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Óscar Melhor Argumento Original | Há uma dúvida sobre Barbie que precisa ser respondida

O futuro da categoria de Melhor Argumento Original no Óscar está dependente de um posicionamento de Barbie na corrida.

Uma das imagens que pode marcar o Óscar 2024 passa por Greta Gerwig e Noah Baumbach, um dos casais mais acarinhados da indústria a vencer a sua primeira estatueta, lado a lado.

O casal assinou o argumento de “Barbie”, o maior fenómeno do ano, e que encaixa no tipo de conceito que a Academia tem premiado nas suas categorias de argumento, seguindo o exemplo de guiões inventivos e fora da caixa como “Foge”, “Uma Miúda com Potencial” ou “Tudo em todo o Lado ao mesmo Tempo”.

Mas há uma questão que precisa ser respondida, afinal em que categoria irá “Barbie” concorrer?

A Variety e Awardswatch apontam para Argumento Original, ao passo que a plataforma do GoldDerby posiciona o filme em Adaptado.

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“Barbie”, original ou adaptado? Eis a questão! | © 2023 Warner Bros. Ent.

Segundo as regras, Argumento Adaptado contempla todos aqueles em que se baseiam em material previamente publicado ou que usam personagens pré-estabelecidos (o que torna qualquer sequela obrigatoriamente elegível nesta categoria, como foi o caso recente de “Glass Onion: Um Mistério Knives Out”).

A palavra publicado é a chave aqui, já que o filme indica ser “Baseado em “Barbie” da Mattel” mas não credita qualquer filme ou material publicado, esse pode ser o argumento que a campanha da Warner Bros pode usar para conseguir lugar nesta categoria.

Até agora, tudo indica que seria do interesse do estúdio promover o filme nesta categoria, já que em Adaptado teria que estar frente a frente com “Oppenheimer”, “Killers of the Flower Moon” e “Poor Things”, três fortes candidatos a Melhor Filme.

Trata-se de um caso bastante complexo, sem muitos precedentes para onde olhar. “O Filme Lego” é um exemplo de filme baseado numa marca que conseguiu ser considerado em Original; a diferença é que, embora use personagens como Batman ou Super-Homem, o seu protagonista é uma criação original.

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“Joker” é um caso de estudo que pode ajudar a deslindar o mistério © NOS Audiovisuais

Talvez um exemplo pertinente seria “Joker”, de Todd Phillips, que nos apresenta uma leitura de um personagem que vem da banda desenhada, mas que não se baseia em nenhuma obra em específico. Mesmo assim, concorreu em Adaptado, onde perdeu para “Jojo Rabbit”.

Vale destacar que, mesmo que “Barbie” consiga concorrer em original nos percursores, a Academia é conhecida por ser mais restrita nas suas classificações, como indica o caso de “Whiplash – Nos Limites”, declarado inelegível em original devido à existência de um curta que serviu para garantir financiamento da longa-metragem, ou “Moonlight” que a Academia considerou adaptado já que o argumento do filme era baseado na peça nunca produzida “In Moonlight Black Boys Look Blue”, de Tarell Alvin McCraney.

Portanto, até que a Academia se pronuncie, considerarei Barbie em adaptado.

Sem “Barbie”, encontrámos uma categoria altamente competitiva e aberta, dado que, ao contrário dos últimos anos, os grandes concorrentes não estarão aqui.

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Celine Song pode conseguir reconhecimento por “Past Lives” nesta categoria © A24

“Past Lives” tem sido visto como o favorito nesta categoria, no entanto tendo em conta que as chances do filme na categoria principal parecem cada vez mais limitadas, já que é um filme sensível que pode ter uma trajetória muito semelhante a “Aftersun”  pois, não recebendo o apoio da crítica necessário para permanecer na conversa, esse favoritismo pode ter os dias contados.

Todavia, com o estado da corrida atual, o lugar do filme está, para já, assegurado e a nomeação será uma forma de reconhecer o trabalho de Celine Song.

“Anatomie d’une Chute”, de Justine Triet, já lhe valeu a Palma de Ouro em Cannes e não parece que os prémios vão parar por aqui. Descrito como um intrigante thriller policial, a obra tem conquistado a crítica e deverá entrar na corrida para as principais categorias do Óscar, incluindo uma menção para o argumento assinado pela própria e Arthur Harari.

Dependendo da força do filme, pode estar aqui um possível candidato à vitória com o forte apoio da ala internacional.

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Elogiado em Cannes, “May December” é uma aposta da Netflix para a temporada  © Gloria Sanchez Productions

“May December”, de Todd Haynes, é outro nome foi recebido com agrado em Cannes, mas com a ressalva de que o argumento de Samy Burch explora uma veia mais novelesca e cómica que o esperado. A Netflix é quem estará responsável pela campanha, resta esperar como será a presença do filme na temporada para perceber se encontrará lugar nesta categoria.

“The Holdovers”, de Alexander Payne, já começou a cimentar o seu caminho com uma receção bastante favorável no festival de Telluride. É dito que o filme escrito por David Hemingson não foge muito do que se espera, mas é bem-sucedido em ser uma comédia dramática com coração.

Embora a tendência nesta categoria seja premiar o “argumento mais original”, enveredando em conceitos mais inventivos e irreverentes, a Academia não descarta totalmente argumentos mais convencionais, como comprovam as vitórias de “Green Book – Um Guia para a Vida” ou “Belfast”.

Se “The Holdovers” for mais forte do que se prevê, uma vitória nesta categoria como prémio de consolação ou até mesmo como forma de consolidar um triunfo em Melhor Filme não é algo que se deva desconsiderar.

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A força de Colman Domingo pode ajudar “Rustin” a afirmar-se na corrida © Cr. David Lee/Netflix © 2022

Já em Telluride, a realizadora e argumentista Emerald Fennell deu que falar com “Saltburn”, que é descrito como bastante transgressivo, chocante e inesperado. Tal como o seu antecessor, o já citado “Uma Miúda com Potencial”, não deverá agradar a toda a gente, e os analistas avisam que pode ser demasiado divisivo para a Academia sequer se atrever a considerar.

É necessário ter sempre em atenção, as hipérboles dos festivais e o conservadorismo com que alguns ditos “experts” conduzem a sua forma de pensar, falhando em acompanhar as mudanças que a Academia tem feito para mostrar que está diferente e revitalizada.

Portanto, não se deve descartar Fennell nem o seu filme das previsões totalmente, até termos uma ideia mais generalizada de como o filme foi recebido.

Também estreado em Telluride, “Rustin”, de George C. Wolfe, foi bastante apreciado, mas o elemento que dominou a conversa foi a impactante prestação de Colman Domingo, que se confirma como um dos grandes favoritos em Melhor Ator. É justamente Domingo que pode ser o responsável de impulsionar o seu filme na corrida, ao exemplo de Will Smith (“King Richard: Para Além do Jogo”).

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Bradley Cooper impressionou em Veneza com o seu “Maestro” © Netflix

Destacar também que o argumento é responsabilidade de Julian Breece e do vencedor do Óscar Dustin Lance Black, que triunfou nesta categoria com “Milk”, também sobre um ativista gay.

A propósito de festivais, em Veneza, “Maestro”, de Bradley Cooper, provou-se com uma receção favorável, destacando as performances dos protagonistas e o trabalho do realizador e da direção de fotografia. Com tudo, o argumento de Cooper e Josh Singer foi apontado como um ponto fraco.

No entanto, se estiver firmemente em Melhor Filme, não deverá ter problemas em singrar nesta categoria que já considerou filmes como “1917” ou “King Richard: Para Além do Jogo”, em que o argumento não era um elemento de tanto destaque assim.

De Toronto, chegam reações efusivas a “The Boy and the Heron” que marca o regresso do mestre Hayao Miyazaki. Já que os realizadores podem não ser corajosos o suficiente para considerar Miyazaki na sua categoria, uma nomeação para o seu argumento seria uma ótima forma de reconhecimento.

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Ainda há quem acredite nas chances de “Air” para o Óscar 2024 © Cinemundo Lda.

Mas há mais mundo para além dos festivais, “Air”, de Ben Affleck, foi um filme recebido com entusiasmo pelos críticos americanos, mas essa excitação parece não ter atingido mais ninguém. O drama desportivo biográfico escrito por Alex Convery arrecadou 90 USM, um número que corresponde, alegadamente, ao orçamento estimado de produção.

Muitos experts acreditam que o filme irá conseguir encontrar um lugar na corrida do Óscar, ocupando aquela vaga dedicada a obras mais convencionais e com apelo emocional, como “Le Mans ’66: O Duelo”, de James Mangold, mas o potencial de nomeações é tão curto, já que “Air” não é um filme tecnicamente elaborado nem nada que se pareça, que seria simplesmente Melhor Filme, Melhor Argumento Original e talvez, Viola Davis em Atriz Secundária.

A percepção que fica é que a competição é demasiado feroz para sustentar o filme de Ben Affleck em Melhor Filme, todavia argumento está muito mais respirável e pode ser esse o lugar onde o filme encontrará sucesso, ainda assim nem a paixão nem o Buzz parecem estar lá por enquanto.

Para além dos títulos já citados, vale ainda referir “Fair Play”, o thriller erótico aclamado em Sundance escrito e realizado por Chloe Domont que estreará a 13 de Outubro na Netflix ou o drama “Memory”, escrito e realizado por Michel Franco, que já valeu um prémio de interpretação masculina para Peter Sarsgaard em Veneza.

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Em Telluride, “The Holdovers” confirmou-se como um forte candidato para o Óscar  2024 © Miramax

Ainda com muita indefinição, estes são os cinco filmes que acredito serem mais prováveis de prevalecerem nesta categoria:

  1. The Holdovers
  2. Anatomie d’une chute
  3. The Boy and the heron
  4. Maestro
  5. Past Lives

Para ti, “Barbie” deve concorrer em original ou adaptado?

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