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Ranking de todos os Live-Actions da Disney, de 101 Dálmatas a Pequena Sereia

Com o aproximar de Snow White às salas de cinema a pergunta impõe-se: qual a melhor adaptação Disney Live-Action de sempre?

Desde os anos 90 que a Walt Disney Studios tem apostado em visitar alguns dos seus maiores sucessos, trazendo até ao grande ecrã adaptações e remakes dos seus grandes filmes de animação na vertente live-ation.

O ano de 2024 promete trazer aos fãs uma nova onda de adaptações em imagem real das grandes obras de animação do catálogo da Disney. Entre as principais estreias encontra-se a “Snow White” com Rachel Zegler, e o “Mufasa: O Rei Leão” de Barry Jenkins.

Como tal, esta é a altura ideal de revisitar os últimos 30 anos de adaptações em imagem real, criando um ranking que apresentará os melhores aos piores, desta tendência que teve inicio com “A Lenda do Livro da Selva” e já alcançou a “A Pequena Sereia“.




A LENDA DO LIVRO DA SELVA

lenda do livro da selva
Photo by Walt Disney Pictures – © 1994 – Walt Disney Pictures – All rights reserved.

Quem se lembrava que a Cersei de “A Guerra dos Tronos” era uma das protagonistas de “A Lenda do Livro da Selva”?

Muitos anos antes de a Disney dar uso às novas tecnologias para reimaginar a sua versão animada de “O Livro da Selva” com atores de carne e osso e efeitos fotorrealistas, já os mesmos estúdios tinham tentado readaptar o clássico literário de Rudyard Kipling ao grande ecrã. Verdade seja dita, mesmo que o filme até tenha sido planeado para coincidir com o centenário do autor, a narrativa final deve muito pouco aos livros originais.

Ao invés disso, este “A Lenda do Livro da Selva” reflete a herança cinematográfica das grandes aventuras exóticas com que tantos espetadores se deleitaram durante os tempos da Velha Hollywood e dos anos 80 para a frente, quando cineastas nostálgicos como Steven Spielberg decidiram fazer renascer esse género. O resultado é um sumptuoso épico de ação com alguns piscares de olho à iconografia Disney e uma coragem para encarar as audiências infantis sem condescendência que ainda hoje é rara em filmes para toda a família como este.

O uso de animais treinados, assim como requintados trabalhos de cenografia e figurinos dão muito valor ao filme enquanto espetáculo sensorial. O elenco secundário, pelo seu lado, traz prestígio ao projeto, enquanto Jason Scott Lee traz a presença e o carisma de uma estrela ao papel de Mowgli. As suas capacidades dramáticas, é certo, deixam algo a desejar, mas a fisicalidade com que o ator telegrafa a ideia de um menino que cresceu entre animais é algo formidável. Apesar de tudo isto e de boas críticas, o filme tem vindo a cair no esquecimento ao longo dos anos e esse mesmo esquecimento é o maior fator que nos leva a colocar a obra no fim desta lista.




ALICE DO OUTRO LADO DO ESPELHO

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Alice do Outro Lado do Espelho | © Disney

Alice do Outro Lado do Espelho” marcou o regresso dos estúdios Disney às aventuras de Alice Kingsleigh. Chegou apenas 6 anos após o primeiro filme, “Alice no País das Maravilhas”.

Depois de se ter aventurado em altos mares, Alice volta a Londres, onde, através de um espelho mágico, volta ao seu reino fantástico no País das Maravilhas. Reencontrando os amigos que fizera outrora – Coelho Branco (Michael Sheen), Lagarto (Alan Rickman), Gato de Chesire (Stephen Fry) e o Chapeleiro Louco (Johnny Depp) -, percebe que algo aconteceu na sua ausência: a excentricidade do Chapeleiro já não existe e já nada parece estar bem. Determinada a repor o equilíbrio no País das Maravilhas, recorre à Rainha Mirana (Anne Hathaway) para salvar o Chapeleiro Louco através do Chronosphere, uma peça do Grande Relóhio, que alimenta todo o tempo. Uma aventura no tempo para salvar a excentricidade e o mundo das maravilhas.

Sim, só pela história parece que pode ser puxar tudo o que o conto original tem (e não tem) para dar, mas, na sua essência, não podemos deixar de constatar que a obra final É uma história capaz de sair do mundo das maravilhas de Alice. Excêntrica, com alguma loucura inerente, e com situações que apenas o imaginário mais tresloucado poderia ir buscar… mas fica-se por aí. Sim, o elenco também se destaca – Mia Wasikowska continua brilhante como Alice, e todos os actores mais secundários são de realce e perfeitos para o papel (como poderiam Johnny Depp e Helena Bonham Carter não serem as escolhas perfeitas para os seus papéis de loucos?), mas de resto este live-action apenas passou a cor e a excentricidade para o público.

Com um tom muito mais negro que o primeiro filme, talvez tenha pecado por não ter tido Tim Burton no leme do projecto. James Bobin fez um ótimo trabalho mas não aquele que seria de esperar para um universo tão alternativo como o que Burton já nos havia apresentado – ficou a faltar a loucura do primeiro e a leveza das personagens, que neste filme se tornaram sombrias e tristes.

Ficou a faltar a alma que esteve tão presente no primeiro live-action e que nos fez voltar a acreditar na possibilidade destas adaptações não serem assim tão má ideia.




PINÓQUIO

Pinoquio Disney
Pinóquio © 2022 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

Pinóquio” sempre foi visto como uma obra memorável, com uma história rica e uma mensagem importante. Por isso mesmo, este filme ocupa um lugar de carinho entre muitos fãs do conto original, bem como da sua primeira adaptação em 1940.

Deste modo, quando a adaptação de Ron Howard foi anunciada, é normal perceber a reação de descontentamento dos fãs, uma vez que estes possuem um forte sentimento de proteção em relação à obra, demonstrando um grande ceticismo em relação a novas versões.

Esta oposição não melhorou com a estreia do filme na Disney Plus, principalmente devido ao uso excessivo de VFX e à tradução literal do design de algumas personagens, o que as torna um pouco perturbantes.

Além disso, o lançamento de duas outras versões do mesmo conto no mesmo ano, uma delas realizada por Guillermo del Toro, ajudaram a demonstrar os pontos fracos deste remake que para muitos se revelou desnecessário.




MALÉFICA: MESTRE DO MAL

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© NOS Audiovisuais

O grande sucesso de “Maléfica” deu nova vida ao conto da Bela Adormecida, oferecendo novas reviravoltas à história, apostando na construção de um mundo rico e diverso, e com grandes oportunidades de crescimento. Por isso mesmo, não foi de surpreender o anúncio de uma nova sequela baseada nesta obra, que prometera explorar mais deste mundo, mas também dar a conhecer mais sobre a personagem titular.

Todavia, o filme não conseguiu alcançar as alturas de muitas das obras desta lista, nem chegando perto do sucesso do original. Os visuais pouco inspirados, a história repetitiva e saturada, e os vilões pouco carismáticos, bem como uma Maléfica menos energética do que no original contribuíram para um projeto mais fraco e menos acarinhado pelos fãs.




DUMBO

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Dumbo | ©2019 Disney

Encapsulado nuns bastante económicos 64 minutos, o “Dumbo” de 1964 viu um grande upgrade na sua versão live-action de 2019, que acrescentou quase 50 minutos à sua duração. Realizada por Tim Burton, esta nova e extraordinária aventura de Dumbo desenvolve-se a partir do clássico e acarinhado conto, onde as diferenças são celebradas, a família é valorizada e os sonhos ganham asas.

Foi com “Dumbo” que o estúdio começou a apostar em força numa das maiores tendências do ainda jovem milénio, que tem passado pelo revisitar de alguns dos maiores sucessos da animação do catálogo Disney, mas desta feita, através das suas respetivas adaptações live-action que não só servem para reciclar e atualizar os clássicos como para reenquadrá-los para uma nova geração. Este é um aspecto que “Dumbo” alcança com sucesso, merecendo o seu destaque entre as demais obras.




MULAN

mulan live action
© Disney

A adaptação de “Mulan” tinha muito a seu favor, um elenco que incluem grandes nomes do cinema asiático, como Donnie Yen e Jet Li, bem como uma história clássica e acarinhada por muitos ainda nos dias de hoje. Todavia, o produto final acabou por deixar muito a desejar, principalmente devido à remoção dos icónicos números musicais.

A “Mulan” estreou em 2020, em plena pandemia e, apesar de alcançar audiências tanto através dos cinemas, como na Disney Plus, o produto acabou por rapidamente cair no esquecimento, muito devido à já referida ausências das músicas icónicas do original, mas também devido a diversas alterações realizadas à história.

Apesar destes aspectos, a longa-metragem protagonizada por Liu Yifei e realizada por Niki Caro consegue não ser um dos pontos mais baixos alguma vez alcançados pela Disney e a sua aposta na nostalgia dos clássicos.




PETER PAN & WENDY

Jude Law
Jude Law vai convencer todos enquanto Capitão Gancho © Disney

Depois de “A Lenda do Dragão”, David Lowery regressou ao mundo da Disney com a mais recente adaptação de “Peter Pan”, com este “Peter Pan & Wendy“, um filme com boas intenções e com um trabalho impressionante pela equipa em frente e por detrás das câmaras, mas que mesmo assim deixou um pouco a desejar.

Jude Law e Alexander Molony vestiram os seus papeis com grande perfeição, trazendo até à Disney Plus, um Capitão Hook e um Peter Pan com bastante personalidade e algum carisma. No entanto, o mesmo não se pode dizer em relação a muitos dos outros elementos do elenco.

Para além disso, o guião fraco surge como uma pedra no sapato que aos poucos vai arrastando esta adaptação para as profundezas do oceano. Contudo, tal como em “A Lenda do Dragão”, a maestria de Lowery na realização é capaz de elevar o material a alturas que acabam por justificar a sua existência.




ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Alice no País das Maravilhas
Mia Wasikowska em “Alice in Wonderland” (2010) © Disney Enterprises

Tim Burton reimagina o clássico da Disney de 1951, “Alice no País das Maravilhas”, com moderado grau de sucesso!

Alice Kingsleigh, tem 19 anos e vive em Londres. Num acontecimento insólito enquanto passa uma tarde nos jardins da sua casa, Alice parte para uma épica aventura quando entra no País das Maravilhas e encontra os seus amigos de infância – o Coelho Branco, Tweedledee e Tweedledum, a Lagarta, o Gato Chesire e o Chapeleiro Louco. Numa fantástica viagem, Alice vai-se envolver com o grupo de amigos para derrotarem a Rainha Vermelha e acabar com o seu reino de terror neste excêntrico mundo que aparentemente apenas Alice conhece.

Baseado na história de “Alice do País das Maravilhas”, este live-action de 2010 foi adaptado ao grande ecrã por Linda Woolverton e marcou a terceira colaboração do cineasta Tim Burton com os estúdios Disney (as primeiras como realizador foram “Vincent” – 1982 – e “Frankenweenie” – 1984). E se por um lado os fãs ficaram de pé atrás quando perceberam que o responsável de “Beetlejuice” seria também o responsável por trazer uma história da Disney aos grandes ecrãs, a verdade é que não desiludiu no produto final.

Num mundo que sempre se apresentou como extraordinário, estava claro que o maior desafio seria fazer um filme com actores reais e que conseguisse incorporar de forma genuína algumas das personagens que nunca seriam humanas – como o Gato de Chesire. O CGI apresentado não desiludiu e todo o cenário criado superou as expectativas, mesmo de alguns mais cépticos da capacidade de Burton em pegar num clássico da Disney.

Tendo talvez por base o seu trabalho de 2005 de Charlie e a Fábrica do Chocolate, Burton incorporou no filme a cor necessária e a alma de loucura essencial para este tresloucado conto onde partimos numa aventura do imaginário de uma criança que se tornou adulta, mas que não quer esquecer as suas fugas de infância. O elenco foi irrepreensível na forma como interpretaram as inseguranças de cada personagem, em concordância com as suas próprias forças. O que poderá no entanto ter pecado? É que talvez a história não é tão fiel à original quanto seria expectável. Mas com um universo imaginário destes, será assim tão mau adaptar e criar um universo ainda mais excêntrico?




A DAMA E O VAGABUNDO

Dama e o Vagabundo disney
Lady and the Tramp © Disney

Este é talvez um dos filmes que os fãs menos esperavam ver adaptado a live-action, um romance entre dois cães de lados opostos do espectro económico, numa pequena vila nos arredores da cidade de New England. O que mais há a dizer? Pois bem, parece que a Disney sentiu que estava a hora de revisitar esta história de amor, lançando uma nova versão de “A Dama e o Vagabundo” em 2019 na Disney Plus.

O novo filme move a história até as ruas de Nova Orleães, voltando a colocar a luta de classes como pano de fundo deste amor entre a Cocker Spaniel e o rafeiro. No entanto, a nova longa-metragem vai mais além aprofundando outros temas, como as relações interraciais, e adicionando novas camadas à história.

Tessa Thompson, Justin Theroux, Sam Elliott, Janelle Monáe, Benedict Wong e Clancy Brown dão voz e talento a esta adaptação inesperada.




CHRISTOPHER ROBIN

christopher robin
© Walt Disney Pictures

O catálogo nostálgico da Disney não é construído apenas de contos de fadas, e “Christopher Robin” é prova disso mesmo. Na corrida pela nostalgia e a atenção dos fãs de todas as idades, a Disney apostou numa nova adaptação de “Winnie the Pooh” e dos seus amigos.

Como o mundo não é construído apenas de aventura de alegria, este “Christopher Robin” foca-se num protagonista mais velho, que lida com o passar dos anos, a sobrecarga profissional e uma vida pessoal pouco satisfatória, colocando numa profunda depressão.

Os temas sombrios e mais adultos limitaram a atratividade deste projeto, mas a realização de Marc Forster e as performances de Ewan McGregor, Hayley Atwell, tornaram esta adaptação do universo de Ernest Shepard e A.A. Milne uma mais valia.




102 DÁLMATAS

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“102 Dálmatas” | © Disney

Depois do sucesso da versão live-action de “101 Dálmatas” em 1996, não demorou muito até a Disney decidir por uma sequela ao lume: “102 Dálmatas”.

Como muitas vezes acontece neste tipo de projetos com grandes estúdios envolvidos, mais do que conceber um seguimento orgânico e coerente para a narrativa do primeiro filme, esta sequela representou um exercício em repetição e excesso. Longe de sugerir algum problema com tal abordagem, convém dizer que a grande mais-valia de “102 Dálmatas” é o modo em como pega nos melhores aspetos do filme anterior e os leva até os extremos mais doidos de exagero e espetacularidade.

Glenn Close, por exemplo, está de volta como Cruela De Vil, mas desta vez qualquer noção de pseudo-realismo foi completamente obliterado da sua prestação. O que nos fica é uma versão completamente tresloucada da vila clássica que começa o filme como uma boa samaritana hipnotizada e termina-o como um demónio brutalizado por cachorrinhos com talentos para pastelaria francesa. O melhor de tudo é que, desta vez, Gérad Depardieu vem acrescentar mais vilania absurda à história e com sua personagem costureira vêm alguns dos figurinos mais loucos a alguma vez agraciar uma produção Disney.

O figurinista Anthony Powell foi justamente nomeado para o Óscar de Melhor Guarda-Roupa pelos seus esforços neste filme que, acima de tudo, é um deleite visual que nunca se leva a si encara a si mesmo com qualquer tipo de seriedade. Tanta é esta folia que o filme acaba por resvalar em alguns problemas bem sérios, como a total banalidade dos seus heróis humanos. Contudo, de forma geral, esta é uma sobremesa cinematográfica que, apesar de não ter grande valor nutricional, é irresistivelmente apetitosa.




O REI LEÃO

The Lion King (2019)
O Rei Leão (2019) | © 2019 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

O Rei Leão” de Jon Favreau peca pela sua indecisão entre moderno e o antigo. Por um lado o filme opta por seguir o original à linha, reutilizando planos e imagens sem qualquer criatividade ou independência, por outro lado, a complexidade e realismo de cada animal no ecrã elimina qualquer emoção que estas personagens tentem transmitir.

Apesar da sua fotografia dessaturada e seca, que oferece um aspecto pouco atrativo, a história do clássico manteve-se e com um elenco de luxo liderado por Donald Glover, Beyoncé, Seth Rogen e James Earl Jones, o filme conseguiu alcançar um grande número da audiência mundial, conquistando 1,6 mil milhões de dólares.

Sem grandes diferenças em relação ao original, para além de um pequeno conjunto de números musicais, o filme apostou na nostalgia e com uma história memorável e de grande aclamação, conseguiu alcançar um estatuto de relevo que poucos acharam ser possível.




A LENDA DO DRAGÃO

lenda do dragao
© 2016 – Walt Disney Studios Motion Pictures

A Lenda do Dragão” foi a primeira grande aposta de David Lowery no reino dos contos de fadas, trazendo até ao grande ecrã uma obra rica em emoção e carisma que, apesar de não ter conseguido um grande sucesso nas bilheteiras mundiais, tornou-se numa paixão de culto para muitos fãs do género.

Com uma realização inteligente, e um guião bem trabalhado, Lowery e a sua equipa conseguiram traduzir este conto clássico à era moderna, e apostando na praticidade das localizações e cenários, o realizador conseguiu alcançar com sucesso o realismo desejado.

Além disso, Bryce Dallas Howard, Robert Redford e um jovem Oakes Fegley conseguiram oferecer performances extraordinárias, mesmo tendo de contracenar contra um Dragão completamente digital.




A BELA E O MONSTRO

Bela e o monstro
© 2017 – Walt Disney Motion Pictures

Inspirado no clássico de 1991, “A Bela e o Monstro” é já um dos live-action mais primorosos e detalhados do universo da Disney.

Bela, uma jovem brilhante, bonita e independente, é aprisionada por um Monstro no seu castelo enfeitiçado. Apesar dos seus receios, torna-se amiga dos empregados encantados do castelo e consegue ver para além do terrível exterior do Monstro quando começa a conhecer a alma e o coração do verdadeiro Príncipe que vive no seu interior.

Chegando com facilidade a miúdos e graúdos, “A Bela e o Monstro” homenageia fielmente a versão original, enquanto se ajusta à cultura e preconceitos do século vinte e um.

Se, por um lado, é o primeiro filme da Disney com uma personagem LGBT, o Lefou, por outro lado, é carregado de sentimento e emoção, que cativam o espectador desde os primeiros momentos. Sendo reconhecido como o 13º filme mais dispendioso de sempre (225 milhões de euros), “A Bela e o Monstro” pode ser apreciado pelo seu elenco e visual brilhantes, pelos valores adjacentes na produção e pelas partituras musicais e canções de encantar.

Em paralelo, a diversão não é colocada de lado! Exemplo disso são os momentos de festança do Gaston e a guerrilha animosa entre a mobília do castelo encantado e os aldeões assustados com o Monstro. Também há que salientar a profundidade da história. Não é só o Monstro a apresentar um passado turbulento e de perda, como a própria mãe da Bela foi vítima duma das piores intempéries da época… Este é um dos pormenores que mais contrasta com a versão animada, que pouco adianta sobre os seus passados.

Podíamos ficar aqui a debater uma data de características acerca de “A Bela e o Monstro”, como a presença da feiticeira, os amuletos mágicos e demais diferenças para com a versão original, mas a melhor opção será mesmo ver e rever esta adaptação admirável.




ALADDIN

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Aladdin | ©Disney Enterprises, Inc.

Realizado por Guy Ritchie, “Aladdin” foi uma verdadeira surpresa para os fãs da Disney. Introduzindo o público a Mena Massoud no papel titular, esta longa-metragem adapta fielmente o enredo do original, sem grandes desvaneios.

Will Smith no papel de Genie foi uma escolha que deixou muitas fãs hesitantes, e as coisas não melhoraram com a campanha de marketing que se seguiu, mas a verdade é que o produto final fala por si, e Smith conseguiu conquistar os fãs mais céticos, que juraram não existir ninguém capaz de assumir o papel outrora interpretado por Robin Williams.

Apesar de ter estreado em 2019, no meio de uma avalanche de reinvenções em imagem real da Disney, “Aladdin” conseguiu sobressair, conquistando a atenção das audiências mais casuais e alcançando a lista dos filmes com mais bilheteira da história.




O LIVRO DA SELVA

Jungle Book
O Livro da Selva | © 2016 Disney

Surpreendendo até os mais apreensivos, a Disney e Jon Favreau conseguiram criar com “O Livro da Selva” uma nova obra de arte para esta geração.

Dizer que “O Livro da Selva” é um live-action é quase inapropriado – com apenas uma personagem “humana” e onde mesmo os cenários mais naturais são manipulados, a adaptação do clássico de 1967 por Jon Favreau é mais um tour de force tecnológico do que propriamente um igual para com os restantes títulos da lista, mantendo-se, até ao momento, como o novo padrão de ouro para a criação de ambientes e personagens fotorealistas.

Recuperando elementos não só do clássico da Disney como também da obra literária homónima de Rudyard Kipling – como a exploração da origem do medo de Shere Khan do fogo humano – “O Livro da Selva” acaba por se tornar uma obra mais focada, mais afetante e mais emocionante e com um Mowgli mais interessante e heróico, capaz de se proteger a si e à selva que chama casa, mas também mais equilibrado entre a sua inocência teimosa e a sua maturidade precoce.

Além de uma performance notável de Neel Sethi como Mowgli – aqui temos de recordar uma e outra vez que, na esmagadora maioria dos casos, estaria a representar com stand-ins ou uma bola de ténis – também o elenco secundário e vocal é absolutamente notável e confere ao novo clássico de Favreau um calor imenso, e que valeria a pena só pelo incrível rasgo criativo que foi destacar e eleger Bill Murray como Balu.

Definitivamente uma das melhores e mais ricas adaptações live-action da parte da Disney e, talvez mais importante, uma das raras instâncias onde o Novo ultrapassa o Antigo.




MALÉFICA

maléfica
© Walt Disney Motion Pictures

Angelina Jolie dá corpo (e alma) a uma das grandes vilãs da história da Disney: Maléfica.

Maléfica é talvez a melhor vilã no cânone de clássicos Disney, sendo uma espécie de materialização de pura maldade e horror, uma criatura intrinsecamente maligna sem qualquer tipo de humanidade a sombrear sua magnificência. Desde o desenho até a crueldade untuosa das suas falas e gestos, ela é um ícone. Em 2014, esse ícone voltou ao grande ecrã, se bem que numa nova história que acaba por trair tudo o que fez da vilã original uma personagem tão amada. Em contrapartida, esta nova figura é, por mérito próprio, uma anti-heroína de impor respeito.

Interpretada por Angelina Jolie com a face afiada por maquilhagem subtil, um guarda-roupa nomeado para os Óscares e um sotaque inglês a transbordar sofisticação ameaçadora, esta Maléfica 2.0 é uma diva que impõe respeito. Além disso, a sua história revela complexidades que a Disney raramente dá às suas personagens, como a reação hostil quando confrontada com o trauma ou a ambivalência moral com que Maléfica encara suas ações violentas.

No final, este foi um triunfo da nova era Disney e validou tanto a viabilidade comercial como crítica e popular dos remakes de clássicos de animação. Acima de tudo, mostrou que não é necessário manter esses clássicos inalterados na sua viagem até aos cinemas contemporâneos. Na verdade, diríamos que o que faz de Maléfica um tão bom remake é sua coragem para completamente subverter o conto original ao invés de ser uma repetição plano por plano de um filme que, na verdade, já é bem perfeito na sua forma animada de 1959.




A PEQUENA SEREIA

halle bailey
“A Pequena Sereia” | ©NOS Audiovisuais

A Pequena Sereia” é um dos filmes em imagem real mais recentes da Disney, tendo alcançado o grande ecrã no verão de 2023, onde lutou para ganhar a atenção de um calendário de estreia bem sobrelotado. Apesar de deixar um pouso a desejar no que toca a bilheteira mundial, o filme protagonizado Halle Bailey conseguiu cativar a atenção dos fãs, com as suas cores garridas e fotografia deslumbrante.

Esta adaptação permitiu ao estúdio desenvolver um pouco mais a história de Arial e de Eric, dando a conhecer um pouco mais os seus interesses, bem como a história da comunidade que os rodeia, permitindo a construção de uma narrativa mais rica e moderna.

As novas interpretações musicais deste clássico não desapontaram, bem como as novas músicas que ajudaram a aprofundar um pouco mais este romance eterno. Com a realização de Rob Marshall, “A Pequena Sereia” demonstrou uma vez mais que as adaptações em imagem real ainda valem a pena.




CINDERELA

Cinderela
Lily James é Cinderela | ©NOS Audiovisuais

Lançado em 2015, “Cinderela” é um dos mais recentes live-action que os estúdios da Disney trouxeram para o grande ecrã e revelou-se um enorme triunfo!

No filme, acompanhamos Ella (Lily James), uma jovem rapariga que apoia o seu pai quando este se casa novamente. Acolhendo a nova madrasta (Cate Blanchett) e as suas filhas Anastasia (Holliday Grainger) e Drisella (Sophie McShera), Ella torna-se uma criada quando o pai morre inesperadamente. Decidida no entanto a focar-se no lado positivo da vida, vê no encontro com um estranho uma bonita história de amor a acontecer. Não sabendo que se trata do Príncipe (Richard Madden), a sua aventura começa quando se vê impedida de ir ao baile do palácio mas encontra apoio numa mendiga, a sua fada madrinha (Helena Bonham-Carter), que a irá ajudar a mudar a sua vida para sempre.

O argumento, adaptado por Chris Weitz, não foge da história do conto de fadas que todos conhecemos. A grande diferença é realmente que aqui a história é contada através de actores reais mas o filme está tão bem feito que tem em si a magia inerente à Disney e que nos faz lembrar porque é que nos deixamos encantar pelos seus contos de “felizes para sempre”.

Para nós, este live-action merece o segundo lugar no top porque conseguiu ser a personificação perfeita da animação que conhecemos em 1950. Kenneth Branagh, trouxe a “Cinderela” o estilo clássico que queríamos ver representado neste conto intemporal. O cineasta foi em tudo genial: apresentou a história, convenceu-nos com os figurinos que apresentou, simplesmente incríveis, e rematou com um elenco fantástico, com cada actor a encaixar que nem uma luva no papel.

E se por um lado, numa perspectiva mais analista, podemos invocar que o “problema” do filme é que à altura em que foi lançado não se enquadrava na temática dos filmes em que se queria a protagonista feminina como alguém capaz de se impor, a verdade é que tudo isso desaparece porque sabemos que isto é um conto de fadas. E Lily James está absolutamente divinal no papel de Cinderela, fazendo-nos acreditar que aquele é o destino dela e o que ela merece. Não importa se ela se deixou levar pela sua condição imposta de criada, porque no final ela teve o seu final feliz.




CRUELLA

Cruella
Cruella | © Disney

Lançado em simultâneo nos cinemas e na Disney Plus em plena pandemia, “Cruella” conseguiu conquistar a atenção de todos aqueles amam os clássicos de animação da Disney, mas também os mais céticos.

Seguindo os paços dos seus predecessores, “Cruella” trouxe de novo ao grande ecrã a Cruella de Vil que todos amamos, dando a conhecer a sus história de origem e não esquecendo todo o glamour que a ela é associado.

O filme foi capaz de se destacar por entre as múltiplas adaptações em imagem real da Disney, com um elenco de luxo liderado por Emma Stone e Emma Thompson, e com uma realização memorável de Craig Gillespie.

Na hora das premiações esta adaptação não foi esquecida, sendo nomeada para dois prémios da Academia de Cinema de Hollywood, dos quais conquistou o Óscar de Melhor Guarda-Roupa para a talentosa Jenny Beavan.




101 DÁLMATAS

cruella 101 dalmatas
© Disney

Afetados por uma tremenda onda de nostalgia? Talvez, mas 101 Dálmatas – a primeira adaptação live-action de uma animação Disney – continua confortavelmente no topo da nossa lista!

Os remakes live-action da Disney podem só ter subido à crista da onda do zeitgeist da cultura popular na última década, no entanto, um dos mais valerosos exemplos desta reincursão pelos grandes clássicos é também uma das primeiras adaptações.

Escrito e produzido por John Hughes (sim, o mesmo John Hughes de “O Clube e “O Rei dos Gazeteiros), “101 Dálmatas padece à data e  evidentemente, de um certo mal chamado “envelhecimento” ou “passagem do tempo”, mas a estrondosa performance vilanesca de Glenn Close eleva o remake além das expectativas e a aposta assumida em efeitos maioritariamente práticos e cães verdadeiros (misturados com a tecnologia CGI e Animatrónicos – thanks “Parque Jurássico”!) tornam-no um visionamento extremamente divertido e emocionante, mesmo em pleno 2019.

Revisitando o espírito profundamente brincalhão do original mas sem deixar de edificar a sua própria identidade, “101 Dálmatas” chega ao topo da nossa lista, possivelmente, porque, e talvez mais do que qualquer uma outra adaptação desta lista, transpira nostalgia por uma Disney que talvez nunca regressa, mais terna e próxima da criança que existe em cada um de nós – porque apesar de hoje ser associada tanto aos seus adorados heróis animados como também aos Piratas das Caraíbas, aos jedi dos Star Wars ou até aos xenomorfos de Alien, para muitos de nós, a Disney será sempre e só… a “nossa” Disney: a eterna companheira de uma criança feliz.

Artigo atualizado, publicado originalmente por Marta Kong Nunes a 25 de Março de 2019.

Qual das adaptações em imagem real da Disney é a tua favorita?


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