes. Também os parques de diversões se continuaram a expandir, chegando à Europa em 1992 com a abertura da Disneyland Paris.
Com as receitas a melhorarem e com as novas regras impostas por Eisner, aos poucos a fábrica de magia foi renascendo e, pela primeira vez em muitos anos, voltou a atingir o auge no que concerne à produção de filmes de animação. A década de noventa ficou então marcada pela chegada ao grande ecrã de grandes longas-metragens animadas que até hoje moram no coração de todas as gerações. “A Pequena Sereia“, “A Bela e o Monstro“, “Aladdin” e “O Rei Leão” são apenas quatro exemplos de filmes de animação produzidos pela Disney nesta década e que transformaram a marca naquilo que conhecemos hoje. O resultado foi a arrecadação de inúmeros prémios relevantes como Grammys, Globos de Ouro e Óscares, sendo que “A Bela e o Monstro” se tornou a primeira longa-metragem de animação nomeada ao Óscar de Melhor Filme.
A DISNEY ADAPTADA AO QUOTIDIANO
Com a chegada do novo milénio, a Disney continuou a expandir o seu negócio, marcando presença no quotidiano da população a nível mundial. Por essa altura, tornou-se mais frequente as colaborações do estúdio com a Pixar, o que trouxe ao grande ecrã uma nova dose de magia que incluía filmes como “Toy Story“, “Lilo & Stitch” e “À Procura de Nemo“. Além disso, as longas-metragens anteriormente produzidas pela Disney chegavam agora a casa das pessoas através dos saudosos DVD’s, permitindo à população rever grandes clássicos da fábrica de animação. Também no pequeno ecrã a produtora ganhava destaque, especialmente com a produção de “High School Musical“.
Finalmente, parecia que a Disney tinha descoberto a fórmula perfeita para manter os lucros em todas as áreas de atuação, ao mesmo tempo que arranjava uma forma de se manter presente no dia-a-dia de todos os espectadores. E se dúvidas houvessem de que a empresa conseguia mesmo chegar a todos os gostos e estilos, eis que em 2009 adquire a Marvel, passando a ser detentora dos direitos de super-heróis como o Homem de Ferro e o Hulk.
2011 ficou marcado como o ano em que a Disney produziu o último filme tradicional de animação, “Winnie the Pooh“. Desde então, a empresa tem vindo a apostar em longas-metragens com temáticas adaptadas ao quotidiano. Neste momento, a Disney não se limita a produzir apenas filmes sobre princesas e super-heróis, apostando cada vez mais em histórias menos fictícias, permitindo miúdos e graúdos identificarem-se com as personagens. Numa perspetiva mais focada na pertença, os estúdios desenvolveram longas-metragens animadas como “Inside-Out“, que fala sobre as emoções e ansiedades da juventude, “Coco“, que lida com a morte”, e “Turning Red: Estranhamente Vermelho“, cujo significado remete para as transformações corporais pelas quais as mulheres passam ao crescerem.
E porque a Disney nunca parou de acompanhar a par e passo a evolução do mundo, em 2019 a empresa inaugurou o Disney+, um canal de streaming concorrente de plataformas como a Netflix, permitindo ao público ter um fácil acesso a conteúdos produzidos pelo estúdio.
100 ANOS DE PURA MAGIA
Entretanto, passaram-se cem anos desde que o sonho de Walt Disney se transformou numa verdadeira fábrica de magia! Passados cem anos desde a criação da marca Disney, milhares de personagens nasceram dentro dos estúdios mais conhecidos de Hollywood, personagens essas que ainda hoje vivem nos corações de milhões de adultos. Para celebrar o centenário da fábrica de magia, e também numa homenagem ao incansável trabalho de Walt Disney, foi produzida a curta-metragem “Once Upon a Studio”, um filme que reúne mais de quinhentas personagens pertencentes a mais de oito dezenas de longas-metragens da Disney.
Além disso, uma exposição itinerante tem andado a circular por algumas cidades norte-americanas, tendo chegado em Outubro a Londres. Na ‘Disney100: The Exhibition’ é possível ver alguns artefatos que marcaram os cem anos de existência da Disney. Apesar da sua idade avançada, o estúdio mais importante de Hollywood continua de boa saúde e promete continuar a conquistar os nossos corações com produções mágicas, dando também continuidade ao seu trabalho fora do grande ecrã. Esta será sempre a mais bonita homenagem a Walt Disney que afirmou que enquanto houver imaginação e criatividade, a magia jamais se esgotará.
TRAILER | ONCE UPON A STUDIO CELEBRA 100 ANOS DA DISNEY
És fã da Disney? Quantos parques temáticos já visitaste? Qual o filme produzido pela empresa que mais gostas? Qual a personagem de animação que mais marcou a tua infância?