Cillian Murphy © Cinemundo

Óscar Melhor Ator | Cillian Murphy e Oppenheimer, haverá concorrentes à altura?

Cillian Murphy tem recebido uma forte aclamação pela sua prestação em “Oppenheimer” mas será que isso se traduzirá na conquista de um Óscar?

Contrariamente a Margot Robbie e a sua “Barbie”, cujo sucesso do seu filme pode não ser suficiente para que a atriz consiga uma nomeação na sua categoria, Cillian Murphy está numa posição totalmente diferente em que a possível coroação de “Oppenheimer”, de Christopher Nolan só fortalece as suas chances como Melhor Ator.

Para já, não existem quaisquer questões sobre se o ator irlandês conquistará a nomeação, a grande dúvida é se o troféu já terá o seu nome escrito.

Para os utilizadores do Goldderby, Cillian Murphy é o favorito, enquanto que a Variety considera Paul Giamatti (“The Holdovers”) nessa posição e AwardsWatch coloca Colman Domingo (“Rustin”) no lugar cimeiro.

Tal como em Melhor Atriz, ainda não existe um frontrunner definitivo. No entanto, estamos perante um assustador top 5 que é consensualmente composto pelos três nomes previamente citados mais Bradley Cooper (“Maestro”) e Leonardo DiCaprio (“Killers of the Flower Moon”).

Assustador porque estamos numa fase ainda embrionária da corrida, a calmaria antes da tempestade dos festivais do outono, em que existe sempre essa sensação de certezas, que acabam a ser atiradas pela janela na hora h.

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Cillian Murphy é um dos favoritos ao Óscar © 2022 Universal Studios. All Rights ReservedCillian Murphy é um dos grandes favoritos ao Óscar © 2022 Universal Studios. All Rights Reserved

Sobre Cillian Murphy, ajuda ser o único dos candidatos que já foi visto e que superou as expetativas. Murphy tem do seu lado um candidato em Melhor Filme muito forte em que o seu personagem é o centro de tudo, um complicado e aprofundado estudo que permite ao seu intérprete mergulhar fundo.

Porém, classificar a sua performance como baity seria incorreto, é um retrato muito mais discreto, introspetivo e internalizado, em que o ator tem poucos momentos de explosão emocional, que, normalmente, apelam aos votantes.

Ajuda que Cillian Murphy esteja a interpretar uma figura real, mas isto está longe de ser uma situação semelhante a Gary Oldman (“A Hora Mais Negra”) ou Rami Malek (“Bohemian Rhapsody”), não existe uma transformação física palpável.

Por se tratar de algo mais subtil, Murphy pode encontrar dificuldades em se afirmar numa categoria que, nos últimos anos, tem escolhido premiar prestações mais barulhentas e chamativas.

No entanto, se “Oppenheimer” se afirmar como o grande frontrunner em Melhor Filme, existe uma possibilidade que os dois prémios se tornem inseparáveis um do outro. A comparação direta seria “Uma Mente Brilhante”, de Ron Howard, mas Russell Crowe, o grande favorito, acabou por ser derrotado, também devido a uma violenta controvérsia envolvendo um produtor do BAFTA.

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Paul Giamatti à procura de uma primeira nomeação em Melhor Ator com “The Holdovers” © Miramax

Falando de Giamatti, é o reencontro do ator com Alexander Payne, o cineasta que o comandou em “Sideways”. Algo que será fulcral na narrativa da campanha é o facto de o ator ter sido, surpreendentemente, deixado de fora nesta categoria por essa performance, quando o filme se saiu muito bem em tudo o resto.

Ainda hoje a exclusão de Giamatti é citada como uma das grandes injustiças da Academia e esse sentimento funcionou para que o ator conquistasse, no ano seguinte, uma nomeação em Melhor Ator Secundário por “Cinderella Man”, de Ron Howard, tendo vencido, inclusive, alguns percursores televisivos.

Após vários anos dedicados a papéis secundários e a protagonizar a série Billions”, este é o grande regresso de Giamatti como protagonista num filme de relevo e tudo indica que o ator agarrou totalmente a oportunidade.

Nesta comédia dramática de Payne, não parece que Giamatti se irá afastar muito daquilo que é o seu melhor registo: interpretar alguém com muito mau feitio. No entanto, já conseguimos ver que a história permitirá ao ator explorar com nuance a mágoa do seu personagem, um professor que ninguém consegue aturar, mas que formará um laço inesperado com um aluno rebelde (Dominic Sessa) e uma cozinheira que perdeu um filho na guerra do Vietname (DaVine Joy Randolph).

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Da TV para o cinema, esta é a grande chance de Colman Domingo|Cr. David Lee/Netflix © 2022

Existe a possibilidade de que aliado a uma narrativa forte, um sentimento de “esta é a vez de Giamatti” e um desempenho que pode emocionar e apaixonar o público, o ator consiga assumir-se como o favorito dos prémios televisionados, num percurso que incluiria uma vitória relativamente facilitada no Globo de Ouro, onde concorreria na categoria de Comédia/Musical.

Vale lembrar que Payne vem com alguma bagagem, incluindo acusações graves de Rose McGowan e o seu anterior fracasso “Pequena Grande Vida”, portanto, o filme precisará de ultrapassar muitos obstáculos para ser considerado um sério concorrente.

Por sua vez, com o valioso apoio da Netflix, Colman Domingo pode fazer história com “Rustin”, de George C. Wolfe (“Ma Rainey: A Mãe do Blues”), a biografia que traz a história de Bayard Rustin, um ativista gay dos direitos civis, que, em 1963, organizou a Marcha de Washington.

Não seria a primeira vez que um personagem queer triunfaria nesta categoria, no entanto, seria a primeira vez que um ator assumidamente homossexual ganharia por interpretar um personagem gay, o que seria uma grande conquista.

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Irá Bradley Cooper ganhar, finalmente, o seu Óscar?| Cr. Jason McDonald/Netflix

Nos últimos anos, Domingo tem se destacado, cada vez mais, pela sua intensidade e talento dramático, vencendo um Emmy na categoria de Melhor Ator Convidado por “Euphoria”, onde interpreta Ali, o mentor de Rue (Zendaya).

Em “Rustin”, o ator será a grande estrela de um filme onde, certamente, terá vários momentos emocionais e de discursos cativantes. A comparação seria Sean Penn que venceu por interpretar o ativista Harvey “Milk”, sendo que ambos filmes partilham o mesmo guionista, Dustin Lance Black.

É surpreendente que Bradley Cooper não seja o número um de nenhuma destas plataformas, sendo que Variety o considera em 4ºlugar, o Goldderby em 3º e Awardswatch em 2º.

Como já tenho referido, o buzz à volta do filme não é totalmente positivo, mas Cooper apresenta aqui um tipo de performance que parece seguir à letra o que é necessário para triunfar nesta categoria.

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Aclamado em Cannes, Leonardo DiCaprio deverá receber mais uma nomeação ao Óscar © 2023 Apple Studios

No papel do lendário compositor Leonard Bernstein, o ator surge soterrado em maquilhagem e irá viver 25 anos da vida do personagem, o que envolverá várias transformações. É descaradamente tão oscar bait que até os apostadores parecem se ter recusado a alinhar na narrativa.

Pelos seus esforços como produtor, ator e guionista, Cooper conta com impressionantes nove nomeações ao Óscar, sem nenhuma vitória, o que o coloca como alguém que vem merecendo este reconhecimento.

Resta aguardar pela receção do filme em Veneza, para perceber se estamos perante um forte candidato ou um concorrente falhado.

Um nome que surge, firmemente, na corrida, mas sem grande perspetiva de vitória, para já, é Leonardo DiCaprio por “Killers of the Flower Moon”, de Martin Scorsese. Assim como o filme, DiCaprio foi bastante elogiado em Cannes, sendo que alguns críticos consideram esta a melhor performance da sua carreira.

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É a vez de Barry Keoghan mostrar que é um Miúdo com Potencial em “Saltburn” © Marvel Studios

No papel de Ernest Burkhart, o sobrinho de William Hale (Robert De Niro), um poderoso rancheiro suspeito de homicídios na comunidade indígena, e o marido de Molly (Lily Gladstone), uma mulher indígena, o ator surgirá longe do seu arquétipo normal num papel que o desafia.

Com um filme que se avizinha tão forte na corrida, um antigo vencedor da categoria com um bom currículo de nomeações como DiCaprio não deverá encontrar dificuldades em conquistar um espaço no top5, e não será descabido imaginar que um segundo Óscar pode estar a caminho.

Para além dos consensos, Barry Keoghan é um nome que vale a pena ter em mente, um dos atores mais queridos da sua geração que conquistou uma nomeação por “Os Espíritos de Inisherin” e surgirá como protagonista no entusiasmante projeto “Saltburn”, o novo filme da oscarizada Emerald Fennell (“Uma Miúda com Potencial”).

O filme irá abrir o London Film Festival e é descrito como um conto perverso de desejo e privilégio em que Keoghan interpreta Oliver, um estudante de Oxford, que se vê atraído pelo aristocrático e charmoso mundo de Felix Catton (Jacob Elordi), que o convida para Saltburn, a luxuosa residência da sua família, para passar um verão inesquecível.

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O veterano David Strathairn pode ser a grande surpresa da corrida © 2007 Paramount Pictures. All Rights Reserved.

Trata-se de um filme que pode ser um grande concorrente à estatueta e portanto, o seu protagonista também tem chances, ainda para mais alguém que já foi nomeado ao Óscar e terá um papel enigmático com alguns laivos de obsessão, um registo que acenta muito bem ao jovem ator.

Quem também pode surpreender é David Strathairn por “A Little Prayer”, de Angus MacLachlan, em que o veterano ator interpreta um pai que desconfia que o filho (Will Pullen) está a trair a sua esposa (Jane Levy) e terá de lidar com a vontade de proteger a sua nora e a necessidade de entender os impulsos do seu filho.

Trata-se de um drama bem recebido em Sundance, Strathairn foi elogiado pela crítica e encaixa no tipo de ator mais velho que consegue uma nomeação nesta categoria com um filme discreto, a exemplo de Antonio Banderas (“Dor e Glória”) ou Bill Nighy (“Viver”).

E o que é que une estas três performances? O apoio da Sony Pictures Classics, uma distribuidora que tem conseguido prosperar e surpreender com a forma organizada e estratégica como conduzem a campanha, mais direcionada ao grande prémio do que aos percursores, sendo eles também os responsáveis pela vitória de Anthony Hopkins por “O Pai” e a nomeação surpresa de Penélope Cruz por “Mães Paralelas”.

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Será que “Ferrari” marcará o regresso de Adam Driver ao Óscar? © STX Entertainment

Ainda é cedo para dizer como é que a SPC tratará este filme, mas se houver uma aposta, da parte deles, o nome de Strathairn pode muito bem ser ouvido na manhã de nomeações, sem que ninguém o esperasse.

Na corrida, encontraremos ainda Adam Driver na pele de Enzo “Ferrari” no grande regresso de Michael Mann, Joaquin Phoenix como o “Napoleão” de Ridley Scott, Anthony Hopkins a viver o pai da psicanálise em “Freud’s Last Session”, de Matthew Brown, Kingsley Ben-Adir em “Bob Marley: One Love”, de Reinaldo Marcus Green, Matt Damon em “Air”, de Ben Affleck, que está, para já, um pouco esquecido, Christian Friedel em “The Zone of Interest” e muitos outros.

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Tendo em conta que a maior parte destes filmes ainda não foram vistos, estes são os cinco atores que considero, à data de hoje, os mais prováveis de conquistar uma nomeação na categoria:

  1. Colman Domingo – “Rustin”
  2. Cillian Murphy – “Oppenheimer”
  3. Paul Giamatti – “The Holdovers”
  4. Leonardo DiCaprio – “Killers of the Flower Moon”
  5. Barry Keoghan – “Saltburn”

E tu, acreditas que Cillian Murphy vai ganhar o Óscar?

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