"O Poder do Cão"/"No Ritmo do Coração" | © Netflix/Apple

Óscares 2022 | Todos os filmes, em análise

Na sua cobertura anual dos Óscares, a Magazine.HD faz questão de publicar críticas de todas as longas-metragens nomeadas. Desde os pretendentes ao prémio para Melhor Filme até ao mais obscuro documentário, todos merecem atenção, aplausos, e uma análise crítica. Aqui fica uma coleção de excertos desses textos, links e, pois claro, a nota MHD que resulta das opiniões dos vários membros da equipa.

Começamos esta listagem com os filmes mais nomeados, aqueles que concorrem para as categorias mais importantes. Lá para o fim, ficam aqueles que estão nomeados somente numa categoria. Não deixes de seguir os links e vai explorar as nossas análises completas. Os Óscares 2022 estão aí e nós temos muitas opiniões para partilhar!

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O PODER DO CÃO de Jane Campion

Óscares 2022
© 2021 Cross City Films Limited/Courtesy of Netflix

NOTA MHD: 88/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Este é um filme sobre as profundezas obscuras da alma humana e os nossos impulsos mais animalescos, um mundo de predadores e presas em que a taxonomia de cada um é uma mentira melíflua. Está tudo nas texturas e nos cheiros sugeridos pelo formalismo audiovisual – o suor e o couro molhado, licor ilícito e sexo inflamado, um beijo dado pelo cigarro partilhado. Um beijo que sabe a tabaco e saliva, que serve como máxima mercê de um carrasco de olhos vítreos.

 

NO RITMO DO CORAÇÃO de Sian Heder

no ritmo do coração critica
© Apple

NOTA MHD: 73/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Não negamos que “No Ritmo do Coração” é um filme repleto de intenções nobres e ideais que merecem aplauso. Na pré-produção, a atriz Marlee Matlin defendeu que atores surdos deviam ser escolhidos para todos os papeis de não-ouvintes, trazendo a esta fita americana uma autenticidade que o seu predecessor não tinha. É difícil argumentar contra o facto que o sucesso do filme marca um desenvolvimento positivo na representação de experiências marginalizadas no grande ecrã. Contudo, não é essa façanha de casting que apagará todos os problemas do guião.

 

BELFAST de Kenneth Branagh

Belfast Óscares 2022
Belfast | © 2021 Universal Studios. All Rights Reserved.

NOTA MHD: 69/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Na última sequência, será em grande medida aos pais, a TODOS OS QUE PARTIRAM, que Kenneth Branagh dedica este seu filme. Depois, amplia a dedicatória a TODOS OS QUE FICARAM. Por último, dedica BELFAST a TODOS OS QUE ANDARAM PERDIDOS. De um ponto de vista pessoal e cinematográfico, essas frases ficarão como o depoimento político, cultural e identitário de uma obra estruturada a partir da memória perdida e reencontrada de um passado e de uma inocência juvenil que o autor sentiu necessidade de incluir na sua filmografia enquanto adulto e cineasta de corpo inteiro.

 

DUNE – DUNA de Denis Villeneuve

dune duna critica
© Cinemundo

NOTA MHD: 82/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Trata-se de um banquete sumarento para os sentidos, cheio de design estonteante, desde a mistura de religiosidades heterógenas no figurino de Charlotte Rampling até à brutalidade da arquitetura orientalista de Arrakis. A música de Hans Zimmer, os efeitos sonoros e feitiçarias digitais também encantam, especialmente quando a paisagem areosa derrete e os vermes gigantes do deserto se mostram, quais monumentos monstruosos cuja magnitude nos tira as palavras. Em resumo, é cinema narrativo imperfeito, mas uma experiência que vale a pena ver, sentir. Deixem-se inebriar pela melange desta “Duna” cinematográfica e quiçá sintamos o êxtase pleno quando o segundo filme estrear e este fragmento finalmente seja completo.

 

WEST SIDE STORY de Steven Spielberg

West Side Story
West Side Story (2021) | © 20th Century Studios

NOTA MHD: 86/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Numa altura em que se multiplicam os filmes popcórnicos, que alguns consideram produtos para vender e deitar fora, prestar atenção a um filme como WEST SIDE STORY não é apenas um sinal de inteligência mas igualmente de bom gosto, a melhor prenda de Natal que podemos dar a nós próprios e aos que connosco partilham o conceito de cinema com C maiúsculo.

 

KING RICHARD: PARA ALÉM DO JOGO de Reinaldo Marcus Green

King Richard Corpo
King Richard © Cinemundo

NOTA MHD: 75/100

EXCERTO DA CRÍTICA: “King Richard: Para Além do Jogo” é um espirituoso e raçudo olhar inédito ao passado da dupla mais feroz e laureada da chamada era “Open”, que juntamente com Steffi Graf, partilha o feito de ter conquistado os quatro torneios do Grand Slam e uma medalha de ouro olímpica. Mas a longa-metragem de Reinaldo Marcus Green, mais do que uma homenagem ao seu legado, é uma carta de amor aos pais, sobretudo a Richard Williams, a quem Will Smith faz uma vénia pela genialidade de ter criado dois “Michael Jordans”.

 

NÃO OLHEM PARA CIMA de Adam McKay

não olhem para cima
© NOS Audiovisuais

NOTA MHD: 70/100

EXCERTO DA CRÍTICA: No geral, Não Olhem Para Cima é bastante agradável e os seus inúmeros cameos – um ator em particular está a divertir-se à grande este ano com este tipo de presença – certamente deixarão o público encantado. No entanto, não ficarei surpreendido se as pessoas reagirem de uma forma extremamente negativa ou extremamente positiva. McKay deita tudo para fora, logo ou irão chorar de tanto rir ou chorar de tanta frustração.

 

CONDUZ O MEU CARRO de Ryusuke Hamaguchi

Conduz o Meu Carro Leopardo Filmes
© Leopardo Filmes

NOTA MHD: 89/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Apesar da sua densidade intelectual, “Conduz o Meu Carro” é um trabalho rico em sentimento forte, em verdades universais e filosofia visceral. Através do seu conto de perda e ciúme, vingança e intransigência, confusão, culpa, Ryusuke Hamaguchi cristaliza a condição humana numa obra-prima do grande ecrã.

 

LICORICE PIZZA de Paul Thomas Anderson

Licorice Pizza Óscares 2022
Alana Haim e Cooper Hoffman © NOS Audiovisuais

NOTA MHD: 80/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Apesar de o elenco secundário ser um tesouro sem fundo de grandes atores, Haim é a alma entristecida de “Licorice Pizza.” Nas suas mãos, a comédia complica-se e perde a graça, mas a psicologia brilha. Graças a ela, uma promessa de amor sabe a mentira. Não é uma mentira dita para ludibriar o outro, mas uma falsidade proferida para convencer quem a conta. Só que, para fugir à realidade, não há mentira forte o suficiente, não há corrida veloz que baste.

 

NIGHTMARE ALLEY – BECO DAS ALMAS PERDIDAS de Guillermo del Toro

Nightmare Alley
Cate Blanchett e Bradley Cooper em “Nightmare Alley” | © 20th Century Studios

NOTA MHD: 71/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Na meteórica ascensão e queda de um homem com um passado, que os espectadores sabem não ser luminoso, ao longo dos 150 minutos de BECO DAS ALMAS PERDIDAS vamos desenhando o retrato mental do protagonista, assim como o rosto material e, por muitos anos escondido, do seu ser. No final, depois deste singular percurso fílmico, saberemos bem o que significa aquele desesperado grito de angústia. Porque ele sabe, como nós sabemos, que os monstros estão entre nós.

 

BEING THE RICARDOS de Aaron Sorkin

Nicole Kidman
Nicole Kidman e Javier Bardem em “Being the Ricardos” © Amazon Prime Video

NOTA MHD: 63/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Nicole Kidman não se parece com Lucille Ball, nem em visual ou voz, mas consegue dar vida à conceção que o guião tem da mulher. As melhores cenas são aquelas em que atriz interpreta atriz, delineando o lado cerebral da comédia. Outra passagem que merece destaque é um monólogo noturno e cansado, quando uma artista reflete sobre o custo do sucesso, sobre a interseção complicada entre o público e o privado. Bardem é menos bem-sucedido no papel de Desi Arnaz, mas o elenco secundário é excelente sem exceção. J.K. Simmons conquistou a nomeação para os Óscares, mas diríamos que Nina Arianda e Alia Shawkat são ainda melhores em papéis menores.

 

A TRAGÉDIA DE MACBETH de Joel Coen

Denzel Washington
The Tragedy of Macbeth © Apple TV

NOTA MHD: 80/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Apesar da realização robusta e única de Joel Coen (“A Balada de Buster Scruggs”), diferente do que os espetadores estão acostumados a ver dos Coen Brothers, esta versão da história de Macbeth não traz nada de novo para a mesa. Confesso que não sou o maior fã de adaptações de Shakespeare, mas esperava algo mais do que apenas outra recitação direta da narrativa bem conhecida. Os temas que envolvem ambição política, mentalidades sedentas de poder e as suas consequências físico-psicológicas foram já intensamente estudadas durante décadas, logo não tenho muito mais a acrescentar às infinitas teses sobre a tal história.

 

TICK, TICK…BOOM! de Lin-Manuel Miranda

andrew garfield
Andrew Garfield em “tick, tick…BOOM!” | © Netflix

NOTA MHD: 80/100

EXCERTO DA CRÍTICA: O tempo é essencial neste “Tick, Tick …Boom!” e existe uma sensação de contagem decrescente, neste caso em primeiro plano para a inofensiva crise existencial dos 30, tão frequente nas mais recentes gerações. Não obstante, o filme parece falar de uma urgência superior, a consciência da nossa mortalidade. Entre a homenagem e a premonição, “Tick, Tick …Boom!” não deixa de se apresentar como uma obra animada…não fosse um musical.

 

MÃES PARALELAS de Pedro Almodóvar

maes paralelas critica leffest
© Pris Audiovisuais

NOTA MHD: 82/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Como sempre, este mestre do cinema espanhol revela um amor ferrenho pela beleza pictórica, as cores fortes e a luxuriante qualidade do objeto estético, da comida feita com carinho, dos corpos inflamados de desejo. Tanto os visuais como os sons são sensacionalmente sensuais, mas é o trabalho de ator que mais arrebata. Penélope Cruz tem aqui uma das melhores prestações da carreira, exteriorizando os terrores internos de Janis com igual medida de estilização e realismo emocional.

 

OS OLHOS DE TAMMY FAYE de Michael Showalter

os olhos de tammy faye critica
© Fox Searchlight Pictures

NOTA MHD: 60/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Desde os números musicais até ao choro melodramático das cenas mais tristes, Chastain é uma máquina de energia contínua. Mais nenhum ator chega aos seus calcanhares, pelo menos em termos de empenho. Iriamos ao ponto de dizer que só o design de “Os Olhos de Tammy Faye” alcança os mesmos píncaros da protagonista. Existe aqui uma exaltação do excesso. Veja-se o fausto piroso dos figurinos, quanto a escalada social dos Baker se materializa em interiores palacianos e palcos opulentos. Veja-se, acima de tudo, o trabalho cosmético que tornou os atores irreconhecíveis, mudando a morfologia das suas caras ao ponto de ser grotesco.

 

SPENCER de Pablo Larraín

© Cinemundo

NOTA MHD: 83/100

EXCERTO DA CRÍTICA: O trabalho de Stewart formula uma espécie de retrato cubista da Princesa Diana Spencer. Estamos sempre cientes do esforço interpretativo, sendo que a imersão do espetador jamais se regista. Ao invés, temos uma pluralidade de perspetivas compressas num só plano dimensional. Existe a Princesa Diana real e fora do alcance do filme, a Princesa Diana que o público viu, existe o conto-de-fadas subvertido de Larraín, existe a atriz – todas elas fragmentos, estilhaços colados num retrato disforme que fascina pela sua distância do natural, do mimético, do virtuosismo tradicional.

 

A FILHA PERDIDA de Maggie Gyllenhaal

Olivia Colman
Olivia Colman é Leda. © Netflix

NOTA MHD: 75/100

EXCERTO DA CRÍTICA: É extraordinária e quase uma enigma, esta crónica veraneante de Leda (Olivia Colman), a melancólica mulher de meia-idade, com os seus dias de férias marcados pela presença dessa família muito peculiar. Esses dias ao sol mediterrâneo, desencadeiam na pálida Leda, um certo mau-estar vinculado ao seu passado, algo torturado. Leda é efectivamente uma personagem muito difícil de entender à primeira vista. E se formos dentro da lógica, será quase intolerável segui-la e compreender as suas atitudes e emoções.

 

A PIOR PESSOA DO MUNDO de Joachim Trier

A Pior Pessoa do Mundo
© Alambique

NOTA MHD: 79/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Visualmente rico, narrativamente carinhoso e quente, “A Pior Pessoa do Mundo” não é de todo a representação de pessoas más, pouco afáveis ou pouco lá perto, se é que alguém tirou do título tal conclusão. Antes,os protagonistas são seres humanos falíveis mas profundamente empáticos.

 

CRUELLA de Craig Gillespie

Emma Stone Cruella
© Disney

NOTA MHD: 71/100

EXCERTO DA CRÍTICA: O luxo não é estranho aos cenários, a opulência é cativante e o “génio de criatividade” simplesmente irresistível. Todos os fatos das personagens foram pensados ao detalhe e não são um mero acessório; o guarda-roupa definiu o tom do filme, a postura das personagens e até serviu para as distinguir, como tão bem vimos apresentados Cruella e os amigos, mais pobres, e mais tarde Baronesa e os seus convidados da alta sociedade de Londres. Com uma palete de cores que se foi diversificando, o guarda-roupas fez uso de materiais diversos, foi ganhando mais destaque à medida que o filme avançava e nunca desiludiu – nem as imensas perucas do último grande baile. E importa notar que caracterizou de forma exímia a vibe de punk rock da Londres dos anos 70.

 

CYRANO de Joe Wright

cyrano critica
© MGM

NOTA MHD: 77/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Ao invés de resistir à natureza absurda do género musical, Wright celebra-a. Isso é óbvio desde o primeiro número, quando Roxane canta sobre o verdadeiro amor que tanto quer, desfilando por um cenário setecentista em que bailarinos rodopiam em tafetá e voam quando beijados pelos seus enamorados parceiros. Longe de se apegarem a um registo estritamente barroco, os designers desviaram a história de Cyrano para uma época ligeiramente mais tardia, enfatizando sensualidade e a harmonia visual. Não há verismo, mas também não precisa haver. A maquilhagem mais isso revela, enquanto a fotografia captura o mundo através de uma pátina brilhante, luz difusa e cores esbatidas em pastéis quentes.

 

CASA GUCCI de Ridley Scott

Hollywood 2021
Casa Gucci | © NOS Audiovisuais

NOTA MHD: 64/100

EXCERTO DA CRÍTICA: “Casa Gucci” é uma telenovela excessiva e que, no seu âmago, não escolhe um rumo para a sua narrativa. Esta falta de inspiração é notória, num tipo de registo que na realidade escapa dos universos mais comuns e confortáveis de Ridley Scott – o épico histórico e o sci-fi.

 

O PRÍNCIPE VOLTA A NOVA IORQUE de Craig Brewer

o principe volta a nova iorque coming 2 america critica
© Amazon Prime Video

NOTA MHD: 55/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Recentrando a narrativa em Zamunda ao invés da metrópole Americana, “O Príncipe Volta a Nova Iorque” tem carta branca para se render aos excessos da fantasia africana. Nem a fotografia de Jody Williams ou a realização de Craig Brewer ajudam os feitos da equipa criativa, mas nem a pior filmagem do mundo podia esconder este extraordinário desfile de moda. Os figurinos de Ruth E. Carter são ambrósia para os olhos, enquanto os esforços da equipa de maquilhagem trazem o gozo da transformação e uma coleção sem fim de perucas mirabolantes.

 

007: SEM TEMPO PARA MORRER de Cary Joji Fukunaga

007: Sem Tempo Para Morrer Corpo
007: Sem Tempo Para Morrer | © NOS Audiovisuais

NOTA MHD: 73/100

EXCERTO DA CRÍTICA: “007: Sem Tempo Para Morrer” teve tempo para o lado técnico e estilístico da sua componente de ação, mas ficou sem tempo para preparar um discurso convincente, que não arrastasse o espetador por quase três horas de interações que não raras vezes pareciam ensaiadas encima do joelho. É como se a produção deste “007” se tivesse focado somente em oferecer a Bond o seu derradeiro parque de diversões, deixando a essência do roteiro para segundas núpcias.

 

FREE GUY: HERÓI IMPROVÁVEL de Shawn Levy

Free Guy
Free Guy: Herói Improvável | © NOS Audiovisuais

NOTA MHD: 73/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Com um conjunto de personagens excêntricas e na sua maioria afáveis a ancorar a narrativa, “Free Guy” vive de um encontro equilibrado entre comédia física, referências a cultura popular e emotividade pura e dura (a história de romance tem uma natureza algo tripartida mas, estranhamente, acaba por resultar). Como ideia não é particularmente original, sendo uma espécie de encontro entre “The Truman Show”, “Matrix” e “Ready, Player, One”, sem atingir, claro está, a relevância e natureza perspicaz de nenhuma destas obras.

 

HOMEM-ARANHA: SEM VOLTA A CASA de Jon Watts

Sem Volta a Casa
“Homem-Aranha: Sem Volta a Casa” (2021) ©Big Picture Films

NOTA MHD: 72/100

EXCERTO DA CRÍTICA: “Homem-Aranha: Sem Volta a Casa”é o ápice da trilogia do herói aracnídeo no MCU, acompanhando o crescimento de Peter Parker de criança a adolescente e com uma evolução sólida no destino do super-herói Spider-Man. No final encerram-se círculos, mas também se abrem as portas para vários futuros entusiasmantes.

 

SHANG-CHI E A LENDA DOS DEZ ANÉIS de Destin Daniel Cretton

Shang-Chi
“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” ©Disney/Marvel

NOTA MHD: 78/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Um ponto que tem sido altamente elogiado e que destaca a produção como uma das melhores do MCU, sendo para alguns mesmo a melhor, é em termos de coreografias de lutas. Shang-Chi é um mestre de diversas artes marciais, não ficando de todo atrás de personagens como Steve Rogers ou T’Challa (aliás, já se põe a questão de quem é realmente o melhor lutador corpo a corpo do MCU?). De forma a manifestar a variedade de combate da personagem, Cretton inspirou-se em diferentes estilos de luta desde o sublime estilo wushu presente em “Crouching Tiger, Hidden Dragon” (2000) até às energéticas lutas típicas de Jackie Chan.

 

ENCANTO de Jared Bush, Byron Howard e Charise Castro Smith

Disney encanto nos Óscares 2022
A mágica família Madrigal © Disney

NOTA MHD: 77/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Lin-Manuel Miranda não falha e apresenta-nos uma vez mais uma banda-sonora que eleva a obra que aqui nos é apresentada. Não fosse este latino em Hollywood um importante defensor das matérias de representação, e não estivesse a música latina nas suas veias, restam poucas dúvidas em relação a Miranda ser o nome perfeito para musicar “Encanto”.

 

QUATRO DIAS A TEU LADO de Rodrigo Garcia

quatro dias a teu lado critica
© NOS Audiovisuais

NOTA MHD: 45/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Enfim, o que não resulta enquanto trabalho dramatúrgico ou cinematográfico lá mostra valor no patamar da atuação. Mila Kunis e Glenn Close protagonizam a fita, interpretando Molly e Deb respetivamente. Se a mais nova se deixa levar em demasia pelos tiques e pela cosmética grotesca, a atriz com mais nomeações para os Óscares sem uma única vitória brilha incandescente. Nada no papel evita o cliché, mas Close rende-se à intensidade da situação, delineando as barreiras sinuosas entre ceticismo nascido do trauma e o amor de mãe.

 

OS MITCHELL CONTRA AS MÁQUINAS de Phil Lord e Chris Miller

Os Mitchell Contra as Máquinas
NETFLIX – © 2021 Netflix, Inc.

NOTA MHD: 77/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Somos transportados para um lugar comum da ficção científica – robôs são criados, robôs tornam-se maléficos, robôs atacam humanos, humanos devem travar os robôs. Títulos como “Ex-Machina” (2015), “Eu, Robot” (2004) e “O Mundo do Oeste” (1973) vêm de imediato à cabeça como exemplos desta mesma premissa apocalíptica. Há, no entanto, um óbvio problema com este cataclismo: apesar de não ser impossível, trata as consequências das últimas décadas de neoliberalismo como tragédias possíveis, futuras, quando, na verdade, estas já estão a decorrer a toda a velocidade e sem qualquer épico acontecimento a anunciá-las.

 

RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO de Don Hall e Carlos López Estrada

Raya e o Último Dragão
Raya e o Último Dragão | © Disney

NOTA MHD: 78/100

EXCERTO DA CRÍTICA: “Raya e o Último Dragão” corresponde à expectativa criada. É um filme bonito, que apesar de nos levar a um reino mágico nos faz acreditar que este existe, algures no meio de uma Ásia escondida. É simples, apelativo e cheio de personagens vibrantes, diferentes e exóticas. No final, é uma animação de aventura e fantasia para toda a família, que nos leva a um novo imaginário, e que nos transmite uma importante mensagem: para o mundo ser melhor, temos de saber confiar. E nada melhor do que sermos nós a dar o primeiro passo.

 

LUCA de Enrico Casarosa E Andrea Warren

Alberto Luca
© Disney/Pixar

NOTA MHD: 75/100

EXCERTO DA CRÍTICA: “Luca” consolida-se assim como o entretenimento puro que precisávamos em tempos de COVID-19, um filme para amantes de viagens que nos últimos tempos poucas ou nenhumas vezes deixaram as suas casas. Neste momento somos todos espectadores um pouco como “Luca” cansados do nosso quotidiano e ansiosos por sair à procura de algo novo, de uma liberdade que só parece existir quando a vivemos. Viva “Luca”, viva l’Italia!

 

FLEE – A FUGA de Jonas Poher Rasmussen

Flee A Fuga
© Films4You

NOTA MHD: 90/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Amin, o protagonista, é muito mais do que um símbolo da opressão do povo do Afeganistão, ele éum sujeito captado em toda a sua singularidade, não sendo (apenas) definido nem pelo seu estatuto de refugiado nem pela sua identidade queer, explorada no filme com uma sensibilidade notável. Isto porque crescer no Afeganistão como um jovem homossexual é naturalmente um tabu, hoje e há 30 anos e, por isso, as camadas de secretismo e auto-censura sempre atravessaram a experiência de Amin.

 

A MÃO DE DEUS de Paolo Sorrentino

a mao de deus critica
© Netflix

NOTA MHD: 60/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Cinema como terapia tem seu valor individual, mas não é assim tão esplendoroso quando visto fora do seu contexto preciso, quando encarado como uma obra para o público. A nomeação para o Óscar mostra que o apelo do trabalho transcende Sorrentino, mas continuamos a questionar se tal honra é mostra de real valor. Nem tudo o que brilha é ouro, nem toda a fita que nos faz chorar merece as lágrimas.

 

LUNANA: A YAK IN THE CLASSROOM de Pawo Choyning Dorji

lunana a yak in the classroom critica
© Huanxi Media Group

NOTA MHD: 70/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Assim se monta uma narrativa que celebra a educação e a humildade de quem educa, sua importância enquanto membro da comunidade, seu lugar de destaque na vida do aluno. Também se celebram as paisagens naturais do Butão, sendo a fotografia o elemento formal que mais se afirma em “Lunana: A Yak in the Classroom.” Nessa vertente, a estratégia destemida do realizador paga os seus dividendos, conferindo ao filme toda a majestosa monumentalidade das montanhas, a paisagem mudando à medida que as estações passam e a neve nos cumes começa a descer o vale.

 

SUMMER OF SOUL (…OU, QUANDO A REVOLUÇÃO NÃO PÔDE SER TELEVISIONADA) de Questlove

summer of soul indielisboa critica
© IndieLisboa

NOTA MHD: 85/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Trata-se de uma festa em forma de cinema, uma celebração comunitária que convida à inclusão e à partilha, à reverência e ao amor pela Arte. Há aqui ferocidade de quem questiona o estado do Mundo, mas também a misericórdia de quem entende o valor de um momento de pura paixão. “Summer of Soul” imerge o espetador no seu som, num feitiço inebriante onde o passado e presente, quiçá o futuro, comungam sob a alçada de uma esperança doirada.

 

ASCENSION de Jessica Kingdon

© XTR

NOTA MHD: 85/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Algumas das passagens mais memoráveis de “Ascension” vão além da figura humana para perscrutar quanto o objeto, só por si, pode conter uma reflexão sobre o ambiente que o produz. Uma longa sequência centra-se no fabrico de bonecas sexuais, manequins de silicone na forma feminina idealizada pelo cliente. Apesar do conteúdo potencialmente lascivo, há delicadeza na filmagem, uma valorização do operário e até do propósito do produto. Contudo, ver o carinho dado a esses corpos sem vida deixa o espetador inquieto. Porque são essas massas plásticas mais valiosas que as pessoas que os criam?

 

ATTICA de Stanley Nelson e Traci Curry

Attica 2021
“Attica” (2021) ©Showtime

NOTA MHD: 77/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Para quem nunca ouviu falar do tema, o documentário da Showtime é uma excelente representação do ocorrido. No entanto, no meio de tanta produção sobre esta revolta, a entrada de 2021 perde um pouco o seu impacto e torna-se por vezes repetitiva para a audiência que assistiu a algum outro conteúdo. Não tirando o louvar ao trabalho da equipa produtiva, esta perdeu uma oportunidade de, mesmo que isso implicasse um documentário um pouco maior, ramificar os eventos do passado com os impactos que daí advieram e qual o estado dos direitos civis prisionais no presente.

 

ESCREVER COM FOGO de Sushmit Ghosh e Rintu Thomas

© FILMIN

NOTA MHD: 72/100

EXCERTO DA CRÍTICA: Trata-se de uma história inspiradora que merece ser contada. Não é perfeita, mas funciona para sensibilizar. Além do mais, a fotografia de Ghosh e Karan Thapliyal demonstra uma admirável elegância, encontrando composições notáveis nos mais humildes cenários. O quadro de uma mulher caminhando sozinha à noite ou a épica escala de uma pedreira exigem especial aplauso.

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Não percas o resto da nossa cobertura dos Óscares! Mesmo depois da entrega dos prémios, há muito a explorar.

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