IndieLisboa

16º IndieLisboa | Considerações Finais

Mais uma edição do IndieLisboa chega ao fim. Este ano, este foi um festival marcado pela celebração do cinema brasileiro, retratos assustadores do panorama político contemporâneo e vários duos de realizadores a saírem vencedores.

A cerimónia de entrega dos prémios da 16ª edição do IndieLisboa ocorreu no passado sábado, dia 11 de maio, e a sessão de encerramento oficial do festival deu-se no dia seguinte. Contudo, as atividades desta grandiosa festa do cinema independente prolongaram-se até ontem, dia 15, com as exibições de alguns dos filmes premiados no Cinema Ideal. Ou seja, só ontem é que realmente demos por encerrado mais uma edição do IndieLisboa, um dos maiores festivais de cinema do país, que, todos os anos, leva a Lisboa algum do que de melhor se produz no panorama do cinema independente.

Graças a uma programação especial focada nesse país, o Brasil esteve muito bem representado no IndieLisboa. As propostas foram variadas, desde documentários como “Democracia em Vertigem” a ensaios eróticos como “Seus Ossos e Seus Olhos” ou devaneios futuristas como “Divino Amor”. Algo transversal a todas as propostas cinematográficas brasileiras foi um discurso político muito aceso, caracterizado pela urgência e desespero de cineastas que estão indignados e atónitos ao ver o seu país resvalar num regime antidemocrático. Muitos aplausos se ouviram para celebrar os esforços mais gritantes contra as ideologias ditatoriais de Bolsonaro, mas esta foi uma seleção que, apesar da sua glória, trouxe um pesar quase enlutado ao IndieLisboa.

democracia em vertigem critica indielisboa
A situação política do Brasil esteve em destaque em filmes como DEMOCRACIA EM VERTIGEM.

Ao contrário do ano passado, a forte presença brasileira nas várias secções do festival não se traduziu em muitos prémios dados a filmes oriundos do Brasil. Na competição de Longas-Metragens Internacionais, “De los nombres de las cabras” de Silvia Navarro e Miguel G. Morales, um documentário espanhol que teve a sua estreia mundial no festival. O júri desta particular secção parece ter estado muito enamorado com a ideia de duplas de um realizador e uma realizadora, visto que o Prémio Especial TVCine e Séries foi dado a “Thou Shalt Not Kill” de Gabi Virginia Șarga e Cătălin Rotaru e “Jessica Forever” de Caroline Poggi e Jonathan Vinel.

“Thou Shalt Not Kill” nem foi o único filme romeno a empatar no contexto de um dos prémios do festival. “I Do Not Care If We Go Down in History as Barbarians” do romeno Radu Jude partilhou o prémio de Melhor Filme da Secção Silvestre com “M.” de Yolande Zauberman. Na competição de Longas-Metragens Portuguesas, o documentário “A Minha Avó Trelotótó” de Catarina Ruivo, enquanto que, a respeito de todo o festival, o Prémio do Público, votado pelas audiências do IndieLisboa, foi atribuído a “Bait” de Mark Jenkin. Para leres a lista completa de todos os prémios do festival, consulta o site oficial do IndieLisboa.

Vendo os títulos premiados, pode parecer que o IndieLisboa é um festival focado singularmente em títulos mais obscuros que nem sequer fazem muito furor no circuito dos festivais. Afinal, aquando da escrita deste artigo, “De los nombres de las cabras” ainda nem sequer tem uma página no IMDB. No entanto, nada podia estar mais longe da verdade, sendo que vários títulos dos últimos festivais de Cannes, Veneza e Berlim passaram por Lisboa. O filme de encerramento, por exemplo, foi “Sinónimos”, o mais recente vencedor do Urso de Ouro da Berlinale, enquanto a Secção Silvestre foi marcada por títulos como “Em Chamas” de Lee Chang-Dong e “3 Faces” de Jafar Panahi, dois dos filmes mais aclamados na Croisette do ano passado.

indielisboa de los nombres de las cabras critica
DE LOS NOMBRES DE LAS CABRAS foi um dos grandes vencedores do festival.

É claro que, em termos de potencial apelo mainstream, nada bate o filme que abriu as festividades deste ano. “The Beach Bum” de Harmony Korine é uma bizarra explosão de poder de estrelas de Hollywood no meio da programação do festival. Aqui pela MHD não fomos grandes fãs da obra, mas há que valorizar a variedade que a sua inclusão no IndieLisboa representa. Este é um festival que tem algo para o gosto de todos, desde aqueles que gostam de ver Matthew McConaughey drogar-se com Zac Efron até àqueles que preferem deliciar-se com curtas-metragens meio abstratas ou documentários experimentais. Também houve celebrações dedicadas a Anna Karina, o ressuscitar do legado de realizadoras esquecidas e até grandes conversas sobre o uso de som em cinema.

Face a tudo isto, não podemos deixar de considerar que esta edição foi mais um glorioso triunfo na História do IndieLisboa. Várias sessões esgotaram e ainda mais tiveram casa quase cheia, pelo que esta triunfo não se fica simplesmente pela qualidade dos filmes, mas também abrange a reação e procura dos espectadores. Quem da equipa MHD viu filmes do festival, certamente apreciou o que viu. Aqui fica uma lista das várias críticas (mais de 20!) que a MHD publicou sobre filmes do IndieLisboa ao longo do festival. Também incluímos aqui links para os artigos que fomos repostando nas redes sociais e que se referem a filmes sobre os quais já tínhamos escrito no âmbito de outros festivais internacionais e que só agora chegaram a Portugal.

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COBERTURA MHD DO 16º INDIELISBOA

FILME DE ABERTURA:

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL:

COMPETIÇÃO NACIONAL:

SECÇÃO SILVESTRE:

INDIEMUSIC:

DIRECTOR’S CUT:

BOCA DO INFERNO:

SESSÕES ESPECIAIS:

FILME DE ENCERRAMENTO:

Não percas as coberturas que a MHD faz dos maiores festivais de Portugal e da Europa. A seguir ao Indie, vem Cannes e, como sempre, trazemos-te todas as novidades e opiniões sobre os filmes exibidos.

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