Christopher Nolan © 2020 Warner Bros. Entertainment Inc.

Óscar 2024 Melhor Realizador | Com “Oppenheimer” terá chegado finalmente a vez de Christopher Nolan?

Chegou, finalmente, a vez de Christopher Nolan no Óscar? Quem são os seus  principais opositores?

“Oppenheimer” continua a superar expetativas nas bilheteiras mundiais. É um dos filmes mais aclamados do momento e há quem o considere uma das obras mais importantes deste século.

O épico de Christopher Nolan sobre a criação da bomba atómica surge muito bem posicionado para vencer vários prémios da Academia. Mas será que chegou, finalmente, a vez do prestigiado cineasta de vencer a categoria de Melhor Realizador?

Awardswatch diz que sim, ao passo que Variety e os utilizadores do GoldDerby continuam com a aposta mais conservadora em Martin Scorsese.

Ao contrário das categorias que já cobrimos, não se encontra um consenso tão grande nos nomes que compõem o top5, sendo que os dois nomes acima referidos são os únicos em comum nas três apostas.

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Christopher Nolan é um dos cineastas contemporâneos mais aclamados © 2020 Warner Bros. Entertainment Inc.

Quando vemos os vencedores mais recentes desta categoria, notámos o reconhecimento de uma visão artística forte. Nomes como Chloé Zhao (“Nomadland- Sobreviver na América”) ou Daniel Kwan & Daniel Scheinert (“Tudo em Todo o Lado ao mesmo tempo”) conseguiram ganhar na sua primeira nomeação,  ancorados na paixão existente pelos seus filmes. Por outro lado, Guillermo Del Toro (“A Forma da Água”) e Jane Campion (“O Poder do Cão”) são exemplos de veteranos que levaram o ouro, também como reconhecimento das suas vastas carreiras.

Nolan posiciona-se nesta corrida como a oportunidade de consagrar uma carreira repleta de sucessos, ajuda que “Oppenheimer” seja um candidato forte, mas a narrativa para a vitória está também no currículo passado.

“Oppenheimer” é uma conquista em vários departamentos, um aprofundado estudo de personagem, um visceral espetáculo técnico e uma inquietante e desoladora obra que reflete sobre a destruição desnecessária. Não é o ato patriótico que muitos clamam ser, é muito mais complicado que isso.

Nolan tem tudo: êxito de bilheteira, aclamação da crítica, uma carreira respeitada e um filme que acumulará muitas nomeações e vitórias… mas será suficiente?

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 Scorsese na conquista de um segundo Óscar | Crédito editorial: taniavolobueva / Shutterstock.com

Há quem considere que o seu principal rival é Martin Scorsese (“Killers of the flower moon”), que foi bastante aclamado em Cannes. No entanto, as últimas tendências da Academia não parecem indicar que um segundo Óscar para o mestre seja algo tão provável assim.

Por esta altura, Steven Spielberg (“Os Fabelmans”) era o absoluto favorito. A narrativa era apelativa, mas acabou por nunca ser real. Temo que este seja o mesmo caminho de Scorsese, mas ainda há sempre espaço para “Killers of the flower moon” assumir se um candidato mais forte do que acredito ser.

Neste momento, o principal opositor de Nolan parece ser a mesma pessoa que o derrotou no box-office mundial, Greta Gerwig e a sua “Barbie”.

Gerwig já é um nome de relevo na Academia, tendo conseguido nomeação nesta categoria por “Lady Bird”. Se o propósito é premiar visão artística, Gerwig é uma ótima escolha porque tornou aquilo que podia ser um simples filme de produto numa obra com grande valor artístico, que concilia a vertente comercial e mainstream com uma mensagem feminista muito forte.

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Greta Gerwig pode ser a grande rival de Christopher Nolan no Óscar | Crédito editorial: DFree / Shutterstock.com

A grande vantagem de Gerwig é a paixão fervescente e o entusiasmo por ela e pelo seu filme. “Barbie” é o tipo de candidato que vai dar gosto a um votante de apoiar, é importante, é divertido, é visualmente estimulante e é a escolha cool.

Nem sempre é esse o caminho que a Academia segue, mas casos como Bong Joon-Ho (“Parasitas”) e os já mencionados Daniels indicam que os membros também votam com o coração.

No entanto, ainda nem toda a gente acredita que Gerwig será nomeada. Ainda existe um conservadorismo na forma como se olha para a Academia, o mesmo conservadorismo que, ano após anos, tem-se provado estar cada vez mais apagado.

Quem também deu muito que falar em Cannes foi Jonathan Glazer com “The Zone of Interest”, um exercício imersivo e contemplativo que apresenta a vida familiar que um comandante nazi tenta construir perto de um campo de concentração, contrastando a vida idílica dessa família com os horrores do holocausto.

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Celine Song impressionou na sua estreia com “Past Lives”© 73ª Berlinale

Glazer é alguém com bastante prestígio graças a filmes como “Debaixo da Pele” ou “Birth – O Mistério”, e é exatamente o tipo de realizador que tem sido muito ajudado pela influência da ala internacional.

Seguindo o exemplo de Paweł Pawlikowski por “Guerra Fria” ou Thomas Vinterberg por “Mais Uma Rodada”, é possível que mesmo falhando percursores televisivos importantes, Glazer consiga a nomeação.

Outro queridinho dos festivais é “Past Lives”, que tem sido considerado um dos grandes filmes do ano desde que foi visto em Sundance. Este drama romântico traz a história de dois amigos de infância, Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Tee Yoo), que são separados quando a família de Nora emigra da Coreia do Sul. Vinte anos depois, eles se reencontram e exploram o amor e o destino.

O filme traz a estreia como realizadora de Celine Song e parece ter o poder de emocionar e destruir os sentimentos do público, sentindo-se uma grande paixão por este. Ajuda muito quando um candidato provoca este tipo de sensações no audiência.

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Após fazer furor com “Uma Miúda com Potencial”, Fennell volta à corrida com “Saltburn” © Cinemundo

Trata-se de um filme que necessita de uma campanha forte de lembrança e uma grande ajuda da temporada de críticos, para que possa ter a visibilidade necessária para não ficar esquecido entre os novos lançamentos.

Mesmo que Song seja uma completa estreante, nada a impede de ser nomeada pela Academia, já que esta não tem problemas em reconhecer estreias na realização quando esses trabalhos ressoam de alguma forma.

Como foi o caso de Emerald Fennell (“Uma Miúda com Potencial”), que regressa para tentar a sua sorte com “Saltburn”, descrito como um conto perverso de desejo e privilégio. Fennell deixou a sua marca com o filme que lhe valeu o Óscar de melhor argumento original e irá atirar-se para um registo um pouco diferente.

É esperado que “Saltburn” seja um concorrente forte mas ainda há dúvidas sobre se isso será o suficiente para impulsionar Fennell na corrida.

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Michael Mann regressa em grande com “Ferrari” © STX Entertainment

A Variety aponta Michael Mann por “Ferrari” como um dos possíveis nomeados. Longe do radar do Óscar desde “O Informador”, é dito que a biografia do fabricante de carros marcará o grande regresso do cultuado realizador, mas há dúvidas se uma biografia, aparentemente, convencionalconseguirá ser o que traz Mann de volta ao Óscar.

Awardswatch lança o nome de Alexander Payne por “The Holdovers”. Nas três situações em que o seu filme apareceu na categoria principal (“Sideways”, “Os Descendentes” e “Nebraska”) o realizador foi reconhecido, mas desta vez, terá que lidar com a repercussão de acusações graves feitas por Rose McGowan, que deverão ressurgir durante a temporada.

Embora concorde que estamos perante um forte candidato, não sinto que o trabalho de Payne será priorizado pelos membros do ramo de realizadores. Nos últimos anos, temos assistido a casos como o de Peter Farrelly (“Green Book – Um Guia para a Vida”) ou Aaron Sorkin (“Os 7 de Chicago”) que aparecem em vários percursores, os seus filmes são concorrentes fortes em Melhor Filme e acabam por ser preteridos por trabalhos mais artisticamente desafiadores.

É possível que Payne seja o Farrelly deste ano, acabando por ser substituído por alguém como Jonathan Glazer ou Justine Triet por “Anatomie d´unne chute”.

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A vencedora da Palma de Ouro em Cannes pode ter uma palavra a dizer nesta corrida © Les Films Pelléas

Vencedor da Palma de Ouro, este filme que já foi comparado com as séries criminais de prestígio que inundam os serviços de streaming, parece ser bastante acessível, mas com mérito suficiente para ser levado a sério. Triet não tem o mesmo recolhimento que Glazer ou Vinterberg, mas o prestígio de Cannes irá suscitar curiosidade e respeito.

O Goldderby aponta ainda Denis Villeneuve (“Dune Parte II”) no top5, mas como já referido anteriormente, ainda não se sabe se o filme irá ou não ser lançado, devido à greve de Hollywood. Até confirmação oficial, não irei considerar o filme.

Na corrida, surgem ainda nomes como Yorgos Lanthimos por “Poor Things”, Bradley Cooper por “Maestro”, Sofia Coppola por “Priscilla”, Ava Duvernay por “Origin”, Todd Haynes por “May December”, Hayao Miyazaki por “The Boy and the Heron” e Ridley Scott por “Napoleão”.

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Tendo em conta tudo isto, estes são os cinco nomes que eu acredito terem mais chances de serem nomeados na categoria de Melhor Realizador:

  1. Christopher Nolan – “Oppenheimer”
  2. Greta Gerwig – “Barbie”
  3. Martin Scorsese – “Killers of the Flower Moon”
  4. Jonathan Glazer – “The Zone of Interest”
  5. Justine Triet – “Anatomie d’une Chute”

E tu, acreditas que chegou a vez de Christopher Nolan?

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