Será mesmo Robert Downey Jr. o Melhor Ator Secundário (Oppenheimer)?
Com a cerimónia dos Óscares cada vez mais perto, vale a pena olhar para os nomeados em Melhor Ator Secundário. Será que Robert Downey Jr. merece vencer?
Após muitos meses de antecipação, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas prepara-se para revelar os seus vencedores. No artigo de hoje, iremos debruçar-nos sobre a categoria de Melhor Ator Secundário. Este não é um artigo de previsões, mas sim uma análise pessoal sobre cada um dos atores nomeados.
Estamos perante um grupo com quatro atores veteranos previamente nomeados pela Academia, ao qual se junta Sterling K. Brown. Longe de ser um novato nestas lides, o ator já vencedor de três Emmys tem aqui o seu primeiro reconhecimento no que ao cinema diz respeito. Em termos de desempenhos, todos estes são interpretes bem calejados que operam ao seu mais alto nível, fazendo deste um dos melhores grupos dos últimos anos nesta categoria.
Vários atores estiveram na corrida para ocupar esta última vaga, incluindo Willem Dafoe (“Pobres Criaturas”) ou Charles Melton (“May December”). Porém, vale a pena destacar alguém que nunca conseguiu destacar-se, John Magaro em “Vidas Passadas”. Apesar do sucesso do filme junto das cerimónias de cinema independente, o subtil e pujante desempenho de Magaro nunca encontrou o espaço que merecia, uma das maiores injustiças desta temporada.
A cerimónia dos Óscares decorre já no dia 10 de março, desta vez uma hora mais cedo, pelas 23h00 de Portugal e contará com a apresentação de Jimmy Kimmel pela 4ª vez.
MELHOR ATOR SECUNDÁRIO – RANKING
5. STERLING K. BROWN – AMERICAN FICTION
Sterling K. Brown é um dos atores mais interessantes da sua geração, sendo dono de um carisma e de uma intensidade que poucos conseguem replicar. Na pele de Clifford Ellison, o ator usa todo o seu charme para nos entrelaçar nas complicações de um personagem que está totalmente perdido. Há um caos que Clifford traz para o ecrã que é muito palpável graças ao desempenho de Brown.
Porém, o ator acaba por ser sabotado por um argumento confuso que nunca lhe dá a abertura ou a clareza necessária para o personagem se encontrar. É inegável que há um impacto deixado por Brown nas três ou quatro cenas em que aparece, mas o potencial da performance acaba por ser desperdiçado.
4. RYAN GOSLING – BARBIE
Ryan Gosling é um daqueles atores que dedica a maior parte do seu tempo em papéis mais dramáticos e intensos e que eu sempre preferi ver no registo cómico. Por ser um ator tão intenso, há um nível de comprometimento elevado que transparece em qualquer uma das suas prestações, e quando o compromisso é para com uma proposta tão exagerada e ridícula como a de Ken, tudo fica muito mais engraçado e é fantástico ver algo assim reconhecido nos Óscares.
Gosling entrega-se dos pés à cabeça para esta aventura, conseguindo também encontrar o lado mais humano e miserável do seu Ken. No fim de contas, Ken é apenas um homem que ainda não encontrou o seu propósito na sua vida.
3. ROBERT DOWNEY JR. – OPPENHEIMER
Na pele de Lewis Strauss, descrito como o Salieri de “Amadeus” para o Mozart de Cillian Murphy, Robert Downey Jr. ganha a oportunidade de ser o homem que atua nas sombras, usando o seu enorme carisma e presença larger than life a seu favor.
Devido à forma como o filme está construído, o ator tem muito destaque ao longo das três horas de duração, culminando num monólogo magistral em que Strauss percebe que lhe tiraram o tapete. A queda de alguém que se considerava sempre à frente dos outros. É um casting muito interessante pela parte de Christopher Nolan, que convida alguém que sempre esteve habituado a estar no foco de tudo, a sair do primeiro plano e a comportar-se como uma autêntica doninha.
2. ROBERT DE NIRO – ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES
Robert De Niro é um dos maiores atores vivos, mas ultimamente nem sempre escolhe os melhores projetos ou entrega os trabalhos mais interessantes. É portanto sempre um evento quando este titã do cinema surge na sua melhor forma pronto para provar o porquê do seu estatuto de lenda na indústria.
Na sua décima longa-metragem ao serviço de Martin Scorsese, De Niro interpreta William Hale, um homem que soube construir o seu prestígio e a sua influência, tornando-se uma figura praticamente intocável naquela zona. É um desempenho em que De Niro transforma o seu carisma gigantesco numa arma para construir alguém amado e muito venerado, apesar de carregar sempre uma presença estranhamente sinistra, um merecido regresso aos Óscares.
1. MARK RUFFALO – POBRES CRIATURAS
Na sua quarta nomeação aos Óscares, Mark Ruffalo lança-se num tipo de papel que nem ele sabia ser capaz de interpretar. Não é a primeira vez que vemos este lado mais cómico de Ruffalo, porém é talvez uma estreia no que diz respeito a um personagem tão vil e caricato, ao estilo de Otto West (“Um Peixe Chamado Wanda”) que valeu um Óscar a Kevin Kline em 1989.
Como Duncan Wedderburn, o ator solta-se numa performance livre de qualquer senso de realidade ou de ridículo. Não há amarras nem nada que pare a energia estupidamente pomposa e desconcertante com que Ruffalo assalta o ecrã. É um tipo de desempenho que não agradará a toda a gente, mas é notório que quando Ruffalo recebeu o convite, ele entendeu perfeitamente o que precisaria de fazer: “go big or go home”.
E tu, a quem darias o Óscar de Melhor Ator Secundário?