Com os Óscares à porta, Oppenheimer domina nos BAFTA com 7 troféus

18 de Fevereiro de 202419 de Fevereiro de 2024 André Sousa 0 Comments A Zona de Interesse, BAFTA, Emma Stone, O Rapaz e a Garça, Oppenheimer, os excluídos, óscares, Pobres Criaturas, Robert Downey Jr., Sandra Hüller

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O BAFTA acabou de revelar os seus vencedores. Estará “Oppenheimer” destinado a dominar os Óscares?

A cerimónia dos BAFTA (British Academy Film Awards), os prémios da Academia britânica, acabou de terminar e vale a pena refletir no que os seus resultados nos indicam para a corrida dos Óscares, já que este é um dos percursores mais importantes da temporada.

Ao contrários dos últimos anos em que o grande favorito à estatueta de Melhor Filme foi enfrentado desafios, “Oppenheimer” parece estar mais firme do que nunca sem nenhum golpe contra o seu imaculado currículo. Em solo britânico, o biopic do pai da bomba atómica voltou a sair de mãos cheias.

Em Melhor Ator, Cillian Murphy (“Oppenheimer”) aproveitou a vantagem de jogar em casa para conquistar um muito necessário troféu, após a derrota para Paul Giamatti no Critic’s Choice. A bola agora está do lado do Screen Actors Guild Awards onde o veterano ator parece ter a maior vantagem. Se Murphy, vencer o SAG, aí já não haverá espaço para qualquer dúvida.

© Atsushi Nishijima/ Searchlight Pictures

Por sua vez, Emma Stone conquistou a categoria de Melhor Atriz, o que prova que está bem encaminhada para uma vitória nos Óscares. Porém, ainda há espaço para surpresas no SAG já que Lily Gladstone não competia nos prémios britânicos. Acaba aqui o sonho para Sandra Hüller que chega aos Óscares sem nenhuma vitória mas um percurso de invejar.

Para aqueles que esperavam algum tipo de surpresa nas categorias de Melhor Ator e Melhor Atriz Secundária, tal não se verificou com a confirmação de Da’Vine Joy Randolph (“Os Excluídos”) e Robert Downey Jr. (“Oppenheimer”). Começa a parecer díficil imaginar um mundo em que algum dos dois perde o Óscar, mas só depois da cerimónia do SAG Awards é que podemos dar a corrida por encerrada.

Quem também pode começar a limpar a estante é Christopher Nolan , favorito como Melhor Realizador, que parte para dia 10 de março com Globo de Ouro, Critics’ Choice, Director’s Guild Award (DGA) e agora o BAFTA, tornando-o intocável.

Em Melhor Filme em Língua Não Inglesa, “A Zona de Interesse” derrota pela primeira vez “Anatomia de uma Queda” e mostra a todos aqueles que duvidam da sua força de que é sim capaz de triunfar na sua categoria. Nos Óscares, o filme de Triet não será um obstáculo e esta deverá ser uma das vitórias mais previsíveis da noite.

No que diz respeito a Argumento, “Anatomia de uma Queda” cimenta aqui o seu favoritismo, partindo para a noite da cerimónia como o único filme da sua categoria a triunfar num dos percursores, o que lhe dá uma vantagem considerável frente a “Os Excluídos”.

Em adaptado, os BAFTA concordaram com o Critics’ Choice e premiaram “American Fiction”, mesmo tendo ignorado o filme em todas as outras categorias. Uma vitória muito similar a de “CODA” em 2022 e que pode indicar que o argumentista Cord Jefferson está a caminho do Óscar. Porém, vale a pena lembrar que o filme ainda não enfrentou “Barbie”, que concorre como Original em todos os percursores excepto nos Óscares. Será que “American Fiction” terá força para destronar “Barbie”? Será uma questão que permanecerá até à noite da cerimónia, já que o Writer’s Guild Awards só acontecerá no mês de abril.

Em Melhor Design de Produção, “Barbie” foi a escolha praticamente unânime do circuito de crítica, triunfando até no Critics’ Choice. Porém, tanto o Art Directors Guild Awards como os BAFTA optaram por “Pobres Criaturas”. Começa a complicar-se para o filme de Greta Gerwig mas ainda há (alguma) esperança. Em figurino, o cenário é o mesmo, mas no sindicato concorrerão em categorias separadas, a dúvida permanecerá até ao final.

O desempenho de “Pobres Criaturas” na cerimónia foi extraordinário, conquistando também a categoria de Melhor Caracterização, derrotando o favorito “Maestro”. Todavia, o trabalho com a caracterização de Bradley Cooper poderá ser irresistível demais para os votantes do Óscar.

Na categoria de Efeitos Visuais, surge uma das disputas mais acérrimas do ano, já que nem o vencedor do BAFTA (“Pobres Criaturas”) nem o vencedor do Critics’ Choice Awards (“Oppenheimer”) foi nomeado pela Academia. Na noite da cerimónia, só teremos a indicação do Visual Effects Society, onde “Godzilla Minus One” não está reconhecido nas categorias principais. Dado ao histórico da categoria, a tendência é premiar o filme com maior prestígio e associação ao que seria um nomeado noutras categorias, além da forte correlação com a categoria de Design de Produção. Nos Óscares, só “Napoleão”, de Ridley Scott, encaixa nesta descrição.

© 2022 Universal Studios. All Rights Reserved.

Nas restantes categorias técnicas, “Oppenheimer” está bem encaminhado para um domínio quase completo porém a inspirada e inesperada vitória de “A Zona de Interesse” em Melhor Som traz algum suspense necessário para a cerimónia. No final de contas, com todos os membros convidados a votar, deverá vigorar o trabalho mais chamativo, mas a vitória do filme de Jonathan Glazer seria uma surpresa bem-vinda na categoria.

Em relação à categoria de Casting, que só irá fazer parte da cerimónia dos Óscares em 2026, a tendência de estranheza continua com o triunfo inesperado de “Os Excluídos”. Por se tratar de algo tão abrangente, ainda há dúvidas de qual o critério tido em conta pelos votantes na hora de escolher. Daqui a uns anos, será certamente uma das categorias mais divertidas e inesperadas de acompanhar.

Vale ainda a pena destacar o triunfo de Mia-McKenna Bruce (“How to Have Sex”) na categoria de “Rising Star” votada pelo público, quando os apostadores acreditavam que a popularidade de Elordi seria capaz de ultrapassar a jovem britânica. Porém, novamente confirma-se o bias para com artistas do Reino Unido nesta categoria.

Para além de “Oppenheimer”, foi uma cerimónia de sucesso para “Poor Things” que leva 5 estatuetas e “Zone of Interest” com 3 prémios conquistados. A má notícia fica para “Barbie”, que volta a desapontar numa cerimónia de prémios.

A cerimónia dos Óscares decorre já no dia 10 de março, desta vez uma hora mais cedo, pelas 23h30 de Portugal e contará com a apresentação de Jimmy Kimmel.