Agnès Varda em "Varda por Agnès" (2019) |©Midas Filmes

100 Realizadoras a conhecer ou recordar

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A mulher atrás da câmara foi um taboo durante muitos anos no mundo do cinema. Hoje, são cada vez mais as mulheres a ocupar este lugar. Trazemo-vos assim 100 realizadoras a manter debaixo de olho!

Durante muitos anos, o cinema, a arte que é a suma de todas as outras, e que se conta já centenária, foi vista como criada por homens.  No século XXI, os ventos da mudança fazem sentir-se e as realizadoras, no feminino, começam cada vez mais a manifestar-se, e a ganhar espaço na indústria para criar a sua arte. A mulher e o homem não são iguais, mas têm antes visões complementares. Ao desbravar caminho, criamos espaço para ângulos femininos, para outras formas de representar uma mesma realidade, o “olhar feminino” de que tanto se fala, e que inevitavelmente vai enriquecer uma indústria viciosa e com uma longa tradição de voltar a trabalhar material já conhecido.

Na história dos Óscares, poucas foram as mulheres indicadas ao Óscar de Melhor Realizador. Custa a crer, mas apenas cinco realizadoras foram apontadas até então. Contudo, o século XXI trouxe a maioria destas nomeações. Em 2019, Greta Gerwig foi a 5ª realizadora alguma vez nomeada na categoria de realização. Foi ainda indicada na categoria de Argumento. Sinais de mudança?

E porque o cinema no feminino, ou o cinema realizado por mulheres não é uma raridade, aqui ficam 100 realizadoras a não descartar!

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AGNÈS VARDA (n. 1928 – f. 2019)

Olhares Lugares
“Olhares, Lugares” (2017) |© Midas Filmes

Começamos esta lista em grande com um nome incontornável, estrutural para o próprio tecido da História do Cinema, com “H” grande. Varda é um enorme nome, para sempre ligada ao movimento francês da Nouvelle Vague, uma peça fundamental para a criação do Cinema Moderno. Varda faleceu em 2019, um ano em que estava particularmente na ribalta, devido à sua nomeação ao Óscar de Melhor Documentário em 2018 por “Olhares Lugares” (2017). A realizadora faleceu aos 90 anos de idade, mas estava ainda bem no ativo.

É conhecida por obras como “Cléo de 5 à 7” (1962) ou “Sem Eira Nem Beira” (1985). Foi casada com uma outra lenda do cinema francês, Jacques Demy, realizador de “Lola” (1961)  de 1962 até à morte de Demy em 1990.

Agnès, artista, fotografa, realizadora, é vista e celebrada como uma pioneira do cinema. A realizadora, conhecida pelo seu corte de cabelo à tigela, sua imagem de marca, foi determinante no movimento do documentário, lidando com questões que se prendem com o realismo, feminismo, comentário social. O seu trabalho marca-se por uma distinta componente experimental.

Varda era tida como um dos últimos marcos da Nouvelle Vague ainda no ativo.




GRETA GERWIG (n. 1983)

realizadoras
Greta Gerwig e Timothée Chalamet em “Lady Bird” (2017) |©NOS Audiovisuais/A24

Com o espírito virado para uma lógica de atualidade e actualização, poucas realizadoras gozam actualmente do estatuto da atriz, realizadora e argumentista nascida em 1983. Greta Gerwig goza de um estatuto bastante imaculado, de momento, na indústria de Hollywood, saída do triunfo que foi “Lady Bird” (2017). Um triunfo junto da crítica, multiplicando-se as notícias que celebravam o conto de “coming of age” como o filme com melhor rating de sempre na plataforma de agregação Rotten Tomatoes.

“Lady Bird” foi apenas a segunda longa-metragem realizada pela atriz, a primeira a solo, mas a atriz tinha já um longo percurso percorrido atrás da câmara. Nomeadamente, as longas-metragens do namorado que protagonizou e que co-escreveu, como “Frances Ha”, de Noah Baumbach, permitiram-lhe aprender no terreno, e tornar-se realizadora com uma “escola” prática, a das rodagens, a de todos os sets em que esteve antes de se sentar na cadeira de realizadora. Parece que resultou. Em 2019, lança uma nova versão de “Mulherzinhas” e foi já anunciada como a realizadora do filme de imagem real baseado na Barbie. E quem sabe, talvez uma nova nomeação para Melhor Realizadora esteja ao seu alcance para breve, e aí sim, voltaria a quebrar recordes.




DEE REES (n. 1977) 

Realizadoras
Mary J. Blige e Dee Rees em “Mudbound” (2017) |©Steve Dietl / Netflix

Dee Rees é uma talentosa realizadora norte-americana, que partilha algo em comum com as realizadoras já apresentadas. A nomeação ao Óscar. Pelo seu impecável “Mudbound – As Lamas do Mississípi” (2017), Rees foi nomeada ao Óscar de Melhor Argumento Adaptado, partilhado com Virgil Williams. Com esta nomeação, Dee Rees tornou-se a primeira realizadora afro-americana nomeada nesta categoria. O seu drama de guerra sobre uma amizade perigosa inter-racial foi ignorado nas categorias principais, muito provavelmente devido à sua produção a cargo da Netflix. Contudo, recebeu ainda algum destaque na temporada de 2017/2018,  com quatro nomeações aos Óscares e muitas outras a outros prémios, e que merecido.

A realizadora, nascida em Nashville, destacou-se também pela sua obra biográfica “Bessie” (2015). A sua primeira longa-metragem de ficção, “Pariah” (2011),  explora complicadas temáticas raciais e LGBTI e marca um grande início de carreira claramente promissor.




KATHRYN BIGELOW (n. 1951) 

Realizadoras
Jamie Lee Curtis e Kathryn Bigelow em “Aço Azul” (1990) |©Lionsgate
Por estranho que possa parecer, Katheryn Bigelow foi a primeira mulher a ganhar um Óscar na categoria de Melhor Realizador. Uma cerimónia que acontece há mais de 90 anos apenas premiou uma mulher neste campo no século XXI. Hoje em dia, é ainda uma raridade uma mulher ser sequer considerada nesta categoria.
Bigelow é um grande nome, e no ano em que venceu o Óscar  enfrentava grande competição. Foi em 2010, por “Estado de Guerra” (2008), e competia contra James Cameron, o seu ex-marido, responsável por “Avatar” (2009). Venceu após 82 anos de Óscares, marcando uma mudança histórica. Nessa noite, levou ainda o Óscar de Melhor Filme.
Bigelow voltou a ser nomeada aos Óscares mais tarde, desta vez como Produtora na categoria de Melhor Filme, para “00:30: A Hora Negra”(2012), também por ela realizado. Em 2017, realizou o drama histórico “Detroit” (2017), cimentando a sua herança cinematográfica em temáticas sociais  e históricas complexas. É uma forte candidata potencial à primeira mulher a acumular mais do que uma nomeação nesta categoria.




AVA DUVERNAY (n. 1972) 

Realizadoras
Oprah Winfrey, David Oyelowo e Ava DuVernay em “Selma” (2014) |©Outsider Films

Ava DuVernay é uma das mais célebres realizadoras, produtoras, argumentistas e profissionais da distribuição no feminino. A realizadora destaca-se particularmente no registo documental, e foi nomeada ao Óscar pelo seu filme “A 13ª Emenda”, lançado em 2016. É também muito conhecida pelo seu trabalho de realização na  obra centrada em direitos raciais “Selma”, de 2014.  O filme foi nomeado para dois Óscares, incluindo Melhor Filme, mas Ava não se encontrava entre os produtores indicados. Foi contudo nomeada ao Globo de Ouro de Realização por esse mesmo filme.

Jogou também já no campeonato da Disney, com a longa-metragem “Uma Viagem no Tempo” (2018), no original “A Wrinkle in Time”.

Ava prepara-se de momento para entrar no universo da DC Comics, com a adaptação ficção científica de “The New Gods”. Em pré-produção no campo da realização tem ainda “Battle of Versailles”, um drama histórico situado em 1973, no Palácio Real de Versailles, onde designers de topo franceses como Sain Laurent e Pierre Cardin enfrenta os novos talentos americanos, como Oscar de la Renta ou Anne Klein.

A realizadora estreou-se no campo da longa-metragem com o documentário ” This is the Life” (2008), uma história do movimento hip hop na Los Angeles dos anos 90. Desde aí, não parou. Nos últimos tempos, destacou-se também no campo da televisão, tendo realizado a mini-série dramática “When They See Us” (2019), uma produção Netflix baseada em factos verídicos.




SOFIA COPPOLA (n. 1971) 

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Kirsten Dunst e Sofia Coppola em “Marie Antoinette” (2006) |©Sony Pictures

Sofia vem de uma grande, gigante família. O seu pai, Francis Ford Coppola, figura entre os mais influentes realizadores norte-americanos de todos os tempos. Diversos membros da sua família atingiram sucesso por mérito próprio: O seu irmão Roman Coppola é um talentoso argumentista, a sua sobrinha Gia Coppola uma talentosa realizadora emergente, e os seus primos Nicolas Cage e Jason Schwartzman são atores de sucesso, por ai adiante. Sofia, entre todos estes familiares com impressionantes currículos, é capaz de ser a que mais longe chegou.

Tirando o pequeno contratempo de uma péssima prestação enquanto atriz no terceiro capítulo de “O Padrinho”, Sofia tem um registo cinematográfico praticamente imaculado. Sofia é uma das poucas mulheres que  já foi nomeada na categoria de realização, nos Óscares. Aconteceu em 2004, pelo seu enorme sucesso “O Amor é um Lugar Estranho” (2003), filme que lançou a carreira de Scarlett Johansson, que com este filme conquistou a primeira nomeação aos Globos de Ouro, aos 20 anos.

Em 2004, foi ainda nomeada na categoria de Melhor Filme e Melhor Argumento, tendo vencido então Melhor Argumento Original. Antes de “Lost in Translation – O Amor é Um Lugar Estranho” (2003), alcançou o sucesso com “As Virgens Suicidas” (1999). Desde aí, lançou a controvérsia com os seus dramas históricos adulterados, tais como “Marie Antoinette” (2006) ou “O Estranho Que Nós Amamos” (2017).




PATTY JENKINS (n. 1971) 

Realizadoras
Charlize Theron e Patty Jenkins em “Monstro” (2003) |©Newmarket Films

Patty Jenkins esteve nas bocas do mundo recentemente, devido ao astronómico sucesso que atingiu com o seu filme “Mulher-Maravilha” (2017), capaz de dar novo fôlego ao género do super-herói, especialmente na DC Comics, e revitalizar a figura da Wonder Woman. Foi também um filme que disse: “uma mulher também vende”. Um filme protagonizado por uma mulher e com um olhar no feminino também é capaz de ser um blockbuster.

Contudo, é redutor considerar o contributo de Patty Jenkins apenas baseado nesta obra. Jenkins está cá há muito tempo, e é uma das realizadoras mais prolíficas de Hollywood. No seu currículo, contam-se obras como “Monstro”, de 2003, filme pelo qual Charlize Theron levou para casa o Óscar. O que é mais impressionante é que “Monstro” foi a primeira longa-metragem da realizadora, consolidando-se um esforço bastante bem sucedido.

Jenkins tem vindo a oscilar entre o cinema e a televisão, tendo realizado um episódio de “Arrested Development” em 2004, 2 de “Entourage” em 2006 e 2 de “The Killing”, entre 2011 e 2012, incluindo o piloto, entre outros conteúdos, A sua filmografia não é longa, mas é impressionante. De momento, prepara-se para lançar a sequela de “Wonder Woman”, “Wonder Woman 1984”, sequela do filme de 2017, que é tida como estando em pós-produção mas sobre a qual se sabe ainda muito pouco.




LYNNE RAMSAY (n. 1969) 

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Lynne Ramsay e Jasper Newell em “Temos de Falar Sobre Kevin” (2011) |©Oscilloscope

Lynne Ramsay é uma talentosa realizadora, argumentista e produtora britânica, especialmente reconhecida pelas suas longas-metragens, entre elas “Temos de Falar Sobre Kevin” (2012), obra que lançou o jovem Ezra Miller e que valeu a Tilda Swinton a nomeação ao Globo. Em 2017, voltou a ser muito falada devido ao seu igualmente ( se não mais) perturbador “Nunca Estiveste Aqui”, protagonizado por Joaquin Phoenix.

Lynne começou, como a maioria dos realizadores, no campo da curta-metragem. Pela sua curta “Swimmer”, de 2012, venceu um BAFTA. Contudo, tinha já explodido em 1999, com o filme britânico “Ratcatcher”, estreado em Cannes. Aqui está , o caso de uma realizadora britânica que antes de gravar nos Estados Unidos era já um sucesso na Europa.




CLAIRE DENIS (n. 1946) 

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Claire Denis e Alex Descas em “35 Shots de Rum” (2008) |©Wild Bunch

Claire Denis é uma realizadora francesa que conta já com uma longa carreira, e que atingiu sucesso internacional com algumas das suas produções mais recentes. Alguém que conhece a indústria europeia por dentro e por fora, Claire Denis participou em alguns projectos marcantes antes de forjar o seu próprio nome. Nomeadamente, foi assistente de realização nas lendárias obras “Paris, Texas” (1984) e “Asas do Desejo” (1987), ambos filmes da autoria de Wim Wenders.

Entre as suas obras mais célebres destaca-se a aventura espacial “High Life” (2018), protagonizada por Robert Pattinson, e muitas outras obras em língua francesa, como por exemplo “Nénette et Boni” de 1996.




CATHERINE HARDWICKE (n.1955) 

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Catherine Hardwicke com Amanda Seyfried no set do seu filme “A Rapariga do Capuz Vermelho” (2011)| ©Warner Bros. Entertainment Inc.

Catherine Hardwicke tem uma curiosa, e acima de tudo, diversificada carreira. Por um lado, foi responsável pela realização do primeiro capítulo da saga “Twillight”, uma produção modesta da parte da Summit Entertainment, que na altura desconhecia o potencial comercial deste franchise. Este primeiro filme, de forma alguma “bom”, tem um sentimento mais indie e mais inseguro do que os restantes capítulos desta enorme máquina, que elevou a Summit a outros patamares de facturação nunca antes conhecidos.

Hardwicke, contudo, fez outras obras conhecidas antes de “Crepúsculo” (2008). Entre elas, mais importante é destacar “Treze – Inocência Perdida”, de 2003, um drama importante para a carreira de Evan Rachel Wood. A realizadora é conhecida pela sua capacidade de adaptação a inúmeros registos, tendo feito não apenas longas-metragens para cinema, mas tendo também realizado videoclipes e episódios de séries de televisão.

Em 2019, gravou “Miss Bala”, um remake do original mexicano de língua espanhola, aqui em inglês, protagonizado pela hispânica Gina Rodriguez. De momento, tem diversos projectos em pré e pós-produção.




JANE CAMPION (n. 1954) 

Jane Campion
Kate Winslet e Jane Campion em “Fumo Sagrado” (1999) |©Miramax

Jane Campion é absolutamente essencial quando falamos sobre mulheres atrás da câmara. Ela é, sem dúvida, das artistas visuais mais impactantes da indústria, e o seu trabalho é estudado por muitos, de um ponto de vista forma e estilístico. Aos 65 anos, e com uma carreira que se prolonga desde os anos 80, Jane é o tipo de mulher e realizadora que lutou para se impor numa indústria dominada por homens.

“O Piano”, de 1993, valeu-lhe duas nomeações ao Óscar, de Melhor Argumento Original, o qual venceu e de Melhor Realizador. Não venceu na categoria de realização, mas entrou assim num clube muito exclusivo, composto apenas por 5 membros, o as nomeadas no feminino, nesta categoria. “O Piano” foi ainda responsável por lançar a carreira de Anna Paquin, que com este filme se tornou a segunda atriz mais nova a alguma vez vencer os Óscares, aos 11 anos de idade.

Campion tem outras obras de referência como, por exemplo, a série “Top of the Lake” (2013 – 2017) ou o drama histórico “Retrato de Uma Senhora” (1996), adaptação cinematográfica de uma obra literária de Henry James, entre muitas outras obras de referência.

De momento, prepara o drama “The Power of Dog”, com estreia prevista para 2021. O filme será protagonizado por Kristen Dunst, Benedict Cumberbatch e Paulo Dano, e narra a história de dois irmãos, donos de um rancho em Montana, que são colocados em confronto um contra o outro, quando um deles se casa.




ELIZABETH BANKS (n. 1974) 

Realizadoras
Banks realiza e co-protagoniza esta nova versão de “Anjos de Charlie” |Photo by Chiabella James – © 2019 CTMG, Inc.

A propósito da iminente estreia do novo remake de “Os Anjos de Charlie”, realizado por Banks e a estrear já no próximo mês de novembro de 2019, faz todo o sentido incluir a atriz e realizadora nesta lista.

A atriz de 45 anos tem uma carreira que já vai longa em Hollywood, a qual contempla tanto cinema quanto televisão. A realização é relativamente recente na sua carreira, mas pode considerar-se que está a correr bem. A sua primeira curta foi realizada em 2010, e a primeira longa-metragem veio em 2015, com o bem sucedido “Num Tom Perfeito 2”. Em 2019, apresenta-nos esta história, a dos anjos de Charlie,  numa nova versão atualizada aos tempos modernos.

Tem já um outro projecto anunciado, “The Greater Good”, um filme para a televisão, uma espécie de versão cómica dos ficheiros secretos.




LIZZIE BORDEN (n.1958) 

realizadoras
“Bor in Flames” (1983) de Lizzie Borden |©First Run Features

 

Num registo mais sério, passamos para uma realizadora não tão conhecida, mas que é responsável por um empolgante e importantíssimo trabalho. Lizzie Borden, nascida Linda Borden,  adoptou este nome como ato de irreverência, um nome artístico baseado numa célebre suposta homicida.

A sua obra incide muito sobre temáticas fortes, como o feminismo. O seu filme mais célebre será, possivelmente, “Born in Flames” (1983), uma comédia dramática de ficção científica que nos coloca num cenário distópico. Estamos num mundo onde houve uma revolução socialista nos EUA. Temos uma distopia que considera grupos como minorias, liberais, feministas e outras organizações atacadas pelo governo. O filme situa-se em Nova Iorque, neste tempo futuro não determinado, e segue a mobilização de um grupo de mulheres rumo à revolução.

Lizzie Borden gravou pouco ao longo da sua vida profissional, apenas nove créditos constam na sua página do IMDB, mas o que de facto ficou é marcante e merece ser visto por um número superior de pessoas.




BRIE LARSON (n. 1989) 

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Brie Larson e Samuel L.Jackson em “Unicorn Store” (2017) |©Netflix

Brie Larson é mais um, entre inúmeros casos, de uma atriz que, conhecendo bem o meio onde se move, decidiu aventurar-se na realização. A atriz, vencedora do Óscar pela sua interpretação em “Quarto” (2015), realizou a sua primeira longa-metragem em 2017. A jovem atriz tem ainda de dar provas no campo da realização, mas vai bem encaminhada, tendo em conta que a sua primeira longa, “Unicorn Store”, foi distribuída pela Netflix. No papel principal encontramos a realizadora, bem acompanhada por nomes como Samuel L. Jackson e Joan Cusack. “Unicorn Store” é um filme para sonhadores, um filme sobre sonhos e a sua concretização. Ao fim de contas, nunca é tarde demais para sonhar com unicórnios…

Este é um dos nomes mais novinhos da lista, e certamente o futuro ainda lhe reserva muitas surpresas.




EMMA TAMMI 

the wind motelx
“The Wind”  de Emma Tammi| © MOTELX

 

Emma Tammi estreou-se na realização com a longa-metragem “The Wind” , um filme de 2018, exibido na última edição do Motelx, que recupera as lendas do folclore norte-americano. Um filme de época, estreado na edição do ano passado do TIFF – Toronto International Film Festival. Apesar de a estrutura narrativa desta obra deixar um pouco a desejar, para primeiro esforço e para primeira longa, há que reconhecer que Emma Tammi mostra bastante promessa.

“The Wind” situa-se no século XIX, numa área ainda remota do Novo México, onde vive um jovem casal. Quando chegam novos vizinhos, origina-se uma trama baseada em desconfiança, paranóia e muita superstição e crença no sobrenatural. Mas o que é real neste conto?

Emma, originalmente ligada ao género documental, que agora se aventura na ficção,  tem certamente uma longa carreira pela frente e cá estaremos para a testemunhar.




LULU WANG (n.1983) 

Lulu
No set de “Posthumous” (2014), a sua primeira longa-metragem |©The Orchard Distribuiton

 

Lulu Wang é uma jovem realizadora chinesa que vive e trabalha nos Estados Unidos da América, onde cresceu e estudou. Lulu vive em Los Angeles e tem vindo a revelar-se como uma enorme promessa da indústria, especialmente na presente temporada de 2019/2020, devido ao seu enorme sucesso “The Farewell“, em Portugal “A Despedida”.

“The Farewell” estreou no Festival de Cinema de Sundance, no início de 2019, onde foi comprado pela conceituada A24. O filme segue uma artista nova iorquina, aqui interpretada por Awkwafina. A jovem protagonista viaja até à china para se reunir com a família quando a sua avó está no leito da morte. A história baseia-se na própria vida da realizadora. O filme está em inúmeras listas que o destacam como um dos melhores filmes no festival, tendo conseguido um impressionante número de 207 críticas positivas no Rotten Tomatoes.

Em janeiro deste ano, a Variety nomeou Wang como um dos “dez realizadores a manter debaixo de olho”. Numa entrevista a essa publicação, a autora revelou um pouco sobre o seu próximo projecto, uma obra de ficção científica bastante sóbria.




NANCY MEYERS (n. 1949) 

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Mel Gibson e Nancy Meyers em “O Que as Mulheres Querem” (2000) |©Paramount Pictures

Nancy Meyers não é propriamente conhecida por produções de elevada qualidade super premiadas e badaladas. Nunca foi a realizadora do momento, nem quebrou recordes. Contudo, há que não a esquecer numa retrospetiva a realizadoras como esta. O género da comédia romântica é muito orientado para o público feminino. Contudo, o mais frequente é que sejam homens a realizar estes filmes, como, supomos, em todos os outros géneros. Nancy é uma mulher que está na indústria há muitos anos, e que realizou diversos sucessos de bilheteira.  A realizadora, produtora e argumentista é responsável por projectos como a versão mais recente de “Pai Para Mim, Mãe Para Ti” (1998), por “O que As Mulheres Querem” (2000) ou, mais recentemente, “O Estagiário” (2015), entre outros.

Embora tenha apenas 7 créditos de realização, 17 dos seus argumentos viram a luz do dia. Nancy partiu inicialmente de um cargo executivo, e foi quase na viragem do milénio que conseguiu finalmente saltar para trás da câmara. A sua carreira começou por ganhar forma inicialmente no campo do argumento, como é comum com muitas realizadoras. Em 1981, foi nomeada ao Óscar de Argumento Original por “Loucuras de Uma Recruta”, uma comédia protagonizada por uma jovem Goldie Hawn.




SARAH POLLEY (n. 1979) 

Sarah Polley
Sarah Polley em “Histórias que Contamos” (2012) |©Roadside Attractions

 

Sarah Polley é uma atriz, argumentista e realizadora canadiana especialmente célebre nos círculos mais alternativos. Destaca-se, nomeadamente, pela escrita, tendo sido nomeada ao Óscar de Melhor Argumento Adaptado em 2008 pelo filme “Longe Dela” (2006), realizado também por si. Em 2012, Polley realizou “Histórias que Contamos” , um documentário particularmente bem-recebido. Esta história vê Sarah Polley a investigar a sua própria vida, e a da sua própria família, procurando os segredos que se escondem por detrás de uma família de contadores de histórias. O filme marca pelo sentimento de nostalgia, pela busca por uma essência familiar pouco palpável mas muito real. É um filme daqueles que resulta sempre no registo documental, um filme sobre a importância da memória. É também uma obra muito pessoa, onde a realizadora entrega muito de si e dos seus.

Para 2020, Polley prepara a série de 8 episódios “Hey Lady!”, sobre a qual ainda pouco se sabe.




JENNIFER LEE (n. 1971)

Frozen 2
“Frozen 2”  de Jennifer Lee e Chris Buck | © NOS Audiovisuais

 

De mãos dadas com Chris Buck, Jennifer Lee é responsável pela realização de um dos mais bem-sucedidos filmes de animação de todos os tempos – “Frozen – O Reino do Gelo“. A argumentista, produtora e realizadora tem apenas três créditos de realização no bolso. São eles o primeiro “Frozen”, a seq

uela que está prestes a estrear e uma curta-metragem participante do mesmo universo. Ainda assim, é impressionante que a sua primeira produção enquanto realizadora tenha facturado mais de 1 bilião (ou 1 mil milhão, em bom português). Lee é também uma das responsáveis pela história original e argumento do filme. Por “Frozen”, levou para casa a Estatueta Dourada por Melhor Filme de Animação em 2014.

O seu primeiro argumento foi o enorme sucesso “Força Ralph” (2012) e é também co-criadora do argumento de “Zootrópolis” (2016), outra grande animação. No campo da imagem real, mas ainda com a Disney, a sua caneta foi uma das que assinou o argumento de “A Wrinkle in Time” (2018) de Ava DuVernay . Quem sabe que outros projectos esperam esta realizadora, a quem podemos atribuir a criação de personagens femininas fortes no mundo dos Estúdios Disney.




LEONOR TELES (n.1992) 

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Leonor Teles premiada na Berlinale (2016) |©Berlinale

 

Temos uma nova realizadora mais nova nesta lista, e desta vez é portuguesa. Porque uma lista de realizadoras a manter debaixo de olho não se faz apenas de nomes estrangeiros, europeus ou da indústria de Hollywood, iremos incluir também talento nacional, bem merecedor, nesta lista. Leonor Teles, formada na conceituada Escola Superior de Cinema e Teatro, destacou-se desde logo com o seu filme de final de curso, a curta-metragem “Rhoma Acans” (2012), focada numa narrativa sobre a comunidade cigana. Teles tem ligações familiares a esta comunidade, altamente marginalizada em Portugal, e incorpora essa proximidade nas suas obras. A sua curta seguinte, “Balada de Um Batráquio” (2016), valeu-lhe o Urso de Ouro em Berlim. A curta, muito simples e desprovida de artefactos, centra-se na destruição dos sapinhos de loiça colocados à porta de estabelecimentos comerciais, em Portugal, com o intuito último de afastar ciganos.

Em 2018, realizou a sua primeira longa-metragem, ainda no registo documental, “Terra Franca”, uma carta de amor à sua terra natal e às atividades do mar que a caracterizam. Este filme saiu vencedor no festival nacional “Caminhos do Cinema Português”.




IDA LUPINO (n.1918 – f.1995)

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Ida Lupino nas gravações do seu neo-noir “Ultraje” (1950) |©Olive Films

 

Ida Lupino foi uma figura importante do cinema no século XX. A atriz, argumentista e realizadora, nomeada a três Emmy pela sua prestação em séries, marcou em múltiplos campos. Na representação, conta com mais de 100 créditos. Na realização, conta com mais de 40 créditos. A grande maioria dos seus créditos situam-se no reino da televisão. Séries que Ida protagonizava, onde realizava também episódios, algo muito raro e louvável na altura em que viveu.

Ida era britânica, mas mudou-se para Hollywood em 1934. Ida Lupino era também uma mulher de armas no campo da representação, sendo conhecida por representar personagens fortes. Contracenou com alguns dos grandes protagonistas da altura como Humphrey Bogart e Edward G.Robinson. Em 1947, Ida abandonou o sistema de estúdios, onde estava inserida na Warner Brothers, e tornou-se uma atriz “independente”. Quando compreendeu que era difícil conseguir papéis aliciantes, passou para a cadeira de realizadora, argumentista e produtora. O seu primeiro trabalho como realizadora chegou quando o realizador Elmer Clifton ficou doente, quando estaria a preparar-se para gravar “Not Wanted” (1949). Nos anos 50, realizou diversos dramas de baixo orçamento até se focar mais no formato televisivo.




ANGELINA JOLIE (n. 1975) 

Angeline Jolie
No Set de “Primeiro, Mataram o Meu Pai” (2017) |©Netflix

 

Talvez um dos casos mais bem-sucedidos no que diz respeito a atrizes que se tornaram realizadoras, embora Jolie ainda protagonize grandes blockbusters como por exemplo “Maléfica” e a sua presente sequela, agora nos cinemas, e vá entrar no mundo da MCU,  com “Eternals”, onde interpretará Thena, não deixa de ser verdade que esta muito bem-sucedida atriz tem vindo a marcar cada vez mais presença atrás das câmaras.

Angelina Jolie conta já com 6 créditos de realização, 4 deles no campo da longa-metragem. Em 2017, realizou “Primeiro, Mataram o Meu Pai”, importante obra nomeada ao Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro que narra a história do genocídio que ocorreu no  Cambodja . Este filme procura apresentar uma versão ficcionada de um drama bem real, e contou ainda com o filho adotivo de Angelina, Maddox Jolie-Pitt,  nascido neste país, como um dos produtores executivos da obra.

Angelina ainda não atingiu um patamar confortável e incontestável na qualidade de realizadora, mas parece estar a caminhar para lá.




GILLIAN ROBESPIERRE (n. 1978) 

realizadoras gillian robespierre
Nas gravações de “Ligações” (2017) |©Conta oficial de Twitter da realizadora

 

Gillian Robespierre não é um nome na boca de toda a gente, mas é sem dúvida uma força poderosa no cinema indie norte-americano, e que promete muito para o futuro. Gillian realizou em 2014 a sua primeira longa-metragem, baseada numa curta-metragem também da sua autoria. Falamos de “Obvious Child”, uma comédia dramática indie, distribuída pela A24, e que é tão engraçada como subversiva. “Obvious Child” segue uma comediante de 20 e poucos anos, que depois de ficar grávida, fruto de um encontro casual, decide avançar com um aborto.

Desde “Obvious Child”, estreado em Sundance e detentor de uma impressionante rota de festivais, Gillian tem trabalhado bastante na televisão, e mantém uma relação próxima com a protagonista do seu “Obvious Child”, Jenny Slate. Jenny, ex-membro do elenco do SNL, colaborou novamente com a realizadora num especial humorístico para a televisão e ainda na comédia dramática “Ligações” ou “Landline”, no original, de 2017.




REED MORANO (n.1977) 

Realizadoras
Reed Morano |© Photo by Kirsten Johnson (IMDB)

 

Reed Morano é uma mulher verdadeiramente habituada e no seu elemento, quando atrás da câmara. Realizadora, Directora de Fotografia, Produtora e também em tempos ligada ao departamento eléctrico, Morano não é estranha alguma ao trabalho mais técnico de um set.

Trabalhou já muito na televisão. Pelo episódio “Offred”, de “The Handmaid’s Tale” (2017), venceu o Emmy para Realização numa Série Dramática. O seu filme “Agora Estamos Sozinhos”, de 2018, protagonizado por Elle Fanning e Peter Dinklage, venceu o Prémio do Júri no Festival de Sundance, um drama sci-fi sobre o fim do mundo.




REGINA PESSOA (n.1969) 

realizadoras
Still de “Kali, O Pequeno Vampiro” (2012) de Regina Pessoa |©AGÊNCIA – PORTUGUESE SHORT FILM AGENCY

 

Regina Pessoa é uma talentosa realizadora e argumentista portuguesa, que trabalha no ramo da animação. Ela é conhecida pelas obras “A Noite” (1999),  “História Trágica Com Final Feliz”, de 2005, e “Kali, O Pequeno Vampiro” (2012).

Kali é uma curta-metragem de animação, considerada “Património Cultural Internacional” pela UNESCO. O filme venceu o Prémio de Melhor Animação nos Sophia, os “Óscares” portugueses. Esteve também entre os nomeados em diversos festivais de cinema e prémios populares, como o Festival de Animação de Annecy ou os Prémios Annie. Foi também altamente premiado no Indielisboa, e venceu o Prémio do Júri no Aspen Shortsfest, em 2013.

A pequena mas poderosa curta narra a história de Kali, um jovem vampiro que sofre por não poder ver a luz do dia. Sonha brincar com as outras crianças, mas não pode. Até ao dia em que sai do seu isolamento, e descobre que pode fazer a diferença na vida dos outros. Na versão em inglês, a notável curta gótica de Pessoa, altamente influenciada pelas correntes surrealistas,  é narrada por Christopher Plummer.

Em 2018, a realizadora tornou-se membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.




ANDREA ARNOLD (n. 1961) 

Realizadoras
Andrea Arnold |©IFC Films

 

Andrea Arnold é uma popular realizadora britânica, que fez já de tudo em pouco. Começou, como a maioria dos artistas ligados ao cinema, no campo da curta-metragem. Em 2005, venceu o Óscar de Melhor Curta-Metragem pela sua obra “Wasp” (2003), uma narrativa sobre uma mãe solteira, pobre e que quase deita tudo a perder porque queria ter um encontro romântico, algo que já não fazia há anos.  “Milk” (1998) e “Dog”, de 2001, são outras duas longas-metragens bastante poderosas que realizou numa fase mais inicial da sua carreira.

Realizou diversas longas-metragens no Reino Unido, todas elas com um ponto de vista marcadamente feminino. A mais afamada deverá ser o magnífico “Aquário” (2009), a história da jovem Mia ( a estreante Katie Jarvis) , que vive num bairro de habitação social com a sua mãe e irmã. Quando a mãe traz para casa um novo namorado, Connor (Michael Fassbender), que encoraja a paixão de Mia pela dança, começa uma amizade pouco recomendável entre os dois.

A realizadora, argumentista e atriz britânica deu o salto para a produção norte-americana com “American Honey” (2016). Desde aí, realizou bastante na televisão, diversos episódios de “Transparent” (2015-2017) e a mais recente temporada de “Big Little Lies” (2009).




JENNIFER YUH NELSON (n.1972) 

realizadoras
Jennifer Yuh Nelson e Bryan Cranston |©Dreamworks Animation

 

Voltamos ao reino da animação nesta lista com a realizadora sul-coreana Jennifer Yuh Nelson, criadora dos segundo e terceiro capítulos de “o Panda do Kong Fu”. Em 2012, foi nomeada ao Óscar na categoria de Melhor Filme de Animação por “O Panda do Kung Fu 2” (2011).

Com esta saga, Jennifer tornou-se a primeira mulher a realizar a solo um grande filme de animação em Hollywood.

Em 2018, aventurou-se no campo da longa em imagem real com “Mentes Poderosas”, dos produtores de “Stranger Things”, e com Mandy Moore no elenco. O filme foi um fracasso de crítica e bilheteira, mas não é por isso que é esta não é uma realizadora a manter debaixo de olho.




ANAHITA GHAZVINIZADEH (N.1989) 

Realizadoras
They (2017) de Anahita Ghazvinizadeh |© Mass Ornament Films

Anahita é uma jovem argumentista e realizadora nascida no Irão em 1989. A realizadora conta ainda com poucos créditos na sua filmografia, mas a sua carreira é certamente promissora. Em 2017, realizou a sua primeira longa-metragem, “They”, uma longa-metragem que marcou o circuito de festival. Não estreou em Portugal, mas é ainda assim um filme poderoso, que merece destaque.

Estreado em Cannes a 17 de maio de 2017, “They”, filmado nos Estados Unidos, narra uma história complexa sobre identidade de género. “J”, de 14 anos, dá pelo pronome de “Eles”, e vive num subúrbio de Chicago com os país. J está a explorar a sua identidade de género, e a tomar inibidores hormonais para tentar adiar a puberdade. Após dois anos de medicação e terapia, J tem de decidir se vai ou não avançar com a mudança de sexo.




CHLOÉ ZHAO (n.1982) 

Melhores Bandas Sonoras
The Rider |© Altitude Film Entertainment

 

Chloé Zhao é uma realizadora, argumentista e produtora chinesa. A sua primeira longa-metragem, “Songs My Brothers Taught Me” (2015) estreou no Festival de Sundance. A sua segunda longa-metragem “The Rider”, um drama western, completou uma rota de festival e de premiações extremamente bem-sucedida, tendo tido a sua estreia na Quinzena dos Realizadores em Cannes.  O filme foi nomeado para 5 prémios nos conceituados Independent Spirit Awards, inclusive nas categorias de Melhor Filme e Melhor Realizador.

“The Rider”, sem estreia em Portugal, é um drama western contemporâneo que segue a viagem de um jovem cowboy que procura descobrir-se depois de um acidente quase fatal que coloca a sua carreira em risco.

Em 2018, foi contratada pela Marvel Studios para realizar o filme baseado em “The Eternals”. “Eternals” estreia em 2020 e conta com Angelina Jolie, Richard Madden e Salma Hayek no elenco principal. Esta contratação reforça assim a posição de jovem promessa da realizadora.

Em pré-produção tem ainda o drama histórico “Nomadland”, que será protagonizado por Frances McDormand.




KIMBERLY PEIRCE (n.1967)

realizadoras
Kimberly Peirce e Chloë Grace Moretz em Carrie (2013) |©Photo by Michael Gibson – © 2012 – Metro-Goldwyn-Mayer Pictures Inc. e  Screen Gems

 

Kimberly Peirce, ao contrário de algumas das últimas entradas da lista que antecedem o seu nome, não é uma “newcomer”, uma novata, alguém que está a realizar as suas primeiras longas-metragens. Não, Peirce é uma experiente realizadora, com um lugar sólido na indústria de Hollywood.

É particularmente conhecida pela sua obra “Os Rapazes Não Choram” (1999), a qual valeu o Óscar a Hilary Swank. O filme narra a  histórica verídica do transexual Brandon Teena. Brandon é um rapaz popular, até ao momento em que o seu segredo é descoberto, e é espancado, violado e assassinado aos 21 anos de idade. Baseado na trágica história ocorrida em Humboldt, Nebraska, em 1993.

Para além de ter adaptado esta importante história ao cinema, Kimberly Peirce é também responsável pela adaptação de 2013 do clássico de terror “Carrie”. O seu próximo projecto anunciado é o drama histórico “This is Jane”, uma obra sobre direitos ligados à saúde nos Estados Unidos dos anos 60. Este seu próprio filme, mais um centrado numa figura feminina, será protagonizado por Michelle Williams. Solidifica também a forte ligação de Peirce a temáticas sociais e a eventos com base no real.




SUSANNA FOGEL (n.1981) 

realizadoras
Mila Kunis, Kate McKinnon e Susanna Fogel em “O Espião que me Tramou” (2018) |©Hopper Stone/SMPSP – © Lionsgate Entertainment

 

Susanna Fogel não é um nome muito conhecido, mas sem dúvida tem feito uma trajetória de crescimento em Hollywood. Esta argumentista e realizadora está essencialmente ligada a comédias, filmes adolescentes e produções lideradas por jovens mulheres.

Susanna Fogel começou bem cedo. A sua primeira curta-metragem, “For Real”, ficou completa quando tinha apenas 14 anos, e integrou nessa altura a secção do TIFF – o Festival de Cinema de Toronto, um dos mais afamados da América do Norte. A sua primeira longa-metragem, “Life Partners”, estrada no Tribeca Film Festival, é protagonizada por Gillian Jacobs, Leighton Meester e marido da segunda, Adam Brody. Narra a história de duas melhores amigas, uma lésbica e uma heterossexual.

Lançou a sua obra mais conhecida até então em 2018, “O Espião que me Tramou”, uma comédia também por ela escrita e protagonizada por Mila Kunis e Kate McKinnon. Em 2019, co-escreveu o argumento de “Booksmart”, um sucesso indie inesperado.

Para breve, realiza três episódios da série “Utopia”.




OLIVIA WILDE (n.1984)

Booksmart
Beanie Feldstein e Kaitlyn Dever em “Booksmart” de Olivia Wilde (2019) |©NOS Audiovisuais

 

Imediatamente no rasto de Susanna Fogel, uma das três argumentistas que assinaram “Booksmart – Inteligentes e Rebeldes” (2019), passamos para Olivia Wilde, a realizadora da longa-metragem.

“Booksmart” é, sem dúvida, a comédia adolescente do ano. Um filme que procura ser tão engraçado quanto inclusivo, e que resultou aqui numa maravilhosa estreia para Wilde, uma atriz conhecida há já uns bons anos, desde os tempos em que foi “Thirteen” na série “Dr.House”.

Olivia Wilde fez parte do elenco de grandes filmes de estúdio como “Tron: O Legado” (2010) ou “Sem Tempo” (2011). Contudo, e apesar do seu sucesso no campo da representação, continuando a desempenhar papéis, Olivia sentiu a necessidade de saltar para trás das câmaras como produtora e realizadora. Depois de realizar uma curta e dois videoclipes, chegou esta primeira longa de ficção.

Em 2019, é uma das protagonistas do novo filme de Clint Eastwood, mas certamente podemos esperar muito no campo da realização, baseado em “Booksmart”. Ainda estamos no início da temporada de prémios, mas encontra-se já nomeada para os Gotham Awards na categoria de Novos Talentos na Realização.




CHINONYE CHUKWU 

realizadoras
Chinonye Chukwu nas gravações de “Clemency” (2019) |©chinonyechukwu (própria – conta oficial)

 

Uma realizadora e ativista mais ligada ao circuito indie, o seu drama “Clemency” (2019) foi um dos filmes mais bem-recebidos no Festival de Cinema de Sundance, no início do ano de 2019. Aliás, o filme passou todo o ano no circuito de festival, e apenas em dezembro terá a sua primeira estreia comercial, nos EUA.

A realizadora, nascida na Nigéria, crimou em “Clemency” um poderoso drama sobre o tema das execuções, que esperemos ainda poder ver em Portugal. Importante ainda assinalar que, com este filme, a realizadora tornou-se a primeira mulher negra a vencer o Prémio do Júri na Categoria de Drama Americano, em Sundance.

No campo da longa,  Chinonye criou ainda “AlaskaLand” (2012), um filme bastante pessoal, sobre dois irmãos nigerianos nascidos nos EUA, que procuram recuperar a sua relação na sua terra natal, Fairbanks no Alaska. 




BARBRA STREISAND (n.1942) 

realizadoras
Barbra Streisand co-escreveu, produziu e protagonizou “Nasce uma Estrela” (1976) |©Warner Bros.

 

Sim, Barbra Streisand é muita coisa. Atriz, cantora, e também realizadora, é verdade.  Uma das poucas poderosas a ter feito o EGOT (vencer Óscar, Grammy, Emmy e Tony).  Um dos nomes com idade mais avançada nesta lista, a verdade é que esta oscarizada duplamente ainda tem alguns projectos no ativo. Aos 77 anos, prepara um romance biográfico, ainda sem título, que realizará.

Ao longo da sua carreira, realizou mais do que uma longa-metragem. O seu primeiro crédito na realização chegou em 1983, por um filme que ela própria também escreveu, produziu e protagonizou. O que se chama uma ameaça em quatro frentes. “Yentl” narra a história de uma rapariga judia que se mascara de rapaz para poder receber o treino religioso que ambiciona.

Depois deste musical oscarizado, realizou em 1991 o drama romântico “O Príncipe das Marés”, que protagoniza também. Assim, podemos ver como Barbra, poderosa na indústria, criou inclusive papéis para si mesma. Em 1996, realizou o drama romântico As Duas “Faces do Espelho”, que mais uma vez protagonizou.

Desde então, produziu e realizou vários especiais musicais, tais como gravações dos seus concertos ao vivo.




ANDREA BERLOFF (n.1974) 

realizadoras
Andrea Berloff com Melissa McCarthy e Elizabeth Moss no set de “The Kitchen” (2019) |© Warner Bros./ Alison Cohen Ros

 

Andrea Berloff é conhecida, acima de tudo, pelo seu trabalho no campo do argumento. Não deixa de ser surpreendente, mas foi ela que assinou, embora com outras mãos envolvidas, o argumento do drama histórico “Straight Outta Compton”(2015) , que lhe valeu uma nomeação ao Óscar.

Em 2019, assinou o seu primeiro trabalho enquanto realizadora. “The Kitchen – Rainhas do Crime” é um drama histórico com muita acção à mistura, protagonizado pelas mulheres dos gangsters no bairro de Hell’s Kitchen, em Nova Iorque, que nos anos 70 continuaram o trabalho dos maridos depois de estes serem presos.

“The Kitchen”, no original, baseia-se numa série de livros de banda-desenhada. O filme é protagonizado pelas estrelas Melissa McCarthy, Tiffany Haddish e Elisabeth Moss.




TERESA VILLAVERDE (n. 1966 ) 

realizadoras
Teresa Villaverde na Berlinale |©Andreas Teich/ Berlinale

 

Voltamos ao talento nacional com a documentarista e realizadora de ficção Teresa Villaverde. Em 2017, Villaverde realizou “Colo”, um filme que a tornou particularmente célebre e que foi muito bem recebido. “Colo” é um drama de ficção realista, sobre uma família a lidar com os efeitos da crise económica em Portugal. O filme foi nomeado, na Berlinale, ao Urso de Ouro. Foi ainda um sucesso nos prémios CinEuphoria, da Academia Europeia de Cinema.

Entre outras obras realizadas, podemos considerar o documentário “A Favor da Claridade”, de 2004 ou “Trance”, de 2006, entre outros.




MARIELLE HELLER (n.1979) 

realizadoras
Melissa McCarthy e Marielle Heller em “Can You Ever Forgive Me” |© Mary Cybulski – © 2018 Twentieth Century Fox

 

Marielle Heller é outro nome forte no cinema indie norte-americano no feminino, sendo associada essencialmente à sua obra “O Diário de Uma Rapariga Adolescente”, de 2015, por si escrita e realizada,  protagonizada por Bel Powley, com  Alexander Skarsgård e Kristen Wiig nos restantes papéis principais. Um “coming of age” sobre uma adolescente a viver na São Francisco dos anos 70, que se envolve com o marido da mãe.

Em 2018, lançou o drama biográfico “Can You Ever Forgive Me?“, nomeado a três Óscares, e em 2019 lançará “A Beautiful Day in the Neighborhood”, outro drama biográfico que as casas de apostas consideram que poderá valer a Tom Hanks uma nova nomeação ao Óscar. Esta é a história verídica da amizade entre Fred Rogers e o jornalista Tom Junod.




WANURI KAHIU (n.1980) 

rafiki critica queer lisboa
“Rafiki” de Wanuri Kahiu | © Big World Cinema

 

Uma realizadora com um forte sentido político e social associado à sua obra. A sua primeira longa-metragem “From a Whisper”, baseia-se em bombardeamentos ocorridos nas Embaixadas Americanas do Quénia e Tanzânia. Este filme foi premiado com diversos prémios em festivais africanos.

“Rafiki” (2018) é a sua obra mais célebre.  O filme estreou em Cannes, incluido na secção “Un Certain Regard”, dedicada a novos artistas e obras a manter debaixo de olho. Foi ainda nomeado à Palma Queer. “Rafiji” é uma espécie de versão moderna, situada no Quénia, e LGBT do romance “Romeu e Julieta”. Kena e Kiki são duas amigas próximas, apesar da rivalidade entre as suas famílias. As duas jovens apoiam os seus sonhos mutuamente, apesar de se moverem numa complicada sociedade conservadora. 

Um filme corajoso e uma realizadora igualmente corajosa, que promete. Em breve, segue-se na sua carreira um salto para o cinema de Hollywood, com a realização do já anunciado “The Thing About Jellyfish” (2020), protagonizado pela jovem promessa Millie Bobby Brown (“Stranger Things”).




LAURA POITRAS (n.1964) 

realizadoras
“Citizenfour” de Laura Poitras |© 2014 – RADiUS-TWC

 

Laura Poitras é uma consagrada documentarista. A sua obra mais notável, e que lhe valeu um Óscar, é “Citizenfour” (2014), uma obra sobre a história de espionagem governamental de Edward Snowden. Para o efeito, a realizadora viajou diversas vezes a Hong Kong.

Foi ainda nomeada ao Óscar pelo seu filme “My Country, My Country” (2006), mais uma obra que entrou na categoria de Melhor Documentário, desta vez sobre a Guerra do Iraque. 




NORA TWOMEY (n.1971) 

a ganha pao the breadwinner
“A Ganha-Pão” de Nora Twomey | © Outsider

 

Nora Twomey é uma realizadora irlandesa que se dedica ao mundo da animação. As suas obras são bastante notáveis, algumas remetem para a própria cultura e para o rico folclore do seu país e outras para culturas dispares. Em 2014, chefiou o departamento artístico do magnífico “A Canção do Mar”.

Em 2017, realizou “A Ganha-Pão”, filme que a fez ser nomeada ao Óscar na categoria de Melhor Filme de Animação. “The Breadwinner”, no original, narra a história de uma jovem no Afeganistão dominado pelos Talibãs, que se veste de rapaz para salvar a família.




LAKE BELL (n.1979) 

realizadoras
Lake Bell em “In a World… “(2013) |©Sony Pictures

 

Lake Bell é conhecida, acima de tudo, pelo seu trabalho enquanto atriz. Contudo, ela realizou já curtas e longas-metragens e escreve também argumentos. A sua primeira longa “In a World” (2013), estreou no Festival de Sundance. Esta comédia indie bastante bem recebida foi por ela escrita, realizada e protagonizada. Narra a história de uma treinadora vocal que compete contra o seu pai arrogante e o protegido deste. Foi realizada em 20 dias, um feito desde logo respeitável.

Para além de ter realizado vários episódios de distintas séries, escreveu, realizou e protagonizou a comédia de 2017 “I Do… Until I Don’t”.




MARGARIDA CARDOSO (n.1963)

realizadoras
“Yvone Kane” (2014) de Margarida Cardoso |©Filmes do Tejo

 

Voltamos à nossa incursão rumo ao mundo das realizadoras portuguesas com Margarida Cardoso. De acordo com a sua mini-biografia no IMDB, escrita pela própria, a realizadora estudou Fotografia no Secundário, na Escola Artística António Arroio. Durante vários anos, trabalhou em França e Portugal como fotógrafa e assistente de realização. Em 1995, começou a realizar os seus próprios filmes, capazes de relacionar a sua experiência pessoal com temas relevantes da história de Portugal, como por exemplo a Guerra Colonial em África.

Os seus filmes estiveram em inúmeros festivais, como Roterdão, Veneza ou Locarno. A sua obra mais conhecida é provavelmente “Yvone Kane”. Este drama, por si escrito e realizado, narra a história de Rita, interpretada pela aclamada atriz portuguesa Beatriz Batarda. Depois da morte da sua filha, Rita regressa ao país africano onde cresceu para investigar a morte de Yvone Kane, uma ativista política e guerrilheira. Envolve-se assim numa viagem rumo ao passado de uma guerra vil.

O colonialismo faz parte da sua própria história, e da sua família, e assim, incorpora-o inteligentemente nas suas histórias.




DEBRA GRANIK (n.1963) 

Leave No Trace
“Leave No Trace” |©Sony Pictures

 

Debra Granik pode ser contada entre as grandes realizadoras indie norte-americanas. Foi ela quem colocou Jennifer Lawrence no mapa, e lhe valeu a primeira nomeação ao Óscar por “Os Despojos de Inverno”, de 2010, um poderoso drama situado nas montanhas Ozark. Por este filme, foi ainda nomeada ao Óscar pelo seu Argumento Adaptado, nomeação esta partilhada com a sua colaboradora Anne Rosellini.

Em 2018, voltou a estar nas bocas do mundo, pelo menos no circuito dos festivais de cinema, quando estreou em Sundance “Leave No Trace”, um filme sobre um pai e uma filha que vivem nos Bosques, longe do mundo.




VALERIE FARIS (n.1958) 

realizadoras
Jonathan Dayton, Valerie Faris e Emma Stone em “A Guerra dos Sexos” (2017) |©Melinda Sue Gordon/ Twentieth Century Fox Film Corporation

 

Quando falamos sobre realizadoras, Valerie Faris é uma das mais creditadas em Hollywood, especialmente se considerarmos que a realizadora trabalho imenso no campo do videoclipe, especialmente com bandas de rock, como os Red Hot Chilli Peppers, tendo realizado alguns videos icónicos como o do single “Californication”.

Contudo, destacou-se também no campo da longa de ficção. Com o seu parceiro de profissão, Jonathan Dayton, trabalhou em diversos mediums diferentes. A dupla é conhecida por ter realizado alguns projetos bastante icónicos, como por exemplo “Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos” (2006), pelo qual foi nomeada ao BAFTA,  “Ruby Sparks” (2012) ou, mais recentemente, “A Guerra dos Sexos” (2018). Este ano, realizaram para a Netflix a série “Living With Yourself” na qual o protagoniza, Paul Rudd contracena com…Paul Rudd.




AMY HECKERLING (n. 1954)

Clueless Amy Heckerling
Alicia Silverstone e Amy Heckerling em “Clueless” (1995) |© Paramount Pictures

 

Amy Heckerling não tem propriamente um número muito significativo de títulos com impacto entre os seus 20 créditos de realização. Muitos deles são alguns episódios de séries, séries estas na sua maioria não criadas pela realizadora e argumentista. Contudo, Amy não poderia aqui falhar, pois realizou e escreveu quiçá a comédia adolescente mais popular dos anos 90, que ainda hoje mantém um elevado grau de popularidade e pertinência na cultura pop – “Clueless”, ou em português, “As Meninas de Beverly Hills”.

Heckerling manteve-se bastante no registo adolescente na sua carreira, tendo sido responsável pela série baseada no filme “Clueless”, bem como pela realização de algumas séries YA como “Gossip Girl” ou “The Carrie Diaries”. Entre 2015 e 2017 realizou seis episódios da comédia jovem “Red Oaks”, solidificando este seu terreno juvenil na televisão.




NORA EPHRON (n.1941  – f. 2012)

realizadoras
Meryl Streep e Nora Ephron em “Julie & Julia” (2009) |©Columbia Pictures

 

Nora Ephron, argumentista, produtora e realizadora nova-iorquina, foi um dos maiores nomes da comédia romântica norte-americana. Nomeada para três Óscares e com créditos marcantes no campo da realização e argumento, a realizadora, falecida aos 71 anos em Nova Iorque, é responsável por obras como “Sintonia do Amor” (1993), “Você tem uma Mensagem” (1998), “Casei com uma Feiticeira” (2005), ou mais recentemente “Julie & Julia”, de 2009, que valeu a Meryl Streep mais uma nomeação ao Óscar.




SUSANA DE SOUSA DIAS (n.1962) 

realizadoras
Frame de “48” de Susana Sousa Dias |©Kinotop Films

 

Voltamos a Portugal para falar sobre uma poderosa documentarista, Susana Sousa Dias, que dedica a sua carreira maioritariamente à temática do Estado Novo. Trabalha muito na base dos testemunhos, e imagens de arquivo, criando ricos documentários tradicionais, os quais procuram levantar o véu sobre eventos escondidos da altura do Salazarismo.

Um dos seus documentários mais notórios, “48”, fez uma invejável rota de festivais, tendo vencido inúmeros prémios, como o Grand Prix no Cinéma du Réel, França ou o Prémio Fifresci no prestigiado Dok Leizig, um dos mais afamados festivais dedicados ao documentário. O Universo de “48” é revisitado em 2017 com “Luz Obscura”, que teve a sua estreia nacional no IndieLisboa International Film Festival.




GIA COPPOLA (n. 1987) 

Gia Coppola
Emma Roberts em “Palo Alto” (2013) de Gia Coppola |©Tribeca Film

 

Um dos mais jovens membros do clã Coppola a ter reconhecimento na indústria, Gia Coppola pode não ser um dos nomes mais ouvidos da sua família, mas provou já a sua aptidão para a realização.

Giancarla Coppola é neta de Francis Ford, filha do seu filho Gian-Carlo, um ator que trabalhava frequentemente com o seu pai, e que estava noivo quando morreu, num acidente de barco, aos 22 anos, antes mesmo de Gia nascer. Gia, de 32 anos, realizou o seu primeiro filme em 2013, o qual também escreveu. “Palo Alto”, um drama adolescente, baseado num livro de contos interligados de James Franco e protagonizado por Emma Roberts, foi bastante bem-recibo.

Depois de ter realizado algumas curtas e videoclipes, prepara agora o drama “Mainstream”, que deverá sair em 2020, e será protagonizado por Maya Hawke, a revelação da última temporada de “Stranger Thing” ,  e Andrew Garfield (“Silêncio”, “Nunca me Deixes”). A carreira de Gia acaba de arrancar, mas é já tão promissora como a de muitos outros membros da família.




VERONIKA FRANZ (n. 1965 ) 

The Lodge
Riley Keough em “The Lodge” de Veronica Franz e Severin Fiala |©Film Nation

 

Veronica Franz é mais uma realizadora que trabalha em dupla com um realizador. Este há pouco em Portugal para apresentar um ótimo filme seu, no Motelx. Falo de “The Lodge”. A realizadora austríaca conta já com uma longa carreira, mas atingiu a fama internacional com o seu chocante “Goodbye Mommy”, que em Portugal foi exibido no Indielisboa em 2015. Esta obra, escrita e realizada por Franz e  Severin Fiala, estreou no Festival de Veneza em 2014.

Não que antes destas duas obras andasse no anonimato. Antes de tudo isto, tinha por exemplo co-escrito o irreverente “Paradise: Faith” (2012) com Ulrich Seidl, um realizador para lá de polémico.

Na realização, só conta mesmo com quatro créditos, tendo sido “Goodbye Mommy” a sua primeira longa-metragem. Estamos para lá de curiosos com o que vem a seguir, por parte desta dupla.




KELLY REICHARDT (n. 1964) 

realizadoras
Kelly Reichardt |©Godlis (IMDB)

 

Kelly Reichardt é uma realizadora, editora e argumentista norte-americana, capaz de agradar ao gosto do cinema europeu, integrante dos nomeados do Un Certain Regard no Festival de Cinema de Cannes de 2008, pela sua obra “Wendy & Lucy”, talvez o seu filme com mais reconhecimento.

“Wendy & Lucy” completou uma invejável rota de festivais internacional, ao longo de diversos meses, e há que dizer que em Cannes saiu vencedor da hilariante, mas verídica “Palma Canina”, um prémio que distingue a melhor prestação de um amigo de quatro patas. Esse prémio foi para Lucy, a cadela do filme. Este filme, protagonizado por uma incorrigível  Michelle Williams, é um drama sobre uma jovem que vê a sua vida virada do avesso e a sua cadela momentaneamente desaparecida.

Kelly realizou ainda outros filmes com destaque, como por exemplo o drama “Certain Women”, também protagonizado por Williams e também por Kristen Stewart e Laura Dern. Mais uma obra que cumpriu uma impressionante rota de festivais, depois de estreado em 2016 em Sundance.




JULIE DELPY

Realizadoras Julie Delpy
Julie Delpy no seu “Dois Dias em Paris” (2007) |©France Télévision

 

Atriz, argumentista e realizadora, a francesa Julie Delpy, imortalizada na trilogia “Before”, de Linklater, é uma força da natureza e uma ameaça tripla. Como argumentista, deu uma ajudinha com a escrita da saga já mencionada, entre outros projetos. No campo da realização, que aqui mais nos interessa, conta já com 9 créditos.

Entre os seus trabalhos mais célebres na realização contam-se “Dois Dias em Paris” (2007), “O Verão do Skylab” (2011) e “2 Dias em Nova Iorque” (2012). Como acontece no caso da maioria das atrizes que se tornam realizadoras, Julie protagoniza a maior parte dos filmes que escreveu e realizou.

Os seus filmes têm sido na generalidade bem-recebidos, especialmente no circuito de festival, mas é na escrita que mais se destacou, tendo sido duplamente nomeada ao Óscar, pelos argumentos de “Antes do Anoitecer” (2004) e por  “Antes da Meia-Noite” (2013), o capítulo final da saga.




JENNIFER KENT (n.1969)

the nightingale
Sam Claflin, Aisling Franciosi, Jennifer Kent e Baykali Ganambarr |©La Biennale di Venezia

 

A realizadora australiana Jennifer Kent está na indústria há bastante tempo, tendo começado como atriz. Só em 2005 realizou a sua primeira curta-metragem. Passados nove anos, em 2014, lançou a sua primeira longa-metragem, um filme de terror extremamente bem-recebido – O Senhor Babadook

Um sucesso junta da critica, bem como do grande público, Babadook é uma história simples de terror, semelhante a muitas outras, podemos até dizer, mas bem narrada. Em 2018, Kent voltou à longa-metragem com o thriller “The Nightingale”, estreado em Veneza. Por este filme de suspense situado no século XIX, Jennifer Kent recebeu no Festival de Veneza o Prémio do Júri pela sua realização, uma notável distinção que nos diz que a sua carreira é promissora, no mínimo.




PHYLLIDA LLOYD (n.1957) 

realizadoras Phyllida Lloyd
Meryl Streep, Julie Walters e Phyllida Lloyd em “Mamma Mia!” (2008) |© Universal Pictures

 

A realizadora britânica Phyllida Lloyd tem já uma longa carreira na indústria. Antes de comandar os seus próprios filmes fez parte de diversas equipas com funções múltiplas, e cumpriu nomeadamente tarefas como assistente de realização.

Hoje em dia, apesar de não ser um nome debaixo de todas as línguas, realiza grandes filmes, e por grandes filmes quero dizer grandes produções de estúdio. Phyllida Lloyd assinou o primeiro capítulo de “Mamma Mia!” e produziu o segundo. Realizou ainda Meryl Streep em “A Dama de Ferro” (2011), filme pelo qual a atriz viria a ganhar o seu antecipado terceiro Óscar.

Em 2000, realizou o afamado filme para televisão musical “Gloriana”. Ainda sem data de lançamento, tem em pré-produção o drama “Herself”.




ANA LILY AMIRPOUR (n.1976) 

realizadoras
Nas gravações de “Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa” (2014) |©Kino Lorber

 

A britânica Ana lily Amirpour é conhecida pelo seu filme “Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa” (2014), um drama de terror que deu que falar. O filme, escrito e realizado por Ana Lily, é uma irreverente criação, diferente de tudo o resto. Na cidade iraniana assombrada que dá pelo nome de “Bad City”, um local que tresanda a solidão e morte, a população desconhece a presença de um vampiro solitário nas trevas. A tagline oficial intitula esta criativa criação como “o primeiro western de vampiros iraniano”. 

Escusado é dizer que a realizadora tem ascendência iraniana, e que esta é uma retorcida homenagem gótica ao país que lhe dita a descendência. Com este filme, venceu o Prémio de Realizadora Revelação dos prémios Gotham. Com o seu The Bad Batch – Terra Sem Lei (2016) venceu o conceituado Prémio do Júri no Festival de Cinema de Veneza.

De momento, a realizadora tem dois projetos em pré e pós-produção e produz a todo o vapor. “Mona Lisa and The Blood Moon”, um filme de fantasia e “Cliffhanger”, um thriller de acção protagonizado por Jason Mamoa. 




LENA DUNHAM (n.1986) 

Lena Dunham
Lena Dunham em “Girls” |©HBO (2012)

 

Chegamos a outro dos nomes mais jovens da lista, que curiosamente já teve uma trajectória de ascensão, queda e backlash na sua vida. Lena Dunham foi, no início da década, uma ameaça em frentes sem fim – atriz, realizadora, produtora, editora, argumentista e de tudo um pouco, Lena deu vida à série da HBO “Girls”, que aos 20 e poucos anos escreveu, criou, produziu, realizou diversos episódios e ainda protagonizou. Isto até o público se cansar da sua constante imagem e a começar a acusar de representar na sua série uma utopia branca que não corresponde ao mundo real. Mas Lena Dunham apenas representava o seu mundo, e muita gente sábia disse que deveríamos escrever sobre o que conhecemos…

Além de “Girls”, Lena Dunham realizou também alguns filmes independentes bem-recebidos no circuito independente, nomeadamente a comédia dramática “Tiny Furniture” (2010), que escreveu, protagonizou e realizou, aos 23 anos de idade. Agora que o desgaste público da sua imagem está a suavizar, Lena está a voltar aos poucos. Teve uma pequena participação no novo filme de Tarantino, e em 2020 vai realizar “Industry”, uma série sobre jovens banqueiros no pós colapso da bolsa de 2008.




AMY SHERMAN-PALLADINO (n. 1968)

realizadoras
A criadora e as protagonistas num evento para “Gilmore Girls: A Year in the Life”(2016) |©Netflix
Já que puxámos a conversa para uma realizadora e argumentista de televisão com o nome anterior, vamos sugerir mais alguns nomes nesse campo. Amy Sherman-Palladino é especialmente associada à televisão, mas não deixa por isso de ser um nome fortíssimo quando pensamos em ficção no feminino. Amy, vencedora de 5 Emmys, tem créditos em quase tudo o que pode ser feito atrás da câmara, desde argumentista, produtora, equipa técnica, realizadora, atriz e até departamento musical.
Amy Sherman-Palladino, é, no campo da comédia, uma das realizadoras mais célebres da telcvisão norte-americana, tendo criado os mega-êxitos “Gilmore Girls” (2000 – 2007) e “The Marvelous Mrs. Maisel” (2017 –    ). Para ambos estes conteúdos, esteve responsável pela produção, e escreveu e realizou múltiplos episódios. “The Marvelous Mrs. Maisel” continua de momento em exibição, sendo uma das séries mais bem-sucedidas e premiadas do momento.
A produtora, realizadora e argumentista trabalhou ainda em outros conteúdos famosos como “Roseanne” (1990-1994), série para a qual escreveu episódios ou a comédia dramática “Bunheads” ((2012–2013) , que co-criou.




MIMI LEDER (n.1952) 

Mimi Leder Leftovers
Mimi Leder no set de “The Leftovers” (2014) |©HBO

 

Mimi Leder é uma realizadora e produtora com uma vasta experiência de indústria, contando com mais de 40 créditos de realização, a sua grande maioria em séries televisivas. As suas credenciais são deveras impressionantes, tendo trabalhado em séries como “The Leftovers” (2014-2017) , “ER”(1994–2009), entre muitas outras. Presentemente, realizou 5 dos 10 episódios da primeira temporada de “The Morning Show”, a primeira grande aposta da Apple no campo das séries para streaming.

No cinema, realizou filmes como “Impacto Profundo” (1998) ou mais recentemente o feminista “Uma Luta Desigual” (2018), um drama biográfico sobre a ativista Ruth Bader Ginsburg, juíza do supremo tribunal norte-americano.




ANNA BODEN (n.1979) 

realizadoras
Ryan Fleck, Emma Roberts e Anna Boden em “É uma Espécie de…Comédia” | K.C. Bailey – © 2010 Focus Features

 

Anna Boden é uma jovem realizadora, fotógrafa, editora e argumentista norte-americana que de momento está numa trajetória ascendente. É conhecida por co-escrever o filme “Half Nelson” (2006), o qual valeu a Ryan Gosling uma nomeação ao Óscar. A obra venceu ainda o prémio de Melhor Filme nos Gotham Awards e o Prémio do Júri em Locarno. Boden é conhecida, precisamente, pela sua forte colaboração com Ryan Fleck, que realizou “Half Nelson”. Realizaram e escreveram outras obras indies conceituadas, como “Sugar” (2008) ou “É Uma Espécie de… Comédia” (2010).

Desde então, tem vindo a conseguir afirmar o seu nome, tendo realizado, em 2019, “Capitão Marvel”, a meias com o seu parceiro no cinema e na vida, Ryan Fleck. Foram igualmente responsáveis pelo argumento do filme.




MARY HARRON (n.1953) 

realizadoras
Christian Bale e Mary Harron em “American Psycho “(2000) |© Universal Studios

 

Mary Harron é uma conceituada produtora, argumentista e realizadora canadiana. A sua obra mais famosa é, muito possivelmente, “American Psycho” (2000).  Tem vindo agora a destacar-se na televisão, tendo realizado a mini-série da Netflix “Alias Grace”, em 2017, um drama criminal.

Em 1996, causou impacto com o drama biográfico “I Shot Andy Warhol”, tendo sido esta a sua primeira longa-metragem para cinema, tendo já antes realizado um filme para televisão. Prepara para breve o filme biográfico “Dali Land”, sobre Salvador Dali, por ela escrito e realizado, e protagonizado por Ezra Miller (“As Vantagens de Ser Invisível”).




KARYN KUSAMA (n. 1968) 

realizadoras
Karyn Kusama em “Aeon Flux” (2005) |©Paramount Pictures

 

Karyn Kusama é uma experiente realizadora, com uma carreira a oscilar entre as grandes produções de estúdio e o cinema mais independente. A realizadora norte-americana é responsável pelo famoso mistério/ terror/ thriller “The Invitation”, de 2015, que correu meio mundo no circuito de festival. Foi também responsável pelo filme de acção protagonizado por Charlize Theron “Æon Flux” (2005), mal-recebido pela critica e incapaz de recompensar o seu investimento nas gravações e publicidade. 

Em 2018, realizou “Destroyer”, bem mais celebrado pela crítica, especialmente devido à prestação de Nicole Kidman nesta obra.




JAMIE BABBIT (n. 1970) 

realizadoras
“Addicted to Fresno” |© Andrea Sperling/Gravitas Ventures

 

Jamie Babbit é uma realizadora norte-americana especialmente reconhecida pelo seu trabalho na realização de conteúdos televisivos. Ao longo da sua já vasta carreira, realizou episódios de séries como “Girls”, “Gilmore Girls”, “Russian Doll” ou “Silicon Valley”. Por “Sillicon Valley” (2014 – 2019), foi nomeada a três Emmys.

Nos anos 90 realizou a comédia adolescente “But I’m a Cheerleader” (1999), protagonizada por  Natasha Lyonne, sobre uma jovem adolescente lésbica. Trabalha recorrentemente com esta intérprete. Em 2015, realizou outro filme de temática LGBTI protagonizado por Lyonne, bem como por Judy Greer (“Love Monkey!”) e  Aubrey Plaza (Parks and Recreation) – “Addicted to Fresno”, sobre a vida de irmãs co-dependentes que são empregadas domésticas em Fresno. 




JODIE FOSTER (n. 1962)

realizadoras
Nas gravações de “O Castor” (2011), que realiza e co-protagoniza |©Summit Entertainment LLC.

 

Jodie Foster, na indústria desde a infância, tendo começado a trabalhar nos anos 70, é  mais conhecida pelo seu trabalho no campo da representação, em papéis notáveis como a protagonista de “Silência dos Inocentes” (1991), “Sala de Pânico” (2002), “Pânicoa Bordo” (2005)  ou “Contacto” (1997), entre muitos outros, tendo representado também marcantes papéis secundário como em “Taxi Driver” (1976), de Scorsese. O que poucos sabem é que Jodie Foster teve também já algumas aventuras bem-sucedidas atrás das câmaras, como realizadora e produtora.

No campo da realização, conta com créditos tanto na televisão como no cinema. Ultimamente, tem-se focado até mais no formato televisivo, tendo realizado um capítulo de “House of Carda” (2014), dois de “Orange is the New Black” (2013-2014) e em 2017 o episódio “Arkangel” da famosa série distópica “Black Mirror”.

Em 2016, realizou o thriller “Money Monster”, estreado no Festival de Cinema de Cannes e protagonizado por  George Clooney e Julia Roberts.




Lorene Scafaria (n.  1978) 

Realizadoras
Lorene Scafaria nas gravações de “The Meddler” (2015) |©Sony Pictures Classics

 

Uma multifacetada jovem realizadora, Lorene Scafaria tem certamente uma longa carreira pela frente. Não só realiza, como escrevem, representa e dá uma perninha ainda nas bandas-sonoras. Em 2019, produziu, escreveu e realizou o muito bem-sucedido “Ousadas e Golpistas”. E se este promete ser o filme que a coloca definitivamente no mapa, há que dizer que Lorene tem já alguns sucessos que se podem narrar, como por exemplo a sua primeira longa-metragem, lançada em 2012,  “Seeking a Friend for the End of the World” , em português “Até Que o Fim do Mundo nos Separe”. Escreveu ainda o argumento do popular “Nick & Norah Playlist Infinita” (2008).

Em 2015, lançou “The Meddler”, no qual Susan Sarandon e Rose Byrne representam mãe e filha. De momento, escreve o argumento de “Summer of Love”, uma comédia musical que será realizada por  Ivan Reitman, realizador da saga original “Ghostbusters”. No campo da realização, não se sabe ainda o que virá, mas baseado nas previsões, dará certamente que falar depois desta temporada de prémios.




MARJANE SATRAPI (n.1969)

realizadoras
Marjane Satrapi |© Sundance Institute

 

Marjane Satrapi é o segundo nome iraniano desta lista. Em 2008, foi nomeada ao Óscar de Melhor Filme de Animação pelo seu “Persepolis” (2007), nomeação partilhada com Vincent Paronnaud. Por incrível que pareça, esta indicação foi histórica, tornado-a a primeira mulher nomeada ao Óscar de Melhor Animação na categoria de longa-metragem. A animação baseia-se na novela gráfica original da autoria da própria Marjane, que aqui triunfa numa adaptação fiel da sua banda desenhada semi-autobiográfica, sobre uma jovem iraniana que cresce durante a revolução e que sonha com escapar da sua realidade.

Desde Persepolis, não realizou nenhum filme com o mesmo impacto cultural, mas ainda assim é alguém a manter debaixo de olho. Em 2014, lançou a comédia de terror “As Vozes”, protagonizada por Ryan Reynolds, a qual estreou no início do ano no Sundance Film Festival. Em 2019 realizou “Radiactive”, sobre Marie Curie, um filme a ser lançado nos Estados Unidos em 2020. A obra sobre a mais célebre mulher cientista é protagonizada por  Anya Taylor-Joy, Rosamund Pike e Sam Riley . Rosamund Pike dá vida à cientista.




TAMARA JENKINS (n.1962) 

the savages
Philip Seymour Hoffman e Tamara Jenkins em “The Savages” (2007) |©Twentieth Century Fox

 

Tamara Jenkins não tem muitos créditos de realização associados, mas as obras da realizadora e argumentista norte-americana tiveram algum impacto na cultura popular dos EUA. Em 1998, a sua primeira longa-metragem foi a famosa comédia dramática “Slums of Beverly Hills “, protagonizado por Natasha Lyonne, uma figura de grande impacto no final doa anos 90, protagonista de inúmeros filmes, e cuja carreira foi bastante impulsionada por este papel.

Em 2007, Tamara realizou “Os Savages”, filme estreado em Sundance, e que contou com duas nomeações aos Óscares de 2008, para Laura Linney como protagonista do filme e para Tamara Jenkins como argumentista. Em 2018, Jenkins realizou e escreveu um filme bastante no mesmo género, uma comédia dramática indie bastante bem recebida que dá pelo nome de “Vida Privada”, um filme estreado em Sundance e comprado pela Netflix.

Em 2018, assinou ainda o argumento de “Juliet, Nua”, uma comédia dramática musical protagonizada por Ethan Hawke,  Chris O’Dowd e Rose Byrne.




LYNN SHELTON (n. 1965) 

Lynn Shelton com Constance Wu nas gravações de “Fresh Off the Boat “(2015) |©ABC

 

Lynn Shelton é uma realizadora, atriz e produtora, com experiência tanto no campo do cinema como da televisão. Realizou episódios de séries como “GLOW” ( 2017 – 2019) ou “Fresh Off the Boat” (2015 – 2017), e ainda alguns soltos de outros conteúdos apreciados como “New Girl”, “The Mindy Project” ou “Master of None”.

No cinema, é reponsável, entre outros, pelo filme “Humpday – Deu para o Torto” (2009), uma comédia dramática sobre um “bromance” levado ao extremo. Lynn realizou uma outra comédia dramática com algum destaque em 2014, “Encalhados”, que tal como o seu “Humpday”, teve estreia mundial no festival de Sundance. “Encalhados” mostra uma evolução na popularidade e poderio na indústria da realizadora, pois é protagonizado por nomes célebres como Keira Knightley, Chloë Grace Moretz e Sam Rockwell.

Tem vindo também a realizar, recentemente, episódios da série “Fresh Off the Boat“, sobre uma família de Taiwan que é recém-imigrante nos Estados Unidos da América. Já de momento, está a gravar episódios da série “Little Fires Everywhere”.




JULIE TAYMOR (n. 1952) 

realizadoras
Julie Taymor com o elenco nas gravações de “Across the Universe” (2007) |©Sony Pictures

 

Julie Taymor é uma realizadora, argumentista e produtora associada, em primeira instância, ao seu filme “Frida”, de 2002, pelo qual foi inclusive nomeada ao Óscar pela Musica Original que criou para o filme. Entre o seu currículo, contam-se muitos outros créditos notáveis, seja na realização ou produção. Em 2019, produziu o altamente lucrativo novo “O Rei Leão”. Em 2007, criou uma curiosa biografia musical fora da norma, um filme de fantasia fora da caixa, simultaneamente um drama histórico mas também um musical, que liga a história dos Beatles e a sua música à Guerra do Vietname. Falo de “Across the Universe”, que estreou inicialmente no TIFF e conta com Evan Rachel Wood e Jim Sturgess nos papéis centrais.

De momento, esta autora tem um drama biográfico em pós-produção, o qual promete dar muito que falar. “The Glorias” irá estrear em 2020, e baseia-se num livro de memórias de Gloria Steinem, e será protagonizado por Alicia Vikander, Bette Midler e Julianne Moore. Um potencial esperançoso para a temporada de prémios de 2020/2021, quem sabe.




SUSANNE BIER (n. 1960) 

realizadoras
Susanne Bier com Tom Hiddleston em “The Night Manager” (2016) | ©Des Willie/The Ink Factory/AMC

 

Susanne Bier é uma realizadora dinamarquesa, vencedora do Emmy, Globo de Ouro da Foreign Press Association e de um sem fim de outros prémios em premiações e circuito de festivais.  É acima de tudo associada ao seu filme vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, “Hævnen” (2010) , no original, “Num Mundo Melhor” em português, a história interligada de duas famílias dinamarquesas.

Em 2018, conseguiu atingir um público ainda mais vasto, ao realizar o enorme sucesso da Netflix “Bird Box”, protagonizado por Sandra Bullock. O seu próximo projeto é a série “The Undoing”, a estrear em 2020. Este projeto vem na continuidade de uma bem-sucedida primeira grande colaboração na televisão. Bier realizou 6 episódios de “The Night Manager” em 2016.




JENNIFER FOX (n.1959)

Jennifer Fox
Jennifer Fox nas gravações de “The Tale ” | Kyle Kaplan – © 2018 – HBO

 

Jennifer Fox faz de tudo um pouco no que diz respeito a cinema. Fotografia, realização, produção, argumento e outras funções no que à equipa técnica diz respeito. Apesar de já estar na indústria há largos anos, foi um filme para televisão que lançou em 2018 que lhe conferiu um novo estatuto de reconhecimento. Falo de “The Tale”, um filme comprado pela HBO e pelo qual a realizadora foi nomeada ao Emmy. Em parte drama, em parte thriller, “The Tale” é um pesado conto sobre violação, que estreou no início do ano de 2018 em Sundance, perfeitamente integrado no espírito do movimento #Metoo. A obra foi assim um sucesso no festival, e rapidamente comprada.

De resto, no campo da realização, Jennifer tem estado muito próxima do género documental e realizou inclusive uma mini-série documental intitulada “Flying: Confessions of a Free Woman” (2006- 2008), um importante estudo sobre sexualidade.




DENIZ GAMZE ERGUVEN (n.1978) 

Mustang
Mustang (2015) | ©Outsider Films

 

Deniz Gamze Ergüven  é uma célebre realizadora Turca, nomeada ao BAFTA pelo seu inovador filme no feminino “Mustang”, de 2015. O filme pode não ter chegado aos Óscares, mas fez furor no decurso da temporada de prémios e de festivais. Desde esta sua importante primeira longa-metragem, sobre cinco raparigas orfãs que procuram a emancipação, Deniz realizou uma segunda-metragem, “América em Chamas”, de 2017, que assinalou assim o seu salto para a indústria de Hollywood.

Ultimamente, tem vindo a dedicar-se à televisão norte-americana, tendo realizado em 2019 dois episódios de “The Handmaid’s Tale”, um projeto que se tenta focar ao máximo numa equipa com equilibrio entre sexos na produção, e que à semelhança de outros projectos no feminino como “Big Little Lies”, procura mulheres realizadoras para comandar o barco.




FLORIA SIGISMONDI (n. 1965) 

realizadoras
Floria Sigismondi em “The Runaways” (2010) |©Sony Pictures Home Entertainment

 

Floria Sigismondi é uma realizadora italiana que trabalha nos Estados Unidos. E quem diz realizadora diz argumentista, atriz, fotógrafa, operadora de câmara, uma faz tudo atrás da câmara.

Floria é uma das diversas realizadoras que filmaram episódios de “The Handmaid’s Tale” (2017). É também muito associada ao mundo da música, devido à realização de videoclipes. Notoriamente, realizou “Swan Song” de Dua Lipa, música incorporada na Banda Sonora Original do filme “Alita”, “E.T” de Katy Perry ou  “The One That Got Away” , também de Katy Perry, entre muitos outros.

No cinema, foi responsável pelo argumento e realização de “As Runaways” (2010) com  Kristen Stewart, Dakota Fanning e Michael Shannon. Em 2020, estreia “The Turning”, mais uma adaptação do famoso romance ” The Turn of the Screw”, de Henry James, que aqui conta com  Mackenzie Davis, Finn Wolfhard e Brooklynn Prince nos papéis centrais.




SAM TAYLOR-JOHNSON (n. 1967) 

Sam Taylor Johnson
Dakota Johnson, Sam Taylor-Johnson e Jamie Dornan em “50 Sombras de Grey” (2015) |© Chuck Zlotnick – © Universal Pictures

 

Sam Taylor-Johnson é uma realizadora britânica, mais conhecida pela realização de “50 Sombras de Grey” (2015). Contudo, a autora esteve envolvida em diversos projetos conceituados antes de realizar este blockbuster. Em Inglaterra, realizou, em 2009, o bem-recebido “Nowhere Boy”, uma biografia musical sobre a juventude de John Lennon, passando pelas suas relações familiares e outros momentos fulcrais dos seus anos formativos.

Em Portugal, o filme recebeu o nome “Para Lá da Música”. O drama biográfico estreou inicialmente no BFI LFI – London Film Festival, e foi distinguido com duas nomeações nos BAFTAS de 2010, sendo indicado a Melhor Filme Britânico e também Melhor Primeira Longa-Metragem, a primeira de Johnson. Tinha também sido já nomeada aos BAFTA pela curta-metragem “Love You More”, em 2009. Neste filme, Aaron Taylor-Johnson, seu marido desde 2012, dá vida ao cantor.

Em 2018, lançou “A Million Little Pieces”, estreado originalmente em Toronto. Aqui, o seu marido volta a protagonizar. Encarna um jovem aspirante a escritor, que é internado numa clínica onde deve lidar com os seus vícios e eventos traumáticos do passado.




DESIREE AKHAVAN (n.1984)

realizadoras
Desiree Akhavan em “Appropriate Behavior” (2014) |©Gravitas Ventures

 

Atriz, argumentista e realizadora, Desiree Akhavan tornou-se uma autora no mapa com o seu filme “The Miseducation of Cameron Post”, estreado no Sundance Film Festival em janeiro de 2018. O filme não teve distribuição de sala em Portugal, mas não deixou de se apresentar como um enorme sucesso no circuito de festival. Protagonizado por  Chloë Grace Moretz, o drama narra a história de uma jovem adolescente forçada a participar em terapia de conversão sexual. Desiree escreveu e realizou o filme, o qual se baseia no romance de Emily M. Danforth.

Já em 2018, foi uma das protagonistas e realizou também seis episódios da série “The Bisexual”. Assim, a temática LGBTI atravessa o seu trabalho de forma consistente. O seu primeiro grande sucesso no cinema, em 2014, foi a comédia dramática “Appropriate Behavior”, estreada em Sundance. O filme narra a história de Shirin, uma jovem que luta com o ideal da filha persa perfeita, falhando redondamente. Shirin é uma vibrante jovem bissexual, talvez Pansexual, de Brooklyn, que tem dificuldade em navegar as experiências familiares e o que é esperado dela. Desiree não só escreve e realiza, como protagoniza esta sua poderosa primeira longa.




MIA HANSEN-LOVE (n.1981) 

realizadoras
Mia Hansen-Løve em “Eden” (2014) |© Sundance Institute

 

Aos 38 anos, Mia Hansen- Løve é já uma veterana.  Está no mundo do cinema desde os 18 anos, por onde entrou como atriz, num filme de Olivier Assayas, que viria a ser o seu parceiro criativo e pessoal durante muitos anos.  Mia não é apenas atriz, realizadora e argumentista, mas também colaboradora frequente da revista “Les Cahiers du Cinéma”. Foi em 2001 que começou a aventurar-se na realização. Essa experiência tem corrido de vento em poupa, se considerarmos que a realizadora parisiense venceu o Urso de Ouro em 2016 pelo seu filme “L’Avenir”, no português ” O que Está para Vir”, o qual foi amplamente bem recebido.

Nos últimos anos, tem vindo a produzir de forma consistente. Para 2020, tem já em pós-produção “Bergman Island”, um filme sobre um casal de realizadores americanos que repousam numa ilha, no verão, onde escrevem argumentos para os seus próximos filmes, e à medida que o filme avança, a linha entre realidade e ficção torna-se mais ténue para o casal.  O filme é protagonizado por Mia Wasikowska e Tim Roth.




ISABEL COIXET (n. 1960)

Isabel Coixet
Ben Kingsley e Isabel Coixet no seu filme “Aprender a Conduzir” (2014) |Linda Kallerus – © Broad Green Pictures

 

A catalã Isabel Coixet conta já com uma longa carreira na realização, contando com diversos projectos célebres como “Coisas que Nunca te Disse” (1996), “A Minha Vida Sem Mim” (2003) ou “A Vida Secreta das Palavras” (2005). Isabel é igualmente detentora da sua própria empresa de produção, Miss Wasabi Films. Isabel Coixet tem uma carreira eclética, e é uma realizadora que aprecia colocar a mão na massa, sendo a operadora de câmara dos seus próprios filmes. Isabel já trabalhou em ficção, documentário, curtas, publicidade, de tudo um pouco.

É também uma artista altamente premiada, e altamente popular no circuito de festivais europeus. Em 2019, por exemplo, o seu filme “Elisa y Marcela” foi nomeado ao Urso de Ouro. O filme, comprado pela Netflix, narra a história de Elisa Loriga, que em 1901 assumiu a identidade de Mario Sánchez para casar com o seu amor de mais de 15 anos, Marcela Gracia Ibeas. Ultimamente, a realizadora tem também trabalhado em língua inglesa. Destaque para o seu “A Livraria”, de 2017, protagonizado por  Emily Mortimer.




ABBY KOHN  

I feel Pretty
Abby Kohn, Marc Silverstein, Amy Schumer e Chloe Hurst nas gravações |© Mark Schfer/STXfilms

 

Na indústria desde os anos 90, Abby Kohn destacou-se, acima de tudo, no campo do argumento. Contudo, tem vindo a dar também uns toques na produção e na realização. É uma escritora bastante relevante no campo da comédia romântica norte-americana, tendo escrito filmes como “Sou Sexy, Eu Sei!” (2018), “Ele Não Está Assim Tão Interessado” (2009), “Nunca Fui Beijada” (1999), um dos primeiros grandes projectos de Drew Barrymore ou, mais recentemente, “Como ser Solteira” (2016).

O seu trajeto na realidade é ainda recente. Depois de ter realizado uma curta em 1997, a sua primeira longa-metragem “Sou Sexy, Eu Sei!”, protagonizada por Amy Schumer, só chegou em 2018. De momento, tem já um novo projecto no campo da realização em pré-produção, “Fantasy Camp”, que será protagonizado por Jennifer Garner. Realiza-o a meias com Marc Silverstein, com quem escreve a maior parte dos seus argumentos. 




LANA WACHOWSKI E LILLY WACHOWSKI (n. 1965 e 1967) 

Wachowski
Lilly Wachowski and Lana Wachowski em “Ascensão de Júpiter” (2015) |©Warner Bros.

 

As irmãs Wachowski são duas figuras importantíssimas da indústria cinematográfica, tendo criado filmes essenciais e revolucionários. Contudo, o seu feito como mulheres no cinema é frequentemente ignorado por terem realizado o seu maior êxito enquanto homens. As Wachowskis, como são conhecidas, são duas imensas cineastas transexuais. Marcam pela sua irreverência e pela importância que dão ao seu trabalho. As realizadoras incluíram no seu contrato que não fariam qualquer promoção a Matriz e suas sequelas, nada de entrevistas ou press junkets. Os filmes teriam que falar por si. Ora, parece ter resultado.

O seu primeiro filme foi lançado pela Warner Brothers em 1996, “Sem Limites”. Ora, a sua segunda longa-metragem foi desde logo  o revolucionário “Matrix”, em 1999, cuja sequela realizaram também em conjunto. Esta foi lançada em 2003. Mantendo-se bastante fiel ao seu estilo, em 2012 lançaram “Cloud Atlas”. Depois de um pequeno contra-tempo na sua carreira, sim, falo de “Ascensão de Júpiter” de 2015, as realizadoras tiveram um regresso à forma na Netflix com a série que criaram para a plataforma: “Sense 8”, que apesar de subitamente cancelada, tornou-se rapidamente um fenómeno de culto.

 Lana Wachowski prepara de momento “Matrix 4”. A antecipada sequela deverá ser lançada em 2022.




ANNE FLETCHER (n. 1966) 

realizadoras
Anne Fletcher e Jenna Dewan em “Step Up” (2006) |©Phillip Caruso/ Buena Vista Pictures

 

Anne Fletcher pode realizar filmes que não são considerados propriamente grandes obras, mas é um nome fortíssimo associado à comédia e comédia romântica norte-americana. Desde coreografia, a representação, passando por produção, departamento de animação, assistência de realização, banda-sonora, Anne Fletcher é uma realizadora que já fez de tudo um pouco. Entre os créditos mais reconhecíveis da norte-americana conta-se a realização de filmes como “Step Up” (2006), a sua primeira longa-metragem e um enorme sucesso junto do público, “Pronta Para Casar”, em 2008, filme que contou com o argumento de Aline Brosh McKenna, criadora de “Crazy Ex-Gilfriend”. Em 2009, realizou a comédia romântica ” A Proposta”, com Sandra Bullock e Ryan Reynolds. Esta tornou-se uma das comédias românticas mais bem-sucedidas da década.

Mais recentemente, realizou episódios da popular série “This is Us” e o filme da Netflix “Dumplin’” ou em português “Miss XL”, o qual conta com Jennifer Anniston e  Danielle Macdonald no elenco.




LISA JOY 

Lisa Joy
Lisa Joy na Comic Con de San Diego |© Wikicommons /Gage Skidmore

 

Lisa Joy é um nome importante na indústria televisiva norte-americana. Não é um nome em que pensaríamos imediatamente para uma lista de realizadoras, pois a sua aventura na realização começou há pouco. Principalmente conhecida como argumentista e produtora, Lisa está de momento a gravar a sua primeira longa-metragem, depois de lhe ter tomado o gosto pela realização com um episódio de “Westworld” em 2018.

Agora, prepara “Reminiscence”, um romance sci-fi, no qual uma cientista descobre uma forma de reviver o passado e usa a tecnologia para procurar o seu amor perdido há muito. Na sua ainda relativamente curta carreira, Lisa é associada à escrita do argumento da série “Pushing Daisies”.Escreveu ainda alguns episódios da série “Burn Notice”.

Atualmente, a sua posição no mundo da televisão tem vindo a tornar-se cada vez mais importante, sendo uma das criadoras de “Westworld”, bem como produtora executiva e argumentista de diversos episódios da série. Por esta série, foi já nomeada a três Emmy, duas das três nomeações partilhadas com o seu marido Jonathan Nolan, argumentista de “Memento”, realizado pelo seu irmão Christopher.

O  futuro brilhante de Lisa promete assim oscilar entre o cinema e a televisão.




LISA CHOLODENKO (n.1964) 

Julianne Moore, Lisa Cholodenko e Mia Wasikowska em “Os Miúdos Estão Bem” | Suzanne Tenner – © 2010 Focus Features

 

Realizadora, argumentista, produtora, editora e em tempos até assistente de produção, Lisa Cholodenko tem já uma longa carreira no mundo dos filmes. Realizou quase tanto cinema como televisão, num equilibrio regrado entre os dois, que esta lista prova ser mais comum do que possamos pensar. A sua obra mais famosa realizou-a para o grande ecrã: “Os Miúdos Estão Bem”, que  estreou em janeiro de 2010 em Sundance. O filme,  protagonizado por Annette Bening, Julianne Moore e Mark Ruffalo, teve uma ótima recepção crítica e foi nomeado a quatro Óscares, incluindo Lisa pelo argumento original.

A sua primeira grande obra de relevo no cinema foi lançada em 1998, também em Sundance pela primeira vez.”High Art” é um drama romântico LGBTI, tal como o era “Os Miúdos Estão Bem”, sobre uma família encabeçada por duas mães. Já “High Art” conta a história de uma jovem estagiária numa pequena revista, que se envolve com uma fotógrafa lésbica viciada em drogas. Ao mesmo tempo que procuram explorar-se uma à outra para ganhos profissionais, acabam por se apaixonar.

De momento, prepara um projeto muito interessante para o cinema. Um remake da comédia dramática alemã “Toni Erdmann”, filme de 2016 nomeado ao Óscar para Melhor Filme em Língua Estrangeira, que aqui terá direito a uma nova interpretação americana interpretada por Kristen Wiig. A narrativa é a de um pai que cria um alter-ego para conseguir relacionar-se com a sua filha.




 DAINA REID

realizadoras
Daina Reid na 71ª Edição dos Emmy |©Emmy

 

Continuamos a juntar a esta lista os nomes das talentosas mulheres atrás da câmara, e temos vindo a incluir as mãos femininas responsáveis por “The Handmaid’s Tale”. Outra delas é a australiana Daina Reid, nomeada ao Emmy pelo episódio da série The Handmaid’s Tale: Holly , emitido em 2018. É também conhecida por ter realizado episódios da série televisiva “Never Tear Us Apart: The Untold Story of INXS”, uma mini-série que narra a vida e a ascensão à fama da banda australiana INXS.

Para além da realização, tem também um número elevado de créditos como atriz. Contudo, desde 2010, tem estado mais atrás do que à frente da câmara. Dedica-se também à escrita desde o início dos anos 90, mostrando assim a sua natureza polivalente.

Em 2019, para além de “The Handmaid’s Tale”, realizou episódios de “David Makes Man”.




AMY POEHLER (n.1971) 

Wine Country
Amy Poehler em “Wine Country “(2019) |©Netflix

 

Amy Meredith Poehler é muito mais do que uma comediante atriz. Sim, ela é uma das personalidades mais notáveis entre o elenco de antigos membros do programa de sketches SNL, indicada a Emmys sem fim pelos seus múltiplos papéis, que interpretou ao longo de 14 grandes anos, de 2001 a 2014. Contudo, a atriz tem vindo a destacar-se noutras áreas desde que o programa terminou. Protagonizou “Parks and Recreation”, claro, mas também apresentou com Nick Offerman “Making it”, programa pelo qual foi nomeada ao Emmy. Também foi nomeada por “Russian Doll”, série protagonizada por Natasha Lyonne que criou, produz e também escreve.

Foi enquanto esteve em “Parks and Recreation”  (2010-2015) que Poehler começou a explorar mais a fundo os seus dotes atrás do ecrã. Para a série, escreveu diversos episódios, inclusive os dois finais. E para além de ter produzido os 125 episódios da série, Amy aventurou-se na realização de três episódios. Isto considerando que tinha já antes realizado um episódio de “Broad City”(2014). Desde então, multiplicaram-se os seus créditos no campo da realização. Em 2016, realizou o filme “Dumb Prince” para a televisão. Em 2019, voltou à cadeira de realizadora com o filme da Netflix “Wine Country”, que protagoniza lado a lado outras grandes senhoras da comédia como Tina Fey, Rachel Dratch ou Maya Rudolph.

Amy Poehler tem diversos projectos em desenvolvimento. O destaque vai para o situado no campo da realização. Em breve, filmará o drama musical “Moxie”, sobre uma jovem no Texas que organiza uma revolução feminista no seu liceu. Em 2020, cria também uma nova série de comédia de animação “Duncanville”, sobre um miúdo comum com grandes sonhos. A série contará com as vozes de Ty Burrell (“Modern Family” ) e Rashida Jones (“Parks and Recreation”), bem como do músico Wiz Khalifa.




NAHNATCHKA KHAN (n. 1973) 

Nahnatchka Khan
Nahnatchka Khan |©ABC

 

Nahnatchka Khan é associada acima de tudo à televisão, mas começa agora a dar os primeiros passos decisivos no cinema. Além de realizadora, é também produtora, tendo por duas vezes sido nomeada  aos Emmy Awards pelo seu trabalho de produção na série de animação “American Dad” (2005). A californiana de origem Iraniana, que cresceu no Hawaii, criou a hilariante série “Don’t Trust the B—- in Apartment 23”, protagonizada pela sempre impecável Krysten Ritter (“Breaking Bad”, “Jessica Jones”).  Foi no set desta série, para a qual escreveu 26 episódios, que teve a sua primeira experiência na cadeira de realização.

A sua hilariante série foi tristemente cancelada, e a próxima série que criou foi “Fresh off the Boat”, iniciada em 2015 e agora a iniciar a sua sexta temporada neste outono/ inverno. Realizou dois episódios desta sua série em 2016. Em 2019, veio a primeira longa-metragem “Always Be My Maybe”, uma comédia romântica protagonizada por Ali Wong e Randall Park.

Em pré-produção tem “White Girl Problems”, que será protagonizado por Danielle McDonald (“Skin”, “Dumplin’”). Esta adaptação de um romance narra a história de uma jovem viciada em compras.




JENNIFER GETZINGER (n. 1967) 

realizadoras
Jennifer Getzinger nas gravações da T2 de Jessica Jones |© Netflix

 

Apesar de ter um crédito de realização no final dos anos 90, apenas em 2010 o seu trabalho na televisão começou a ser apresentado em doses regulares e significativas. Apesar disso, Jennifer Gerzinger é uma das mais recorrentes realizadoras a trabalharem, transversalmente, em diversos conteúdos da televisão norte-americana. Realizou episódios de “Jessica Jones”, de “How to Get Away With Murder”, de “Outlander”, de “Master’s of Sex” ou “Desperate Housewives”, tudo isto nos últimos 10 anos, entre muitos outros títulos.

A sua carreira começou como assistente de produção e posteriormente revisora de guiões, tendo desempenhado este último cargo em produções gigantescas como “Sex and the City” ou “Mad Men”. Fê-lo ainda em “O Diabo Veste Prada”, em 2006. Produziu ainda a comédia romântica “Ela(s)”, de 2013, protagonizada por Adam Brody.

Em 1998, realizou o filme de natal “Blue Christmas”. Jennifer foi já indicada a dois Directors Guild of America Awards, a Academia de realizdores, pelo seu trabalho.




CLÁUDIA VAREJÃO 

realizadoras
Cláudia Varejão |©Site Oficial da Realizadora

 

Voltamos mais uma vez ao talento nacional, e a Cláudia Varejão, conhecida pelo seu ambicioso trabalho no campo do documentário.

A realizadora destacou-se especialmente com a sua obra de 2016 “Ama-San”, a qual, principalmente devido ao seu carácter universal e transnacional, conseguiu conquistar alguma cobiçada atenção no circuito internacional. Em Portugal, venceu a Competição Nacional do DocLisboa. A nível internacional, brilhou em diversos festivais dedicados ao género. O filme narra a história de mergulhadoras no Japão e a sua longa tradição.

Esta editora, realizadora e fotografa de cena foi ainda responsável por obras como “No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos ” ou a curta-metragem “Luz da Manhã”.




MÉLANIE LAURENT (n. 1983)

Sacanas sem lei
Inglourious Basterds © Universal Pictures

 

Conhecemo-la como a Shosanna de “Sacanas Sem Lei” (2009) de Tarantino, ou até como Anna na comédia romântica indie “Assim é o Amor” (2010). Contudo, ela é muito mais do que isso. A atriz francesa é também realizadora, argumentista e até editora. Em 2011, escreveu e realizou “Les adoptés”, mas desde 2008 que Mélanie Laurent se aventurava no mundo das curtas-metragens, e junta-se assim à nossa lista no campo das atrizes e realizadoras francesas.

Em 2014 realizou a sua longa-metragem mais célebre até à data, “Respira”, um “coming of age tale”, um conto sobre crescimento e descoberta sexual, sobre os meandros da adolescência no feminino.  Este filme foi particularmente bem-recebido, tendo valido a Mélanie uma nomeação à Palma Queer em Cannes.




CLAIRE SCANLON 

Como livrar-se do chefe
Claire Scanlon com Zoey Deutch no set de “Como Livrar-se do Chefe” (2018) |©Netflix

 

Como é o caso de muitas outras mulheres na realização, o trajecto de Claire Scanlon foi acidentado, suado, e passou por muitas outras atividades antes de reclamar para si o assento da realização. Claire foi produtora, editora, argumentista, e até brevemente actriz.

É associada a conteúdos de comédia, tendo realizado e editado conteúdos bastante célebres. Foi uma das principais editoras da comédia “The Office”, na sua versão americana. Pela edição de “The Office”, venceu em 2013 o Emmy.

Editou também outras comédias de luxo, tanto na televisão por cabo como nas plataformas de streaming. Contam-se, entre elas, em anos recentes: “Glow”, “Brooklyn Nine-Nine”, “Black-ish”, “Unbreakable Kimmy Schmidt “,  “The Good Place”, “Fresh Off the Boat”, entre muitos outros conteúdos célebres, como, por exemplo, “The Last Man on Earth” (2015-2018).

Em 2018, lançou a sua primeira longa-metragem, o filme de comédia “Como Livrar-se do Chefe”. Em breve, Kimmy Schmidt irá despedir-se com um filme. Cabe a Claire realizar esta antecipada despedida.




LINA WERTMÜLLER (n.1928) 

Óscares Ó
Da esquerda para a direita: Geena Davis, Lina Wertmuller, David Lynch, Wes Studi © Foto de Chris Pizzello / Shutterstock

 

Chegamos talvez ao nome mais fundamental da lista. Lina Wertmüller foi a primeira mulher a ser alguma vez indicada ao Óscar de Melhor Realização. A realizadora italiana foi nomeada em 1976, para argumento e realização, pela sua obra “Pasqualino das Sete Beldades”. Demoraria décadas até que outra mulher fosse indicada, mais precisamente Jane Campion, com “O Piano”, apenas na década de 90, passados quase 20 anos.

Entre as obras desta realizadora destacam-se ainda filmes como  “Os Inativos” (1963) ou “Insólito Destino” (1974). O último crédito da realizadora, na altura com 86 anos, foi o documentário “Roma, Napoli, Venezia… in un crescendo rossiniano”, em 2014. Ao longo da sua prolífica e rara carreira, acumulou mais de 30 créditos de realização. Lina conquistou para sempre o seu lugar na História do Cinema.

A realizadora foi recentemente homenageada com o Óscar honorário de carreira pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. A imagem de destaque recorda precisamente este momento.




RY RUSSO-YOUNG (N.1981) 

Realizadoras
© Ry Russo-Young (Página Oficial)

 

Nova Iorquina de gema, Ry Russo-Young, como o nome indica, ainda é jovem, mas conta já com 14 créditos de realização, e tem vindo a envolver-se em projectos com cada vez mais notoriedade.

No campo da longa-metragem, a primeira experiência da realizadora, argumentista e atriz foi em 2007, com o drama “Orphans”. Desde então, realizou o notório drama “Antes de Vos Deixar “(2017), notório na carreira de Zoey Deutch, a sua interprete principal. 

Em 2019, realizou o drama jovem-adulto “O Sol Também É uma Estrela”, baseado num romance bestseller para adolescentes. De momento, prepara “Nightlife”, um filme criminal sobre uma policia que se transforma em charlatona.




ALICE FURTADO (n.1987) 

Sem Seu Sangue
Still de Sem Seu Sangue (2019) |© Berlinale Talents

 

Mais um nome muito jovem nesta lista, e que na realidade ainda muito pouco realizou. Contudo, aquilo que de facto já fez torna-a uma realizadora a não descartar, e que certamente será falada no futuro bem próximo.

Alice Furtado é uma realizadora brasileira que em 2019 brilhou com a sua primeira longa-metragem “Sem Seu Sangue”. O drama romântico de terror/sobrenatural está neste momento ainda a percorrer a sua rota de festival, tendo estreado este ano na Quinzena dos Realizadores de Cannes, onde foi bem recebido.

Em inglês, e para uma distribuição que se espera vir a acontecer em breve, adotou o nome de “Sick, Sick, Sick”. Esta jovem promessa realizou então uma obra complexa. Narra a história de uma adolescente introspetiva, Silvia, uma jovem comum, dedicada à vida familiar e escolar, para quem tudo muda quando se apaixona por Artur, que sofre de uma doença séria – hemofilia, em que se sangrar a capacidade de estancar é limitada. Quando Artur sofre um acidente, Silvia torna-se obsessiva.

Uma interessante proposta de uma realizadora que ainda tem, de certo, muito a mostrar.




JOSIE ROURKE (n.1976) 

realizadoras Josie Rourke
No set de “Maria, Rainha dos Escoceses “(2018) |©Focus Features

 

Josie Rourke começou no teatro, com um papel de prestigio na produção em palco. Como directora artística do Donmar Warehouse, um importante coletivo de teatro londrino, as suas produções foram adaptadas à Broadway, West-End e venceram posteriormente inúmeros prémios.

Foi apenas em 2018, e com bastante notoriedade, que começou a dedicar-se ao cinema, com “Maria, Rainha dos Escoceses“, protagonizado por Saoirse Ronan e Margot Robbie. Em 2020, entrega ao mundo a comédia “This Nan’s Life”, protagonizada por Catherine Tate .




VANESSA PARISE (n. 1970) 

Vanessa Parise Perfect High
No set de “Perfect High” (2015) |©Randolph Chiang/ Brainstorm Media

 

Realizadora, atriz, argumentista, inovadora e irreverente, Vanessa Parise estudou Biologia, mas encontrou no teatro a sua verdadeira paixão.Começou como a nossa última realizadora na lista, pela paixão pelo teatro, neste caso pela off-Broadway, onde representou. A sua primeira e premiada curta-metragem “Lo and Jo”, chegou em 1998.

Tem trabalhado regularmente, desde então, na televisão e no cinema. Na televisão, realizou episódios de “Charmed”, no formato da longa-metragem a sua última abordagem foi lançada em 2018, “The Simone Biles Story: Courage to Soar”, um filme biográfico criado para a televisão sobre a famosa ginasta.

Os seus filmes têm passado, de facto, muito pelo formato para televisão. Em 2015, recuperou um famoso fenómeno da cultura popular e televisiva com “The Unauthorized Beverly Hills, 90210 Story”. Em 2008, e para o cinema, realizou a comédia dramática “Jack e Jill contra o Mundo”, onde também participou como atriz. O filme é protagonizado por Freddie Prinze Jr. (“Sei o Que Fizeste o Verão Passado) e Taryn Manning (“Orange is the New Black”).

O seu filme mais conhecido é provavelmente o teen movie “Perfect High”, de 2015, protagonizado por Bella Thorne.




CORALIE FARGEAT (n.1976) 

vendeta
Matilda Anna Ingrid Lutz em “Vendeta” de Coralie Fargeat (2017) |©Cinemundo

 

Embora a sua carreira não seja ainda longa, se vamos falar de “girl power” e de mulheres atrás da câmara, precisamos de discutir o trabalho de Coralie Fargeat. Apesar desta assistente de realização virada realizadora e argumentista ainda não contar com muitos créditos de realização, a francesa já provou que esta é a sua vocação inegável, com o sucesso de “Vendeta” em 2017, um filme de vingança, no qual uma mulher maltratada se vira contra o grupo de homens que lhe provocou sofrimento.  “Vendeta” é um thriller de terror, no qual uma mulher “caçada” se torna a caçadora.

Esta foi apenas a primeira longa-metragem de Coralie, e que bem sucedida. Antes disso, realizou diversas curtas-metragens, nomadamente a distópica e futurística curta-metragem de ficção científica “Reality +”, de 2014.




CATARINA MOURÃO (n.1970)

realizadoras
Catarina Mourão no Festival de Roterdão (2015) | ©Portugal Film

 

Voltamos mais uma vez às heroínas atrás da câmara nacionais, para falar sobre a carreira da argumentista, editora e realizadora portuguesa Catarina Mourão. Mourão conta com 10 créditos na realização, a sua esmagadora maioria no campo do documentário.

Em 2006, realizou o tocante “A Minha Aldeia já não Mora Aqui “, sobre a Aldeia perdida da Luz, a qual foi reconstruída num outro local, mas a aldeia original encontra-se no fundo da barragem do Alqueva. A realizadora realiza aqui um esforço muito interessante, no qual combina testemunhos com imagens sub-aquáticas do que aconteceu à Luz das histórias dos seus habitantes. Devido ao choque e à transformação operada, a narrativa torna-se bastante melancólica.

Em 2015, realizou uma biografia notável que dá pelo nome de “A Toca do Lobo”, na qual explora a história da sua própria família, um tipo de objecto comum na carrreira de documentaristas. Por este filme, venceu o Prémio do Público no Indielisboa e foi ainda nomeada aos Sophia, os Prémios da Academia de Cinema Portuguesa.




GILLIAN ARMSTRONG (N.1950) 

realizadoras
Nas gravações do seu “Oscar and Lucinda” (1997) |©Dalton Films

 

Gillian Armstrong é uma realizadora, produtora e argumentista australiana que grava nos Estados Unidos da América e na Austrália. O seu filme mais famoso é provavelmente “As Mulherzinhas”, na sua versão de 1994, protagonizada por Winona Ryder, e Susan Sarandon, a versão mais amada desta adaptação literária, pelo menos até agora. Esta sua obra foi indicada a três Óscares, Melhor Atriz para Winona Ryder, Melhor Guarda-Roupa e Melhor Música Original.

Entre as suas adaptações do livro ao cinema conta-se também a obra “Charlotte Gray”, filme de 2001 protagonizado por Cate Blanchett e o qual narra a história de uma jovem escocesa que se junta à resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial, com o intuito de salvar o seu namorado, o qual pertence à Força Aérea, e se encontra perdido em França.

Dedica-se também ao documentário, sendo que o último filme que lançou foi “Women He’s Undressed”, em 2015, um documentário sobre a vida de Orry-Kelly, três vezes nomeado aos Óscares pelo seu trabalho no departamento de guarda-roupa. Este documentário, fé-lo na Austrália.




NAOKO YAMADA (n. 1984) 

realizadoras Naoko Yamada
Still de “Uma Voz Silenciosa” (2016) |©Yoshitoki Oima, KODANSHA/A SILENT VOICE The Movie Production Committee

 

Naoko Yamada é uma popular animadora e realizadora de anime. Naoko trabalhou já no cinema e na televisão, realizando tanto filmes como séries. Desde 2006 que trabalha no departamento de artes de inúmeras séries, e foi em 2008 que realizou o seu primeiro episódio na série “Clannad”.

Em 2016, realizou o muito amado “Uma Voz Silenciosa”, que fez uma impressionante rota de festivais mundial, tendo estreado um pouco em todo o mundo. O filme, que recolheu ótimas críticas, estreou em Portugal na MONSTRA – Festival de Animação de Lisboa. Conta a história de um jovem que é ostracizado pelos seus colegas por maltratar uma jovem surda. Anos mais tarde, começa o seu caminho rumo à redenção.

Em 2018, voltou ao formato da longa-metragem com “Liz and the Blue Bird”, uma história sobre amizade.




PENNY MARSHALL (n. 1943, f. 2018) 

realizadoras
Danny DeVito e Penny Marshall no set | Cinergi Pictures Entertainment – © 1994
Penny Marshall foi um enorme nome no mundo da comédia norte-americana, como realizadora, atriz e produtora, tendo-nos abandonado aos 75 anos em 2018. Nasceu no seio da indústria, numa família de artistas e realizadores, sendo irmã do também afamado realizador Garry Marshall, e, por isso, começou cedo neste mundo.
No campo da realização, um dos seus maiores sucessos foi a comédia fantástica Big, de 1988, um dos primeiros grandes papéis de Tom Hanks. Realizou ainda obras como “Liga das Mulheres”, de 1992, onde Madonna participa como interprete, ou “Os Rapazes da Minha Vida”, de 2001, uma interpretação importante na carreira de Drew Barrymore.
Abandonou-nos cedo demais, mas tem ainda um documentário para sair, “Rodman”, previsto para 2020.




AMMA ASANTE (n.1969)

realizadoras
Amma Asante nas gravações de “Belle” (2013) |©Fox Searchlight Pictures

 

Atriz, realizadora e argumentista, uma ameaça tripla que esta lista nos faz parecer bastante comum, Amma Asante é uma artista britânica vencedora do BAFTA. Começou a sua carreira com o muito popular e premiado “A Way of Life” (2004).

O seu filme mais popular é “Belle“, de 2013, um filme de época, um romance biográfico sobre a filha de Almirante da Marinha, a qual é de raça mista, criada pelo seu tio aristocrata na Inglaterra do século XVIII.  Este filme colocou a realizadora no mapa, e mereceu-lhe ainda algumas distinções junto dos círculos de críticos. Os filmes “Um Reino Unido”, de 2016 (outro romance biográfico) e o drama de guerra lançado em 2018, “Where Hands Touch” ajudaram à solidificação da sua carreira.

Em 2019, realizou dois episódios de “The Handmaid’s Tale” e de momento prepara mais uma participação na realização de uma série com “Mrs. America”, em 2020. Em pré-produção, apresenta uma outra ficção biográfica “The Billion Dollar Spy”, a história verídica de um espião durante os anos da Guerra Fria.




YVONE RAINER (n. 1934) 

realizadoras
Yvonne Rainer |©Daniel Assayag/ Wikicommons

Como esta lista está a chegar ao fim, incluo agora Yvone Rainer, uma lenda de 84 anos, cujo trabalho não se limita ao cinema mas também não o exclui. Rainer é dançarina, coreógrafa e cineasta, e o seu trabalho situa-se no domínio do experimental, associado sempre a uma arte minimalista. Yvone Rainer vive e trabalha em Nova Iorque.

No cinema, realizou 8 filmes, 7 deles longas-metragens. Realizou entre os anos 70 e 90 uma série de filmes sequenciais. O primeiro da “saga” foi “Lives of Performers” (1972) , retrato da sua performance com coreografia. Uma artista interdisciplinar  e completa.




MARGUERITE DURAS (n.1914 – f.1996) 

Hiroshima, Meu Amor
“Hiroshima, Mon Amour” foi escrito por Duras © Rialto Pictures

 

Mais uma lenda da realização, argumento e representação, Duras nasceu no Vietname e regressou da Ásia para paris na sua juventude depois de doenças e desastres a terem feito orfã.

Foi realizadora, mas como referido, também argumentista, tendo escrito o famoso “Hiroshima, Meu Amor” de 1959. Contou com 19 créditos no campo da realização, entre eles longas metragens como “Les enfants”, a sua última obra, realizada em 1985.

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Por aí, conhecem as realizadoras presentes nesta lista? Acrescentariam alguns outros nomes? 

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