Nomeados e vencedores 100% MHD | © Magazine.HD

Emmy Awards | E se a MHD fosse o júri?

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A 71ª cerimónia da entrega dos Emmy Awards revelou-se uma boa caixinha de surpresas. No entanto, a equipa da MHD considera que quer os vencedores, quer os nomeados, não faz 100% jus ao panorama das séries elegíveis para estes prémios.

Como tal, decidimos fazer os Emmys à nossa maneira, respeitando, claro, grande maioria das regras da Academy of Television Arts and Sciences. Desta forma, séries e atores que, por um motivo ou outro, dificilmente acabarão na lista de nomeados, têm aqui o seu merecido destaque e apreciação. 

Conhece os nomeados e vencedores 100% MHD!

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MELHOR SÉRIE LIMITADA

Chernobyl hbo portugal
Chernobyl | © HBO Portugal

Os nossos nomeados:

  • Chernobyl
  • When They See Us
  • The Hauting of Hill House
  • Sharp Objects
  • Fosse/Verdon

O nosso Emmy vai para: CHERNOBYL

“Chernobyl” é um daqueles raros casos de um produto televisivo absolutamente universal em que o espectador precisa de poucos minutos para reconhecer: ‘Ok, já percebi, apanharam-me, estou perante uma obra-prima’.

Em cinco episódios (total de aproximadamente 5 horas e meia), a HBO produziu uma mini-série com o pedigree de “Band of Brothers,” surgindo o improvável Craig Mazin – que escrevera os “Scary Movie” 3 e 4, as sequelas de “A Ressaca” e uma coisa chamada “O Astro-Nabo” – como homem do leme de um dos monumentos televisivos de 2019.

A excelência no elenco (Jared Harris, Emily Watson, Stellan Skarsgard, Jessie Buckley, Paul Ritter, David Dencik e Barry Keoghan para nomear alguns) foi equiparada em todos os vectores – “Chernobyl” é terror sonoro, é uma aula de Química, é a tensão de 90 segundos para retirar grafite de um terraço, é a ansiedade medida em contadores Geiger, é uma lição de como lidar com exposição e de que perspectiva escolher para estabelecer a máxima empatia com o espectador, sem perder a escala da tragédia. Se é a melhor série de todos os tempos? Não. É uma série perfeita? Sim.

– Miguel Pontares




MELHOR ATRIZ NUMA SÉRIE LIMITADA

HBO Sharp Objects
Amy Adams | © Blumhouse Television

As nossas nomeadas:

  • Amy Adams (Sharp Objects)
  • Michelle Williams (Fosse/Verdon)
  • Joey King (The Act)
  • Patricia Arquette (Escape at Dannemora)
  • Aunjanue Ellis (When They See Us)
  • Florence Pugh (The Little Drummer Girl)

O nosso Emmy vai para: AMY ADAMS, por “Shap Objects”

A edição de 2019 fica marcada pelo extraordinário nível de séries limitadas, uma tendência para continuar, julgamos. Num ano em que as mini-séries deixaram os dramas para segundo plano, a Academia nomeou “Chernobyl,” “When They See Us,” “Sharp Objects,” “Fosse/Verdon” e “Escape at Dannemora,” custando ver produções como “The Haunting of Hill House,” “The Virtues,” “Maniac” ou “The Little Drummer Girl” fora da corrida.

Neste contexto, a categoria de melhor atriz em série limitada é bem capaz de ser aquela que reúne um maior número de performances de alto nível. Não houve espaço para Florence Pugh e Emma Stone e, além das duas representantes de “When They See Us” – que bem podiam ter sido consideradas secundárias – sentimo-nos divididos, ficando o Emmy bem entregue a Amy Adams, Michelle Williams, Patricia Arquette ou Joey King.

Entre as quatro, escolhemos Amy Adams. A atriz nascida em Itália (tomem nota, um dia pode surgir numa pergunta de queijinho no Trivial) conta com 6 nomeações para Óscar, mas nunca arrecadou qualquer estatueta dourada, representando “Sharp Objects,” produção da HBO a adaptar a obra de Gillian Flynn, a primeira vez de Amy nos Emmy Awards.

Com 350 cicatrizes no corpo, Camille Preaker tirou o sono à nossa escolhida, numa personagem mutilada pelo passado, com a dor inscrita na pele, anestesiada pelo álcool e obstinada na busca pela verdade. Sempre em excelente contracena com Patricia Clarkson e Eliza Scanlen, Amy Adams tornou-se assim membro do clube de atores-espremidos-por-Vallée, juntando-se a Nicole Kidman, Matthew McConaughey, Reese Whiterspoon ou Jake Gyllenhaal.

– Miguel Pontares




MELHOR ATOR NUMA SÉRIE LIMITADA

when they see us
Jharrel Jerome | © Netflix

Os nossos nomeados: 

  • Jharrel Jerome (When They See Us)
  • Jared Harris (Chernobyl)
  • Mahershala Ali (True Detective)
  • Sam Rockwell (Fosse/Verdon)
  • Stephen Graham (The Virtues)
  • André Holland (Castle Rock)

O nosso Emmy vai para: JHARREL JEROME, por “When They See Us”

Jared Harris esteve incrível, os recentes vencedores de Óscares Mahershala Ali e Sam Rockwell também, e o papel de Stephen Graham em “The Virtues” merecia mais barulho. Mas nenhum outro actor ou actriz, principal ou secundário, esteve ao nível de Jharrel Jerome este ano. Ou pelo menos nenhum intérprete teve no período considerado para estes Emmys uma performance tão arrasadora e devastadora. Para aqueles que conseguiram ficar indiferentes à mini-série da Netflix, tenho uma notícia: estão dispensados de fazer aquele chato e ocasional teste da Google em que provam não ser um robô. Porque são.

A dificuldade em digerir “When They See Us” existe pela mestria com que a série guarda para o final a trágica história de Korey Wise, apostando as fichas todas numa “Part Four” – um dos episódios do ano – que se fosse uma longa-metragem teria que ser considerada para Óscar.

Três anos depois de uma breve participação em “Moonlight“, o actor de 21 anos deve ter encontrado nesta mini-série uma rampa de lançamento para outros voos. É difícil imaginar, por exemplo, que Ava DuVernay não volte a colaborar com ele. O seu Korey Wise foi o único dos Central Park Five a ser interpretado pelo mesmo actor nas versões jovem e adulto, e se WTSU teve o impacto que teve junto da sua audiência uma fatia muito significativa desse mérito deve-se ao emocionante retrato de sofrimento e esperança, bondade e dor, com Jharrel Jerome isolado, fazendo-nos temer o pior, sofrer com ele, com a sua irmã e Marci e com o guarda Roberts, e torcer por ele.

– Miguel Pontares




MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA NUMA SÉRIE LIMITADA

Chernobyl HBO Portugal
Emily Watson | © HBO Portugal

As nossas nomeadas:

  • Emily Watson (Chernobyl)
  • Eliza Scanlen (Sharp Objects)
  • Patricia Clarkson (Sharp Objects)
  • Sissy Spacek (Castle Rock)
  • Patricia Arquette (The Act)
  • Jessie Buckley (Chernobyl)

O nosso Emmy vai para: EMILY WATSON, por “Chernobyl”

A escolha nesta categoria foi especialmente difícil: Patricia Arquette, Patricia Clarkson, Emily Watson… No entanto, a votação final da nossa equipa revelou-se praticamente unânime, elegendo Watson pela sua prestação enquanto Ulana Khomyuk na mini-série do ano “Chernobyl.”

Ironicamente, a física nuclear que conseguiu ser ouvida e integrar a equipa de Shcherbina (Skarsgård) e Valery Legasov (Jared Harris), foi uma personagem inventada para a série. Ulana foi a forma que Craig Mazin, criador de “Chernobyl,” encontrou para prestar tributo a todos os cientistas que fizeram parte da equipa de Legasov. E Watson fez um excelente trabalho representando todos os que ajudaram o cientista soviético, não olhando a meios para chegar ao resultado necessário.

Mazin refere-se à atriz como uma verdadeira ninja e realmente é isso que Emily Watson é. Incorporar uma personagem não existente numa série como “Chernobyl” e fazer com que ela seja tão credível como as outras não é tarefa fácil. A atriz submeteu o terceiro episódio enquanto reflexo do seu trabalho na mini-série, se bem que entre “Open Wide, O Earth” e “The Happiness of All Mankind” é uma escolha bastante difícil. Aliás, para sermos francos, até o segundo episódio (primeiro de Ulana) teria sido suficiente para lhe darmos o Emmy.

– Inês Serra




MELHOR ATOR SECUNDÁRIO NUMA SÉRIE LIMITADA

Chernobyl
Stellan Skarsgård | © HBO Portugal

Os nossos nomeados:

  • Stellan Skarsgard (Chernobyl)
  • Asante Blackk (When They See Us)
  • Oliver Jackson-Cohen (The Haunting of Hill House)
  • Stephen Dorff (True Detective)
  • Ben Wishaw (A Very English Scandal)
  • Michael K. Williams (When They See Us)

O nosso Emmy vai para: STELLAN SKARSGARD, por “Chernobyl”

Um dos fatores que tornou “Chernobyl” uma das séries do ano foi sem sombra de dúvida o seu elenco. Qualquer um dos atores merecia o Emmy e, por isso, o nosso de Melhor Ator Secundário numa Série Limitida ou Telefilme vai para Stellan Skarsgård.

O ator de origem sueca tem aqui uma das suas melhores prestações. Skarsgård vestiu a pele de Boris Yevdokimovich Shcherbina, o vice-presidente do Concelho de Ministros da União Soviética, que teve o azar de apanhar duas das maiores catástrofes da década de 80: Chernobyl (86) e o terramoto Arménio (88). E o ator conseguiu personificar a tensão e sobrecarga que assombravam Shcherbina brilhantemente. Claro que Jared Harris também deu o seu contributo, formando a dupla perfeita com Skarsgård.

Stellan Skarsgård elegeu “Please Remain Calm” para o representar na corrida, um dos episódios em que a tensão é palpável pelo perigo iminente de uma segunda explosão. É também o momento em que Shcherbina vê com os seus próprios olhos e interioriza a dimensão dos danos em Pripyat, reportando posteriormente a Gorbachev (David Dencik). Skarsgård não vacila por um segundo, arrastando-nos para a sua agonia e medo até sentirmos o mesmo aperto no peito que imaginamos que Boris Shcherbina tenha sentido perante Chernobyl. Não são todos os atores que conseguem exercer este poder sobre os espectadores.

– Inês Serra




MELHOR EPISÓDIO MINI-SÉRIE – REALIZAÇÃO

When They See Us
“When They See Us” | © Netflix

Os nossos nomeados:

  • “Part Four”, When They See Us
  • “1:23:45”, Chernobyl
  • “Vichnaya Pamyat”, Chernobyl
  • “Two Storms”, The Haunting of Hill House
  • “Utangatta”, Maniac
  • “Glory”, Fosse/Verdon

O nosso Emmy vai para: PART FOUR, “When They See Us”

“When They See Us” é enervante. Frustrante. Mas o principal segredo de Ava DuVernay e da Netflix para transformar a mini-série sobre os Central Park Five em lágrimas foi a gestão das histórias dos protagonistas. Deixar Korey Wise para o fim, isolado e praticamente com um episódio inteiro (quase 1 hora e meia) só para si, foi o murro definitivo no espectador, sofrendo e torcendo nós pelo rapaz interpretado por Jharrel Jerome, temendo o pior em vários momentos e respirando de alívio no final.

Antes da “Moon River” de Frank Ocean tomar conta dos nossos ouvidos, Ava DuVernay comanda com mestria uma custosa experiência, depositando enorme confiança nos ombros do jovem Jerome (uma revelação!) e conseguindo que o remate de “When They See Us” ecoe no desfiladeiro televisivo de 2019.

– Miguel Pontares




MELHOR EPISÓDIO MINI-SÉRIE – ESCRITA

Chernobyl HBO Portugal
Chernobyl | © HBO Portugal

Os nossos nomeados:

  • “Vichnaya Pamyat”, Chernobyl
  • “Part Four”, When They See Us
  • “Milk”, Sharp Objects
  • “1:23:45”, Chernobyl
  • “Exactly Like You”, Maniac
  • “End of the Line”, The Romanoffs

O nosso Emmy vai para: VICHNAYA PAMYAT, “Chernobyl”

No seu todo, “Chernobyl” desafiou convenções e provou que na prática há regras na escrita para ecrã que não são sagradas. A mini-série da HBO da autoria de Craig Mazin preocupou-se sobretudo com as reacções de várias personagens à catástrofe ucraniana, não exibindo inicialmente o evento em si (tendência que a maioria das séries ou filmes teriam).

Para memória eterna (significado traduzido de “Vichnaya Pamyat”), o último episódio desta obra-prima revela-se uma autêntica aula de Química e Física nuclear. E em tribunal mostra-nos – porque é que não foste meu professor, Legasov? – que é possível tornar algo teoricamente aborrecido em algo absolutamente fascinante, recorrendo a uma ferramenta habitualmente barata como o flashback, porém com todo o sentido e conseguindo manter o espectador deliciado e interessado mesmo tendo pouca informação nova a apresentar.

– Miguel Pontares




MELHOR SÉRIE COMÉDIA

fleabag rotten tomatoes
“Fleabag”, temporada 2 | © Steve Schofield

Os nossos nomeados:

  • Fleabag
  • Barry
  • The Good Place
  • The Marvelous Mrs. Maisel
  • Sex Education
  • Veep
  • Crazy Ex-Girlfriend

O nosso Emmy vai para: FLEABAG

Na paragem de autocarro ela arrisca, desarmada, um ‘Amo-te’. Ele diz-lhe que isso vai passar mas um minuto mais tarde despede-se para sempre com um ‘Também te amo’. Platónico, efémero, há-de passar. A raposa precisa de indicações. Ele foi por ali. Ele, o padre que ouve Jennifer Lopez. Claro que ouve, que padre não o faz? Um jantar de família acaba num nariz em sangue e num aborto emprestado. O corte de cabelo faz a irmã Claire parecer um lápis. Claire, não confundir com Klare, o finlandês. Kristin Scott Thomas profere um dos monólogos do ano ao relacionar os conceitos de mulher e dor; e mesmo assim o monólogo é apenas bronze no pódio da temporada, suplantado pelo discurso do padre que começa amargo e acaba em esperança, e por aquele confessionário de copo na mão. Ela confessa-se: quer que alguém lhe diga o que vestir todas as manhãs, alguém que lhe diga o que comer, o que gostar, o que odiar, o que ouvir e que banda gostar, em que acreditar, em quem votar, quem amar e como lhes dizer. Quer alguém que lhe diga como viver.

Fleabag ajoelha-se. Mas antes que o faça já todos nós estamos ajoelhados, curvados perante o seu talento e originalidade, rendidos a uma Voz diferente de todas as outras no meio. Uma voz que não quero que saia da minha cabeça.

Comédia do ano e candidata a série do ano, “Fleabag” fez magia em 6 episódios. Arte daquela que não cabe em palavras, com todo o elenco num nível soberbo e todos os beats e gags executados em iguais doses de vulnerabilidade, arrogância, humor e paixão.

Quebrou-se a quarta parede (Phoebe Waller-Bridge reinventou a ferramenta que nos últimos anos “Mr. Robot” e “House of Cards” usaram como ninguém) pela última vez. Sorriu, por fim serena. Não a veremos mais. Seguiu em frente. Mas nós vamos demorar a conseguir fazer o mesmo.

– Miguel Pontares




MELHOR ATRIZ NUMA SÉRIE DE COMÉDIA

Fleabag
Phoebe Waller-Bridge | © BBC

As nossas nomeadas:

  • Phoebe Waller-Bridge (Fleabag)
  • Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)
  • Natasha Lyonne (Russian Doll)
  • Julia Louis-Dreyfus (Veep)
  • Catherine O’Hara (Schitt’s Creek)
  • Kristen Bell (The Good Place)

O nosso Emmy vai para: PHOEBE WALLER-BRIDGE, por “Fleabag”

Phoebe Waller-Bridge é melhor autora do que actriz. Num olhar global a nível interpretativo, não se pode comparar a criadora e protagonista de “Fleabag” a uma deusa da comédia como Julia Louis-Dreyfus e é muito provável que não revelasse tamanha capacidade de adaptação multigénero como Rachel Brosnahan.

Mas, surpreendentemente, Phoebe Waller-Bridge merece ser reconhecida como a melhor actriz de comédia em 2019. E isto sem confundir a obra e a prestação da sua criadora, sem confundir ideias e desempenhos.

Numa segunda temporada que entra direitinha para a História da televisão – e que na nossa módica cerimónia digital divide méritos com a também segunda temporada de “Barry” – a londrina de 34 anos, que participou na escrita do próximo James Bond, desenvolveu a intimidade com o espectador, com todos os subterfúgios a que a série sempre recorreu. No entanto, apesar desta ser a última oportunidade de galardoar Dreyfus por “Veep,” de Natasha Lyonne ter sido uma agradável surpresa em “Russian Doll” e de Brosnahan ter consolidado a sua Midge, a honestidade de Phoebe Waller-Bridge, arrasadora nos momentos em que a sua personagem baixou a guarda, vale-lhe este espaço. Nenhuma das nossas nomeadas nos emocionou como ela; e sim, aquele confessionário teve a sua quota-parte de culpa.

– Miguel Pontares




MELHOR ATOR NUMA SÉRIE DE COMÉDIA

barry bill hader
Bill Hader | © HBO Portugal

Os nossos nomeados:

  • Bill Hader (Barry)
  • Ted Danson (The Good Place)
  • Sacha Baron Coen (Who Is America)
  • Ramy Youssef (Ramy)
  • Jim Carrey (Kidding)
  • Michael Douglas (The Kominsky Method)

O nosso Emmy vai para: BILL HADER, por “Barry”

14 de “Saturday Night Live” e sentimos que só agora é que Bill Hader está a receber a devida atenção. O comediante oriundo de Tulsa, Oklahoma teve de disputar, face ao júri MHD, a estatueta com alguns nomes diferentes dos ‘oficiais,’ e que quanto a nós mais difíceis.

A competição foi bastante renhida, tendo inclusive resultado num empate com Ted Danson de “The Good Place,” outro merecido vencedor. Engraçado que, na realidade, Hader deveria ter ganho este prémio o ano passado com a primeira temporada de “Barry,” e não com esta segunda, que achamos que não conseguiu alcançar a mesma apoteose. Mas compreendemos que lado a lado com Donald Glover, a tarefa não seja fácil.

Contudo, este ano temos de nos redimir e destacar Hader quer enquanto ator, quer enquanto escritor. Ainda que, como referimos, a segunda temporada não tenha gerado uma crítica uniforme dentro da nossa equipa, aguardamos impacientemente a nova temporada de “Barry” e ansiamos por mais gemas como “ronny/lily”. Mas, acima de tudo, queremos continuar a ver Hader no grande e pequeno ecrã porque ele é genuinamente uma mente por descobrir.

– Inês Serra




MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA NUMA SÉRIE DE COMÉDIA

emmys 2019 fleabag
Olivia Colman | © Amazon Studios

As nossas nomeadas:

  • Olivia Colman (Fleabag)
  • Sarah Goldberg (Barry)
  • Alex Borstein (The Marvelous Mrs. Maisel)
  • Sian Clifford (Fleabag)
  • Kristin Scott Thomas (Fleabag)
  • Gillian Anderson (Sex Education)

O nosso Emmy vai para: OLIVIA COLMAN, por “Fleabag”

Ainda este ano, vimos Olivia Colman subir ao palco dos Óscares graças à sua extraordinária prestação em “A Favorita“. Nesse filme de Yorgos Lanthimos, Colman conseguiu dar humanidade a um miasma de dor crónica e poder monárquico, fazendo-nos sentir simpatia e medo pela rainha Anne. Em “Fleabag,” o seu trabalho é radicalmente diferente, mas o talento maior de Colman continua a manifestar-se na sua habilidade para conseguir fazer coerir as aparentes contradições de personagens complicadas.

Como a Madrinha da protagonista, Colman é um cokctail de agressões passivo-agressivas misturadas com a excentricidade afável de uma artista boémia. Há algo de inerentemente charmoso e carismático na presença da atriz, mas ela tão facilmente nos encanta como mostra a insinceridade cortante que faz da Madrinha uma vilã aos olhos de Fleabag. O melhor de tudo é que, excetuando algumas cenas bem gritantes, as palavras desta artista são portadoras de suficiente ambiguidade para nos fazer pensar se estamos a ver uma representação honesta da Madrinha ou somente uma projeção das inseguranças e ansiedades da narradora titular.

Colman parece orgulhar-se dessa mesma ambivalência interpretativa, desse balanço entre humor casual e sociopatia. No episódio que a atriz submeteu para consideração dos Emmys, a Madrinha manifesta-se essencialmente em memórias do dia do funeral em honra da mãe de Fleabag. É um capítulo negro da série e a figura usualmente cómica da Madrinha é particularmente séria nesta história. Quando ela dá conselhos de vida às afilhadas, é certo que denotamos o mesmo humor cruel do costume, mas há genuína preocupação a trespassar por entre as promessas ameaçadoras desta Madrinha decidida a tornar-se Madrasta.

– Cláudio Alves




MELHOR ATOR SECUNDÁRIO NUMA SÉRIE DE COMÉDIA

fleabag
Andrew Scott | © Two Brothers Pictures

Os nossos nomeados:

  • Andrew Scott (Fleabag)
  • Ncuti Gatwa (Sex Education)
  • Stephen Root (Barry)
  • Tony Shalhoub (The Marvelous Mrs. Maisel)
  • Anthony Carrigan (Barry)
  • Alan Arkin (The Kominsky Method)

O nosso Emmy vai para: ANDREW SCOTT, por “Fleabag”

Eterno Professor Moriarty da série “Sherlock” e um dos poucos destaques da última temporada de “Black Mirror”, Andrew Scott é um actor especial. Um daqueles talentos com uma energia e electricidade muito próprias, que se tornam íman do nosso olhar sempre que Scott está em cena.

Inexplicavelmente de fora nos verdadeiros nomeados da Academia, connosco é feita justiça para com O Padre de “Fleabag”, tendo sido inclusive o vencedor mais folgado nas 12 categorias de interpretação consideradas. Proibido, invulgar, descomplexado, perseguido por raposas e com uma química surreal com Phoebe Waller-Bridge, Andrew Scott foi percentagem significativa do sucesso da série britânica e deixou o Reino Unido derretido e ajoelhado aos seus pés.

– Miguel Pontares




MELHOR EPISÓDIO COMÉDIA – REALIZAÇÃO

Barry
“Barry” | © HBO Portugal

Os nossos nomeados:

  • “ronny/lily”, Barry
  • “Episode 2.1”, Fleabag
  • “Episode 2.6”, Fleabag
  • “Episode 1.3”, Sex Education
  • “I’m in Love”, Crazy Ex-Girlfriend
  • “Baron’s Night Out”, What We Do in the Shadows

O nosso Emmy vai para: RONNY/LILY, “Barry”

Com presença mais do que garantida nos lugares cimeiros dos nossos Melhores Episódios de 2019, iniciativa habitual quando fechamos e analisamos cada ano aqui na MHD, “ronny/lily” é até ver o sucessor de “Teddy Perkins” como obra-prima criativa e surrealista.

Avaliado em 9.8 no IMDb, o episódio realizado por Bill Hader conseguiu um feito improvável, destacado à data pelo popular canal de Youtube Nerdwriter1 – a HBO emitiu o 5º episódio da segunda temporada de “Barry” na mesma noite de “The Long Night” (“Game of Thrones”) e três dias após a estreia de “Vingadores: Endgame”… e “ronny/lily” foi a obra mais elogiada pela crítica.

Absurdo e lógico ou propositado e bem justificado ao mesmo tempo, cativante do primeiro ao último minuto, “ronny/lily” é estranho suspense cómico. É uma barba em sangue e feroz rapariga do Taekwondo. É para ser visto, revisto e aprender com quem sabe.

– Miguel Pontares




MELHOR EPISÓDIO COMÉDIA – ESCRITA

fleabag rotten tomatoes
“Fleabag” | ©Amazon Studios

Os nossos nomeados:

  • “Episode 2.1”, Fleabag
  • “ronny/lily”, Barry
  • “Episode 2.3”, Fleabag
  • “The Power of No”, Barry
  • “I’m in Love”, Crazy Ex-Girlfriend
  • “Chapter 4: A Kegel Squeaks”, The Kominsky Method

O nosso Emmy vai para: EPISODE 2.1, “Fleabag”

Escolher que episódio destacar a nível de escrita em “Fleabag” é quase como escolher um filho. Podia estar aqui o final (6) pela paragem de autocarro, a raposa, a estatueta roubada e pela conversa com o pai no sótão, aquele confessionário de quem quer tudo e nada (4) ou o terceiro capítulo, que inclui uma marcante participação de Kristin Scott Thomas e uma das mais inovadoras utilizações recentes da quebra da quarta parede.

No entanto, o consenso MHD recaiu sobre o primeiro episódio desta segunda temporada. Circular na sua estrutura concepcional, podia tratar-se de uma curta-metragem e não de um episódio de uma série e seria igualmente valioso, resultando na mesma. Escrito exclusivamente por Phoebe Waller-Bridge (como toda a temporada), senta a família à mesa num jantar desconfortável para celebrar o noivado do pai e da madrasta, introduz uma nova personagem (o padre) e representa uma irrepreensível reintrodução no universo da série, após intervalo de três anos, que nos mostrou e avisou desde a casa de partida: o nível subiu e a viagem promete.

– Miguel Pontares




MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA

emmy Dark
Dark | © Netflix

Os nossos nomeados:

  • Dark
  • Killing Eve
  • Succession
  • This Is Us
  • My Brilliant Friend
  • Homecoming
  • The Good Doctor

O nosso Emmy vai para: DARK

Aqui é onde apontamos o dedo à Academy of Television Arts and Sciences. Já era tempo de criarem uma categoria para Melhor Série de Língua Estrangeira! Caso contrário, séries como “Dark” ou “Narcos” nunca receberão o devido e merecido destaque.

Por estas e outras razões, decidimos não partilhar da doutrina americana, e eleger (por consenso comum) o sucesso alemão da Netflix. Se a primeira temporada já nos tinha deixado boquiabertos, a segunda só veio consolidar e atestar a sua presença. Não é uma série fácil de ver, mas vale cada minuto que dispensamos a ver e rever todos os 18 episódios que a compõem. Baran bo Odar e Jantje Friese conseguiram alcançar aquilo que J.J. Abrams, Jeffrey Lieber e Damon Lindelof perderam a meio do caminho de “Lost” (irónico, nós sabemos).

Um dos mais perfeitos quebra-cabeças, se não o mais perfeito. Quem imaginava que um enredo tão simples quanto “o desaparecimento de uma criança, quatro famílias desesperadas procuram entender o que aconteceu, à medida que vão expondo um mistério que atravessa três gerações,” resultaria numa das melhores séries dos últimos tempos, com um dos melhores castings intergeracionais do pequeno e grande ecrã. Para a nossa equipa, “Dark” é o regresso mais ansiado do próximo verão!

– Inês Serra




MELHOR ATRIZ NUMA SÉRIE DRAMÁTICA

emmy killing eve jodie comer
Jodie Comer | © HBO Portugal

Os nossos nomeados:

  • Jodie Comer (Killing Eve)
  • Emilia Clarke (Game of Thrones)
  • Robin Wright (House of Cards)
  • Maggie Gyllenhaal (The Deuce)
  • Julia Roberts (Homecoming)
  • Sandra Oh (Killing Eve)

O nosso Emmy vai para: JODIE COMER, por “Killing Eve”

Já deram certamente por vocês a ver uma determinada série por um motivo muito específico. O respeito por obras anteriores criadas pelo autor, uma paixoneta por um dos intérpretes, a capacidade de captar na perfeição uma dinâmica familiar ou social, o fascínio absoluto por uma personagem…

“Killing Eve” vive da atracção de Villanelle e Eve uma pela outra, mas ao fim de duas temporadas a acompanhar o yin e yang deste mundo saído da mente de Luke Jennings, algo está claro: a série sobreviveria sem a personagem que oferece o seu nome ao título, mas perderia todo e qualquer interesse sem Jodie Comer.

Numa categoria em que substituímos Mandy Moore, Viola Davis e Laura Linney por Maggie Gyllenhaal e Julia Roberts (a Academia ampliou o leque para 7 nomeadas, nós mantivemos o sexteto habitual), Jodie Comer foi eleita pela MHD com o dobro da pontuação das concorrentes mais próximas.

Vencedora em 2019 do Emmy e do BAFTA, Jodie Comer é mortífera e hilariante como Villanelle, uma criança-grande-assassina, autêntico ícone de moda, que tanto compara o rosto de um miúdo acamado a uma pizza, como se despede de alguém com um muito desconfortável ‘cheiro-te mais tarde’.

Desprovida de emoções, provoca em nós todo o tipo de sentimentos. E sim, é sempre estranho vê-la subir ao palco e agradecer os prémios que vai recebendo sem aquele inconfundível sotaque de Leste.

– Miguel Pontares




MELHOR ATOR NUMA SÉRIE DRAMÁTICA

emmy Bodyguard
“Bodyguard” | © Netflix

Os nossos nomeados:

  • Richard Madden (Bodyguard)
  • Sterling K. Brown (This Is Us)
  • Bob Odenkirk (Better Call Saul)
  • Jeremy Strong (Succession)
  • Stephan James (Homecoming)
  • Billy Porter (Pose)

O nosso Emmy vai para: RICHARD MADDEN, por “Bodyguard”

“Bodyguard” podia perfeitamente ser uma audição de seis episódios para Robb Stark, perdão Richard Madden, prestar provas como próximo James Bond. No papel de um veterano do Afeganistão a sofrer de stress pós-traumático, destacado como segurança com a missão de proteger a Secretária de Estado Julia Montague (Keeley Hawes), Madden torna-se uma extensão da constante tensão, sufoco e suspense da série, com o seu corpo rígido, preso por segredos, e locomoção militarizada e robótica.

O actor que ficará para sempre associado a um casamento com desfecho sangrento conseguiu trabalhar em “Bodyguard” uma personagem num limbo ou conflito entre respeitar ordens, seguir protocolos e agir contra a classe política que despreza, sendo assim simultaneamente uma bomba-relógio e o primeiro homem a intervir na hora de anular ameaças.

Em comparação com os nomeados da Academia, repetimos Billy Porter, Bob Odenkirk e Sterling K. Brown nesta categoria. Sem espaço para Kit Harington, Jason Bateman e Milo Ventimiglia, mas sim para Jeremy Strong (Succession) e Stephan James (Homecoming), Madden – que venceu o globo de ouro em 2019 – emerge assim de ignorado pela Academia para vencedor connosco.

– Miguel Pontares




MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA NUMA SÉRIE DRAMÁTICA

emmy Arya Stark Game of Thrones
Maisie Williams | © HBO Portugal

Os nossos nomeados:

  • Maisie Williams (Game of Thrones)
  • Gwendoline Christie (Game of Thrones)
  • Fiona Shaw (Killing Eve)
  • Susan Kelechi Watson (This Is Us)
  • Julia Garner (Ozark)
  • Rhea Seehorn (Better Call Saul)

O nosso Emmy vai para: Maisie Williams, por “Game of Thrones”

Maisie Williams, durante oito temporadas, deu vida à terceira criança na linhagem da casa Stark – Arya. Desde cedo a personagem mostrou uma personalidade vincada, espírito lutador e, um tanto-ou-quanto de maria-rapaz. Tal como a personagem, também a actriz evoluiu ao longo destes oito anos que a tão aclamada série esteve no ar, mostrando um desempenho de excelência, levando grande parte da audiência a colocar Arya na lista dos favoritos.

De salientar o desempenho de Maisie Williams, sobretudo, nesta última temporada. É aqui que a sua personagem ganha o merecido destaque que foi construindo ao longo dos anos anteriores, primeiramente na sua demanda por se tornar exímia na arte de manusear a sua espada – needle – e, posteriormente, na sua jornada de regresso a casa.

Uma rapariga pode não ter nome, mas Maisie Williams, definitivamente “conquistou” o seu. Foi, este ano, pela segunda vez nomeada ao Emmy de Melhor Actriz Secundária em Série Dramática arrecadando o troféu, que leva também aqui na votação da equipa MHD.

– Ana Fernandes




MELHOR ATOR SECUNDÁRIO NUMA SÉRIE DRAMÁTICA

emmy Game of Thrones - Tyrion
Peter Dinklage | © HBO Portugal

Os nossos nomeados:

  • Peter Dinklage (Game of Thrones)
  • Vincent D’Onofrio (Daredevil)
  • Giancarlo Esposito (Better Call Saul)
  • Matthew Macfayden (Succession)
  • Chris Sullivan (This Is Us)
  • Jonathan Banks (Better Call Saul)

O nosso Emmy vai para: PETER DINKLAGE, por “Game of Thrones”

O anão de “Game of Thrones” é uma das personagem com a maior e melhor evolução televisiva já vista. Peter Dinklage já levou um Emmy para casa e, este ano, poderá repetir o feito. Depois de oito temporadas, Peter Dinklage conseguiu continuar a encantar e surpreender a cada episódio que vimos. Com as suas longas pausas e olhares gritantes, Tyrion Lannister, o anão mais adorado do mundo, tornou-se numa sábia e marcante personagem.

Sejamos ou não fãs de “Game of Thrones” é inegável o reconhecimento do enorme sucesso desta personagem. Dinklage deu a Tyrion Lannister um brilho que nenhum outro ator seria capaz de dar. Através da sua ironia sempre presente e do seu humor continuamente aceso, Dinklage brindou-nos com uma das mais importantes personagens da história de televisão.

Portanto, dado que foram oito temporadas recheadas de talento por parte de Peter Dinklage, seria justo se o Emmy fosse atribuído a este grande ator. Depois de tantos anos de dedicação e de perfeita construção de uma identidade tão ferozmente apaixonante, este seria um reconhecimento merecido.

– Catarina Novais




MELHOR EPISÓDIO DRAMA REALIZAÇÃO E ESCRITA

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Dark | © Netflix

Os nossos nomeados ao Emmy de Melhor Realização:

  • “An Endless Cycle”, Dark
  • “Her”, This Is Us
  • “The Long Night”, Game of Thrones
  • “The Island”, My Brilliant Friend
  • “Our Little Island Girl”, This Is Us
  • “Desperate Times”, Killing Eve

Os nossos nomeados ao Emmy de Melhor Escrita:

  • “An Endless Cycle”, Dark
  • “Her”, This Is Us
  • “The Travellers”, Dark
  • “Winner”, Better Call Saul
  • “Nice and Neat”, Killing Eve
  • “Endings and Beginnings”, Dark

O nosso Emmy vai para: AN ENDLESS CYCLE, “Dark”

Vencedor connosco em ambas as categorias (Realização e Escrita), “An Endless Cycle” é a melhor face da série alemã da Netflix, para nós a série dramática do ano. Com um título que poderá eventualmente descrever “Dark” após o seu final (2020), excepto se o ciclo for interrompido, os geniais Jantje Friese e Baran bo Odar construíram 54 minutos do melhor que se tem feito com viagens no tempo, mostrando ter estado desde o começo um (bem, na verdade uns 70) passo à frente, num episódio que visita o passado para o corrigir, mas acaba a influenciá-lo ou contribuir para o que já estava determinado.

Um soberbo déjà vu, o episódio que convenceu a nossa equipa a conquistar os 2 prémios – algo que não se verifica nos episódios de séries de comédia ou séries limitadas – fica marcado por uma primeira metade pacata e saudosista, assaltada depois por um conjunto de incidentes, revelações e emoções fortes, e por uma carta conhecida há muito mas escrita por fim.”

Ainda assim, a excelência e perfeição de “An Endless Cycle” é atingida no momento exacto em que o futuro substitui por breves instantes o passado e presente, junto ao lago, com a banda sonora de Ben Frost a tocar as nuvens e os raios de Sol a acompanharem Jonas e o seu inconfundível blusão amarelo pelas costas.

– Miguel Pontares

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