"Come to Daddy" | © MOTELX

MOTELx ’19 | Vencedores e balanço final

Come to Daddy“, com Elijah Wood, foi o filme que deu por encerrado o MOTELx de 2019, a 13ª e muito esplendorosa edição do festival de cinema de terror lisboeta.

Depois de cinco dias a mostrar o que de melhor se faz no cinema de terror mundial, o 13º MOTELx deu-se por encerrado ontem à noite, dia 15 de setembro. “Come to Daddy”, de Ant Timpson, foi o filme de encerramento do festival e deu um toque de humor negro às celebrações. Também o filme de abertura, “Ma” de Tate Taylor, tinha provocado risadas, mas, nesse caso, a comédia foi mais acidental que deliberada. Além da exibição do filme protagonizado por Elijah Wood, a cerimónia de encerramento do MOTELx também foi marcada pela entrega dos vários prémios do festival.

No que se refere às honras votadas pelo júri da Competição de Longas-Metragens Europeias, o grande vencedor foi “Why Don’t You Just Die!” de Kirill Sokolov. Os jurados David Gregory, Miguel Gonçalves Mendes e Rita Anjos justificaram a sua decisão pela “grande frescura e audácia” do filme e seus “múltiplos twists e humor negro”. Esta comédia sangrenta com sabor a vodka não foi o único filme reconhecido pelo júri. “The Hole in the Ground”, de Lee Cronin, pode não ter ganho o prémio, mas mereceu uma Menção Especial do Júri pela “precisão e controlo da atmosfera de suspense” e por “interpretações excecionais”.

midsommar vencedores motelx
“Why Don’t You Just Die!/The Hole in the Ground/Midsommar/Erva Daninha/Häuschen” | © MOTELX

“Why Don’t You Just Die!” fica assim apurado para a competição Méliès d’Argent 2019, assim como acontece com a curta-metragem portuguesa vencedora. O júri da competição de curtas nacionais, composto por Samuel Úria, Howard David Ingham e Raquel Freire, atribui o seu prémio a “Erva Daninha” de Guilherme Daniel. As palavras dos jurados foram as seguintes: ““Erva Daninha foi o filme que mais nos surpreendeu; ficámos fascinados e perturbados desde o início. Numa competição muito forte, soube comunicar verdadeiramente uma estranheza sobrenatural, e é um filme que nos dá a sensação de ser única e autenticamente Português”.

Guilherme Daniel ganhou assim 5000 euros, o maior prémio para curtas-metragens em Portugal, e fica já qualificado para competir nos já mencionados Méliès d’Argent 2019. Apesar de não ter tido tanta sorte como “Erva Daninha”, a curta “Häuschen – A Herança”, de Paulo A. M. Oliveira e Pedro Martins, foi reconhecida com uma Menção Especial. Os jurados caracterizaram a obra como “uma versão moderna do clássico conto de fadas negro (…)muito forte em todos os sentidos”. Em particular, o júri terá ficado admirado com o seu “final bem conseguido, construído de maneira a ser simultaneamente perturbador e satisfatório para o público”.

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Tudo isto é maravilhoso, mas o MOTELx está longe de ser um festival só para jurados e especialistas. De facto, este é um dos festivais de cinema mais bem atendidos do país e só este ano várias sessões esgotaram mesmo antes das celebrações terem início no dia 10 de setembro. Uma dessas sessões esgotadas foi a de “Midsommar: O Ritual” de Ari Aster, que também esteve em Lisboa para falar da sua filmografia. Este pesadelo passado na solarenga Suécia, além de muitos aplausos apaixonados, também recebeu o Prémio do Público, que é votado pelas audiências que recebem um boletim de voto à entrada de cada sessão elegível para esta honra.

Como já é costume, a MHD acompanhou as festividades e tem vindo a cobrir o festival ao longo dos últimos dias. Começámos, como o festival, com as loucuras de Octavia Spencer em “Ma” e terminamos com “The Wind”. Esse filme de Emma Tammi é uma fascinante subversão do western convencional. Se a tradição do género remonta para épicos com grandes paisagens e protagonistas masculinos, esta permutação foca-se no horror claustrofóbico do ambiente doméstico e uma personagem feminina central. Essas foram só algumas das muitas e variadas propostas de cinema de terror que fogem às típicas fórmulas e modelos tipificados pelo slasher e outros filmes parecidos.

THE WIND MOTELX
“The Wind” | © MOTELX

De facto, ao contrastar clássicos como “Sexta-Feira 13” com a subversão cinematográfica de “The Wind”, por exemplo, este MOTELx levou-nos a pensar muito sobre os paradigmas deste género e seu particular apelo para o espectador. Os documentários “Horror Noire” e “Memory” bem minaram a História do terror, examinando-a pelo prisma da representação social e da mitologia primordial do ser humano. Noutros casos, “Finale” e “Bacurau” chegaram mesmo a desconstruir os símbolos deste género cinematográfico e mostraram-nos como o terror de uns é o épico justiceiro de outros, como o nosso entretenimento pode ser a amoralidade vil de outras pessoas.

Com tudo isso dito, tratou-se de mais uma maravilhosa edição do MOTELx, com uma das secções Serviço de Quarto mais bem programadas dos últimos anos. Só mesmo a competição de longas-metragens europeias deixou um pouco a desejar, em termos de qualidade geral, mas não se pode ter tudo. Aqui deixamos uma lista de links para as nossas críticas dos filmes do MOTELx 2019, separados por secção.

 

COBERTURA MHD DO MOTELx ’19:

COMPETIÇÃO LONGAS DE TERROR EUROPEIAS

SERVIÇO DE QUARTO

DOC TERROR

SESSÕES ESPECIAIS

LOBO MAU

És fã de cinema de terror e do MOTELx? Se sim, qual foi o teu filme preferido nesta edição do festival?

One thought on “MOTELx ’19 | Vencedores e balanço final

  • Eu vi mais filmes do que curtas, mas vi Don’t Feed These Animals: 3*

    É algo nonsense, mas presta boas homenagens a filmes de terror.

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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